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Perspectiva

A Socianálise no 1º Seminário Internacional da RedesFito: relato de uma experiência

The Socianalysis in the 1st International Seminar of RedesFito: experience report

Autores:
Monteiro, Maria da Conceição Nascimento1*;
Gilon, Christiane2;
Ville, Patrice2.
Instituições
1Socianalista, Pesquisadora do Núcleo de Gestão e Biodiversidade em Saúde (NGBS), Instituto de Tecnologia de Fármacos-Farmanguinhos, Fiocruz Av. Comandante Guaranys, nº 447, Jacarepaguá, CEP: 22775-903, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
2Socianalistas do Laboratório Éxpèrice/ Universidade Paris 8. 2 Rue de la Liberté, 93526 Saint-Denis, França.
*Correspondência:
maria.nascimento@far.fiocruz.br

Resumo

Este artigo relata uma parte da experiência socianalítica no 1º Seminário Internacional da Redesfito: inovação e biodiversidade na perspectiva da sustentabilidade. Foram utilizados os conceitos multidisciplinares da Socianálise e discutidas as propostas apresentadas durante o evento promovido pelo Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde (NGBS), no período de 19 a 21 de outubro de 2016. Durante o seminário, foram apresentadas palestras e conferências de estudiosos, nas áreas de economia, biodiversidade e sustentabilidade, com relatos de empresários do setor industrial privado, sobre o desenvolvimento de produtos da biodiversidade, buscando-se assim, formas eficientes de interação dos diferentes representantes das empresas e instituições participantes em dimensão nacional. Tal interação estimulou a discussão sobre os caminhos e estratégias de ação para instituição de novas parcerias, atendendo, assim, à encomenda, conceituada na teoria socianalítica como a solicitação de uma ação específica, para a realização da Assembleia Socianalítica. Durante esta Assembleia, foram realizadas intervenções utilizando-se o instrumento de análise prático-conceitual, visando permitir aos participantes a expressão de suas percepções e propostas de trabalho. O objetivo deste artigo é colaborar com os gestores de programas, na elaboração de planos e projetos multidisciplinares voltados às áreas de saúde, inovação, biodiversidade e sustentabilidade com aplicação da metodologia Socianalítica.

Palavras-chave:
Socianálise.
Assembleia Socianalítica.
RedesFito.
Economia.
Biodiversidade e Sustentabilidade.

Abstract

This article aims to report a part of the socianalytic experience in the 1st International Seminar of RedesFito: innovation and biodiversity in the perspective of sustainability. The multidisciplinary concepts of Socianalyse were used and the proposals presented during an event promoted by the Center for Biodiversity and Health Management (NGBS) were discussed during the period from October 19 to 21, 2016. During the Seminar, lectures and conferences given and held by scholars, in the areas of: Economics, Biodiversity and Sustainability, with reports made by entrepreneurs of the private industrial sector, reporting on the development of biodiversity products, thus seeking efficient ways of interacting the different representatives of participating companies and institutions. This interaction had a national dimension. This interaction stimulated the discussion about the paths and strategies of action to new partnerships, thus attending to the order, conceptualized in Socianalitic theory as the request of a specific action, for the realization of the Socianalítica Assembly. During the Socianalitic Assembly, interventions carried out using the instrument of conceptual-practical analysis, in order to allow participants to express their perceptions and work proposals. The objective of this article is to collaborate with those interested in program managers, in drawing up plans and projects in the areas of health, innovation, biodiversity and sustainability with application of the Socianalitic methodology.

Keywords:
Socianalysis.
Socioanalitic Assembly.
RedesFito.
Economy.
Biodiversity and Sustainability.

Introdução

A Socianálise é uma metodologia aplicada à Análise Institucional(1-6), em Ciências Humanas e Sociais,  que  permite compreender e transformar situações críticas e questões que emergem em diferentes grupos institucionais, a partir de intervenção em campo (7). Considera-se intervir como é literalmente no latim inter e venire,  significando: "[...] vir para ficar com as pessoas, entre os atores sociais, no meio desse jogo institucional".

Em 2010,  o Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde-NGBS, Farmanguinhos/ Fiocruz, cuja missão é promover a inovação em medicamentos da biodiversidade, através de um Sistema Nacional de Redes – RedesFito, recebeu os socianalistas Christiane Gilon e Patrice Ville  do Laboratório Experice da Universidade Paris 8 com o objetivo de incorporar a metodologia socianalítica para a resolução de conflitos e questões que emergem nas ações da RedesFito.

A RedesFito é formada por diferentes agentes sociais implicados na inovação, de instituições públicas ou privadas, de diferentes áreas do conhecimento, que se organizam  em Arranjos Produtivos Locais (APLs), nos diferentes biomas brasileiros. Nos APLs, formados por difetrentes atores que compõem a cadeia de desenvolvimento de um medicamento, elaboram-se projetos colaborativos e multidisciplinares para implementar as diversas etapas da inovação (7-8).

Em 2011, a Socianálise foi incorporada como disciplina no curso de Especialização em Gestão da Inovação em Fitomedicamentos do NGBS, com vistas à difusão desse conhecimento em nível nacional e internacional,  com o respaldo institucional da FIOCRUZ.

No 1º Seminário Internacional da RedesFito/SIRF, um evento caracteristicamente acadêmico, que reuniu atores da RedesFito e outros representantes da sociedade civil, sensíveis à temática da inovação da biodiversidade na perspectiva da sustentabilidade, aplicou-se a metodologia socianalítica, com o objetivo de se obter uma análise do papel da RedesFito na inovação em medicamentos da biodiversidade. No terceiro e último dia do evento, realizou-se uma Assembleia Socianalítica, com a presença de palestrantes e demais participantes. Estiveram presentes ao evento alunos do curso de Especialização do NGBS, pesquisadores, representantes de Setores diversos de Farmanguinhos e de outras unidades técnico-científicas da Fiocruz, além de representantes da indústria e da área agrícola.  Os objetivos da assembleia socianalítica foi identificar a dialética básica entre o instituído (o que se encontra estabelecido), o instituinte (a ser estabelecido) e a institucionalização, a partir dos processos de transferências institucionais; da percepção dos participantes; do estado das forças presentes nas falas; e da análise da encomenda/demanda, com ênfase na missão da RedesFito (7).

A experiência da Assembleia Socianalítica

A construção do modo de funcionamento da Assembleia Socianalítica no 1º SIRF, denominado Dispositivo Socianalítico, foi constituída pelos socianalistas e pelo staff e colaboradores preparados para agir em Socianálise, a partir da construção de conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Composto por catorze profissionais de perfil multidisciplinar, o Dispositivo Socianalítico, elaborado durante duas semanas possibilitou, através de reuniões de planejamento para analisar a encomenda (solicitação de uma ação específica), conhecer o perfil dos participantes e definir as ferramentas a serem aplicadas. Buscou-se construir um caminho particular para analisar, compreender e transformar situações conflituosas e outras dificuldades expressas e discutidas na assembleia de forma coletiva, para produzir encaminhamentos e orientações.

Foi necessário criar uma estratégia para interação entre os participantes do evento e, por mais difícil que fosse, "se colocar no lugar" deles, para compreender os desafios de seu cotidiano na RedesFito.  Entender o modo de funcionamento de suas práticas profissionais e as ações desenvolvidas na RedesFito foi fundamental. Destacou-se que o modo de funcionamento da RedesFito, revelou-se mais inovador e transversal, e mais cooperativo do que competitivo (7).

O Dispositivo Socianalítico foi aplicado durante todo o Seminário, mesmo enquanto foram apresentadas as palestras e conferências de estudiosos, nas áreas de Economia, Biodiversidade e Sustentabilidade, assim como nas apresentações de empresários do setor industrial privado que relataram experiências em desenvolvimento de produtos da biodiversidade. As questões levantadas pelos participantes através das várias ferramentas aplicadas foram coletadas, analisadas e discutidas durante a assembleia. Os dados foram coletados e organizados pelo staff socianalítico durante o evento.

A Assembleia Socianalítica ocorreu em três momentos:

  1. Apresentação e reflexão crítica a partir de uma proposição única: Inovação em saúde e o papel da Redesfito e da indústria.
  2. Discussão em pequenos grupos de trabalho (de 6-8 participantes) sobre a proposição apontada;
  3. Apresentação dos resultados das discussões dos grupos de trabalho, para os presentes na assembleia.

Os procedimentos de coleta de dados destacaram percepções e informações relatadas entre os participantes, seus conflitos mais evidentes que pudessem impedir e/ou estimular o trabalho da RedesFito.

Durante os três dias do evento foram elaborados painéis coletivos com os post-its colados pelos participantes, que, juntamente com os dados coletados no evento foram categorizadas em eixos temáticos tais como: conceitos básicos das RedesFito; gestão da RedesFito e a busca de parcerias; promoção da inovação; integrar para inovar, os quais possibilitaram a identificação do conteúdo, as reflexões e a elaboração dos participantes durante a assembleia.

Dessa forma, foi possível construir uma análise institucional resultante de critérios de avaliação das demandas e da soma dos desafios analisados e reformulados, a qual foi descrita em Relatório Final do 1º SIRF.

Resultados e Discussão

O 1º Seminário Internacional da RedesFito representou um espaço para reflexões teórico-práticas sobre a temática do evento – "Inovação e biodiversidade na perspectiva da sustentabilidade". As palestras apresentadas contextualizaram teoricamente o paradigma atual, o que contribuiu para proporcionar uma reflexão mais adequada sobre o trabalho da RedesFito. O desenvolvimento da assembleia socianalítica também permitiu aos participantes vivenciarem experiências sociológicas e psicossociológicas, em uma metodologia que busca resoluções de conflitos a partir de experiências práticas e coletivas (9-11). Além dos desafios na comunicação, discutiram-se a aplicação de políticas públicas no setor e avaliaram-se as dificuldades nas parcerias entre os setores (público e privado) e destacaram a falta de um espaço para o diálogo.

Os dados coletados e analisados revelaram as percepções dos participantes da assembleia, os quais foram agrupados em categorias, a saber: conceitos básicos da RedesFito; gestão da RedesFito e busca de parcerias; a promoção da inovação e integrar para inovar.

Conceitos básicos da RedesFito

O conceito de inovação como processo dinâmico e social usado pela RedesFito, foi compartilhado pelos conferencistas do seminário, reafirmando a base teórica que sustenta a ação das Redes. Como exemplo, foram colocadas em evidência as experiências desenvolvidas nos arranjos de Itapeva/SP e Prado (sul da Bahia), demonstrando-se, na prática, a validação dos conceitos.

A rede foi percebida como uma extensão de um grupo de parceiros organizados, ou seja, um grupo de trabalho ou uma agência de inovação. Esse modelo de organização, na visão da maioria dos participantes, facilita o planejamento e a elaboração de projetos.

O conceito de redes adotado pela RedesFito, que a caracteriza como uma organização aberta, flexível e descentralizada, parece não ser compreendido pela maioria dos participantes. Como encaminhamento das discussões da Assembleia, sugeriu-se elaborar uma descrição científica, a fim de esclarecer alguns aspectos ainda em construção, como o trabalho em Rede de caráter coletivo e a articulação entre as pesquisas. Os participantes da assembleia apontaram a Saúde Pública como o maior desafio do projeto político da RedesFito.

Com relação ao conceito de medicamentos da biodiversidade, parece que o mesmo não está claro para a maioria dos integrantes da assembleia, inclusive para a comunidade cientifica. Justificou-se a dificuldade na compreensão deste conceito porque é um conceito recente, que envolve mudança de paradigma e necessita ser reelaborado, tanto na comunidade acadêmica quanto na indústria e na agricultura. Trata-se de um processo de construção científico-cultural. Considera-se que esse conceito está apoiado na Agroecologia, área da ciência que estuda a recuperação e conservação dos ecossistemas agrícolas, com sustentabilidade.

Entende-se que a validação de conceitos requer uma profunda discussão entre a comunidade cientifica e os atores sociais sobre os temas em questão, visando a identificação de linhas de pesquisa que consolidem as bases teóricas e que validem uma metodologia científica. Espera-se, assim, a divulgação do conceito em veículos de comunicação científica para sua validação.

Com relação ao desenvolvimento de medicamentos da biodiversidade, obstáculos econômicos e culturais para o reconhecimento do valor destes medicamentos foram constatados, como: a competitividade com o mercado de drogas sintéticas, a falta da cultura do investimento público para o setor e a alta burocracia no estabelecimento de parcerias, entre outros. Considerou-se que o desenvolvimento sustentável ocorre a partir da inversão da lógica de mercado, e que a ciência é o diferencial para inverter essa lógica.

Evidenciou-se a liderança potencial do Brasil com sua mega biodiversidade que constitui pilar para a inovação de diferentes produtos. No entanto, projetos de pesquisa e desenvolvimento devem ser articulados e alinhados, caminho este que precisa ser elaborado.

Destacou-se a importância da difusão de informações para a sociedade sobre o uso das plantas medicinais, e sobre a produção de medicamentos da biodiversidade com sustentabilidade, de modo que esse sistema gere maior força "bottom up" - movimento que parte das comunidades e que impacta as políticas.

Outros conceitos, como o da Complexidade, dos novos paradigmas de construção de conhecimento, da transversalidade de saberes foram apresentados no Seminário. No entanto, parece que ainda não foram apropriados pela maioria dos participantes, alguns, atores da rede.

Especificamente, quanto à transversalidade de saberes, durante o seminário, constatou-se a necessidade de criar-se estratégias para a discussão, utilizando-se comunicação metodologicamente escolhida para atingir o máximo possível de destinatários, incluindo os agricultores engajados e todos os membros da RedesFito. Conceitos expressos através do senso comum e as representações sobre plantas medicinais dificultam a compreensão de sua nomenclatura científica. Essas representações poderiam ser validadas como ciência através de um protocolo científico.

Gestão da RedesFito e a busca de parcerias

Durante a assembleia do 1º SIRF, observou-se que a maioria dos presentes não tinha clara a compreensão do que é a RedesFito, pois sugeriram a criação de estratégias para construir a identidade da RedesFito, com a divulgação de sua missão, visão e objetivos bem definidos. Sugeriu-se, também, sua expansão de forma abrangente, com ênfase em parcerias públicas e privadas.

Segundo Villas Bôas, coordenador do NGBS, a "Rede existe onde existe ação". Essas ações devem ser contempladas nas estratégias da rede, pois contribuem para a inovação. Não existe inovação sem ação (8).

Quanto à gestão da RedesFito, vários participantes verbalizaram algumas críticas, visando contribuir para a melhoria e consolidação da rede. Os participantes apresentaram propostas de como a RedesFito poderia expandir-se nacionalmente através de colaborações e de parcerias.

As dificuldades de interação entre os atores da rede, dadas: a dimensão nacional do projeto, a diversidade de propósitos e especificidades dos atores envolvidos, as diferenças nos recursos tecnológicos usados para interação, parecem ser uma importante fragilidade na expansão da rede.

A repartição de benefícios foi vista como outra dificuldade enfrentada e sugeriu-se que deve estar definida previamente nos acordos firmados entre empresas e comunidades tradicionais.

Em fase de criação, a Rede de Inovação em Biodiversidade (RIB) foi apresentada no 1º SIRF, com a definição de algumas ações e propostas de trabalho, visando ampliar as conexões entre os atores das duas redes. Naquele momento, a RIB mostrou-se ainda pouco atuante, devido estar em processo de formação.

No que se refere ao trabalho da RedesFito no NGBS, falou-se das dificuldades de se trabalhar em um grupo pequeno, com grandes aspirações e poucos recursos. Segundo os socianalistas, é necessário manter-se a luta entre o instituinte (a ser estabelecido) e o instituído (o que se encontra estabelecido). No entanto, tal tarefa é exaustiva para o grupo, pois requer a institucionalização da RedesFito.

A promoção da inovação

Com relação à inovação, destacou-se a necessidade de se realizarem encontros entre integrantes de projetos em desenvolvimento nas redes, no formato de eventos mais específicos que permitam a interconexão destes projetos, como por exemplo, o projeto da Cooperativa de Plantas Medicinais - COOPLANTAS de Itaberá (Projeto Itapeva) e o projeto do Sul da BAHIA, ambos apresentados no 1º SIRF.

Durante o evento foi sugerido pelos presentes a divulgação, por meio de pequenas reportagens, das experiências da RedesFito, como por exemplo, a divulgação do filme sobre Educação Popular e Agroecologia do Projeto do Extremo Sul da Bahia.

Integrar para inovar

Um dos objetivos do 1º SIRF foi promover aproximação da RedesFito com o setor industrial. Constatou-se a presença significativa de representantes da indústria no seminário, revelando este movimento de aproximação. O interesse dos industriais pelos outros atores da rede foi evidente, embora a adesão à RedesFito precise ser reforçada. O objetivo dessa integração poderá ser alcançado por meio de contatos informais entre as partes interessadas da indústria e a coordenação/gestão da rede.

Enfatizou-se que a integração com a indústria acontecerá, na prática, com os parceiros na mesa de negociação, incluindo-se as indústrias que são, por natureza, capitalistas e outros atores: gestores, agricultores, empresários e pesquisadores para que a parceria seja efetiva.

Em relação à presença do setor agrícola no 1º SIRF, sua ausência foi destacada durante a assembleia, ressaltando-se o reconhecimento da importância de sua presença, pois, representam o "ponto alpha" da cadeia produtiva de medicamentos da biodiversidade.

Observou-se que os antigos parceiros da RedesFito são herdeiros de seus formatos anteriores e representam o passado das Redes, que ora travam o seu avanço, ora se constituem em apoio para ações impulsionadoras da inovação. Estavam representados por líderes informais da RedesFito (na Amazônia).

Por pesquisadores, especialmente de Farmanguinhos, presentes no evento, foram apresentadas propostas de apoio as ações da RedesFito e colaboração na elaboração do Portfólio de Produtos da Biodiversidade de Farmanguinhos.

Constatou-se a necessidade de um maior envolvimento dos estudantes do curso de Especialização do NGBS nas estratégias e ações da RedesFito. Sugeriu-se, ainda, para intensificar a integração na RedesFito, a realização de reuniões presenciais mais informais e menores, que permitissem acelerar parcerias importantes, compartilhar experiências e boas práticas.

Conclusão

Entende-se que a maior contribuição da Socianálise foi o trabalho em equipe, uma vez que fez a Socianálise acontecer no 1º SIRF. Os atores sociais, dispostos em formato de círculo, um ao lado do outro e, ao mesmo tempo, um em frente ao outro, fez emergir discussões em torno de uma proposta pré-estabelecida, encomendada, que possibilitou o debate multiprofissional. Foram atores sociais oriundos de diferentes organizações e instituições abertas ou fechadas, capazes de construir momentos singulares para resolução de conflitos, a partir do reconhecimento mútuo, da compreensão do dispositivo, dos aspectos psicossociais e das diferenças individuais. É o agir para analisar, compreender e transformar situações.

Não existe aventura humana mais interessante do que a coletiva. A individualização não tem sentido no trabalho em rede. Os participantes propuseram expansão das ações em todas as direções. As interconexões devem ter maior transparência. Não se pode limitar um ao outro, ou a ele mesmo.

Outra contribuição importante do processo socianalítico durante o 1º SIRF foi a sincronicidade de ideias e de ações, mesmo em momentos de rupturas, resistências e transferências, que causaram sofrimentos e conflitos, o foco da encomenda foi mantido forte, presente e indissolúvel. Na busca do consenso todos participaram da dinâmica socianalítica constituída de forças e formas sociais que possibilitaram um transformar-se para o futuro.

Em Socianálise a liberdade de expressar o ponto de vista é o exercício contínuo, uma forma de nutrir o pensamento para análise crítica ou para buscar soluções e garantias de pontos de vistas expressos publicamente e coletivamente.

A assembleia permitiu identificar os pontos obscuros, criar alternativas de ação na RedesFito e implicar os atores presentes na compreensão dos pontos críticos e de conflitos.  A assembleia encontrou alternativas de soluções inéditas para resolver as questões eventualmente fechadas. Permitiu, também, compartilhar sociologicamente, ideias, ações e criatividades, uma vez que as questões foram discutidas durante a intervenção socianalítica, examinadas e validadas coletivamente (1).

Destacou-se a importância da manutenção do Acordo de Cooperação Internacional com a Universidade Paris 8 e a Fiocruz, por ele enriquecer as Instituições envolvidas.

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer a onze pessoas do staff que participaram incansavelmente da construção do dispositivo socianalítico; da consolidação do processo socianalítico ocorridas durante o 1º SIRF e na construção deste artigo:  Regina Nacif, Patrícia Teixeira, Graziela Costermani, Belta Paloma Mendes Bastos, Maria Helena Monteiro, Monique de Lima Fonseca Rodrigues, Roberta Eller Borges, Simone Tavares Araújo, Valéria Cristiane Lucas da Silva e Marta Tenório.

Referências