Reduzir fonte Tamanho de fonte padrão Aumentar fonte

Comunicação Breve - Etnobotânica

http://dx.doi.org/10.5935/2446-4775.20160043

O conhecimento tradicional sobre plantas medicinais no âmbito da saúde da mulher: uma perspectiva no contexto do produto tradicional fitoterápico1

The traditional knowledge of medicinal plants in the health of women: a perspective in the context of traditional herbal medicine

Autores:
2OLIVEIRA, Ana Paula C.*
Instituições
1Monografia (TCC/Especialização) apresentada no curso de Pós-graduação em Gestão da Inovação em Medicamentos da Biodiversidade (Lato Sensu - EAD), Instituto de Tecnologia em Fármacos, Farmanguinhos, FIOCRUZ.
2Aluna do curso de pós-graduação Lato Sensu em Gestão da Inovação em Medicamentos da Biodiversidade (modalidade EAD) do Instituto de Tecnologia em Fármacos, Farmanguinhos/FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
*Correspondência:
aninhapoliveira@hotmail.com

Resumo

Substâncias derivadas de plantas tem notório destaque no mundo como agentes terapêuticos. Neste contexto a mulher ganha um importante papel como detentora e difusora dos conhecimentos tradicionais relacionados às plantas. Através de uma revisão sistemática pôde-se observar importantes avanços na área de regularização de fitoterápicos, como é o caso do Produto Tradicional Fitoterápico.

Palavras-chave:
Saúde da mulher.
Medicina tradicional.
ANVISA.

Abstract

Herbal substances have highlighted notorious worldwide as therapeutic agents. In this context the woman gains an important role as owner and diffusing traditional knowledge related plants. Through a systematic review, it was observed significant progress in herbal settlement area, as is the case of Product Traditional Phytotherapic.

Key-words:
Women's health.
Traditional medicine.
ANVISA.

Introdução

As plantas medicinais vêm sendo utilizadas para curar doenças desde os tempos imemoriáveis, através de hábitos observacionais do ser humano e o meio que o cerca, resultando no surgimento de um conhecimento rico em fusões culturais, religiosas e étnicas que durante muito tempo foi utilizado para tratar a saúde das pessoas e de suas famílias. É esse saber tradicional que ancora a percepção empírica do homem sobre a natureza, ressaltando como o emprego de plantas medicinais para a manutenção e a recuperação da saúde tem ocorrido, desde as formas mais simples até as mais sofisticadas de tratamento. Neste contexto, destaca-se o papel da mulher como detentora e difusora do conhecimento sobre o uso de plantas no cuidado a saúde, uma vez que lhe é atribuída à responsabilidade do cuidado familiar. (BADKE et al., 2011)

Além disso, as mudanças econômicas, políticas e sociais que eclodiram no mundo influenciaram não só na saúde das pessoas como também nos modelos de cuidado de forma integral, colaborando para a criação das políticas públicas no âmbito das plantas medicinais e nos avanços na área de registro de fitoterápicos, como é o caso da categoria do Produto Tradicional Fitoterápico (PTF), que tem como comprovação de segurança e eficácia a demonstração do tempo de uso por meio de literatura técnico-científica, baseada no uso tradicional. (ETHUR et al., 2011)

Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho foi destacar a importância no conhecimento tradicional sobre as plantas medicinais para saúde mulher, no contexto dos PTF.

Metodologia

A pesquisa sobre o tema começou em 15 de julho de 2015, até 26 de março de 2016. A metodologia utilizada foi uma revisão de literatura sistemática, feita por meio de fontes primárias e secundárias, tais como: consultas em artigos, monografias, teses, legislações, bem como o conteúdo abordado no curso Gestão da Inovação de Medicamentos da Biodiversidade; interpretações, discussões, bibliografias sugeridas; documentos extraídos em bases de dados digitais indexadas (PubMed, SciELO, BVS e Portal de Periódicos Capes); e portais institucionais (Fiocruz e ANVISA). , O estudo baseou-se na análise de informações referentes ao saber tradicional sobre plantas medicinais para a saúde da mulher, o produto tradicional fitoterápico, as legislações pertinentes, e no período de publicação (entre 2010 a 2016).

Resultados e Discussão

Foram consultadas 53 referências, 34 consideradas relevantes para a construção deste trabalho, por tratarem-se de informações relacionadas com a importância do conhecimento tradicional sobre o uso de plantas medicinais para a saúde da mulher, no contexto do produto tradicional fitoterápico. As propriedades terapêuticas das plantas medicinais vêm sendo percebidas ao longo do tempo, obtendo um papel notório na produção e desenvolvimento de medicamentos no mundo.

A fitoterapia na saúde da mulher tem um papel fundamental no fortalecimento da prática de cuidados femininos, pois há uma variedade de plantas que podem auxiliar desde os incômodos com a menstruação até alterações hormonais do organismo. (ROSA et al., 2014)

Desde as primeiras décadas do século passado, anseios de uma perspectiva ampliada da atenção a saúde da mulher vêm se esboçando no nosso país, sendo influenciada por questões econômicas, pelo alto custo dos medicamentos e pelo difícil acesso a consultas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) possui um importante papel neste aspecto, pois, em conformidade com as diretrizes e linhas prioritárias da Política Nacional, estabelece ações em torno de objetivos comuns voltados a garantia do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos em nosso País (uma vez que este é um recurso utilizado por grande parte da população do gênero feminino), ao desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim como ao fortalecimento das cadeias e dos arranjos produtivos, visando a valorização e o uso sustentável da biodiversidade brasileira (CARVALHO et al. 2012).

Além disso, no Brasil foram estudadas as principais legislações internacionais e seus avanços no que diz respeito ao registro de fitoterápicos da Comunidade Europeia, Canadá, Austrália e México. Com base nesses dados, elaborou-se uma proposta de republicação da norma brasileira para o registro de fitoterápicos, separando os produtos em duas classes: Medicamento Fitoterápico (MF), para aqueles que apresentem a comprovação de segurança e eficácia por meio de estudos clínicos e PTF, cuja segurança e eficácia são comprovadas por meio da tradicionalidade. (BRASIL, 2014, CARVALHO e GUTIÉRREZ, 2013).

Conclusão

A importância das plantas e seus efeitos terapêuticos vêm sendo constatados a longo tempo. O conhecimento tradicional é uma ferramenta impulsora na descoberta dessas propriedades medicinais, sendo necessária a sua valorização e reconhecimento, pois mesmo com o desenvolvimento dos fármacos sintéticos, as plantas medicinais permaneceram como forma alternativa de tratamento no Brasil e no mundo, evidenciando inclusive uma importante opção terapêutica no cuidado a saúde da mulher, uma vez que, no atual contexto político e socioeconômico de nosso país o gênero feminino, ainda, enfrenta entraves relacionados às práticas integrativas de saúde direcionadas a mulher.

O produto tradicional fitoterápico vem com expectativa de que o número de produtos fitoterápicos regularizados no Brasil seja ampliado, visando a disponibilidade de medicamentos para atendimento a população, auxiliando na saúde da mulher, assim como em outros aspectos no âmbito da saúde integral do indivíduo, representando também a evolução das normas e regulamentação na área de fitoterápicos no país, por parte dos órgãos competentes, uma exploração sustentável da biodiversidade.

Referências