RELATO DE EXPERIÊNCIA
Fundamentos da educação crítica aplicados a projetos de educação, sociobiodiversidade e saúde: relato de experiência
Fundamentals of critical education applied to education, sociobiodiversity and health projects: experience report
Resumo
O presente artigo analisa vivências do curso de Especialização em Gestão da Inovação em Medicamentos da Biodiversidade, da Fundação Oswaldo Cruz, a partir dos fundamentos da Educação Crítica. Inicia-se com a contextualização teórica; a seguir, apresentam-se os desafios e problemas na prática, com base nas contribuições de Marx e Freire. Destacam-se as práticas educacionais relacionadas à Educação Crítica tendo em vista a ênfase nos contextos socioeconômicos e o compartilhamento democrático dos conhecimentos construídos durante o curso. Buscou-se proposta pedagógica que considerasse as práticas e experiências dos educandos e educadores para uma troca profícua que levasse a Educação a novos caminhos a fim de contribuir para a valorização de saberes e inclusão social. No relato de experiência apresentam-se as vivências compartilhadas entre educadores e educandos com a inclusão do policulturalismo e diferentes etnografias. Em considerações finais, são apresentados os resultados do trabalho de campo realizado pelos alunos por meio do desenvolvimento de projetos pedagógicos focados na transdisciplinaridade e na dinâmica de onde surgem relatos de experiências e trocas de aprendizados.
- Palavras-chave:
- Educação crítica.
- Educação.
- Sociobiodiversidade.
- Saúde.
Abstract
This article analyzes experiences from the Specialization Course in Management of Innovation in Biodiversity Medicines, from Oswaldo Cruz Foundation, from the foundations of Critical Education. It starts with theoretical contextualization; below, challenges and problems in practice are presented, based on the contributions of Marx and Freire. Educational practices related to Critical Education stand out, considering the emphasis on socioeconomic contexts and the democratic sharing of knowledge built during the course. A pedagogical proposal was sought that considered the practices and experiences of students and educators for a fruitful exchange that would lead Education to new paths in order to contribute to the appreciation of knowledge and social inclusion. The experience report presents the experiences shared between educators and students with the inclusion of polyculturalism and different ethnographies. In final considerations, the results of the field work carried out by the students are presented through the development of pedagogical projects focused on trans disciplinarity and on the dynamics from which reports of experiences and exchanges of learning arise.
- Keywords:
- Critical education.
- Education.
- Sociobiodiversity.
- Health.
Introdução
"As luzes que descobriram as liberdades inventaram também as disciplinas".
Foucault, 1987[1]
O presente artigo intitulado Fundamentos da Educação Crítica aplicados a projetos de Educação, Sociobiodiversidade e Saúde foi elaborado a partir do Acordo de Cooperação Internacional entre a Fundação Oswaldo Cruz/Fiocruz e a Universidade Paris 8, com o objetivo de analisar as contribuições da Educação Critica nas ações pedagógicas relacionadas aos cursos de especialização do CIBS – Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz em cursos de Especialização da Vice-Diretoria de Ensino Pesquisa e Inovação, do Instituto de Tecnologia em Fármacos – Farmanguinhos/Fiocruz.
A elaboração deste artigo surgiu da experiência de participação no Colóquio da Universidade de Paris8, ocorrido em 2018, quando a equipe cientifica e pedagógica do Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz-Fiocruz (Farmanguinhos) apresentou comunicação oral sob o título: "Les Nouveaux paradigmes de l'éducation critique et de l'épistémologie du sud: un rapport d'expérience du Cours de Spécialisation en Gestion de l'innovation dans les Médicaments de la Biodiversité".
Essa apresentação versou sobre uma experiência vivenciada, entre 2008 e 2018, na modalidade presencial e Educação a Distância - EAD, a partir da demanda de qualificação de gestores especialistas para atuação em projetos nas áreas de Biodiversidade, Saúde e Inovação.
O caráter inovador do curso permitiu a busca de novas linguagens e a pesquisa de novos paradigmas em processos pedagógicos que respondessem às questões geradas a partir da diversidade e da necessidade de inclusão dos atores envolvidos. Planejamento e troca de experiências; diálogos entre equipes e corpo docente e discente; discussões sobre aplicação da Educação Critica nos processos pedagógicos e muitos momentos de estudo e reflexão levaram a equipe a adotar um projeto que incluísse as bases cientificas da Educação Crítica, principalmente, as contribuições de Paulo Freire para fundamentação teórica e a inclusão das experiências profissionais dos estudantes, valorização dos conhecimentos tradicionais e tácitos e atendimento aos desafios epistemológicos que incluíssem o contexto cultural das comunidades envolvidas e privilegiassem os saberes locais das comunidades.
Este artigo apresenta a aplicação dos princípios norteadores da Educação Crítica em projetos de Educação relacionados ao Meio Ambiente, Sociobiodiversidade e Saúde, buscando contribuir para ações educativas que possibilitem o empoderamento dos sujeitos envolvidos em processos de construção de conhecimento, baseados em suas vivências e experiências no paradigma da complexidade e na práxis que envolvem o pleno exercício de seus direitos enquanto cidadãos que buscam uma sociedade mais justa, igualitária, livre e democrática.
Este escrito revela um caminho viável na busca de autonomia dos sujeitos tão enaltecida por Freire[2], através de projetos pedagógicos que envolvam reflexões sobre contextos histórico-críticos que incluem estudantes e docentes na construção significativa de conhecimentos que contemplem o diálogo, as histórias de vida e os ambientes em que se inserem os atores envolvidos. São pontos de reflexões que incluem a comunidade acadêmica, o corpo discente e a comunidade onde o espaço educativo está inserido.
Através dessas reflexões, analisam-se rupturas com modelos conservadores que se perpetuaram na educação brasileira e que reforçam ainda hoje, a fenda das desigualdades e das injustiças sociais[3].
Os autores que inspiraram este artigo expõem as relações de poder e a desigualdade econômica, social e política em suas complexidades, a partir dos fundamentos da Educação Crítica, bem como a problematização em espaços educacionais formais e não formais, com vistas a dar voz às comunidades envolvidas e a revelar os saberes provenientes das comunidades locais.
Através dos projetos desenvolvidos, espera-se contribuir para educadores interessados em uma análise mais profunda das dinâmicas que sustentam as relações de exploração e dominação em nossas sociedades e da sua existência nos espaços educativos e a necessidade de se incluir a diversidade cultural e valorização das identidades.
As fendas e rupturas entre camadas sociais e os impactos das injustiças sociais nos espaços educativos, formais e não-formais contextualizam-se na visão histórico-dialética da Educação, a partir da perspectiva emancipatória da Educação Crítica, como um de seus principais fundamentos.
Contextualização e marco teórico: uma visão histórico-dialética da ação educativa e a perspectiva emancipatória da Educação Crítica
"O sonho pela humanização, cuja concretização é sempre um processo, e sempre devir, passa pela ruptura das amarras reais, concretas, de ordem econômica, política, social, ideológica etc., que nos estão condenando à desumanização. O sonho é assim uma exigência ou uma condição que se vem fazendo permanente na história que fazemos e que nos faz e re-faz."[4].
Freire foi o norte de nossos estudos ao revelar as contradições que ocasionam o estado de injustiça que aumentaram progressivamente e atingiram seu ápice com o advento da globalização. Henry Giroux, Ira Shor, Michel Apple, Paulo Freire, John Dewey, entre outros que os precederam muito contribuíram para os fundamentos da Educação Crítica.
Dentre os autores utilizados em nossas análises, Freire[5] contribuiu na identificação das relações de exploração e poder. Giroux[6], assim como Paulo Freire, considerou o educador como um ator intelectual com a missão de educar e formar os estudantes para serem cidadãos ativos, críticos e autônomos na sociedade. Giroux e Freire[6,5] defenderam algumas ideias que se assemelham, como: a valorização da ação cultural, a participação dos atores na ação pedagógica e as interações entre Educação, Política e poder.
Shor e Freire[7] defenderam a valorização do espaço e cultura da classe trabalhadora e a realidade do educando, em perspectiva contra-hegemônica a fim de suprir a lacuna histórica de poder e dominação. Esses autores incentivaram a participação crítica dos educandos nas ações e no processo crítico pedagógico na obra "Medo e Ousadia – o cotidiano do professor" a Educação e a recriação da escola numa visão libertadora e transformadora.
Para Apple[8], a inclusão social trabalha as relações entre educação e poder e destaca a visão anti-hegemônica da Educação. Inclui no projeto pedagógico as ideologias e o senso comum, a partir de observação da família, classe social, política cultural e identidade. O currículo é visto como um instrumento de poder na transformação da sociedade em sua atual configuração. Apple afirma que as políticas em Educação devem ser pensadas como políticas culturais que incluem a visão econômica, família, raça, gênero e relações de classe.
Dewey[9] é um dos representantes da corrente pragmática da Educação que defendeu a ideia de unir teoria e prática no processo pedagógico associado à práxis realizada pelos educandos. Este autor viu a Educação como um processo de reconstrução da experiência entre os indivíduos numa sociedade democrática.
Todos esses autores encontram-se presentes de alguma forma no pensamento freiriano acerca da Pedagogia Crítica que se volta à libertação do sujeito das amarras dominantes da sociedade e ao pleno exercício de seus direitos enquanto cidadãos. A visão emancipatória dos processos educacionais dá voz aos sujeitos envolvidos e considera relevantes os entornos sociais em que se inserem e incluem os seus sentidos de pertencimento.
É necessário reconhecer que o processo educacional brasileiro, ainda que de maneira geral, ainda se firma em verdades pré-estabelecidas, em transmissão de saberes que inibem a inserção ativa dos educandos no processo ensino-aprendizagem. A esta forma de Educação, baseada na transmissão de conhecimento e atitude passiva do educando, Freire[10] chamou de "educação bancária" em que o discente não questiona os dogmas estabelecidos e repassados pelo professor. A educação brasileira não prioriza o exercício da crítica ao poder hegemônico e não propicia a des-invisibilização de um imenso grupo social excluído do sistema educacional.
Para uma reflexão sobre os pressupostos da Pedagogia Crítica no contexto educacional, é fundamental visitar as discussões acerca dos pressupostos clássicos da Sociologia e da Filosofia. Entre os nomes de grande importância destaca-se Karl Marx, filósofo, historiador, teórico político, jornalista e revolucionário socialista alemão que, embora não tendo voltado seu olhar de forma direta para a Educação e seus sistemas, alcançou relevância, nas questões ideológicas relacionadas à Educação.
Uma visão marxista de Educação tem por alicerce o materialismo histórico-dialético, que defende a ideia de que a evolução e a organização da sociedade, ao longo da história, ocorrem de acordo com a capacidade do homem de estabelecer relações sociais de produtividade. A teoria de Marx[11] leva em conta a relatividade, as probabilidades, incertezas, sistemas, representações e modelos. O pensador acreditava em que, se os trabalhadores se unissem, seriam capazes de estabelecer uma sociedade sem classes, e, consequentemente, uma nova ordem social.
Nessa perspectiva, reforça-se o exercício da democracia e da emancipação social resultantes de esforços para alcançar direitos políticos ou de igualdade social. O discurso de Karl Marx em relação à emancipação humana ocorre por meio de modos revolucionários, dentre os quais, se inclui a Educação.
Desafios e problemas na prática: um diálogo entre Karl Marx e Paulo Freire
A Sociologia Educacional na perspectiva marxista baseia-se nas lutas de classes, nas relações de poder no âmbito das sociedades capitalistas, no estruturalismo socio-econômico-político. Karl Marx preceitua a sociologia do conflito, do antagonismo, em função de seus pressupostos de luta de classe e das relações de poder e de produção nas sociedades capitalistas.
Os pressupostos marxistas enfatizam as contradições pertinentes à sociedade capitalista, essencialmente, entre as classes sociais, as forças e as relações na produção e no progresso das riquezas e no crescimento da miséria entre a maioria.
Na obra de Karl Marx, a Educação revela-se nos textos: "O Manifesto do Partido Comunista"[12] e "O Capital"[11]. A Educação, de modo específico, na compreensão marxista, fundamenta-se no materialismo histórico que enxerga a sociedade a partir de seus modos de produção. Nesse sentido, pressupõe que a Educação constitui um instrumento de socialização, de integração das pessoas em uma sociedade sem classes. A escola é parte da superestrutura, assim como: Estado, Família, Política, Exército, Polícia, ou seja, a superestrutura oficial que vai se formando a partir de uma visão hegemônica.
A Infraestrutura, por outro lado, representa o modo de produção da sociedade, ou seja, como o homem produz e como ele se organiza para produzir. Destaca as forças produtivas, a partir das condições de produção, do capital e da força do trabalho, seja o trabalho em terra, em fábrica ou em tecnologia. As relações sociais de produção se estabelecem a partir da divisão social do trabalho, das classes sociais e das relações políticas, sociais e econômicas.
A Educação é constituída de características que propiciam a manutenção da hierarquia social, contribuindo para o controle das classes dominadoras sobre as dominadas, ou seja, o domínio da burguesia sobre o proletariado. Tais ideologias pressupõem que os estabelecimentos das regras são feitos por meio da classe dominante[11,12]. Para Marx[11], aqueles que formam a classe dominante também determinam o conteúdo de ideias e, de modo abrangente, dominam os pensadores, produtores de ideias de cada época, que se tornam as vozes dominantes, Gonçalves Filho et al.[13].
Assim sendo, Marx não via com bons olhos a educação oferecida pelo Estado-Nação, que tinha características burguesas e reafirmava um currículo baseado em distinções de classes. Defendia a educação técnica e industrial com uma visão mais ampla. As ideias de Marx impactaram a educação e suas marcas ainda estão presentes hoje, particularmente, na educação tecnológica. Na prática, o marxismo é um comportamento comprometido com as classes menos favorecidas e com uma revolução que viesse colaborar com uma mudança na situação estabelecida.
As premissas pedagógicas de Freire[4], em especial, na Pedagogia da Esperança, têm embasamento em valores humanistas, éticos e utópicos e na condição ontológica de liberdade dos seres humanos.
A Educação se reveste em instrumento de socialização, de integração das pessoas em uma sociedade sem classes. O pressuposto freiriano propõe que os sujeitos menos favorecidos, excluídos, oprimidos, porém organizados de modo coletivo, podem, por meio do desvendar crítico da realidade, modificar de maneira concreta a sua existência, sendo libertos da opressão. Esta é a visão de educação libertária[4] que revela ao educando o poder da palavra, dotada de significado social em atos conscientes de comunicação.
Através de modelo educacional, democrático e de liberdade, Freire[4] possibilita ao indivíduo iletrado, o quanto é possível potencializar sua condição intelectual, seja através da consciência crítica, ingênua, ou mágica, ao aplicar essa ferramenta exitosa de prática educativa, a partir desse método que utiliza palavras geradoras, dados da realidade, diálogo e a percepção de mundo a partir de seu desenvolvimento cognitivo, social e político.
A proposta educacional de Freire, com base em toda sua obra, conduz à busca da construção emancipatória, por meio de premissa propositiva, discursando conceitos e delineando estratégias e metodologias para suplantar o contraditório que permeia a sociedade na relação entre opressores e oprimidos[5]. A emancipação deixa de ser apenas uma proposição filosófica, social ou crítica, e reveste-se, essencialmente, de uma ocupação educacional, voltada de maneira específica para a prática pedagógica, ganhando significado de liberdade e humanização.
A Pedagogia de Freire[2] crítica à Educação Tradicional e é uma proposta de construção de outro modo de compreender e praticar o saber, a aprendizagem e a Educação. Verifica-se que, ainda hoje, é possível observar-se na Educação Contemporânea o distanciamento que há entre o docente e o estudante e a exclusão dos que não cabem nos modelos estabelecidos nas escolas.
Marx e Freire[7] com suas proposições inspiradas na sociologia, política, economia teriam os pressupostos para a quebra dos paradigmas dos modelos educacionais conservadores? Seriam eles inspiração e coragem para assegurar a emergência de se pensar a educação inclusiva e responder às inquietações a fim de preencher as fendas da sociedade pós-moderna? O caminho a percorrer é longo para que se possam assegurar projetos educativos inspirados em inquietações existenciais, filosóficas e sociológicas na era atual.
A Pedagogia Libertária de Freire[10] apresenta grande influência do humanismo de Marx[12], tendo pautado suas abordagens no existencialismo cristão, na fenomenologia e na percepção filosófica marxista, supondo uma educação inclusiva e a proposta de orientar o indivíduo no desenvolvimento de pensamentos críticos, incentivando-o a se tornar ator participante e transformador do contexto social.
Educação Crítica: fundamentos
As práticas educacionais relacionadas à Educação Crítica estimulam a reflexão e o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos para alcançar o compartilhamento democrático dos conhecimentos construídos. É uma visão pedagógica que ocorre a partir do contexto socioeconômico, das práticas e experiências dos sujeitos envolvidos. Incluem-se em sua metodologia a observação, o diálogo, a cultura e a complexidade de vivências críticas que vão construir o sujeito social e histórico, dentro da perspectiva emancipatória.
A partir dessa perspectiva, nos anos 60, Freire[5], desenvolveu prática pedagógica voltada à alfabetização e à construção de saberes, em que educandos e educadores constituem–se como sujeitos do processo educativo. Seu objetivo é revelar, através do processo pedagógico, de modo sistematizado, relações significativas entre o educando e o conhecimento produzido através de um ambiente onde o sujeito possa interagir com os conteúdos propostos pelos participantes, numa dinâmica crítica de aprendizado estimulada entre educador e educando.
Todavia, para que a Educação Crítica seja instaurada é importante o exercício da liberdade dos sujeitos em se organizarem coletivamente, com foco na livre discussão de objetos de estudo, a partir de ações sociais[14] sobre os fenômenos e fatos sociais[15], presentes no contexto histórico-social. A Educação Crítica, nesse contexto, é entendida como um exercício contínuo e racional da crítica consciente que permite ao educando uma análise profunda de sua percepção da realidade, a partir de conhecimentos já construídos.
Freire[5], revisitou sua obra continuamente e ressignificou seus postulados a partir de suas inquietações, as quais eram provocadas em suas observações aos fenômenos e fatos políticos e sociais durante três décadas. Esses apontavam o Brasil em outras direções, permitindo, assim, a Freire prever para nós, brasileiros, um futuro sombrio e ameaçador, o que se comprovou com o espantoso número de iletrados que, ainda hoje, existem em nosso país.
Nesta perspectiva, outros fenômenos contribuíram para esse fato social, pois, apesar de Freire[5], ter criado o Método de Educação de Jovens e Adultos, seu período de exercício efetivo dessa prática, no Brasil, durou cerca de cinco a seis anos, pois, com a instauração da ditadura militar que ocorreu muito próximo ao encerramento do curso de alfabetização de trabalhadores rurais, os camponeses de Angicos\RN, em 1963, logo em seguida, Paulo Freire tornou-se preso político e foi exilado para o Chile. A partir daí, fica acessível à humanidade sua proposta educacional que contemplaria os anseios e a esperança daquela população em suas obras.
Descrição de experiências e aprendizados da práxis de estudantes no Curso de Especialização
As experiências desenvolvidas nos cursos de Especialização na Fundação Osvaldo Cruz, na área de Educação do então NGBS – Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde, hoje, denominado CIBS – Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde, estruturado em parceria com a Vice-diretoria de Ensino Pesquisa e Inovação, do Instituto de Tecnologia em Fármacos – Farmanguinhos/Fiocruz trouxeram novas reflexões e proposições a partir das experiências vividas.
Com o objetivo de qualificar gestores para atuarem na cadeia produtiva de medicamentos da biodiversidade brasileira, essa experiência expandiu-se por todo o Brasil e por alguns países em âmbito internacional através da plataforma virtual da Fundação Oswaldo Cruz.
As inscrições formais nesse curso, provenientes de outros países, totalizaram 34 (trinta e quatro), sendo a maior procedência dos Estados Unidos da América, totalizando 12 inscrições, seguidos do Afeganistão, Portugal, Bolívia, Haiti e Alemanha.
Com a carga horária de 360h/a (trezentos e sessenta horas/aula) o curso percorre diferentes etapas de produção de fitoterápicos e inclui em seu PPP - Projeto Político Pedagógico as bases científicas para fundamentação teórica e a inclusão das vozes dos educandos e educandas, partindo das premissas de inclusão social e do contexto cultural das comunidades envolvidas, privilegiando os saberes locais resgatados pelos estudantes em seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC).
Durante o período analisado, os cursos apresentaram dois eixos temáticos da Educação no âmbito da Fiocruz: "Complexo Produtivo e de Inovação em Saúde" e "Saúde, Ambiente e Sustentabilidade".
A construção conceitual da biodiversidade incluída nos cursos também é resultante de um processo contínuo de elaboração ao longo da trajetória, a partir da crítica ao movimento ambientalista focado apenas na preservação. A criação da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) em 1992 organizou um quadro de referência internacional direcionando as iniciativas ligadas à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade, considerando a necessidade de sua preservação, assim como o direito soberano dos Estados sobre a exploração de seus recursos.
Ao final da década de 2000, o agravamento de mudanças climáticas, trouxe para a agenda política internacional a questão da sustentabilidade. Um novo modo de produção e de consumo é descrito para que o mundo consiga fazer a transição para uma economia de baixo carbono.
O conceito de inovação também foi sendo modificado a partir da crítica ao modelo linear da Ciência, incorporando em seguida o desenvolvimento tecnológico, como produto da ciência aplicada para, finalmente, reconhecer a inovação como propulsora do desenvolvimento econômico. As bases teórico-conceituais dos Sistemas Nacionais de Inovação foram adotadas nas políticas públicas, durante as décadas de 1990 e 2000, potencializando o desenvolvimento econômico e social, especialmente, para países em desenvolvimento.
O conceito relacionado ao processo saúde/ doença foi ampliado, incluindo os processos dinâmicos e psicossociológicos do adoecimento e, também, processos biológicos que incluem a ausência de adoecimento de células. A saúde não representa somente a ausência de doença, mas, em especial, o bem-estar do indivíduo e do seu entorno, incluindo a capacidade de subsistência psicossocial em seu contexto e em sua história de vida. A partir de então, o debate acadêmico sobre Saúde no Brasil se amplia, incorporando os conceitos relacionados aos determinantes sociais e ambientais em saúde[16].
Os Sistemas Nacionais de Inovação passaram a nortear as estratégias de Ciência Tecnologia e Inovação, o Sistema Nacional de Saúde ganha relevância no cenário brasileiro.
Nesse cenário, a inovação em medicamentos da biodiversidade apresenta-se como um novo caminho para a pesquisa e desenvolvimento de produção de medicamentos no Brasil, considerando o potencial da megabiodiversidade brasileira. Essas mudanças foram acompanhadas e incluídas no curso durante toda a sua trajetória.
Após dez anos de existência e algumas alterações curriculares advindas do reconhecimento das mudanças ocorridas, a equipe de coordenação do curso optou por uma reformulação conceitual e pedagógica, ampliando a área de abrangência do referencial do curso, de inovação em fitomedicamentos para inovação em medicamentos da biodiversidade.
Entende-se o Projeto Político Pedagógico (PPP) como um instrumento político, educacional, científico que visa orientar os docentes, alinhando conhecimento e prática no planejamento das ações deste curso. Assim como, apresentar, situar e inserir os alunos na proposta do curso, o que torna mais fácil a pactuação e contratação de responsabilidades entre todos os envolvidos no processo. Para que o PPP cumpra sua missão como norteador de um trabalho coletivo e crítico, este deve ser revisitado por docentes e discentes durante todo o processo pedagógico.
Quanto aos aspectos fundamentais da Educação Crítica, na experiência descrita, buscou-se o diálogo, a construção de identidades e inclusão das vozes das comunidades presentes, destacando-se o poder transformador da Educação na promoção da saúde, na sustentabilidade e na responsabilidade socioambiental.
A ecologia dos saberes e a transdisciplinaridade, na busca da construção dinâmica e participativa do conhecimento, foi constante durante todo o percurso, incluindo as vozes de diferentes áreas de conhecimento dos educandos e educadores tornando-se uma marca e um posicionamento político através da ética e do diálogo que impactam a gestão e exigem a reformulação dos modelos já superados de reprodução de conhecimentos.
Esse trabalho teve como objetivos contextualizar as contribuições da Educação Crítica no Curso de Especialização em Inovação em Medicamentos da Biodiversidade, em que prevalecem o policulturalismo e a valorização de saberes locais, diferentes etnografias e a necessidade de inclusão social dos atores a partir de relatos de experiências coletados em trabalho de campo; apresentar uma visão histórico-dialética da ação educativa e a perspectiva emancipatória da Educação Crítica; identificar os fundamentos da Educação Crítica relacionados a práxis de estudantes, com ênfase no compartilhamento democrático dos conhecimentos construídos durante o curso e, destacar projetos de pesquisa realizados pelos estudantes com foco na transdisciplinaridade e nas dinâmicas de educação inclusiva.
Metodologia
Este Relato de Experiência aborda os pressupostos teóricos da Educação Crítica, a partir do trabalho de campo, realizado pelos alunos, a fim de atender as exigências do curso de especialização. Foram realizadas coletas de experiências e aplicadas metodologias participativas e dialógicas entre os atores envolvidos nos Arranjos Ecoprodutivos Locais, associando-as aos fenômenos e fatos sociais, ao processo saúde doença e ao uso de plantas medicinais, com ênfase em Educação, Sociobiodiversidade e Saúde. Foi realizada uma análise de conteúdo, a partir dos dados secundários coletados durante os TCC dos estudantes.
Resultados e Discussão
Os Trabalhos de Conclusão de Curso descritos a seguir, foram selecionados pela sua relevância ao atender aos objetivos deste estudo, no que diz respeito à prevalência do policulturalismo e valorização de saberes locais, por conter diferentes etnografias e por demonstrarem a necessidade de inclusão social dos atores. Apresentam semelhanças entre si quanto ao compartilhamento democrático dos conhecimentos e saberes locais em perspectiva emancipatória.
TCC-01 "Revitalização do conhecimento e uso das plantas medicinais em uma comunidade tradicional do mosaico da Bocaina" por Lília Maria Valente Seidensticker
Sinopse: No Brasil as políticas públicas voltadas para os Povos e Comunidades Tradicionais ainda são bem recentes.
A Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) foi instituída apenas em 2007 e, dentre seus principais eixos de. atuação destacam-se: a garantia de acesso a territórios tradicionais e aos recursos naturais.
O presente trabalho versou sobre um pré-projeto criado para fortalecer a identidade cultural de comunidades tradicionais por meio do resgate cultural de utilização das plantas medicinais, bem como realizar uma reflexão sobre a relação do conhecimento tradicional com o conhecimento científico, com enfoque na interculturalidade.
Para isto, a educanda elegeu como campo de atuação o Mosaico da Bocaina, mosaico de área protegida na fronteira entre o Rio de Janeiro e São Paulo, na região do Vale Paraíba do Sul, local onde a aluna já vinha desenvolvendo atividades de pesquisa em território que apresenta grande vulnerabilidade socioambiental, pois estão presentes nesta região cerca de quarenta comunidades tradicionais de três segmentos - caiçaras, indígenas e quilombolas em dezoito unidades de conservação no bioma Mata Atlântica.
O projeto buscou a abordagem da Ecologia dos Saberes e Promoção da Saúde com a utilização racional de plantas medicinais, visando empoderamento da comunidade e maior autonomia com relação aos seus cuidados com saúde e a permanência em seus territórios tradicionais.
Visou, assim, a transformação social das comunidades envolvidas na busca de sua emancipação e inclusão das vozes locais com a valorização do meio ambiente.
TCC-02 "PROFITO: desafios e soluções de um caso de sucesso, por Lavinia Brito
Sinopse: O projeto PROFITO, criado em 2006 pelo Laboratório da Biodiversidade (PAF/NGBS/FIOCRUZ), em parceria com os agricultores do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), envolveu a criação de um arranjo produtivo de plantas medicinais para geração de trabalho e renda da comunidade.
Este trabalho consistiu em um estudo de caso do PROFITO, realizado através de uma revisão bibliográfica não exaustiva de 2006 a 2015, identificando os principais entraves ao desenvolvimento do projeto, as estratégias de enfrentamento das barreiras, desafios e as soluções encontradas.
Foram identificadas algumas questões relativas à conscientização dos agricultores sobre a importância da agroecologia e do resgate do conhecimento tradicional. Assim como, os entraves para o registro dos produtos e realização de acordos interinstitucionais entre o INEA e a FIOCRUZ. As estratégias de enfrentamento partiram de ações conjuntas dos atores envolvidos, responsáveis pelo sucesso do projeto.
Foram utilizadas diversas metodologias participativas que incentivassem a ação efetiva dos atores sem considerá-los meros receptores em que o diálogo permitiu alcançar consensos entre os participantes e membros da comunidade.
TCC-03 "Arranjo Produtivo Local - Volta Redonda, uma abordagem regional sobre os aspectos etnobotânicos, agroecológicos e serviços relacionados à Fitoterapia, por Alan Costa Sombra"
Sinopse: O Ministério da Saúde (MS) financia, desde 2012, projetos de beneficiamento de Arranjos Produtivos Locais (APL), como mecanismo de incentivo para a inserção das cadeias produtivas de fitoterápicos no cenário nacional. A Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda foi contemplada no edital SCTIE/MS nº 1/2014. Com isso, deu início ao processo de estruturação do APL.
O objetivo da pesquisa foi contribuir com a análise do APL de Volta Redonda, por meio do levantamento sistemático de dados sobre as plantas medicinais da região utilizadas na Saúde e, de documentos disponíveis sobre os serviços de Fitoterapia dos doze municípios que integram esse território. O método utilizado foi a revisão narrativa da literatura especializada, considerando publicações de diferentes generalidades que abordem o fenômeno na região. Os resultados se concentraram em etnobotânica, onde foram encontradas cinco publicações e um registro profissional; agroecologia, onde o processo de pesquisa permitiu identificar o potencial de desenvolvimento existente; serviços públicos relacionados à Fitoterapia na região do APL, através do qual o fornecimento de fitoterápicos acontecia até a época da realização do trabalho, em apenas três dos doze municípios. Concluiu-se que a ampliação deste APL, em âmbito regional, poderia depender de mudanças no perfil dos serviços relacionados à Fitoterapia.
Notou-se, neste projeto uma indicação da carência de ações sociais que reconhecessem a importância de se alcançar a emancipação e a valorização dos saberes locais e das características culturais que possibilitassem a inclusão e o desenvolvimento dos APL.
TCC-04 "O conhecimento tradicional sobre plantas medicinais no âmbito da saúde da mulher: uma perspectiva no contexto do produto tradicional fitoterápico, por Ana Paula Cipriano de Oliveira"
Sinopse: Substâncias derivadas de plantas tem notório destaque no mundo como agentes terapêuticos. Neste contexto, a mulher ganhou um importante papel como detentora e difusora dos conhecimentos tradicionais relacionados às plantas. Através de uma revisão sistemática pôde-se observar importantes avanços na área de regularização de fitoterápicos, como foi o caso do Produto Tradicional Fitoterápico provindo do projeto realizado o qual valorizou a cultura, o gênero e as características locais.
Neste caso, foram desconstruídos paradigmas de caráter hegemônico, resgatados os saberes das comunidades e incluídas vozes antes invisíveis.
A discussão dos dados secundários teve como base os fundamentos da Educação Crítica. Entre eles, destacam-se: (1) fortalecimento da identidade cultural das comunidades tradicionais envolvidas através do resgate cultural e utilização de plantas medicinais cultivadas na comunidade pesquisada; (2) Interculturalidade na relação dos conhecimentos tradicionais e científicos; (3) ecologia dos saberes aplicada às relações entre fenômenos e fatos culturais, sociais e científicos; (4) valorização das Políticas Públicas através da menção à Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais; (5) Mobilização das comunidades para criação de APL – Arranjos Produtivos Locais de Plantas Medicinais para geração de trabalho e renda, ocasionando o empoderamento e a emancipação da comunidade; (6) relações dialógicas e utilização de metodologias participativas; (7) participação política da comunidade para o beneficiamento de Arranjos Produtivos Locais como mecanismo de inserção das Cadeias Produtivas de Fitoterápicos no cenário Nacional; (8) caráter emancipatório com vistas à intervenção nas ações sociais relativas a mudança no perfil dos serviços de Fitoterapia; (9) desinvisibilização dos sujeitos com a presença da mulher como detentora e difusora de conhecimentos tradicionais relacionados às plantas medicinais; (10) vivências críticas e complexas que determinam complexidade na construção do sujeito social e histórico a partir da perspectiva emancipatória.
Considerações Finais
A concepção do projeto revela os fundamentos básicos da Educação Crítica ao considerar o/a educando(a) um cidadão capaz de analisar a realidade social, histórica e cultural do mundo que o cerca, atribuindo-lhe uma dimensão emancipatória em que ele/ela assume voz ativa, adquire autonomia para transformar a sua realidade.
A partir de uma sólida construção de conhecimentos advindos das práxis foram realizados trabalhos de campo aliando-se às competências individuais e profissionais os interesses da comunidade na qual está inserido em uma perspectiva crítica.
Os Trabalhos de Conclusão de Curso/TCC realizados em cumprimento às exigências do Projeto Pedagógico e selecionados para serem analisados à luz dos fundamentos da Educação Crítica chamaram atenção pela pesquisa de campo; pelo uso as metodologias participativas; pela discussão de fatos e fenômenos sociais, políticos, econômicos e culturais, trazidos pelos atores sociais e comunidades locais e pelo caráter inovativo das ações sociais propostas.
Entendemos que esse trabalho possa contribuir para o direcionamento de pesquisas futuras na área de Educação Crítica e acessar através de redes de conhecimento estudos mais aprofundados no que se refere as plantas medicinais, Sociobiodiversidade, Saúde e Educação.
Fontes de Financiamento
Nenhuma.
Conflito de Interesses
Não há conflito de interesses.
Agradecimentos
Aos estudantes do Curso de Especialização em Gestão da Inovação em Fitomedicamentos, que possibilitaram aos autores utilizarem seus dados de pesquisa, como dados secundários para elaboração do presente artigo. Agradecemos, também, à equipe técnico-pedagógica do Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde/CIBS e à Comunidade Virtual de Aprendizagem da Fundação Oswaldo Cruz, que propiciaram a realização deste trabalho.
Colaboradores
Concepção do estudo: MCNM; RCNC
Curadoria dos dados: MCNM; RCNC
Coleta de dados: MCNM; RCNC
Análise dos dados: MCNM; RCNC
Redação do manuscrito original: MCNM; RCNC
Redação da revisão e edição: MCNM; RCNC.
Referências
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