Agroecologia
Editorial
Editorial
- Autora:
- Alaíde Braga de Oliveira;
- Instituição
- Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
- Correspondência:
- alaidebraga@terra.com.br
A Revista Fitos Eletrônica (RFE), lançada em agosto de 2014, publica artigos relativos a Plantas Medicinais que contribuam para PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) de medicamentos nas seguintes áreas do conhecimento: Agroecologia, Botânica, Etnofarmacologia, Farmacologia, Inovação (Gestão e CT&I em Saúde) e Química.
Neste número, a Fitos traz artigos predominantemente nas áreas de Agroecologia, Farmacologia e Inovação (Gestão e CT&I em Saúde).
Dois artigos, com focos bastante distintos, constam da sessão de Agroecologia que, segundo o Marco Referencial em Agroecologia da Embrapa, publicado em 2006, é definida como um campo de conhecimento transdisciplinar que contem os princípios teóricos e metodológicos básicos para possibilitar o desenho e o manejo de agroecossistemas sustentáveis e, além disso, contribuir para a conservação da agrobiodiversidade e da biodiversidade em geral, assim como dos demais recursos naturais e meios de vida. (Coellho, 2011). http://www.essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/sMosaicoAmbiental/article/view/2191
Um deles trata da aplicação da Homeopatia na agricultura, tecnologia que, segundo os autores, do Centro Universitário do Sul de Minas (UNIS), Varginha, MG, vem sendo aplicada com sucesso por agricultores nacionais e de outros países como Cuba, Inglaterra, Alemanha, França e Itália.
No segundo artigo de Agroecologia, pesquisadores da UFBA e universidades estaduais da Bahia relatam experimentos com Schinopsis brasiliensis Engl. (Anacardiaceae) na avaliação da atividade antimicrobiana in vitro contra alguns fitopatógenos de interesse na agricultura, com resultados positivos. Neste caso, é interessante ressaltar que a espécie em questão, conhecida como braúna ou baraúna, é endêmica, típica da Caatinga, e de reconhecida ação contra cepas resistentes de Staphylococcus aureus e que, mais uma vez se observa o potencial de aplicações de plantas medicinais em outras áreas, como a agricultura.
Na sessão de Farmacologia encontram-se três artigos. Um deles, de pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, SC, relata experimentos de toxicologia em que se investiga a ação do óleo de alho em túbulos seminíferos de camundongos. Sua importância está relacionada ao uso, às vezes exacerbado do alho e à carência de informações quanto à toxicidade e os efeitos, em especial, sobre o sistema reprodutor masculino.
Pesquisadores da FIOCRUZ, RJ, apresentam uma revisão sobre aspectos botânicos, empregos não medicinais, fitoquímica e ações farmacológicas da Bauhinia forficata Link (Fabaceae), uma planta medicinal da biodiversidade brasileira.
O terceiro artigo se refere à avaliação das atividades antioxidante e antimicrobiana de frutos do pau-ferro, Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L. P. Queiroz (Leguminosae), uma planta brasileira encontrada nas regiões norte e nordeste do Brasil.
O artigo de Nascimento, Maldonado e Arnóbio, da FIOCRUZ, em que se analisa o Desempenho Comercial dos Insumos Farmacêuticos Vegetais sob a Ótica do Comércio Exterior, no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2014, coloca em números uma realidade da qual temos alguma consciência, a dependência externa do Brasil na área farmacêutica, mas que, quando focada nos insumos farmacêuticos vegetais, é simplesmente chocante para um país que tem uma das maiores biodiversidades do planeta e o uso de plantas medicinais é considerável. Um aspecto positivo é que as exportações cresceram 222% no período considerado, mas as importações tiveram aumento semelhante mas deficits marcantes foram registrados em 2013 e 2014. Estes e outros dados relevantes foram alvo de análises e reflexões valiosas pelos autores.
Todos estes artigos contribuem, portanto, para o avanço em PD&I de medicamentos a partir de plantas medicinais e aplicações destas em áreas não menos importantes como, por exemplo, a agricultura.