Editorial

Rosane de Albuquerque dos S. Abreu
OrcID

    Rosane de Albuquerque dos S. Abreu

    Fundação Oswaldo Cruz - Farmanguinhos, Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde, Rio de Janeiro, Brasil

    OrcID http://orcid.org/0000-0002-1644-906X

    Doutora em Psicologia, PUC/RJ. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa (CNPQ) Políticas e Gestão do Desenvolvimento de Fitomedicamentos no Brasil; Núcleo de Estudos sobre Tecnologia e Subjetividade (NETS) do Departamento de Psicologia da PUC/RJ; na área da Informática Aplicada à Educação, ênfase nas reações humanas (cognitivas, subjetivas). Coordenadora da Divisão de Rede de Conhecimento e Inovação em Medicamentos da Biodiversidade - REDESFITO, NGBS, Farmanguinhos/FIOCRUZ. Docente da disciplina Gestão em Rede do Curso de Especialização em Gestão da Inovação em Medicamentos da Biodiversidade, Editora Executiva da Revista Fitos. Gestão em rede de inovação em medicamentos da biodiversidade; docência e pesquisa em saúde, educação, psicologia, tecnologias da informação e comunicação, EAD.

Resumo

A Desde a criação da Revista Fitos Eletrônica, três metas de longo prazo norteiam o desenvolvimento do periódico e orientam a definição do foco de trabalho a cada ano.  São elas: indexação, profissionalização e internacionalização.

Para 2018, dando mais um passo em direção às metas acima mencionadas, avaliou-se a necessidade de voltar a atenção para a qualidade do conteúdo publicado na Revista, que visa assegurar a respeitabilidade e confiabilidade científica dos artigos publicados no periódico. 

O grande e rápido desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação (TICs) nos últimos tempos impactou fortemente os processos de geração, divulgação e armazenamento de conhecimentos, especialmente os científicos. Como consequência deste desenvolvimento, a publicação científica também sofreu profundas mudanças, sendo a emergência da publicação de periódicos online, a mais significativa. Os processos editoriais também foram revolucionados. Até o advento destas tecnologias, havia o pressuposto de que o que era processado e publicado tinha qualidade, confiando-se incondicionalmente no processo editorial da época.

Os tempos mudaram e hoje vivemos em um mundo de excesso de informações e conhecimentos, que são fácil e rapidamente recuperados, usamos ferramentas que facilitam a construção de textos e lhes dão aparência de confiáveis, usamos recursos de cópia, cola e busca de informações, enfim, temos um arsenal tecnológico que facilita o processo de produção e divulgação do conhecimento.

Nesse contexto, emerge um grande desafio para aqueles que atuam na área da comunicação em geral e na científica, em especial, que é o da qualidade do conteúdo. Trzesniak, Plata-Caviedes e Córdoba-Salgado (2012)[1], Estudiosos de Ciência da Informação, confirmam que nos próximos dez ou vinte anos, todo profissional que trabalha com comunicação e divulgação do conhecimento tem este único e novo desafio.  Para um periódico científico, entende-se por qualidade de conteúdo o valor e o mérito científico dos trabalhos publicados.

Na avaliação de publicações científicas e dos próprios pesquisadores, porém, o que vigora é o paradigma da quantificação, em que métricas e estatísticas são validadas e evidencia-se o princípio de que mais é melhor, o que é totalmente enganoso. Tal paradigma impacta os financiamentos e a indexação dos periódicos brasileiros, penalizando os mais jovens ou os muito especializados. Da mesma forma, este paradigma traz consequências para a própria produção científica, pois dificulta o desenvolvimento de pesquisas de longo prazo, especialmente aquelas que estruturam e consolidam resultados empíricos em teorias, cujo resultado não pode ser publicado em um ano ou ano e meio.

Como consequência deste panorama, distorções editoriais têm sido identificadas, mas devem ser rechaçados por qualquer periódico que pretenda ter respeitabilidade científica. Os autores acima citados indicam alguns fenômenos hoje identificados no campo da editoria: aumento do número dos fast-articles, resultantes da produção científica de curto prazo e a submissão de manuscritos em diferentes formatos, como os mosaicos, construídos com partes já anteriormente publicadas, os esquartejados, que resultam do desdobramento de um artigo que deveria ser único em dois ou mais e os aventureiros, aqueles preparados sem qualquer cuidado. Tais práticas exigem muita vigilância e preparo da equipe editorial, pois estes têm a responsabilidade pela execução da política editorial e pelo conteúdo científico veiculado.

Diante deste quadro, Trzesniak, Plata-Caviedes e Córdoba-Salgado (2012)1 sugerem três aspectos que devem ser cuidados equilibradamente na produção de um artigo, assim como devem ser cuidadosamente avaliados, visando a qualidade na publicação. Estes cuidados são: a terminologia, em que se busca a pureza, o rigor e o compartilhamento de conceitos; a epistemologia, definindo-se a gênese, etapas e limites do conhecimento; e a metodologia – a maneira de se fazer pesquisa com rigor e sistematização.

No caso da Revista Fitos Eletrônica, uma revista relativamente jovem, cuja indexação ainda não atingiu as agências indexadoras de ponta e por isso tem baixa visibilidade, cuidar do conhecimento veiculado é estratégia para a busca da credibilidade científica e melhoria de todos os demais índices de avaliação.

Na melhoria da qualidade de conteúdo, porém, estão imbricadas outras dimensões do processo editorial que impactam diretamente nesta qualidade. Assim, é preciso entender melhoria da qualidade em seu sentido macro: do conteúdo editorial, dos processos editoriais, da apresentação editorial, da divulgação, do financiamento, entre outros.

A Revista Fitos Eletrônica, então, convida editores, avaliadores e autores a trilhar essa jornada rumo à publicação de artigos inovadores em medicamentos da diversidade vegetal, que efetivamente tragam contribuições significativas para a ciência e, consequentemente, para a sociedade.

[1]Qualidade de Conteúdo, o Grande Desafio para os Editores Científicos, Revista Colombiana de Psicologia, vol 21, Nº 1, enero-junio, 2012, pp. 57-78, Universidad Nacional de Colombia, Bogotá, Colombia


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Como Citar

1.
Editorial. Rev Fitos [Internet]. 5º de abril de 2018 [citado 23º de abril de 2024];12(1):6-7. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/626

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