Relato de Experiência

Comparação dos conhecimentos entre agentes comunitários de saúde de zonas rurais e urbanas sobre o tratamento com plantas medicinais

Comparison of the knowledge between community health agents in rural and urban areas about treatment with medicinal plants

http://dx.doi.org/10.32712/2446-4775.2021.1057

Nascimento-Júnior, Braz José do1*;
Souza, Ellen Rodrigues de2;
Vital, Eliúde Antunes2;
Lopes, Karina Araújo2;
Silva, Dayse Caroline Mota2;
Gonçalves, Rosy Kátia Souza3;
Souto, Lidione Brito3;
Vieira, Denes Dantas3.
1Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Colegiado Acadêmico de Ciências Farmacêuticas. Avenida José de Sá Maniçoba, s/n, Centro, CEP 56304-205, Petrolina, PE, Brasil.
2Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Colegiado de Farmácia (CFARM). Grupo de estudos em plantas medicinais e atividades lúdicas na educação em saúde (GEPALES VALE). Av. José de Sá Maniçoba, s/n, Centro, CEP 56304-205, Petrolina, PE, Brasil.
3Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Colegiado do Programa de Pós-Graduação - Mestrado em Extensão Rural (PPGExR). Espaço Plural - Rodovia BA 210, Km 04, Rodovia Juazeiro/Sobradinho, Bairro Malhada da Areia, CEP 48909-210, Juazeiro, BA, Brasil.
*Correspondência:
braz.jose@univasf.edu.br

Resumo

Entre as diretrizes da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos – PNPMF encontram-se a formação técnico-científica e a educação permanente dos agentes comunitários de saúde. Os profissionais que atuam em comunidades rurais, detentoras de conhecimentos tradicionais, tendem a utilizar essas práticas alternativas mais intensamente. O objetivo desse artigo foi comparar os conhecimentos, conhecer as indicações e utilizações das plantas medicinais por agentes de saúde de zonas rurais e urbanas da cidade de Petrolina, Pernambuco. Trata-se de um estudo transversal e descritivo, no qual participaram 84 agentes de saúde de zonas rurais e urbanas do município. Foram realizadas entrevistas individuais com utilização de um questionário semiestruturado. Os resultados mostraram que os agentes atuantes em áreas rurais indicavam e usavam as plantas medicinais com mais frequência. As plantas medicinais mais citadas pelos participantes foram Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Ex Britton & P. Wilson (erva cidreira); Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf (capim santo), Matricaria chamomilla (L.) Rauschert (camomila) e Plectranthus barbatus Andrews (falso-boldo). Conclui-se que apesar da utilização frequente das plantas medicinais, os profissionais pesquisados necessitavam de capacitação em fitoterapia para o uso racional e seguro e como forma alternativa de tratamento.

Palavras-chave:
Fitoterapia.
Plantas medicinais.
Agentes comunitários de saúde.
Medicina alternativa e complementar.

Abstract

Among the guidelines of the National Policy on Medicinal Plants and Herbal Medicines (Brazil) are the technical-scientific training and permanent education of community health agents. Mainly, the professionals who work in rural communities, possessing traditional knowledge, who tend to use these alternative practices more intensively. Thus, the aim of this paper was to compare the knowledge, know the indications and uses of medicinal plants for health workers in rural and urban areas in the city of Petrolina, in Pernambuco. This is a cross-sectional and descriptive study, in which 84 health agents from rural and urban areas of the municipality participated. Individual interviews were carried out using a semi-structured questionnaire. The results showed that agents working in rural areas indicated and used medicinal plants more frequently. The medicinal plants most cited by the participants were Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Ex Britton & P. Wilson, Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf (lemongrass), Matricaria chamomilla (L.) Rauschert (chamomile) and Plectranthus barbatus Andrews (false boldo). It is concluded that despite the frequent use of medicinal plants, the professionals surveyed needed training in herbal medicine for rational and safe use and as an alternative form of treatment.

Keywords:
Phytotherapy.
Medicinal plants.
Community health agents.
Alternative and complementary medicine.

Introdução

A fitoterapia é o tratamento com plantas medicinais e tem a finalidade de curar ou aliviar enfermidades. Essa terapia alternativa é favorecida no Brasil pela biodiversidade, riqueza cultural e étnica[1]. Numa perspectiva ampla pode e deve ser considerada como um campo de interação de saberes e práticas que valoriza os recursos e saberes locais, a preservação da biodiversidade, a interação dos usuários com a natureza e com os profissionais da equipe de saúde, além de enriquecer as possibilidades terapêuticas autônomas e heterônomas. Também pode promover a socialização da pesquisa científica e desenvolver visão crítica na população sobre o uso de plantas medicinais na atenção primária a saúde e no setor familiar[2].

Nesse sentido, o SUS, através de diversas portarias tem estimulado, desde 2006, com a criação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), o uso racional e seguro dessas ervas. No entanto, muito se tem que evoluir desde a resistência na indicação ou prescrição pelos profissionais da saúde, até a falta de cursos de capacitação, recursos e infraestrutura municipal adequada para utilização eficiente pelos profissionais da atenção primária, entre eles, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS)[3,4].

A PNPMF busca articular ensino, serviço e comunidade, com o objetivo de promover a capacitação técnica e a educação permanente em plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos, aos profissionais de saúde do SUS e ACS em conformidade com a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS)[5].

Nesse sentido, os ACS são profissionais estratégicos, servindo de elo entre o conhecimento científico e a sabedoria popular, ou seja, o ACS trabalha fora da unidade básica de saúde, fazendo a ligação entre a comunidade e os serviços de saúde. Essa ligação acontece de várias maneiras, mas principalmente na visita domiciliar, quando o ACS tem a oportunidade de conhecer os agravos que acometem aquela população, percebidos ou explicitados pelas pessoas. Ele comunica à equipe a sua percepção e retorna à comunidade com orientações, encaminhamentos ou outras atividades que possam evitar, diminuir ou solucionar os problemas encontrados, juntamente com os profissionais de saúde e a própria população[6].

Apesar de nos últimos anos se tenha observado um grande avanço na medicina alopática, o consumo de plantas medicinais, baseada na tradição familiar, tem se tornado uma prática crescente e comum na medicina popular de base empírica. As justificativas para essa elevação se devem aos efeitos colaterais decorrentes do uso crônico dos medicamentos sintéticos, ao difícil acesso da população à assistência médica, ao maior consumo de produtos naturais, bem como, a tendência ao uso da medicina integrativa e abordagens holísticas dos conceitos de saúde e bem-estar[7].

Parte dos ACS e a maioria da população têm a suposição de que as plantas medicinais, bem como os produtos naturais, não apresentam risco à saúde. Esse conceito, sem embasamento científico, apenas passado de geração em geração, acaba por oferecer sérios riscos à saúde de pessoas menos esclarecidas. Esse dado importante não é considerado pela população, levando ao uso inadequado e despreocupado, com possíveis riscos agravados pela falta de informações fidedignas sobre os potenciais efeitos tóxicos, até mesmo em associações com medicamentos de uso corrente[7].

Na região do Médio Vale do Rio São Francisco, no Sertão Nordestino observa-se uma vasta utilização de plantas medicinais pela população, formada por pescadores artesanais, agricultores, ribeirinhos, quilombolas e pelos habitantes em geral, principalmente pelos mais velhos, com menos recursos financeiros e com menor escolaridade[8,9].

Nesse sentido, os ACS, por serem moradores dos locais onde trabalham, sofrem influências culturais e, ao mesmo tempo, são porta-vozes na transmissão de conhecimentos tradicionais e informações científicas sobre plantas medicinais, sobretudo aqueles que atuam em áreas rurais. Por isso, pesquisas que buscam mensurar o conhecimento dos ACS sobre plantas medicinais e fitoterápicos são muito importantes, pois retratam os saberes desses profissionais sobre a temática e estimulam discussões sobre o uso e a propagação nas microáreas nas quais atuam, além do mais servirá para robustecer a literatura tão escassa sobre o assunto[10].

O objetivo desse artigo é comparar as diferenças nos conhecimentos, indicações e utilizações das plantas medicinais entre os ACS que atuam em zonas rurais e em zonas urbanas do município de Petrolina, no Sertão de Pernambuco.

Material e Método

Características locais

Petrolina fica no Sertão Pernambucano, há 720 Km do Recife. Essa cidade apresenta uma população de 349.145 habitantes e cobertura de 94% na atenção básica à saúde. O município possui clima semiárido, situa-se às margens do rio São Francisco e suas principais atividades econômicas são a fruticultura irrigada de exportação e produção de vinhos. Nessa região encontra-se o bioma Caatinga que é repleto de espécies vegetais bioativas usadas pela população no tratamento de doenças, além de plantas medicinais exóticas que são cultivadas nos quintais produtivos da agricultura familiar.

Desenho do estudo e amostra

Pesquisa transversal de caráter exploratório e descritivo, resultante de projeto PIBIC 2018, na qual participaram 84 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) lotados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade de Petrolina, no estado de Pernambuco. Os profissionais foram divididos em dois grupos: 50 agentes da zona urbana e 34 agentes da zona rural.

Os dados foram obtidos através de entrevista individual, em sala reservada, nas dependências das UBS, com a utilização de questionário semiestruturado adaptado[11], contendo perguntas sobre aspectos socioeconômicos, conhecimentos, indicações e usos das plantas medicinais. O tempo de cada entrevista foi de 15 minutos. A análise dos resultados foi realizada na sala do orientador com presença de toda a equipe acadêmica.

Aspectos éticos

O projeto foi submetido à avaliação do profissional responsável na secretaria municipal de saúde, na intenção de obtenção da carta de anuência. Em seguida, a proposta foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisas (CEP). Somente após a aprovação por esse órgão colegiado, a pesquisa foi iniciada. Além do mais, foi assegurada aos participantes a confiabilidade, o sigilo e a privacidade de sua identidade, utilizando-se códigos numéricos aos sujeitos.

Os critérios de inclusão foram: ser ACS de Petrolina-PE e concordar em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios de exclusão foram: não se enquadrar na população alvo, se negar a participar da pesquisa ou estar em condições que interferissem nas atividades laborais e cognitivas (alcoolizado, drogado, de licença médica por transtornos psíquicos).

O projeto foi aprovado pelo CEP na Plataforma Brasil, no dia 28 de outubro de 2018, com CAAE 98010918.0.0000.5196, parecer número 2.986.472, está em acordo com a Resolução N° 466[12], de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e com a Declaração de Helsinque.

Análise estatística

Os dados das entrevistas foram analisados por técnicas estatísticas descritivas, por meio de distribuições absolutas, percentuais de medidas, médias, frequências e pelo teste do quadrado de Pearson. Os softwares utilizados foram o Statistica® na versão 7 e Microsoft Office Excel® 2010.

Na análise dos dados se adotou uma estimativa de erro igual a 5% e nível de confiança de 95%, com nível de significância de p<0,05. A seleção dos pesquisados ocorreu por amostragem não probabilística, do tipo amostragem por conveniência, ou seja, os ACS que estivessem presentes e que aceitassem participar voluntariamente do estudo.

Resultados e Discussão

Foram entrevistados 84 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) (34 da zona rural e 50 da zona urbana) do município de Petrolina-PE. As idades variaram de 22 a 63 anos (média = 44,82 anos). Quanto ao gênero, 76 (90,5%) eram do sexo feminino e oito (9,5%), do sexo masculino. Quanto à renda familiar, 19 (22,6%) ganhavam até um salário mínimo, 59 (70,3%) ganhavam de um a três salários mínimos, e seis (7,1%) afirmaram que recebiam acima de três salários mínimos. Em relação à escolaridade, um (1,2%) tinha ensino fundamental completo, 62 (73,8%) tinham o ensino médio completo, 17 (20,2%) tinham o ensino superior completo, três (3,6%) tinham especialização e um (1,2%) tinha mestrado. Quanto à instituição da última formação, 53 (75%) estudaram em escolas públicas e 21 (25%), em escolas privadas. Observou-se que a maioria dos ACS era formada por mulheres de meia idade, com renda familiar de um e três salários mínimos e que concluíram o ensino médio em escolas públicas (TABELA 1). Esse perfil de ACS é semelhante à pesquisa realizada em município do Paraná, no qual, os autores traçaram as características gerais dos ACS, que eram mulheres (98%), com idade média de 36 anos, que tinham renda acima de dois salários mínimos (52,03%) e com ensino médio completo em escolas públicas (67,48%)[13].

TABELA 1: Dados gerais. Comparação dos conhecimentos entre agentes comunitários de saúde de zonas rurais e urbanas sobre o tratamento com plantas medicinais.
Área de atuação Zona Urbana Zona Rural %
Número 84 50 34 100
Idade média (Anos) 44,82 46,84 41,85 100
Gênero (Sexo) Masculino 5 3 9,5
Feminino 45 31 90,5
Renda Familiar / Salário Mínimo (SM) Até 1 SM 11 8 22,6
1 a 3 SM 35 24 70,3
Acima de 3 SM 4 2 7,1
Escolaridade completada Fundamental 0 1 1,2
Médio 40 22 73,8
Superior 9 8 20,2
Especialização 1 2 3,6
Mestrado 0 1 1,2
Instituição de ensino da última formação Pública 39 24 75
Privada 11 10 25

Quando questionados se os agentes de saúde devem ter conhecimentos sobre o uso e as indicações de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos (Pergunta 1), 33 (97%) ACS rurais responderam que sim. Entre os ACS urbanos, 47 (94%) afirmaram a necessidade de ter esses conhecimentos. Nessa pergunta, a maioria dos entrevistados reconheceu que os ACS deveriam saber fitoterapia (TABELA 2). Resultados semelhantes foram encontrados em outra pesquisa realizada com profissionais da atenção primária da cidade de Petrolina-PE, na qual 99% dos pesquisados afirmaram que todos profissionais deveriam ter conhecimentos em plantas medicinais e fitoterápicos[9].

TABELA 2: Resposta às perguntas. Comparação dos conhecimentos entre agentes comunitários de saúde de zonas rurais e urbanas sobre o tratamento com plantas medicinais.
Perguntas Respostas Zona Urbana Zona Rural %
1. Os agentes de saúde devem ter conhecimentos sobre o uso e as indicações de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos? Sim 47 33 95,2
Não 3 1 4,8
2. *Sabe a diferença correta entre fitoterápicos e homeopáticos? Sim 20 5 29,8
Não 30 29 70,2
3. Quais profissionais devem ter o conhecimento em plantas medicinais? Toda a equipe 49 32 96,4
Alguns profissionais 1 2 3,6
4. Sabe a diferença entre fitoterapia e fitoterápicos? Sim 9 6 17,9
Não 41 28 82,1
5. *Costuma indicar plantas medicinais no tratamento de doenças aos comunitários da microárea que atua? Sim 22 24 54,8
Não 28 10 45,2
6. *Tem o hábito de usar plantas medicinais com finalidades terapêuticas? Sim 39 31 83,3
Não 11 3 16,7
7. *Sabe orientar as pessoas sobre a forma de utilização de plantas medicinais? Sim 24 25 58,3
Não 26 9 41,7
8. *Já recebeu alguma orientação sobre a utilização de plantas medicinais? Sim 16 25 48,8
Não 34 9 51,2
Legenda: *Essa pergunta teve resultado significante (p<0,05) quando comparadas as respostas dos ACS das zonas urbana e rural.

Quando indagados se sabiam a diferença correta entre fitoterápicos e homeopáticos (Pergunta 2), 29 (84,3%) ACS rurais disseram que não sabiam e cinco (14,7%), afirmaram que sabiam. No entanto, um deles respondeu equivocadamente. Participante 57: "Fitoterápico é um remédio caseiro com plantas medicinais e homeopático é..." (não respondeu sobre homeopáticos). Aqui é nítida a impressão de que o pesquisado desconhece que existem medicamentos fitoterápicos industrializados e manipulados, pois só falou de plantas medicinais e remédio caseiro. Em um artigo, outros autores afirmaram que apesar de alguns avanços nas políticas do SUS, a ausência de qualificação dos profissionais da saúde ainda é muito grave. Esses pesquisadores observaram algumas transformações nos últimos anos, sobretudo pela criação de políticas relacionadas ao tema, mas quase não existe a qualificação dos profissionais, tanto em sua formação, quanto na educação permanente, principalmente na capacitação continuada dos profissionais da atenção primária. Nesse sentido, fazem-se necessárias mais ações, maior empenho e muita dedicação no cumprimento das metas propostas aos ACS[14].

Quando indagados se sabiam a diferença correta entre fitoterápicos e homeopáticos (Pergunta 2), 30 (60%) ACS urbanos disseram que não sabiam e 20 (40%), responderam que sabiam. No entanto, dos que afirmaram saber a diferença, cinco (10%) responderam erroneamente a definição. Participante 13: "Fitoterápico é manipulado em laboratório e homeopático é natural". Aqui é nítida a impressão de que esse entrevistado confundiu os conceitos. Participante 20: "Fitoterápico é industrializado e homeopático é natural". Aqui é nítida a impressão de que esse entrevistado desconhece que fitoterápicos são medicamentos obtidos exclusivamente de plantas medicinais e que podem ser também manipulados e que os homeopáticos são medicamentos obtidos dos três reinos (vegetal, animal e mineral), que são manipulados e preparados por ultradiluições[15,16]. Em estudo realizado na cidade de Petrolina, em Pernambuco, os autores encontraram que 66,7% dos profissionais da saúde não sabiam a diferença (fitoterápicos x homeopáticos) e concluíram que era necessária a capacitação e motivação daqueles profissionais da saúde para a indicação de plantas medicinais[9]. No atual estudo, essa pergunta apresentou diferença estatística (p<0,05), significando que os ACS urbanos estavam mais informados sobre a diferença que os ACS rurais no grupo estudado (TABELA 2).

Quando foram questionados sobre quais profissionais devem ter o conhecimento em plantas medicinais (Pergunta 3), 32 (94%) ACS rurais afirmaram que toda equipe deve ter o conhecimento e dois (6%) agentes afirmaram que alguns profissionais devem conhecer (não toda equipe) e citaram: Médico, Nutricionista, Enfermeiro e Agentes de Saúde, mas excluíram o Farmacêutico e o Cirurgião Dentista da necessidade de conhecer sobre fitoterapia. Esses dois ACS desconhecem que existem portarias que incluem os dois profissionais, como habilitados para o uso da fitoterapia[17,18]. Dos ACS urbanos, 49 (98%) afirmaram que toda equipe deve ter o conhecimento e um (2%) afirmou que apenas os Médicos devem ter o conhecimento. Esse último agente de saúde desconhecia que a PNPMF estimula o conhecimento até dos ACS, além do Médico, Nutricionista, Enfermeiro, Farmacêutico e Cirurgião Dentista[19] (TABELA 2).

Quando questionados se sabiam a diferença entre fitoterapia e fitoterápicos (Pergunta 4), 28 (82,6%) ACS rurais disseram que desconheciam e seis (17,6%) dos participantes acertaram a diferença, descrevendo fitoterapia como tratamento e fitoterápico como medicação obtida exclusivamente de plantas medicinais. Dos ACS urbanos, 41 (82%) não sabiam a diferença entre fitoterapia e fitoterápicos. Nove (18%) dos participantes acertaram a diferença entre os termos. Através desses resultados é possível perceber que esses profissionais necessitavam de uma oficina de capacitação ou curso relacionado à temática (TABELA 2). Em pergunta semelhante, os autores de pesquisa realizada em município baiano encontraram que 23 (56,1%) dos ACS sabiam a diferença entre os termos droga vegetal, planta medicinal e medicamento fitoterápico e que 16 (39%) desses desconheciam essas diferenças. Os pesquisadores concluíram que o desconhecimento de tais conceitos pode afetar a compreensão das aplicabilidades dessas terapias e as definições corretas podem ser encontradas na resolução da diretoria colegiada (RDC) da Anvisa nº 26, de 13 de maio de 2014[15,20]. Em estudo realizado na cidade de Ijuí, no Rio Grande do Sul, os autores sugeriram um treinamento na área para profissionais de cuidados primários. Esses pesquisadores afirmaram que a fitoterapia deve ser considerada como um campo de interação de conhecimentos e práticas que valorizam e consideram recursos culturais, práticas e conhecimentos locais, conservação da biodiversidade e envolvendo os ACS. A implantação da fitoterapia no SUS visa enriquecer as possibilidades terapêuticas, principalmente os aspectos sociais e educacionais em uma perspectiva de promoção da saúde[21].

Ao serem perguntados se costumavam indicar plantas medicinais no tratamento de doenças aos comunitários da microárea que atuavam (Pergunta 5), 24 (70,6%) ACS rurais afirmaram positivamente e dez (29,4%) disseram que não costumavam indicar tratamento com plantas. Dos ACS urbanos, 22 (44%) afirmaram que indicavam plantas medicinais no tratamento de doenças aos comunitários da microárea que atuavam e 28 (56%), disseram que não indicavam tratamento com plantas. Nessa pergunta houve diferença estatística (p<0,05) nas respostas, ou seja, um maior percentual dos ACS rurais afirmou que indicava o tratamento com plantas (TABELA 2). Esse resultado supõe que nas áreas rurais, a utilização de plantas medicinais pode ser mais frequente no grupo estudado. Em cidade da zona rural do Paraná, os autores observaram que 71,54% dos ACS entrevistados disseram que transmitiam (indicavam) o conhecimento sobre as plantas medicinais e ressaltaram a importância do profissional da saúde em valorizar a cultura das famílias, perpetuando as suas crenças e transmitindo os seus conhecimentos a partir do conhecimento científico[13].

Quando questionados se eles tinham o hábito de usar plantas medicinais com finalidades terapêuticas (Pergunta 6), 31 (91,2%) ACS rurais afirmaram que usavam plantas medicinais para tratar suas próprias doenças e de seus familiares. Dos ACS urbanos, 39 (78%) afirmaram que usavam plantas medicinais no tratamento de suas próprias doenças e 11 (22%) desses pesquisados afirmaram que não usavam plantas medicinais (TABELA 2). Nessa pergunta houve diferença estatística (p<0,05) nas respostas, ou seja, um percentual maior de ACS rurais costuma usar plantas medicinais para tratar as suas próprias doenças. Esse resultado pode indicar que nas áreas rurais do grupo estudado, a população (já que os ACS costumam morar em suas microárias) costuma utilizar plantas medicinais com mais frequência para tratamento de patologias. Esses resultados são semelhantes à pesquisa realizada em cidade do Paraná, na qual, os autores observaram que os 87,8% dos ACS afirmaram que faziam uso de plantas medicinais quando estavam doentes[13].

Quando indagados se sabiam orientar as pessoas sobre a forma de utilização de plantas medicinais (pergunta 7), 25 (73,5%) ACS rurais afirmaram positivamente. Dos ACS urbanos, 24 (48%) relataram que sabiam orientar as pessoas sobre a forma de utilização de plantas medicinais e 26 (52%) afirmaram que não sabiam orientar os comunitários sobre o uso terapêutico (TABELA 2). Nessa pergunta houve diferença estatística (p<0,05) nas respostas, ou seja, um percentual maior de ACS rurais afirmou saber orientar o uso de plantas medicinais. Isso pode significar que os ACS urbanos do grupo estudado desconhecem ou acreditam pouco no poder curativo da fitoterapia em comparação aos ACS rurais. Em estudo realizado em município baiano, os autores afirmaram que os ACS são essenciais nas ações de educação em saúde relacionadas às plantas medicinais e que os mesmos apresentam algum conhecimento sobre o uso de plantas medicinais quando comparados com outras pesquisas realizadas com a população em geral, os mesmos demonstram maior compreensão sobre o tema. No entanto, identificou-se que não há uma prática de educação permanente em saúde dirigida aos ACS em relação à temática. Estes possuem meios não científicos como fontes de informações e a maioria desconhece as políticas e programas relacionados a plantas medicinais. Nesse sentido, são importantes às intervenções dos Médicos, Enfermeiros, Cirurgiões Dentistas e Farmacêuticos que atuam na atenção básica na capacitação desses, em relação aos cuidados com as plantas medicinais, no intuito de orientar a comunidade corretamente sobre benefícios, riscos, uso racional e seguro da fitoterapia[20].

Quando perguntados se já receberam alguma orientação sobre a utilização de plantas medicinais (Pergunta 8), 25 (73,5%) ACS rurais responderam que sim. Dos ACS urbanos, 16 (32%) responderam que sim e 34 (68%) responderam que não (TABELA 2). Nessa pergunta houve diferença estatística (p<0,05) nas respostas, ou seja, um percentual maior de ACS rurais afirmou ter recebido orientações sobre o uso da fitoterapia que os ACS urbanos. Isso pode ser justificado, porque nas zonas rurais existem mais pessoas detentoras de conhecimentos tradicionais e essa sabedoria popular é repassada por parteiras, rezadeiras, raizeiros e população mais idosa para as novas gerações. As orientações sobre o uso partiram principalmente de profissionais da equipe (Médico, Enfermeiro, Farmacêutico, Nutricionista, Cirurgião Dentista), de parentes mais velhos e comunitários da microárea, estudantes de graduação (Medicina e Farmácia), curso de capacitação (EAD e promovido pela secretaria de saúde do município) e freiras (religiosas católicas). Em pesquisa em cidade do Paraná, os autores observaram que os ACS receberam informações sobre plantas medicinais principalmente dos genitores. Isso confirma que o conhecimento tradicional sobre plantas medicinais segue uma base familiar, baseada na transmissão de geração a geração. As outras fontes de informações, as quais, os ACS recorreram formam internet, cursos, de moradores da área, Enfermeira, Nutricionista e Universidade. Os pesquisadores ainda afirmam que mesmo diante de algum conhecimento apresentado pelos ACS, havia a necessidade de capacitação adequada para que os mesmos pudessem repassar informações corretas sobre plantio, coleta, uso, modo de preparo, dosagem, indicações, contraindicações, possíveis riscos de intoxicações com as plantas medicinais, a fim de proporcionar uma troca de conhecimentos adequados entre os ACS e a população assistida [13].

Os ACS da zona rural citaram 37 plantas medicinais e os ACS da zona urbana citaram 20 espécies (TABELA 3 e TABELA 4). As plantas medicinais mais citadas pelos ACS da zona rural foram: Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Ex Britton & P. Wilson (Verbenaceae) (erva cidreira com 13 citações); Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf (Poaceae) (capim santo com 11 citações) e Matricaria chamomilla (L.) Rauschert (Asteraceae) (camomila com 10 citações) (TABELA 3). Em estudo realizado na cidade de Ijuí no Rio Grande do Sul, as plantas mais usadas pelos ACS foram camomila, Plectranthus barbatus Andrews (Lamiaceae) (falso-boldo) e Artemisia absinthium L. (Asteraceae) (absinto ou losna). O capim santo foi citado também, mas não citaram a erva cidreira[21]. Neste estudo, o absinto teve apenas duas citações e o falso-boldo teve cinco citações. Isso é importante considerar, uma vez que a população local, do atual estudo, não usa apenas plantas nativas da Caatinga, mas as ervas medicinais exóticas são também muito usadas.

TABELA 3: Plantas medicinais citadas pelos agentes comunitários de saúde da zona rural. Comparação dos conhecimentos entre agentes comunitários de saúde de zonas rurais e urbanas sobre o tratamento com plantas medicinais.
Espécies vegetais Parte utilizada Forma de preparo Indicações Citações
Abacaxi - Ananas comosus (L.) Merril (Bromeliaceae) Fruta ou casca Lambedor Gripe e resfriado 2
Agrião - Nasturtium officinale R. Br. (Brassicaceae) Folha Lambedor Gripe 2
Alecrim - Rosmarinus officinalis L. (Lamiaceae) Folha Infusão para inalação Coriza, digestivo 2
Alface - Lactuca sativa L. (Asteraceae) Folhas Na salada Calmante 1
Alho - Allium sativum L. (Amaryllidaceae) Dente Chá, amassado na água Anti-inflamatório 2
Babosa - Aloe vera (L.) Burm. f. (Aloaceae) Folha Batido na água Queimadura, inflamações. 4
Camomila - Matricaria chamomilla (L.) Rauschert (Asteraceae) Flor, semente. Infusão Calmante 10
Canela - Cinnamomum zeylanicum Blume (Lauraceae) Casca Decocção Emagrecer 2
Capim Santo - Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf (Poaceae) Folha Infusão Calmante; Digestivo 11
Castanha de caju - Anacardium occidentale L. (Anacardiaceae) Semente In natura Digestiva 1
Cebola - Allium cepa L. (Alliaceae) Fruto Lambedor Tosse 2
Chia - Salvia hispanica L. (Lamiaceae) Semente infusão Emagrecedor, hipertensão 1
Endro - Anethum graveolens L. (Apiaceae) Folha Infusão Calmante, insônia 2
Erva Cidreira - Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Ex Britton & P. Wilson (Verbenaceae) Folhas infusão Calmante 13
Erva doce - Pimpinella anisum L. (Apiaceae) Semente Infusão Calmante. 2
Eucalipto - Eucalyptus glubulus Labill (Myrtaceae) Folha Infusão Gripe 2
Falso-boldo - Plectranthus barbatus Andrews (Lamiaceae) Folha Infusão Problemas digestivos 5
Gengibre - Zingiber officinale Roscoe (Zingiberaceae) Raiz Decocção Anti-inflamatório 2
Gergelim - Sesamum indicum L. (Liliácea) Semente In natura hipertensão 1
Girassol - Helianthus annuus L. (Asteraceae) Semente Decocção Problemas respiratórios 2
Goiabeira - Psidium guajava L. (Myrtaceae) Folha infusão Diarreia 3
Hortelã - Mentha x piperita L. (Lamiaceae) Folhas Infusão Gastrite, azia, gripe e resfriado 3
Laranjeira - Citrus sinensis L. (Rutaceae) Folha, casca Infusão, decocção Gripe 4
Limão - Citrus limon L. (Rutaceae) Fruto, casca Decocção Gripe 2
Linhaça - Linum usitatissimum L. (Linaceae) Semente In natura hipertensão 1
Maça - Lepidium meyenii Walpers (Brassicaceae) Fruto In natura Calmante 1
Malva - Malva sylvestris L. (Malvaceae) Folhas Infusão; lambedor Gripe 2
Manjericão - Ocimum basilicum L. (Lamiaceae)            Folha Infusão tosse 3
Maracujá - Passiflora edulis Sims (Passifloraceae) Fruto, folha, casca Decocção Calmante 2
Marcela - Achyrocline satureoides (Lam.) DC. (Asteraceae) Semente, Flor Decocção e mastigação Flatulência, dor de barriga 2
Mastruz - Chenopodium ambrosioides L. (Chenopodiaceae) Folha; Caule Sumo, batido com água Anti-inflamatório, verminose 5
Mulungu - Erythrina vellutina Willd (Fabaceae) Casca Decocção Artrose 2
Pata de Vaca - Bauhinia forficata Link (Fabaceae) Folha Infusão Controle da glicemia 2
Pitanga - Eugenia uniflora L. (Myrtaceae) Fruto, folhas Infusão Gripe 1
Romã - Pumica granatum L. (Punicaceae) Casca, fruto Decocção Amidalite, gengivite 2
Umburana de Cheiro - Amburana cearenses A.C.Smith (Fabaceae) Casca, semente Decocção Dor de barriga 5
Unha de Gato - Uncaria tomentosa (Willd) DC. (Rubiaceae) Casca Decocção, molho Artrose 2

As plantas medicinais mais citadas pelos ACS da zona urbana foram Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf (Poaceae) (capim santo com 13 citações); Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Ex Britton & P. Wilson (Verbenaceae) (erva cidreira com 12 citações) e Plectranthus barbatus Andrews (Lamiaceae) (falso-boldo com 10 citações) (TABELA 4). Em oficinas de aprendizagem realizadas no município de Maringá, no estado de Paraná, os autores realizaram curso de capacitação dos ACS com a finalidade de incentivar os mesmos a terem ações multiplicadoras de conhecimentos confiáveis, transmitindo a população das áreas de abrangência os meios para o correto manejo e uso de plantas medicinais e fitoterápicos. As plantas mais citadas pelos ACS nas oficinas foram Mentha x piperita L. (Lamiaceae) (hortelã), erva cidreira, capim santo e falso-boldo[22].  Isso mostra que o uso de determinadas plantas medicinais não está restrito a regiões específicas, mas está relacionado àquelas espécies que se mostram mais eficientes no tratamento das patologias.

TABELA 4: Plantas medicinais citadas pelos agentes comunitários de saúde da zona urbana (sede). Comparação dos conhecimentos entre agentes comunitários de saúde de zonas rurais e urbanas sobre o tratamento com plantas medicinais.
Espécies vegetais Parte utilizada Forma de preparo Indicações Citações
Abacaxi - Ananas comosus L. (Bromeliaceae) Fruta ou casca Lambedor Gripe e resfriado 2
Alecrim - Rosmarinus officinalis L. (Lamiaceae) Folha Infusão para inalação Coriza, congestão nasal 2
Ameixa - Ximenia americana L. (Olacaceae) Casca, fruto Molho na água Anti-inflamatório 1
Babosa - Aloe vera L. (Aloaceae) Folhas Batido na água Queimaduras, inflamações. 8
Camomila - Matricaria chamomilla (L.) Rauschert (Asteraceae) Flores, sementes. Infusão Calmante 9
Capim Santo - Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf (Poaceae) Folhas Infusão Calmante; digestivo 13
Chá verde - Camellia sinensis (L.) Kuntze (Theaceae) Folhas e talos Infusão Diurético, depurador, emagrecedor 1
Chia - Salvia hispanica L. (Lamiaceae) Semente Infusão Emagrecedor. 2
Erva Cidreira - Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Ex Britton & P. Wilson (Verbenaceae) Folhas Infusão Calmante 12
Erva doce - Pimpinella anisum L. (Apiaceae) Semente Infusão Calmante. 3
Eucalipto - Eucalyptus glubulus Labill (Myrtaceae) Folhas Infusão Expectorante, desentope o nariz 1
Falso-Boldo - Plectranthus barbatus Andrews (Lamiaceae) Folhas Infusão Problemas digestivos 10
Gengibre - Zingiber officinale Roscoe (Zingiberaceae) Raiz Decocção Anti-inflamatório. 2
Hortelã - Mentha x piperita L. (Lamiaceae) Folhas Infusão Gastrite, azia, gripe e resfriado 6
Losna ou Absinto - Artemisia absinthium L. (Asteraceae) Folhas Infusão Baixar a pressão arterial 2
Maça - Lepidium meyenii Walpers (Brassicaceae) Fruto Consumo in natura Constipação 1
Malva - Malva sylvestris L. (Malvaceae) Folhas Infusão; lambedor Gripe 6
Marcela - Achyrocline satureoides (Lam.) DC. (Asteraceae) Semente, Flor Decocção e mastigação Flatulência, dor de barriga 3
Mastruz - Chenopodium ambrosioides L. (Chenopodiaceae) Folha; Caule Batido com água Anti-inflamatório, verminose 7
Sene -Cassia angustifolia Vahl (Fabaceae) Folha Infusão Laxante 1

Conclusão

A PNPMF visa capacitar os profissionais da atenção básica, inclusive os agentes comunitários de saúde, para atuarem como facilitadores no processo de divulgação e educação em saúde referente às práticas integrativas e complementares, em especial a fitoterapia, relacionadas ao uso de plantas medicinais e suas preparações, considerando as realidades locais e culturais; na promoção ao uso correto e racional; difusão e implantação de hortas medicinais e hortaliças agroecológicas, contemplando temáticas sobre alimentação saudável, nutrição e plantas medicinais [23].

Na atual pesquisa observou-se que, apesar dos ACS das zonas urbanas terem mais conhecimento teórico, referente à diferença entre fitoterápicos e homeopáticos, os ACS das zonas rurais costumavam indicar, usar e orientar com mais frequência à população sobre as plantas medicinais. Além disso, os agentes rurais indicaram uma maior quantidade e diversidade de plantas medicinais que os agentes da sede (centro urbano). Confirmando no grupo pesquisado, que a utilização de plantas medicinais é mais comum nas áreas de campo, na zona rural do município.

No entanto, apesar de algum conhecimento sobre o tema, os ACS do município necessitam de formação permanente, de cursos e oficinas periódicas de capacitação e atualização em fitoterapia, para que os conhecimentos empíricos que os mesmos possuem sejam validados, refutados e aprofundados através do conhecimento científico. Assim, a população poderia usar as plantas indicadas por esses profissionais com mais racionalidade, gerando maior segurança, informação correta e menor toxicidade.

Os profissionais Médicos, Enfermeiros, Farmacêuticos, Nutricionistas e Cirurgiões Dentistas poderiam ser os facilitadores no processo educacional desses ACS e a gestão municipal de saúde proveria os recursos físicos, pessoais e financeiros necessários. Os resultados dessa pesquisa serão entregues a secretaria municipal de saúde para que os gestores tomem ciência da realidade local, direcionem o planejamento estratégico e a tomada de decisão favorável ao que preconiza a PNPMF.

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