ETNOFARMACOLOGIA

Uso de Plantas Medicinais e Satisfação de Consumidores de Lojas de Produtos Naturais do Mercado Municipal de Curitiba, PR

Use of Medicinal Plants and Satisfaction of Consumers of Health Food Stores Municipal Market Curitiba, PR

https://doi.org/10.5935/2446-4775.20150012

Ghizi, Anabel1;
Mezzomo, Thaís R.1.
1Centro Universitário Campos de Andrade (UNIANDRADE, PR)
*Correspondência:
thaismezzomo@yahoo.com.br

Resumo

Este trabalho teve como objetivo conhecer a prevalência de consumo e as indicações de plantas medicinais de consumidores de lojas de produtos naturais. Estudo observacional transversal, com coleta de dados realizada no Mercado Municipal de Curitiba, PR, por meio de um questionário abordando o uso de plantas medicinais, modo, frequência, tempo e finalidade de uso, identificação do prescritor dessa planta, efeito(s) colateral(is), satisfação com o uso de plantas medicinais e avaliação de consumo de medicamentos concomitantemente. Entre os consumidores abordados, 82,69% utilizam plantas medicinais frequentemente, principalmente a erva cidreira (Melissa officinalis L.). O principal objetivo de uso é com função digestiva e a forma de preparo mais utilizada é a infusão com 73,08%. Observou-se 63,46% dos entrevistados afirmam fazer uso das plantas desde a infância, 75% as utilizam por influência dos pais e familiares e ainda, 46,15% fazem uso das plantas medicinais concomitantemente com medicamentos. Dos entrevistados, 98,07% demonstraram estar satisfeitos com os resultados obtidos. Concluiu-se que o uso de plantas medicinais por parte dos consumidores é bastante difuso e frequente, principalmente pelo conhecimento acumulado ao longo de gerações. Portanto, se faz necessária maior atenção a esse aspecto de utilização, visando evitar possíveis interações medicamentosas.

Palavras-chave:
Plantas medicinais.
fitoterapia.
terapia complementar.

Abstract

This study aimed to assess the prevalence of consumption and indications of medicinal plants of consumers of natural products hops. Cross-sectional observational study, data collection was performed at the Municipal Market Curitiba, PR, through a questionnaire addressing the use of medicinal plants, addressing which plants used, method of use, frequency and duration of use, purpose, prescriber identification of this plant, effect ID (s) side (s), satisfaction with the use of herbal and dietary intake assessment concomitant medications. Among the topics consumers, 82.69% use medicinal plants often including lemon balm (Melissa officinalis L.). The main purpose of use is with digestive function and how to most commonly used preparation is infused with 73.08%. There was 63.46% of respondents claim to make use of plants from childhood, 75% use them for influence of parents and family and also 46.15% make use of medicinal plants with medicines. Of the respondents, 98.07% reported being satisfied with the results. It was found that the use of medicinal plants by consumers is very diffuse and often, therefore, is needed more attention to this aspect of use, in order to avoid possible drug interactions, since a large part of the population makes use of concomitant medications.

Key-words:
Medicinal plants.
herbal medicine.
complementary therapy.

Introdução

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como o completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade. A saúde, nesse sentido, é resultado de um processo de produção social e sofre influência de condições de vida adequadas de bens e serviços (Brasil, 2009).

A fitoterapia, método de tratamento caracterizado pela utilização de plantas medicinais em suas diversas preparações (Brasil, 2013), foi um dos primeiros recursos terapêuticos utilizados pelos povos, além de ser por muito tempo a única terapia disponível ao ser humano. Em algumas ocasiões as plantas curavam, em outras, matavam ou produziam graves efeitos colaterais (Melo et al., 2009).

Hoje, a fitoterapia constitui uma modalidade de terapia complementar ou alternativa diante das necessidades de saúde e seu uso tem sido crescente na população de diversos países (Marliére et al., 2008). A fitoterapia permite que o ser humano se reconecte com o ambiente, acessando o poder da natureza, para ajudar o organismo a normalizar funções fisiológicas prejudicadas, restaurar a imunidade enfraquecida, promover a desintoxicação e o rejuvenescimento (França et al., 2008).

Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida na maior parte do mundo, a OMS reconhece que grande parte da população dos países em desenvolvimento depende da medicina tradicional para sua atenção primária, tendo em vista que 80% desta população utilizam práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde e 85% destes utilizam plantas ou preparações destas (Brasil, 2006). Este tipo de terapia alternativa vem sendo procurado para o combate a doenças, principalmente devido à eficácia, baixo custo, fácil acesso, assim como reprodutibilidade e constância de sua qualidade (Werkman et al., 2008; Nicoletti et al., 2010).

O aumento no consumo de plantas medicinais e de medicamentos derivados delas resultou na expansão da inclusão dos produtos fitoterápicos como terapia alternativa, o que torna este um mercado bastante promissor. No Brasil, existe um mercado crescente de produtos à base de plantas medicinais (Nascimento et. al., 2005), possivelmente pelas políticas de incentivo à fitoterapia, destacando-se as Práticas Integrativas e complementares: Plantas medicinais e Fitoterapia na Atenção Básica (Brasil, 2012). Segundo o Ministério da Saúde, entre as Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), as plantas medicinais e a fitoterapia são as mais utilizadas no Sistema, principalmente na Atenção Primária à Saúde (Brasil, 2012).

Os mercados tradicionais são importantes por reunir, concentrar, manter e difundir o saber empírico sobre a diversidade de recursos tanto da fauna como da flora, sendo fontes imprescindíveis para a resiliência e manutenção do conhecimento acerca das espécies medicinais (Monteiro et al., 2010).

Ao contrário do que tem ocorrido nos países europeus, asiáticos e nos Estados Unidos, o Brasil praticamente não dispõe de estatísticas que expliquem o mercado, o consumo e os costumes de uso de plantas medicinais, apesar de existir grande tradição de seu uso em vários biomas, como a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica (Veiga Júnior, 2008).

Uma preocupação com as plantas medicinais advém do fato de que seu uso é, muitas vezes, associado ao conceito de inocuidade, de forma que se não fazem bem, não farão mal (Fonseca, 2008), entretanto, como qualquer medicamento, o mau uso de fitoterápicos pode ocasionar interações medicamentosas, desencadeando problemas à saúde, como alterações na pressão arterial, no sistema nervoso central, no fígado e nos rins, que podem levar a internações hospitalares e até mesmo à morte, dependendo da forma de uso (Fukumasu et al., 2008). Dessa forma, é essencial o uso responsável, racional, seguro e não abusivo das mesmas (Czelusniak et al., 2012). Nesta perspectiva, este trabalho teve como objetivo conhecer a prevalência de consumo, as indicações e possíveis efeitos colaterais de plantas medicinais utilizadas por consumidores de lojas de produtos naturais do Mercado Municipal de Curitiba, PR.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo observacional transversal. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Campos de Andrade sob n°. 824.736. A coleta de dados foi realizada no Mercado Municipal de Curitiba, PR, no mês de agosto de 2014. Foram abordados os consumidores de lojas de produtos naturais deste local, e os mesmos, após consentirem e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram entrevistados sobre o uso de plantas medicinais.

A amostra foi selecionada por conveniência e os critérios de inclusão para o estudo foram indivíduos consumidores de lojas de produtos naturais do Mercado Municipal de Curitiba, PR, com idade superior a 18 anos, de ambos os sexos, que consentiram e assinaram o TCLE.

O instrumento de coleta de dados aplicado foi um questionário contendo questões abertas e fechadas. Este instrumento foi divido em três segmentos. O primeiro envolveu dados sobre a identificação (idade e sexo) do entrevistado; o segundo segmento se referiu a questões socioeconômicas, contemplando a profissão, renda e número de habitantes no domicílio. O terceiro e último segmento consistiu em um roteiro sobre o uso de plantas medicinais, detalhamento de quais as plantas utilizadas, modo de uso, frequência e tempo de uso, objetivo, identificação do prescritor dessa planta, identificação de incidência de efeito(s) colateral(is), satisfação com o uso de plantas medicinais e avaliação de consumo de medicamentos concomitantemente. Os nomes científicos das plantas referidas foram definidos de acordo com Panizza, Veiga e Almeida (2012).

Os medicamentos citados pelos consumidores foram classificados de acordo com Martins (2011).

Quanto aos resultados, os dados obtidos foram contabilizados em média e desvio padrão no Microsoft Excel®.

Resultados

Foram entrevistados 52 indivíduos, dos quais 63,46% (n=33) eram do sexo feminino e 36,53% (n=19) do sexo masculino. A média de idade dos entrevistados foi de 49,50 ± 15,15 anos. A FIGURA 1 ilustra as profissões encontradas dos entrevistados, sendo as principais do lar e vendedor com 15,38%, n=8, seguidas por aposentados (13,46%, n=7). A média de renda per capita foi de R$ 522,22 ± 283,35, informada por 50 indivíduos.

FIGURA 1: Profissão dos entrevistados consumidores de lojas de produtos naturais do Mercado Municipal de Curitiba, PR.
Figura 1

Conforme observado no QUADRO 1, 82,69% (n=43) dos entrevistados fazem uso de plantas medicinais frequentemente, sendo as principais a erva cidreira (Melissa officinalis L.) (38,46%, n=20), a camomila (Matricaria chamomilla L.) (26,92%, n=14), o boldo (Peumus boldus Molina) (23,08%, n=12).

QUADRO 1: Plantas comumente usadas pelos entrevistados consumidores de lojas de produtos naturais do Mercado Municipal de Curitiba, PR.
Nome popular das plantas consumidas pelos entrevistados Indivíduos (%)
Erva Cidreira (Melissa officinalis L.) 48,07 (n=25)
Camomila (Matricaria chamomilla L.) 26,92 (n=14)
Boldo (Peumus boldus Molina) 23,08 (n=12)
Hortelã (Mentha spicata L.) 17,31 (n=9)
Pronto Alivio (Achillea millefolium L.) 11,54 (n=6)
Folhas de Laranjeira (Citrus sinensis L.), Marcela (Achyrocline satureioides Lam.) DC., Poejo (Mentha pulegium L.), Cânfora (Cinnamomun comphora L.) e Erva-doce (Foeniculum vulgare Mill.) 9,62 (n=5)
Alecrim (Rosmarinus officinalis L.), Espinheira Santa (Maytenus ilicifolia Mart.ex Reissek), Guaco (Mikania glomerata Spreng.), Losna (Artemisia absinthium L.) e Malva (Malva sylvestris L.) 7,69 (n=4)
Erva Santa Maria (Chenopodium ambrosioides L.) 5,77 (n=3)
Cavalinha (Equisetum hyemale L.), Chá Branco (Cammellia sinensis (L.) Kuntze), Dente de Leão (Taraxacum officinale F. H. Wigg), Eucalipto (Eucalyptus globulus Labill), Gengibre (Zingiber officinale Roscoe), Hibisco (Hibiscus rosa-sinensis L.), Salsa (Petroselinum sativum Hoffm.) 3,85 (n=2)
Outras 23,04 (n=12)

A forma de preparo das plantas medicinais pode ser visualizada na FIGURA 2, destacando o método de infusão como o mais utilizado (73,08%, n=38). Destes, 48,1% (n=25) fazem uso dessas plantas diariamente, 7,69% (n=4) usam quinzenalmente e a grande maioria, 65,4% (n=34) utiliza apenas quando necessário.

FIGURA 2: Forma de preparo das plantas medicinais referidos pelos entrevistados consumidores de lojas de produtos naturais do mercado municipal de Curitiba, PR.
Figura 2

Ao questionar os indivíduos sobre o tempo de uso das plantas medicinais como tratamento alternativo, 1,92% (n=1) fazem uso há um mês ou menos, 9,61% (n=5) há 2 anos, 25% há 5 a 10 anos (n=13), 63,46% (n=33) desde a infância.

A FIGURA 3 ilustra o objetivo de uso dessas plantas medicinais pelos entrevistados. As principais finalidades foram para o sistema digestório (51,92%, n=27), para efeito calmante (48,08%, n=25) e como antigripal (26,91%, n=14).

FIGURA 3: Objetivo do uso das plantas medicinais referidos pelos consumidores de lojas de produtos naturais do Mercado Municipal de Curitiba, PR.
Figura 3

A maioria dos indivíduos (75%, n=39), utiliza as plantas medicinais conforme orientação de familiares, 12% (n=6) conforme orientações de colegas, 3,84% (n=2) utilizam conforme recomendação médica e 9,6% (n=5) utilizam as plantas sem recomendação, apenas baseados em informações da televisão ou da internet. Destes, 98,07% (n=51) referem estarem satisfeitos com os resultados e apenas 1,92% (n=1) apresentou efeitos indesejados ao utilizar plantas medicinais.

Quando questionados sobre o tempo para perceber eficácia do uso, 61,54% (n=32) referiram apresentar eficácia no mesmo dia, 19,23% (n=10) em uma semana, 9,61% (n=5) em 15 dias e 11,54% (n=6) em um mês ou mais, como mostra a FIGURA 4.

FIGURA 4: Tempo para percepção de eficácia do uso de plantas medicinais pelos consumidores de lojas de produtos naturais do Mercado Municipal de Curitiba, PR.
Figura 4

Dos indivíduos entrevistados, 46,15% (n=24) fazem uso das plantas medicinais concomitantemente com medicamentos. Os fármacos mais consumidos pelos entrevistados são os anti-hipertensivos (38,46%, n=20), como demonstra a FIGURA 5.

FIGURA 5: Medicamentos utilizados pelos consumidores de lojas de produtos naturais do Mercado Municipal de Curitiba, PR.
Figura 5

Discussão

Pode-se observar que há vasta utilização de plantas medicinais pelos consumidores do Mercado Municipal de Curitiba, PR, já que resultados mostram que a grande parte da população estudada faz uso diário das plantas. Resultados semelhantes foram encontrados em estudo realizado em Campina Grande, PB, no qual 88,6% dos entrevistados utilizam plantas medicinais como alternativa terapêutica para diferentes problemas de saúde (Souza et al., 2013) e também no Município de Marmeleiro, PR, onde 94,3% dos entrevistados utilizavam plantas medicinais para tratar suas enfermidades (Balbinot, Velasquez e Düsman, 2013).

A utilização de plantas como opção de tratamento e cura tem aumentado em todas as classes sociais das mais diversas regiões do mundo (Souza et al., 2013). No presente estudo, a renda média per capita informada pelos entrevistados é de R$522,22. Souza e colaboradores (2013) relatam que a renda de 61,4% de seus pesquisados situou-se entre 1 e 2 salários mínimos, retratando o baixo poder aquisitivo da população. Arnous, Santos e Beinner (2005), em estudo sobre uso caseiro de plantas medicinais, relataram que 72,0% dos 500 entrevistados apresentavam baixa renda.

As plantas mais citadas nesse estudo foram a erva-cidreira (Melissa officinalis L.), a camomila (Matricaria chamomilla L.) e o boldo (Peumus boldus Molina), assim como em estudo realizado por Brasileiro e colaboradores (2008), em Governador Valadares, MG, sobre plantas medicinais utilizadas pela população atendida no "Programa de Saúde da Família".

A principal finalidade de uso das plantas medicinais nesse estudo foi para digestiva (51,9%) seguida de efeito calmante (48,1%) e antigripal (26,9%). Esses dados corroboram com o estudo de Tomazzoni, Negrelle e Centa (2006), onde as propriedades terapêuticas mais frequentemente citadas foram digestiva (76%), calmante (43%) e antigripal (37%). Silva e Hahn (2011), em seu estudo, também apontaram os problemas digestivos como os mais tratados com essa prática.

A erva cidreira (Melissa officinalis L.) é recomendada em quadros leves de ansiedade e insônia e como calmante e sedativo leve, além de atuar contra cólicas abdominais, distúrbios estomacais, flatulência, como digestivo e expectorante. A recomendação da camomila (Matricaria chamomilla L.) é para quadros leves de ansiedade, como calmante suave e em cólicas intestinais. Já o boldo (Peumus boldus Molina) é recomendado em casos de dispepsia, além de atuar como colagogo e colerético e auxiliar em casos de hipotensão (Brasil, 2011a; Brasil, 2011b).

A maioria dos entrevistados faz uso de plantas medicinais como tratamento alternativo desde a infância, diferente do observado por Bezerra e colaboradores (2012) onde houve uma predominância de 1 a 5 anos de uso por 92,85% da população investigada.

Segundo os dados levantados nesta pesquisa, o uso de plantas medicinais tem maior prevalência a partir de indicações de familiares, fator comumente observado em estudos de Balbinot, Velasquez e Düsman (2013), Brasileiro e colaboradores (2008), Ethur e colaboradores (2011) e Souza e colaboradores (2013). De acordo com Arnous, Santos e Beinner (2005), apenas um indivíduo relatou ter aprendido com um profissional de saúde. Este fato demonstra que grande parte dos entrevistados utiliza esses produtos de forma indiscriminada e sem considerar o risco de possíveis reações adversas, como ocorreu em estudo de Souza e colaboradores (2013), onde 5,0% dos entrevistados relataram já ter apresentado algum efeito indesejado após utilização de plantas.

O modo de preparo das plantas medicinais para utilização no tratamento de doenças é um ponto de grande importância, visto que daí depende, muitas vezes, a ação terapêutica da planta utilizada (Brasileiro et. al., 2008). A utilização das plantas medicinais sob forma de chá foi frequente, sendo que a preparação pelo método de infusão foi a mais utilizada. Estudos realizados no Rio Grande do Sul por Silva e Hahn (2011) e Feijó e colaboradores (2012) apresentaram dados semelhantes quanto ao modo de preparo, sendo o método de decocção inferior à infusão, diferente do encontrado em uma pesquisa realizada no Piauí (Aguiar e Barros, 2012) onde a decocção foi a forma de preparo mais citada para a utilização dos chás.

O baixo índice de efeitos colaterais relatados pelos entrevistados do presente estudo pode ser associado ao fato dos consumidores utilizarem as plantas medicinais predominantemente em forma de chá, método de preparo onde existe menor concentração do produto consumido.

De acordo com Nicoletti e colaboradores (2010), inúmeras interações medicamentosas podem ocorrer em caso de uso de produtos de origem vegetal concomitantemente com outros medicamentos, o que pode levar a sérios danos ao usuário com o comprometimento da recuperação da saúde. O uso das plantas medicinais concomitantemente com medicamentos foi presente em 46,15% dos entrevistados, semelhante a estudo de Feijó e colaboradores (2012), onde a maioria dos entrevistados faz uso diário de medicação além das plantas medicinais. Já Oliveira e Menini Neto (2012), referem que não é hábito de seus entrevistados a utilização das plantas associadas aos medicamentos industrializados, por temerem que essa associação cause algum dano ao organismo.

Conclusão

Constatou-se que o uso de plantas medicinais por parte dos consumidores de lojas de produtos naturais do Mercado Municipal de Curitiba, PR é bastante difuso e frequente. Este fato se dá principalmente pelo conhecimento acumulado ao longo de gerações, já que a maioria dos entrevistados teve o aprendizado com familiares desde a infância.

Quanto à forma de preparo o chá por infusão foi o que predominou entre os entrevistados, usado principalmente como digestivo e calmante, relacionado às principais plantas citadas, erva cidreira (Melissa officinalis L.), camomila (Matricaria chamomilla L.) e boldo (Peumus boldus Molina). A grande maioria dos entrevistados relatou satisfação quanto aos resultados obtidos após o uso de plantas medicinais.

Embora o emprego das plantas com fins terapêuticos esteja presente no cotidiano dos consumidores, o uso concomitante a medicamentos ocorreu em grande parte dos entrevistados. Portanto, se faz necessária maior atenção a este aspecto de utilização e ampla divulgação sobre possíveis interações medicamentosas, visando evitar danos à saúde dos indivíduos.

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