Farmacologia
Fitoterapia na odontologia: levantamento dos principais produtos de origem vegetal para saúde bucal1
Phitotherapy in desntistry: plant products for oral heath
- Autores:
- 2Maria Helena Durães Alves Monteiro;
- 3Sandra Aparecida P. M. Fraga.
- Instituições
- 1Monografia apresentada junto ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu de Especialização em Gestão da Inovação em Fitomedicamentos, do Instituto de Tecnologia de Fármacos, Farmanguinhos/FIOCRUZ.
- 2Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde (NGBS), Farmanguinhos/FIOCRUZ.
- 3Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde (NGBS), Farmanguinhos/FIOCRUZ-CFMA.
- Correspondência:
- mhduraes@yahoo.com.br
Resumo
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), do Ministério da Saúde, insere o uso das plantas medicinais e da Fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS), tendo sido o reconhecimento do exercício da Fitoterapia pelo cirurgião-dentista regulamentado em 2008 pelo Conselho Federal de Odontologia. No entanto para a Odontologia esta opção terapêutica ainda é pouco utilizada. Assim sendo, o objetivo do trabalho foi revisar e sistematizar os dados da literatura científica sobre os produtos de origem vegetal indicados para a Odontologia, contribuindo para promover o seu uso pelos cirurgiões-dentistas.
- Palavras-chave:
- plantas medicinais;
- droga vegetal;
- fitoterápicos;
- saúde bucal;
Abstract
The National Policy of Integrative and Complementary Practices of the Ministry of Health, considered the use of medicinal plants and herbal medicine in the Unified Health System (SUS), which was the recognition of the practice of herbal medicine by the regulated dentist in 2008 the Conselho Federal de Odontologia However for Dentistry this treatment option is not widely used. Therefore, the purpose of review and systematize the work of the scientific literature data on plant products indicated for dentistry, helping to promote its use by dentists.
- Key-words:
- medicinal plants;
- crude vegetal drug;
- phytotherapics;
- oral health;
Introdução
As plantas sempre estiveram ligadas ao cotidiano do homem, servindo de alimento e remédio aos seus males e estima-se que aproximadamente 40% dos medicamentos atualmente disponíveis foram desenvolvidos direta ou indiretamente a partir de fontes naturais sendo 25% obtidos de plantas (Calixto, 2003). Nas últimas décadas, o interesse pelas terapias naturais tem aumentado significativamente achando-se em expansão o uso de plantas medicinais e de fitoterápicos.
A fitoterapia tem a vantagem de apresentar baixo custo no processo de promoção da saúde, condizente com o momento atual da humanização da relação profissional/paciente, tanto nas políticas públicas quanto nas ações sociais.
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), do Ministério da Saúde, insere o uso da Fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2006a e 2006b), mas para Odontologia, esta prática terapêutica ainda é pouco utilizada.
O cirurgião-dentista está apto a prescrever e se utilizar das Práticas Integrativas e Complementares à saúde bucal em benefício dos seus pacientes. No entanto, a inclusão da Fitoterapia nos procedimentos odontológicos na rotina da prática clínica, constitui-se ainda de um desafio a ser superado.
Assim, o objetivo geral do presente trabalho foi revisar e sistematizar os dados da literatura científica sobre os produtos de origem vegetal indicados para a Odontologia, contribuindo para promover o seu uso pelos cirurgiões-dentistas.
Metodologia
O presente trabalho foi realizado através da revisão da literatura especializada por abordagem indutiva, com procedimento comparativo-estatístico por meio de técnica de documentação indireta (documental e bibliográfica).
Os dados foram obtidos nas publicações científicas de referência (monografias de farmacopeias oficiais) e nas bases de dados indexadas, BIREME (Biblioteca Virtual em Saúde) e Medline.
Os nomes científicos e as famílias botânicas foram atualizados a partir das bases de dados dos endereços eletrônicos da Lista de Espécies da Flora do Brasil (JBRJ, online), Tropicos® do Missouri Botanic Garden (TROPICOS®, online) e do The International Plant Names (INPI, online).
Resultados e Discussão
No total foram relacionadas 24 espécies vegetais em 35 preparações, contendo espécie única ou em associação, à base de plantas distribuídas por classes terapêuticas (anestésico tópico, ansiolítico, antifúngico, anti-inflamatório, antisséptico bucal, antiviral, hemostático, hidratante/protetor epidérmico e outros) e cinco especialidades farmacêuticas.
As espécies citadas nessas preparações foram, alecrim (Rosmarinus officinalis L.), alecrim-pimenta (Lippia origanoides Kunth), arnica (Arnica montana L.), barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville), calêndula (Calendula officinalis L.), camomila (Matricaria chamomilla L.), cacau (Theobroma cacau L.), capim-limão (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf), cavalinha (Equisetum arvense L.), copaíba (Copaifera spp.), crataégus (Crataegus curvisepala Lindm.), cravo- da-Índia (Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M. Perry), equinácea (Echinacea purpurea (L.) Moench), guaco (Mikania glomerata Spreng.), malva (Malva sylvestris L.), maracujá (Passiflora incarnata L.), melissa (Melissa officinalis L.), passiflora (Passiflora edulis Sims), romã (Punica granatum L.), rosa rubra (Rosa gallica L.), salgueiro branco (Salix alba L.), salvia (Salvia officinalis L.), tanchagem (Plantago major L.), unha-de-gato (Uncaria tomentosa (Willd.) DC.), citadas nas farmacopeias oficiais, sendo passíveis de serem prescritas e utilizadas na prática clínica.
Considerando-se a Classificação CID-10 Odontológica (OMS, 1996) destacaram-se com maior número de opções terapêuticas as indicações para dermatite vesicular pelo vírus do herpes simples, para gengivite e doenças periodontais, inflamação da mucosa bucal e os antissépticos bucais.
O uso pediátrico, em gestantes e lactantes deve ser cuidadosamente orientado, bem como em indivíduos que apresentem comorbidades e/ou fazem uso concomitante de medicamentos sintéticos.
A análise dos dados obtidos indicou que são escassos os estudos sobre interações medicamentosas, toxicologia e ensaios clínicos com metodologia específica para a Odontologia.
Considerações Finais
As dificuldades do uso da Fitoterapia na rotina clínica relacionam-se com vários aspectos como a falta de capacitação dos profissionais, dificuldade de acesso às plantas medicinais/fitoterápicos, custo, entre outros.
No entanto, a área oferece possibilidades nas áreas do conhecimento, pesquisa, desenvolvimento e inovação, cujo resultado será benéfico para a população como um todo, seja na utilização direta do recurso terapêutico, ou ainda, através do aperfeiçoamento tecnológico para a sociedade.
Referências
- BIREME, online. Disponível em: http://pesquisa.bvsalud.org/portal/advanced/
- BRASIL. 2006a. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasília : Ministério da Saúde, 92 p. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
- BRASIL. 2006b. Ministério da Saúde. Portaria n.º 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF.
- CALIXTO, J.B. 2003. Biodiversidade como fonte de medicamentos. Ciência e Cultura [online], v.55, n.3, p. 37-39.
- IPNI, online. The International Plant Names. Disponível em: http://ipni.org, acesso em dez/15.
- JBRJ, online. Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/, acesso em dez/15.
- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). 1996. CID-OE: Classificação Internacional de Doenças em Odontologia e em Estomatologia. Ed. Santos : São Paulo. 230 p.
- TROPICOS®, online. Tropicos® do Missouri Botanic Garden. Disponível em: http://www.tropicos.org/, acesso em dez/15.