Estado da Arte
Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen (Asteraceae) - Jambu
Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen (Asteraceae) - Jambu
Resumo
Este estudo se baseia na literatura convencional e científica, com o objetivo de compilar as informações relacionadas à espécie Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen (jambu), que são relevantes ao seu potencial medicinal, assim como matéria-prima para produtos farmacêuticos e cosméticos.
- Unitermos:
- Acmella oleracea.
- Asteraceae.
- Jambu.
- Planta Medicinal..
Abstract
This study, based on both conventional and scientific literature, aims to compile the data that are relevant to its medicinal use and as a source of material for the manufacture of pharmaceutical and cosmetic products.
- Key Words:
- Acmella oleracea.
- Asteraceae.
- Jambu.
- Medicinal Plant..
Parte usada
Folhas frescas, capítulos florais e caule de Acmella oleracea.
Sinonímia
Spilanthes oleracea L., Cotula pyretharia L., Pyrethrum spilanthus Medik., Acmella oleracea (Spilanthes acmella) var. oleracea (L.) C.B. Clarke ex Hook. f., Spilanthes fusca Lam (LORENZI; MATOS, 2002), Bidens fervida Lam, Bidens fusca Lam, Isocarpa pyrethraria (L.) Cass, Spilanthes radicans Schrad. Ex D.C., Spilanthes oleracea var. fusca (Lam.) D.C. (HIND; BIGGS, 2003).
Nomes comuns
A espécie é popularmente conhecida como “jambu”, agrião-do-pará, abecedária, agrião-bravo, agrião-do-brasil, agrião-do-norte, botão-de-ouro, erva-maluca, jabuaçú, nhambu.
Espécies botânicas correlatas
Acmella oleracea (Spilanthes acmella) var uliginosa (Sw.) Baker é utilizada na medicina popular contra dor de dente e ferimentos na boca, pois tem ação anestésica devido à presença do constituinte espilantol. Contém até 0,7% de óleo essencial, que é responsável pelo cheiro característico da planta. Spilanthes calva (D.C.) R.K. Jansen encontra-se distribuída por toda península da Índia, e apresenta as mesmas propriedades terapêuticas que Acmella oleracea (Spilanthes acmella), provavelmente também devido à presença do espilantol.
Compilação: Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen
História taxonômica
Acmella oleracea (Spilanthes acmella) L., comumente conhecida na Índia como ‘Akarkara’ ou “planta-da-dorde-dente, é uma erva medicinal importante da família Asteraceae (Heliantheae), que ocorre nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. Augustine Henry (1896), baseado em suas coleções de Formosa, foi o primeiro a documentar a espécie sob o nome de Acmella paniculata (Wall, exD.C.) R.K. Jansen . Subseqüentemente, Hayata (1904) e Kitamura (1941), em seus estudos sobre o Compositae taiwanês, enumeraram-no como Spilanthes acmella (L.) Murray. Esta nomenclatura persistiu apesar de trabalhos subseqüentes que sugeriram outras designações (Koster e Philipson, 1950). No entanto, o gênero havia sido dividido em duas seções por de Candolle em 1836, Spilanthes e Acmella Rich. (MOORE, 1907). Estudos morfológicos e cromossômicos (JANSEN, 1981) confirmaram esta divisão alocando ao gênero, Acmella aproximadamente 30 espécies e a Spilanthes 6 espécies distribuídas pelo mundo (BRINGEL JR., 2007). Baseado em análise cladística dos carateres morfológicos e citológicos, JANSEN (1981, 1985) restaurou a espécie ao gênero Acmella.
Distribuição geográfica
Acmella oleracea é uma espécie encontrada em regiões tropicais próximas à linha do Equador na África, Asia e America do Sul. (LEWIS et al, 1988), A ausência de grandes populações selvagens indica que esta planta não é nativa do Brasil, sendo encontrada apenas em residências e adjacências em forma domesticada.
Descrição
A Acmella oleracea é uma espécie da Amazônia, e se multiplica tanto por sementes como por hastes enraizadas (REVILLA, 2001). É uma planta herbácea anual, perene, de 20-40 cm de altura, semi-ereta ou quase rasteira, com caule cilíndrico, carnoso e de ramos decumbentes, geralmente sem raízes nos nós. A raiz principal é pivotante, com abundantes ramificações laterais (LORENZI; MATOS, 2002). As folhas são compostas, opostas, membranáceas, pecioladas; pecíolos de 20-60 mm de comprimento; achatados, com sulcos sobre a superfície, ligeiramente alados e pouco pilosos. O limbo é geralmente oval, com 53-106 mm de comprimento e 40-79 mm de largura, apresentando base truncada, atenuada na parte superior da folha e pelos esparsos sobre ambas as superfícies, principalmente sobre a nervura central da folha. Estas possuem glândulas pilóricas, são unisseriadas, de base multicelular, levemente protuberantes, marrom, com extremidade unicelular longa, delgada e branca. A borda do limbo é dentada e o ápice é agudo. Esta espécie é constituída por grupos foliares campanulados, com 3-7 mm de altura e 9-15 mm de diâmetro. Os folíolos são trisseriados, imbricados, verdes, lanceolados, com ápices de cor púrpura a vermelho, bordas completas, ciliadas e de ápices agudos. Esta espécie apresenta de 5-6 folíolos externos com 5,8-7,3 mm de comprimento e 5 - 6 folíolos internos com 5,5-6,5 mm de comprimento. O receptáculo é cônico, branco, áspero, com 8,3-21,5 mm de altura e 1,0- 1,2 mm de diâmetro, paleáceo, com pálea de 5,3-6,2 mm de comprimento e 1-1,2 mm de largura, branca, com ápice de púrpuro a vermelho, com 0,5 mm, glabro, exceto na ponta; os pêlos são translúcidos, unisseriados, curtos, de base pálea, em ângulo reto, e ápice agudo (HIND; BIGGS, 2003). Ainda segundo Hind e Biggs (2003), as inflorescências são isoladas, com capítulos globosos axilares e terminais pedunculados. Os pedúnculos apresentam de 3,5-12,5 mm de comprimento são abracteolados e ocos, de glabro a esparsamente piloso e os pelos são aglandulados. Os capítulos pedunculados, homogêneos, discóides, apresentam de 10,5-23,5 mm de altura e 11-17 mm de diâmetro. As flores são pequenas, amareladas, com áreas púrpuras distintas na pálea do cálice, bem visível em capítulos imaturos, dispostas em capítulos globosos terminais que medem cerca de 1,0cm de diâmetro. São hermafroditas, numerosas (400 a 620) e férteis; o tubo da corola mede entre 2,7-3,3 mm de comprimento é verde, glabro, reduzido em um tubo na base; o tubo mede de 0,5-0,7 mm de comprimento e 0,2-0,4 mm de diâmetro, tem abertura inflada de 2,2-2,6 mm de comprimento e 0,5-1,0 mm de diâmetro; os lóbulos da corola (4-5) medem de 0,5-0,6 mm de comprimento, são amarelos e de interior papiloso; as anteras são cilíndricas e localizadas dentro da abertura da corola; os filamentos são brancos, atados à base da abertura da corola, lisos, desprovidos de um colar evidente na antera; apresenta 5 anteras pretas; antera apical é suplementar e triangular, com ápice grosso, largo e longo; a antera basal é suplementar, curta e triangular. O fruto é um aquênio pequeno, com 2,0-2,5 mm de comprimento e 0,9-1,1mm de largura, com pericarpo cinza-escuro, quase preto, parcialmente envolvido por partes membranáceas. Está resumido a duas nervuras marginais, que são longitudinalmente alongadas, ciliadas, completas, de faces setulíferas, com pares de sétulas descentralizadas e não divididas em ápices; o carpopódio é levemente ovalado, grosso, seco, de cor marrom-amarelada e com uma parte dorsal branca, grossa e alongada; os filetes são persistentes, com dois pelos desiguais e discretamente espinhento, que medem 2,0 - 2,5 mm de comprimento (HIND; BIGGS, 2003). O pólen apresenta coloração variando entre alaranjado brilhante a amarelo pálido. A base do estilo possui um nó distinto e glabro; o estilo tem haste glabra, com três ramificações e os seus ápices são truncados e papilosos (HIND; BIGGS, 2003).
Propriedades organolépticas: As folhas apresentam sabor acre e pungente, por isso são utilizadas muito em condimentos (CARDOSO; GARCIA, 1997).
Cultivo e propagação
A Acmella oleracea (L.) R. K. Jansen é uma espécie que está exposta à erosão genética provocada pela coleta indiscriminada e pelos freqüentes desmatamentos provocados pelo homem nas áreas de ocorrência natural. Estudos direcionados à tecnologia de produção e análise do crescimento da planta são ferramentas indispensáveis para este fim (BENINCASA, 1988). Vários trabalhos de micropropagação do jambu vêm sendo desenvolvidos, dentre eles o valioso protocolo desenvolvido por Pandey e colaboradores (2009), que descreve a micropropagação de Acmella oleracea (Spilanthes acmella). Silva e colaboradores (2006) (Laboratório de Análise de Sementes da Universidade Federal do Ceará) desenvolveram o crescimento inicial de jambu sob condições de casa de vegetação, e concluíram que as mudas de jambu apresentam rápido crescimento, tornando-se aptas para o transplante aos 32 dias após a semeadura. A partir de 39 dias após a semeadura, as plantas ingressam na fase reprodutiva (MALOSSO, 2007; SARITHA, 2010).
Usos medicinais
A espécie Acmella oleracea (Spilanthes acmella) tem sido bem documentada pelos seus usos populares como tempero, antibacteriano, antifúngico, antimalárico, e como remédio para dor de dentes, gripe, inseticida, tosses, além de raiva e tuberculose (BURKILL, 1966; OLIVERBEVER, 1986; DI STASI et al., 1994; AKAH; EKEKWE, 1995; SINGH, 1995; STOREY; SALEM, 1997; JANSEN, 1985; LEE, 1994; HIND; BIGGS, 2003; RAMSEWAK et al., 1999).
O jambu é rico em isobutilamidas bioativas. A principal molécula e a mais bioativa é o alcalóide anti-séptico Nisobutilamida do ácido (2E, 6Z, 8E)-deca-2,6,8-trienóico, comumente chamado de espilantol. Devido à presença desta substância, a planta possui aplicação tradicional em produtos farmacêuticos, alimentos, e produtos para a saúde e cuidados pessoais. Também é conhecido como antimicrobiano (FABRY et al. 1996, 1998; PRASAD; SEENAYA 2000), larvicida (RAMSEWAK et al., 1999; SARAF; DIXIT, 2002; PANDEY et al., 2007), e inseticida (KRISHNASWAMY et al., 1975; BORGES-DEL-CASTILLO et al., 1984), já que foi capaz de controlar Aedes aegypti no Kenya (JONDIKO, 1986). O espilantol tem sido descrito como inócuo para a maioria dos vertebrados, mas letal para os invertebrados (WATT; BRAYERBRANDWIJK, 1962). Correa (1984) relata o uso da planta contra doenças da boca e garganta, cálculos da bexiga e dores de dente. Ela é utilizada como estomáquica, excitante e tônica; considerada carminativa, emenagoga, abortiva, digestiva, febrífuga, cicatrizante, antigripal, antiespasmódica, narcótica, desinfetante e antiasmática (MATOS; DAS GRAÇAS, 1980); é indicada contra problemas hepáticos (AMOROZO; GÉLY, 1988). O chá ou xarope das folhas é considerado útil contra tosses e problemas hepáticos (DI STASI; HIRUMA-LIMA, 2002.). Os extratos de Acmella (Spilanthes) também são efetivos contra parasitas da malária, especificamente formas espiroquetas, tanto como profilático quanto no tratamento do paroxismo malárico (B&T WORD SEEDS, 2010) No Amazonas, A. oleracea (S. acmella) tem sido usado para tuberculose por leigos (STOREY; SALEM, 1997). Também é conhecida pelas propriedades imunoestimulantes. Prasad e Seenayva (2000) reportaram que A. oleracea (S. acmella) também possui excelente atividade antimicrobiana contra as bactérias (cocos) halofílicas vermelhas presentes na deterioração do peixe curtido em sal.
Usos descritos em farmacopéias e sistemas tradicionais de medicina que têm apoio experimental
Na medicina popular, a planta é empregada como anestésico local, no combate a dor de dente, devido à presença de espilantol (REVILLA, 2002). O espilantol é o principal responsável pela atividade anestésica da planta, sendo também utilizado em cremes dentais e gomas de mascar (REVILLA, 2002). O extrato de jambu, além de possuir ação analgésica, também é antiinflamatório, odontálgico e antiinfeccioso (ESTRELLA, 1995). O uso popular de tintura e xaropes das folhas e flores para a anemia e escorbuto é devido à presença de ferro e vitamina C (CARDOSO; GARCIA, 1997). RANI e colaboradores (2006) descrevem atividade antifúngica in vitro (em DMSO) para o extrato de éter de petróleo (0,1 a 2,0 mg/ mL) dos capítulos florais da Acmella oleracea. Entre os organismos testados, zonas de inibição foram observadas em Fusarium oxysporium (2,3 cm) e Fusarium moniliformis. (2,1 cm) seguido de Aspergillus niger (2,0 cm) e Aspergillus paraciticus (1,8 cm). O diâmetro das zonas de inibição variou entre 0,1 e 2,3 cm. A atividade antifúngica revelou-se dependente da quantidade de espilantol presente nas amostras.
Usos descritos na medicina popular não-apoiados em evidência experimental ou clínica
Acmella oleracea (Spilanthes acmella) é utilizado como chá; as folhas ou capítulos florais servem contra anemia, dispepsia, afecções da boca e da garganta (estomatites), e dores de dente; é sialagogo e estimulante estomáquico. A decocção das folhas também é utilizada como diurético e para tratar cálculos renais e biliares. Age nas afecções da pele e pulmão (expectorante e como tônico geral nas bronquites e tosses rebeldes). A planta é usada também em tratamento de disenteria. Em saladas cruas, é excitante e anestésico (FAYAD, 2009). O extrato de jambu é utilizado em produtos anti-sépticos como creme dental e enxaguatório bucal; em cremes e máscaras faciais anti-sinais (CARDOSO; GARCIA, 1997).
Material vegetal usado
Após a colheita, os ramos, contendo folhas e flores, são amarrados em forma de maços com 200 a 300g cada um, que, colocados em lugares frescos e arejados, e borrifados periodicamente com pequenas quantidades de água, podem ser armazenados por até 24 horas. Desidratada, a planta pode ser armazenada por vários meses (REVILLA, 2001).
Formas de extração
A planta pode ser extraída por prensagem a frio e por preparação de extrato fluído (folhas, flores e caule).
Formas de dosagem
Tanto a infusão como o decocto da parte aérea fresca e a tintura com álcool a 90% são recomendados para dor de dente e tratamento tópico das gengivas. Uma formulação com Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn (Cucurbitaceae), outra espécie de uso analgésico tradicional, é descrita (DA MATTA, 2003). Dosagens e formulações em associação para este mesmo fim e para escorbuto foram descritos por Chernoviz também no início do século 20 (1908) (CHERNOVIZ, 1996). A antiguidade destas indicações, no entanto sugere a necessidade de novos estudos.
Componentes químicos principais
Composição simples: A composição físico-química de 100g de folhas frescas de jambu inclui 89 g de água, 1,9 g de proteínas, 0,3 g de lipídeos, 7,2 g de carboidratos, 1,3 g de fibras, 1,6 g de cinzas, 162,0 mg de cálcio, 41,0 mg de fósforo, 4,0 mg de ferro, 0,03 mg de vitamina B1, 0,21mg de vitamina B2, 1,0 mg de vitamina B3, 20,0 mg de vitamina C, e colina (REVILLA, 2001; REVILLA, 2002).
Óleo essencial: BARUAH e LECLERCQ (1993) examinaram o óleo essencial dos capítulos florais de Acmella oleracea (Spilanthes acmella), produzido por arraste a vapor, caracterizando 20 constituintes por cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massas, onde se destacaram o limoneno (23.6%), β-cariofileno (20.9%), (Z)-β-ocimene (14.0%), germacrene D (10.8%) e mirceno (9.5%) como constituintes majoritários.
Fitoesterois e triperpenos: Da planta inteira seca foram isolados o álcool mirístico, estigmasterol, sitosterol-O-β-D-glucosídeo; e uma mistura de triterpenos αand β-amirina, além de seus ésteres com ácido láurico, mirístico, palmítico, linoléico e linolênico (KRISHNASWAMY et al., 1975).
Isobutilamida e substâncias correlatas: O constituinte mais abundante nos capítulos florais é o espilantol [N-isobutylamide do ácido (E,E,Z)-2,6,8-decatrienóico] (JACOBSON, 1957). Esta isobutilamida capsaicinóide, também chamada afinina, também pode ser encontrada nas raízes de Heliopsis longipes, possuindo atividade antifúngica contra Sclerotium rolfsii e S. cepivorum, com base na medida de inibição do crescimento total de micélio, na concentração de 25 µg/mL (CALLEROS et al., 2000). O nome afinina (affinin), também usado na literatura para esta substância pode ocasionar confusão com outra afinina (affinine), este um alcalóide indólico. Na Acmella oleracea (Spilanthes acmella), registram-se também os isolamentos da N-2-metilbutilamida do ácido (2E,6Z,8E)-deca-2,6,8-trienóico (LEY et al., 2006a), mais dois outros análogos acetilênicos (GREGER et al., 1985); e do éster acmelonato, [éster (7Z,9E)-2-oxo-7,9-undecadien-1-ila do ácido 3-metil-2-butenóico] (LEY et al., 2006b). Métodos modernos de separação continuam a revelar novas alquilamidas. (BOONEN et al, 2010). O espilantol é o componente principal responsável pelo senso de formigamento e anestesia na língua produzido pelas folhas. Os demais análogos também contribuem num grau menor.
Farmacologia
Atividades antinoceceptiva e antiinflamatória: Estudos realizados por Chakraborty e colaboradores (2004) demonstraram que o extrato aquoso de Acmella oleracea (Spilanthes acmella), em doses de 100, 200 e 400 mg/kg, por via oral em ratos, suprimiu o edema da pata induzida por carragenina, produzindo um efeito analgésico nos modelos de abano de cauda (tail flick) e de contorsão (writhing) induzidos por ácido acético. O efeito mais acentuado para o modelo ‘contorsão’ sugere que o extrato inibe predominantemente o mecanismo de dor periférica. Ratnasooriya e colaboradores (2005) administraram, por via oral, o extrato aquoso das flores, obtido a frio, em ratos, nas doses de 500, 1000 e 1500 mg/kg. O efeito medido pelo ensaio de formalina registrou a redução da freqüência de lamber as patas. No ensaio da placa quente, o período de tolerância foi aumentado por até 6 horas após administração. Estes e outros ensaios confirmaram a nocicepção e o efeito antihiperálgésico do extrato, demostrando um efeito antihistaínico e sugerindo um mecanismo inibidor da síntese de prostaglandinas. A ação antiinflamatória no extrato de Acmella oleracea foi demonstrada ser devido à presença do espilantol (LI-CHEN et al., 2008), através de um modelo baseado em macrófagos murinos RAW 264.7 ativados por lipopolissacarídeo (LPS). Os resultados sugerem que o espilantol reduz a resposta inflamatória nos macrófagos, quando induzida por LPS, por desativar o fator NF-κB, assim regulando negativamente a produção de mediadores pró-inflamatórios.
Atividade diurética: Ratnasooriya e colaboradores (2004) avaliaram o efeito diurético do extrato aquoso, obtido a frio, das flores de Acmella oleracea (Spilanthes acmella) em ratos, nas doses de 500, 1000 e 1500 mg/kg. A diurese resultante foi comparável ao controle furosemida (13 mg/kg), contudo foi acompanhado de um aumento nos níveis de Na+ e K+ e da redução da osmolaridade na urina dos ratos.
Atividade antimicrobiana: O espilantol inibiu o crescimento de Escherichia coli e de Saccharomyces cerevisiae a 25 μg/mL (MOLINA-TORRES et al., 1999) Os mesmos autores demonstraram que espilantol possui atividade fungistática em alguns fungos fitopatogênicos (MOLINA-TORRES et al., 2004).
Antividade afrodisíaca: REGADAS (2008) realizou o estudo clínico do creme de jambu (Acmella oleracea), em dois ensaios randomizados e simultâneos, cruzados e placebo-controlados, para avaliar os homens que utilizaram o creme e o placebo, e outro para avaliar as mulheres. Vinte e dois casais participaram do estudo. Concluiu-se que o creme de Acmella oleracea aumentou a excitação e o desejo sexual feminino e o desejo e a satisfação sexual masculina durante atividade sexual, quando comparada ao placebo.
Atividade larvicida: Pandey e colaboradores (2009) descreveram uma alta atividade para o extrato hexânico das flores de Acmella oleracea (Spilanthes acmella) contra 3ª e 4ª instares das larvas dos vetores da malária, e da filariose Anopheles stephensi Liston, A. culicifacies C&C e Culex quinquefasciatus Say. A letalidade superou a provocada por carbaril, bioresmetrina e lindano por 1,3, 2,6 e 3,8 vezes, respectivamente. Em um estudo anterior, o espilantol dos capítulos florais foi letal aos ovos, larvas dos 4 instares e às pupas de mosquitos dos gêneros Anopheles, Culex e Aedes, à concentrações de 3 ppm/21 h, 7,5 ppm/ 24h, e 4-5 ppm/3-5 h, respectivamente (IRCHARIA et al., 1997).
Toxicologia: No seu estudo sobre a atividade antiinflamatória e analgésica de Acmella oleracea (Spilanthes acmella), Chakraborty e colaboradores (2004) não acharam efeito adverso ou mortalidade em ratos, administrando até 3 g/kg por via oral, em forma de extrato aquoso.
Precauções: A observação de Rodeiro e colaboradores (2009) que o espilantol inibia vários citocromos alerta sobre o risco de interações adversas entre esta substância e outras drogas.
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