Artigo de Pesquisa
Uso domiciliar de plantas medicinais por usuários dos serviços das Unidades Básicas de Saúde do município de Toledo, Paraná
Home use of medicinal plants by users of the Basic Health Units of the municipality of Toledo, Paraná
Resumo
O uso empírico das plantas medicinais é uma prática mundialmente disseminada, cuja finalidade baseia-se no alívio/cura de algumas enfermidades. Objetivou-se caracterizar o perfil epidemiológico do uso domiciliar dessas plantas, pelos usuários de sete Unidades Básicas de Saúde com equipe Estratégia Saúde da Família, no município de Toledo/Paraná. Para tanto, foi aplicado um questionário a 324 pessoas. A análise dos dados mostrou que 89,50% dos entrevistados faziam uso de plantas medicinais, destes, 91,38% do sexo feminino, 42% com idade entre 21 e 40 anos, 30% sem concluir o ensino fundamental e 45,48% com renda per capita entre 01 a 03 salários mínimos. As folhas foram as partes das plantas mais utilizadas (45,10%), o modo de preparo predominante foi o chá em infusão (30,86%) e 83,64% tiveram o conhecimento de utilização das plantas repassado por familiares. Foram registradas 1.082 citações de 120 espécies de plantas, 50% destas não possuem registro na Denominação Comum Brasileira da Agência de Vigilância Sanitária; entre elas encontram-se espécies cujo conhecimento de senso comum é tão difundido que remete à incredulidade de ausência de estudos científicos para o fim citado, conferindo a falsa ideia de ausência de risco à saúde.
- Palavras-chave:
- Fitoterapia.
- Perfil epidemiológico.
- Unidades Básicas de Saúde.
- Fins terapêuticos.
Abstract
The empirical use of medicinal plants is worldwide widespread practice, whose purpose is based on the relief/cure of some diseases. The objective of this study was to characterize the epidemiological profile of the home use of these plants by users of seven Basic Health Units with a Family Health Strategy team in the city of Toledo/Paraná. A questionnaire was applied to 324 people and data analysis showed that 89.50% of the interviewees used medicinal plants, of which 91.38% were female, 42% aged between 21 and 40 years, 30% without completing elementary school and 45.48% with per capita income between 01 and 03 minimum wages. The leaves were the most used parts of the plants (45.10%), the predominant preparation mode was the tea in infusion (30.86%) and 83.64% were aware of the use of plants passed on by family members. A total of 1,082 citations of 120 plant species were recorded and 50% are not registered in the Brazilian Common Name of the Health Surveillance Agency; among them are species whose knowledge of commonsense is so widespread that it refers to the unbelief of lack of scientific studies for the aforementioned purpose, conferring the false idea of absence of health risk.
- Keywords:
- Phytotherapy.
- Epidemiological profile.
- Basic Health Units.
- Therapeutic purposes.
Introdução
O uso de plantas com algum fim medicinal possui registro em diferentes épocas da humanidade, sendo utilizadas de forma empírica pelas mais diversas populações, tornando-se uma questão cultural que permanece até nos dias atuais[1]. O uso de tais plantas é fundamentado no acúmulo de informações por sucessivas gerações que constituíram as bases para tratamento de diferentes doenças[2].
As práticas de fitoterapia estão presentes no território brasileiro há muito tempo, ligadas à medicina popular e às práticas culturais ancestrais enraizadas em todas as regiões do país[3]. Alguns eventos globais - Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, coordenada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e realizada na Suécia, em 1972, (Conferência de Estocolmo) e Conferência Internacional sobre Assistência Primária em Saúde, realizada em Alma-Ata no Cazaquistão, em 1978, pela Organização Mundial da Saúde da Organização das Nações Unidas (OMS/ONU) – inauguraram possibilidades de novos usos e sentidos à fitoterapia, os quais têm repercutido no Brasil, desde 1980, com a difusão das práticas de Medicina Tradicional e Medicina Complementar e Alternativa[4,5].
Atualmente, a utilização de plantas medicinais e de fitoterápicos é uma prática mundialmente disseminada, sendo encorajada pela OMS, especialmente em países em desenvolvimento. No Brasil, em 2006, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), oferecendo aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), a fitoterapia[6]. As diretrizes contempladas na PNPIC regulamentaram o uso de plantas medicinais e fitoterapia no SUS[7].
Mesmo com o incentivo da indústria farmacêutica para a utilização de medicamentos industrializados, grande parte da população ainda faz uso de práticas terapêuticas no cuidado à saúde, como as plantas medicinais, utilizadas para aliviar ou mesmo curar algumas enfermidades. Isso pode ocorrer devido ao alto custo dos medicamentos industrializados ou, então, pelo fato de os usuários estarem buscando alternativas que possuam menos efeitos colaterais para o tratamento de doenças[8]. Segundo a OMS, 80% da população mundial utiliza a medicina tradicional como recurso para atender suas necessidades básicas de saúde.
Não se deve subestimar o conhecimento empírico, já que muitos dos conhecimentos atuais dos efeitos das espécies vegetais conhecidos são oriundos deste conhecimento[9]. Entretanto, vale ressaltar que diversas plantas apresentam efeitos tóxicos, e que a falsa ideia de que tudo que é natural é inócuo, precisa ser revista e conscientizada pela equipe multidisciplinar de saúde, prevenindo assim, casos de intoxicação que podem levar ao óbito[10].
Diante desse contexto, foi realizada uma pesquisa epidemiológica, no município de Toledo-PR, em parceria com Unidades Básicas de Saúde (UBS) com equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) ativa, para analisar o perfil epidemiológico de utilização de plantas medicinais, tendo em vista a importância do seu uso e possíveis riscos que dele possam decorrer.
Material e Métodos
Trata-se de um estudo transversal e descritivo, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada no município de Toledo, localizado no oeste do estado do Paraná, composta por uma população superior a 140 mil habitantes, de acordo com o último censo demográfico de 2019[11]. Os aspectos éticos da pesquisa foram avaliados e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Humanos do Setor de Ciências da Saúde – Universidade Federal do Paraná (CAAE nº 31510520.6.0000.0102).
A coleta dos dados foi realizada em sete UBS-ESF por meio de um questionário semiestruturado, previamente validado, contendo 15 questões, sendo cinco destinadas ao perfil sociodemográfico de cada entrevistado e 10 questões sobre o uso de plantas medicinais. Nesse tipo de questionário o entrevistador é guiado por um roteiro e registra os achados. O questionário foi aplicado aos usuários dos serviços das UBS-ESF, maiores de 18 anos, após a assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os achados foram compilados em planilhas eletrônicas, sistematizados e analisados por meio de estatística descritiva.
Resultados e Discussão
De um total de 324 entrevistados, 89,50% (290) afirmaram fazer uso das plantas medicinais como alternativa terapêutica. Dados semelhantes também foram relatados por estudo realizado em outras regiões do país, o qual evidenciou que a prática de medicina tradicional ocorre em mais de 80% da população, destacando que essa realidade decorre, possivelmente, do baixo custo, fácil acesso e pela crença que essa terapia seja inofensiva ao organismo[12].
Esse estudo incluiu sete UBS-ESF pertencentes aos bairros Jardim Concórdia, Jardim Coopagro, Jardim Europa, Jardim Pancera, Jardim Panorama, Jardim São Francisco e Santa Clara. Dentre os indivíduos que utilizavam plantas medicinais 91,38% eram do sexo feminino. Pesquisas atuais confirmam o fato de o conhecimento sobre as plantas medicinais estar estreitamente relacionado à figura feminina, visto que, são o grupo mais preocupado com o cuidado da saúde, para isso buscam informações referentes às plantas medicinais com o objetivo de obter tratamentos caseiros para a prevenção e/ou melhora de doenças dos seus familiares[13].
Apesar de a literatura corroborar a maior utilização de plantas medicinais pelo sexo feminino, o mesmo não foi observado em relação à idade dos usuários, as quais variaram de 18 a 80 anos, sendo a prevalência entre 21 e 40 anos (42%). Pesquisas apontam que o conhecimento e uso terapêutico de plantas medicinais é usual na população idosa[14,15]. Em município do interior de São Paulo, 56% dos participantes de uma pesquisa sobre a temática, tinham entre 51 e 70 anos[15]. Já em Hulha Negra, Rio Grande do Sul, 39,8% dos indivíduos que faziam uso de plantas medicinais tinham mais de 50 anos de idade[14]. A divergência deste estudo e de estudos anteriores, em relação à idade, pode estar relacionada aos hábitos de vida da população em idade economicamente ativa que tem se tornado cada vez mais estressada e ansiosa devido à rotina e carga de trabalho diário; é possível que esses indivíduos estejam buscando um tratamento alternativo nas plantas medicinais.
Quanto ao nível de escolaridade, ocorreu um predomínio de indivíduos que não concluíram o ensino fundamental (30%) e, apenas, 13% possuía ensino superior completo. Já a renda pessoal de maior frequência entre os registros foi de 01 a 03 salários mínimos (45,48%) (TABELA 1). Dados apontados em outras pesquisas fortalecem os achados deste estudo e sugerem que poucos anos de estudo associados à renda per capita baixa, impulsionam, uma maior busca por formas alternativas de tratamento dos males[16,17].
Características | Frequência Absoluta | Frequência relativa |
---|---|---|
Sexo (N=290) | ||
Feminino | 236 | 91,38% |
Masculino | 54 | 18,62% |
Faixa etária (N=290) | ||
18 a 20 anos | 6 | 2,07% |
21 a 30 anos | 61 | 21,03% |
31 a 40 anos | 63 | 21,72% |
41 a 50 anos | 44 | 15,17% |
51 a 60 anos | 58 | 20% |
61 a 70 anos | 36 | 12,41% |
71 a 80 anos | 22 | 7,46% |
Escolaridade (N=290) | ||
Fundamental Incompleto | 87 | 30% |
Fundamental Completo | 43 | 14,83% |
Médio Incompleto | 28 | 9,65% |
Médio Completo | 82 | 28,27% |
Superior Incompleto | 12 | 4,14% |
Superior completo | 36 | 12,41% |
Mestrado Completo | 1 | 0,34% |
Pós-Doutorado Completo | 1 | 0,34% |
Renda/Salário Mínimo (N=290) | ||
Até 01 | 94 | 32,41% |
De 01 a 03 | 133 | 45,86% |
De 04 a 10 | 19 | 6,55% |
Não Possui | 44 | 15,17% |
Em relação aos dados levantados, frente ao uso das plantas medicinais pelos indivíduos entrevistados, as folhas (45,10%) e as flores (12,29%) são as partes mais utilizadas, os demais componentes das plantas não chegaram a representar 3% das citações, individualmente. A possível preferência por folhas no emprego do preparo de medicamentos caseiros deve ser decorrente do fato de as folhas estarem disponíveis durante todas as estações do ano na grande maioria das plantas[18].
Em relação ao modo de preparo, o chá de infusão (30,86%) é a técnica mais aplicada pelos usuários das UBS-ESF, seguida do chá em fervura (28,65%), macerado (2,96%) e in natura (1,20%). Uma parcela significa dos entrevistados (36,32%) não informou o modo de preparo das plantas para ação terapêutica. O chá foi o principal modo de preparo referido pelos entrevistados, apesar de comum em diversas regiões do Brasil, essa prática não é indicada para qualquer parte da planta, uma vez que pode eliminar ou degradar os princípios ativos presentes, inativando seu efeito terapêutico ou tornando o chá nocivo à saúde[19].
Quanto à aprendizagem do uso das plantas medicinais, de acordo com esta pesquisa, o conhecimento é transmitido principalmente pelos grupos familiares que totalizam 83,64% dos relatos (TABELA 2). Embora o uso de plantas para fins terapêuticos ainda seja uma cultura familiar, a OMS encoraja a prática da Medicina Tradicional de modo complementar no tratamento de doença, porém com instruções de uso e indicações repassadas por profissionais da saúde, uma vez que, quando comparado a medicamentos alopáticos, os remédios fitoterápicos possuem menor ocorrência de efeitos colaterais, baixo custo e maior adesão pela população[20].
Características | Frequência absoluta (N=1.082) | Frequência relativa |
---|---|---|
Parte da planta utilizada | ||
Casca | 7 | 0,64% |
Caule | 31 | 2,86% |
Flor | 133 | 12,29% |
Folha | 488 | 45,10% |
Fruto | 12 | 1,11% |
Raiz | 19 | 1,75% |
Semente | 27 | 2,49% |
Planta inteira | 8 | 0,74% |
Não informado | 360 | 32,27% |
Modo de preparo | ||
Chá em infusão | 334 | 30,86% |
Chá em fervura | 310 | 28,65% |
Macerado | 32 | 2,96% |
in natura | 13 | 1,20% |
Não informado | 393 | 36,32% |
Quem ensinou a utilizar as plantas | ||
Família | 905 | 83,64% |
Vizinho/Conhecido | 91 | 8,41% |
UBS-ESF/Profissional de Saúde | 27 | 2,50% |
Internet/Livro | 59 | 5,45% |
As entrevistas dos 290 usuários de plantas medicinais registraram 1.082 citações de 120 espécies de plantas distintas, sendo possível o entrevistado citar mais de uma espécie de planta; dentre essas, 58 espécies não se encontram na última versão (2017) da Denominação Comum Brasileira (DCB) da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA). Do total de 120 espécies de plantas, 15 espécies foram mencionadas com maior frequência pelos entrevistados, totalizando assim, 71,44% das 1.082 citações (FIGURA 1). De acordo com uma análise feita no Dataplamt, um banco de dados e amostras de plantas do Centro Especializado em Plantas Aromáticas, Medicinais e Tóxicas (https://www.ceplamt.org.br/), essas 15 espécies de plantas estão distribuídas em 10 famílias. Apesar de serem cultivadas no Brasil, nenhuma dessas espécies é endêmica do país; a maioria é endêmica dos continentes Asiático e Europeu (FIGURA 2).
A TABELA 3 mostra essas 15 espécies com as respectivas finalidades de uso mencionadas nas entrevistas; a literatura mostra que tais plantas são bem conhecidas popularmente e são empregadas pela medicina tradicional, além de serem vastamente analisadas e divulgadas em estudos científicos[12,13,18-22].
Nome comum | Nome científico | Finalidade de uso |
---|---|---|
Camomila | Matricaria chamomilla L. | Anti-inflamatório, antialérgico, antisséptico, diurético, calmante, dor tipo cólica, cefaleia e sintomas de menopausa. |
Capim cidreira | Cymbopogon citratus (DC.) Stapf | Anti-hipertensivo, antitérmico, anti-inflamatório, analgésico, calmante, vermífugo, resfriado, dor no estômago e amamentação. |
Hortelã | Mentha spicata L. | Anti-hipertensivo, antitérmico, calmante, vermífugo, descongestionante, desintoxicação, resfriado, dores no estômago, enxaqueca e flatulência. |
Boldo | Peumus boldus M. | Infecção digestiva, dor no estômago, cefaleia, doenças no fígado, bronquite, diarreia, enjoo, tosse e enxaqueca. |
Macela | Achyrocline satureioides (Lam.) DC. | Anti-inflamatório, desintoxicação, calmante, dor no estômago, doenças do fígado, bronquite, enxaqueca, resfriado e vômito. |
Erva-doce | Pimpinella anisum L. | Anti-hipertensivo, antitérmico, vermífugo, calmante, analgésico, dor tipo cólica, flatulência, constipação, amamentação, enxaqueca, queimaduras, resfriado e emagrecedor. |
Guaco | Mikania glomerata Spreng. | Tosse, resfriado, descongestionante nasal, diabetes melito, bronquite, infecção de garganta e doença renal. |
Poejo | Mentha pulegium L. | Antibacteriano, antifúngico, antitussígeno, antisséptico, antitérmico, flatulência, cólica intestinal, vermífugo, dispepsia, calmante, contração uterina, resfriado, cólicas de bebês, dor de garganta, dores no estômago. |
Babosa | Aloe vera (L.) Burm.f. | Cicatrizante, constipação, anti-inflamatório, cicatrizante, antitussígeno, tratamento de hemorroidas, queimaduras, desintoxicante, câncer e dores no estômago. |
Alecrim | Salvia rosmarinus Spenn. | Anti-Hipertensivo, calmante, mal estar geral, enxaqueca, fortificação dos ossos, labirintite e cicatrizante. |
Malva | Malva sylvestris L. | Anti-inflamatório, antitussígeno, cicatrizante, dores no estômago, dor tipo cólica e doenças renais. |
Laranjeira | Citrus x sinensis (L.) Osbeck | Antitérmico e resfriado. |
Gengibre | Zingiber officinale Roscoe | Antialérgico e resfriado. |
Tanchagem | Plantago major L. | Infecção urinária, diarreia e doenças renais. |
Erva-cidreira | Melissa officinalis L. | Anti-hipertensivo, antitussígeno, cefaleia e resfriado. |
Dentre as 120 espécies de plantas, a Quebra-pedra, Penicilina vegetal, Espinheira santa, Manjerona, Artemísia e Limoeiro, em termos de frequência de citação, seguem posteriormente às 15 espécies mais citadas.
A espécie conhecida popularmente como Quebra-pedra, de nome científico Phyllanthus niruri L., pertence à família Phyllanthaceae. Esta planta tem sido usada pelos entrevistados com fins de tratamento de infecção urinária e cálculos renais. Estudos científicos recentes mostram a eficiência do uso de P. niruri L. como antiurolitítico, uma vez que foi observada a capacidade de dissolução de cálculos na urina[23,24], modifica a textura e a forma dos cálculos para uma conformação mais suave e fácil de ser eliminada[25], normaliza os valores de oxalato de cálcio em pacientes com hiperoxalúria[26,27] e inibe formação de cristais evitando a formação de cálculos urinários[28,29]. Logo, existe uma relação plausível do uso dessa planta para o fim citado.
A eficácia da planta Quebra-pedra, também foi comprovada cientificamente no combate a uropatógenos em experimentos de antibiograma[30,31]. Estudos mostraram eficiência do extrato de P. niruri L. no combate a bactérias Escherichia coli, o principal agente etiológico de infecções do trato urinário[31]. A atividade antibacteriana de P. niruri L. também foi observada contra as bactérias Mycoplasma genitalium e Staphylococcus aureus[32].
A Penicilina vegetal (Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze, Amaranthaceae) é utilizada pelos usuários das UBS-ESF como anti-inflamatório, antitussígeno, antigripal, antibiótico e cicatrizante. Apesar de conhecida popularmente como "penicilina", um antibiótico ativo do grupo β-lactâmicos, a planta não dispõe de atividade antibacteriana in vitro contra cepas bacterianas[32]. Entretanto, o extrato de A. brasiliana (L.) Kuntze associado à gentamicina apresenta sinergismo no combate às bactérias Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa, assim como atividade anti-inflamatória[33]. O potencial anti-inflamatório, também foi evidenciado nos estudos realizados por Alencar Filho et al.[34], que indicaram a presença de flavonoides nessa planta, compostos antioxidantes e anti-inflamatórios, assim como os estudos de Formagio et al.[35] com extrato aquoso das folhas de A. brasiliana (L.) Kuntze que sugerem presença de potencial anti-inflamatório em experimentos in vivo realizados com ratos Wistar.
A planta também apresenta potencial cicatrizante de feridas em ratos da linhagem Sprague Dawley[36]. A atividade cicatricial da Penicilina vegetal foi igualmente evidenciada no uso de pomada a base do extrato metanólico de A. brasiliana (L.) Kuntze quando utilizada em feridas de ratos provocada por queimaduras[37]. Contudo, nenhum estudo foi encontrado visando o uso de A. brasiliana (L.) Kuntze com fins antitussígeno e antigripal.
A espécie conhecida como Manjerona (Origanum majorana L.), pertencente à família Lamiaceae, é utilizada pelos participantes do estudo como antitérmico, calmante, dor tipo cólica, resfriado e enxaqueca. Um ensaio clínico randomizado, duplo-cego evidenciou que creme sem perfume a base de óleos essenciais de manjerona, lavanda (Lavandula angustifolia Mill.) e sálvia (Salvia sclarea L.) promove alívio da dor provocada pela dismenorreia primária[38]. O óleo essencial de Origanum majorana aumentou o efeito ansiolítico em pacientes portadores de bruxismo[39]. Os resultados levantados por Erenler et al.[40] mostraram que o extrato de O. majorana L.exibiram atividades antioxidantes significativas. Assim como os estudos de Villalva et al.[41] que evidenciaram potencial inibidor significativo da secreção de TNF-α, IL-1β e IL-6, em um modelo de monócitos THP-1 humano, apresentando assim um papel importante nas atividades antioxidantes e anti-inflamatórias. Já estudos para as indicações como antitérmico, para tratamento de resfriado e enxaqueca (analgésico) não foram encontrados na literatura.
A planta Artemísia de nome científico Artemisia absinthium L., da família Asteraceae, conforme os indivíduos entrevistados tem seu uso voltado ao combate das dores tipo cólica. Estudos duplo-cegos realizados em humanos com o medicamento Lomatrol (constituído por extratos dos frutos de Carum carvi L. e Foeniculum vulgare Mill., folhas de Menta x piperita L. e a erva A. absinthium L.) teve boa resposta no tratamento como analgésico em queixas de desconforto abdominal[42]. Em estudos com humanos com osteoartrite no joelho, Basiri et al.[43] obtiveram efeitos benéficos de analgesia com aplicação de pomada de A. absinthium L.
A espécie habitualmente conhecida como Espinheira-santa cujo nome científico é Maytenus ilicifolia (Schrad.) Planch., pertencente à família Celastraceae é empregada no tratamento caseiro de dores estomacais pelos usuários das UBS-ESF de Toledo. Da Silva et al.[44] realizaram estudos com ratos para investigar a cicatrização de úlceras, obtendo-se resultados favoráveis no quesito de proteção da mucosa gástrica. Desse modo, esse dado promove embasamento científico para a indicação popular. Tabach et al.[45] realizaram experimentos em ratos Wistar, camundongos albinos e cães Beagle, mostrando uma clara atividade anti ulcerativa com as folhas de Espinheira Santa, do mesmo modo Souza-Formigoni et al.[46] também obtiveram esses resultados in vitro. Seguindo com estudos no trato digestivo, Baggio et al.[47] obtiveram potencial, em estudos com camundongos Swiss, no tratamento do distúrbio da motilidade gastrointestinal, Jorge et al.[48] analisaram atividade antiulcerogênica e anti-inflamatória em pesquisas realizadas com ratos Wistar e camundongos Swiss. Já estudos de Crestani et al.[49] obtiveram potente efeito hipotensor em ratos Wistar.
O limão, fruto da planta denominada de limoeiro, cujo nome científico é Citrus limon (L.) Osbeck, pertencente à família Rutacea, é rotineiramente usado para tratamento de gripe pelos toledanos. Estudos demonstrando atividade antioxidante do limão foram realizados por Makni et al.[50] in vitro e por Hsouna et al.[51] que além do efeito antioxidante também sugeriram efeito antimicrobiano in vitro e por Campêlo et al.[52] que demonstraram a mesma atividade antioxidante porém no hipocampo de camundongos machos Swiss. O limão é rico em vitamina C e tem sido testado experimentalmente como antioxidante e coadjuvante na redução da produção de vírus no organismo, logo que, interfere na interação célula-vírus. No ponto de vista clínico, parece desenvolver uma função protetora durante a resposta imunológica e evitar algumas doenças virais, como a gripe[53].
Apesar de algumas espécies de plantas citadas pela população em análise apresentar dados científicos que sustentem sua utilização para determinado fim terapêutico, 58 espécies não se encontram na última versão (2017) da DCB-ANVISA. Isso representa 48% do total de espécies citadas e algumas delas estão entre aquelas com maior frequência de citação, como o Poejo. A ausência da planta na DCB é um indicativo de que não existem estudos científicos suficientes para sugerir ou comprovar determinada ação terapêutica. Deste modo, efeitos adversos e intoxicação não podem ser descartados.
Conclusão
O estudo indica que o hábito de utilização de plantas para fins terapêuticos é repassado de indivíduo para indivíduos, principalmente entre aqueles com vínculo de parentesco, por conhecimento de senso comum sem que haja uma busca por informações científicas. A maioria dos usuários de plantas medicinais, neste estudo, não pertence à classe idosa (acima de 60), sugerindo uma mudança em relação ao que comumente se espera como padrão. A transferência de conhecimento da utilização das plantas por senso comum pode, algumas vezes, apresentar respaldo científico; entretanto, muitas espécies são utilizadas sem comprovação de eficácia ou isenção de uma possível toxicidade, podendo colocar em risco a saúde do usuário.
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