Comunicação Breve

I Curso de Introdução à Agroecologia e Manejo Produtivo Sustentável: relato de experiência no Extremo Sul da Bahia

I Course on Introduction to Agroecology and Sustainable Productive Management: Experience Report in the Extreme South of Bahia

http://dx.doi.org/10.17648/2446-4775.2019.752

Souza, Thais Santos de1*;
Peixoto, Felipe da Cunha2;
Silva, Jonas Pereira da2;
Caldas, Ronaldo Bastos2;
Nascimento, Marcos Vinícius2;
Lopes, Keila Cássia Santos de Araujo3;
Lopes, Paulo Rogério2.
1Universidade Federal de São Carlos, Núcleo de Agroecologia Apetê Caapuã, (NAAC-UFSCAR), Campus Sorocaba, Rod. João Leme dos Santos, Km 110 Bairro Itinga, sala NAAC, CEP 18052-780. Sorocaba, SP, Brasil.
2Universidade de São Paulo, Departamento de Ciências Florestais, Núcleo de Apoio às Atividades de Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental - NACE-PTECA / ESALQ-USP, Projeto Assentamentos Agroecológicos, Av. Pádua Dias, 11, Bairro São Dimas, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil.
3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFB), Campus Eunápolis, Av. David Jonas Fadini, s/n, Juca Rosa, CEP 45823-431, Eunápolis, BA, Brasil.
*Correspondência:
thaisouzasan@gmail.com

Resumo

O presente trabalho apresenta o relato de experiências vivenciadas no I curso de Introdução à Agroecologia e Manejo Produtivo Sustentável, realizado na Universidade Estadual da Bahia, Campus Teixeira de Freitas, em Agosto de 2017.  O curso teve como objetivo colaborar com a massificação da Agroecologia, formação de estudantes e fortalecimento da rede agroecológica local, no intuito de incidir no desenvolvimento social, econômico e ambiental da região. As atividades foram subdivididas em duas partes distintas: Tempo escola (formação teórica e metodológica) e tempo comunidade (diálogo, dinâmicas com agricultores e sistematizações). O curso promoveu a formação de mais de 40 estudantes e a elaboração de 14 sistematizações de experiências agroecológicas no extremo Sul da Bahia.

Palavras-chave:
Relato de experiências.
Curso.
Rede agroecológica.
Teixeira de Freitas.

Abstract

The present paper presents the experiences of the 1st course of Introduction to Agroecology and Sustainable Productive Management, held at the State University of Bahia, Teixeira de Freitas Campus, in August 2017. The objective of this course was to collaborate with the massification of Agroecology, training of students and strengthening of the local agro-ecological network, in order to focus on the social, economic and environmental development of the region. The activities were subdivided into two distinct periods: School time (theoretical and methodological training) and community time (dialogue, dynamics with farmers and systematizations). The course promoted the training of more than 40 students and the elaboration of 14 systematizations of agro-ecological experiences in the extreme south of Bahia.

Keywords:
Reporting of experiences.
Course.
Agroecological network.
Teixeira de Freitas.

Introdução

Tema gerador: Construção do Conhecimento Agroecológico

Com o intuito de contribuir com a massificação da Agroecologia, formação de estudantes e fortalecimento da rede agroecológica do Extremo Sul da Bahia, bem como incidir no desenvolvimento social, econômico e ambiental da região, o Projeto Assentamentos Agroecológicos (ESALQ-USP e Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto) promoveu o I Curso de Agroecologia e Manejo Produtivo Sustentável, realizado na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Teixeira de Freitas, no período de 08 a 25 de Agosto de 2018. Contando com a participação de estudantes de graduação, docentes e profissionais das áreas de ciências agrárias e biológicas, totalizando 50 pessoas. O objetivo deste trabalho foi avaliar o evento e suas contribuições para a região.

Descrição da experiência

O curso baseou-se na Pedagogia da Alternância, na qual se constitui a partir de uma proposta pedagógica e metodológica que propõe uma intensa problematização do conhecimento a partir da realidade e das práticas, a construção de saberes e sua relação com o todo, proporcionando assim, uma construção de relação mais intensa, onde garante uma real intervenção na realidade local de cada ambiente[1]. As atividades foram subdivididas em duas partes: Tempo escola e tempo comunidade.

O tempo escola foi feito em dois dias, onde inicialmente foi realizada abordagem teórica e, no último dia, a socialização das experiências vivenciadas e a avaliação. O tempo comunidade ocorreu em 15 dias, período da construção e realização do trabalho de sistematização de uma experiência agroecológica.

A abordagem teórica foi realizada com o objetivo de garantir uma breve introdução aos temas principais que permeiam a agroecologia, com orientação aos estudantes acerca das bibliografias obrigatórias, e métodos de vivência e pesquisa participativa que seriam essenciais para o tempo comunidade. No primeiro dia de curso, seis docentes e técnicos foram responsáveis por contribuir com a facilitação das questões geradoras (FIGURA 1): Projeto Assentamentos Agroecológicos, Agroecologia, transição agroecológica, sistemas produtivos de base ecológica (sistemas orgânicos, biológicos, SAF) e avaliação de agroecossistemas.

FIGURA 1: Apresentação sobre o Projeto Assentamentos agroecológicos.
Figura 1
Fonte: Acervo Pessoal.

A atividade prática teve como proposta que os estudantes se organizassem em duplas para visitar uma unidade produtiva, preferencialmente, agroecológica (podendo ser hortas urbanas e/ou unidades familiares) para vivenciar as práticas, o manejo, as experiências e o cotidiano dos agricultores agroecológicos. Viabilizando assim, o diálogo com agricultores e a identificação dos principais aspectos produtivos, comerciais, sociais, culturais e ambientais da unidade familiar.

Foi realizado um relatório das atividades do tempo comunidade, em formato de relato de experiência, com a descrição da experiência vivenciada. Além disso, cada dupla de estudantes elaborou um arquivo audiovisual de cinco minutos, que foi apresentado no último dia do curso.

Resultados e Discussão

Ao final do I curso de Introdução de Agroecologia foram sistematizados 14 relatos de experiências agroecológicas no extremo Sul da Bahia (FIGURA 2), apresentando práticas diversas que estão sendo desenvolvidas nesses locais, dentre elas: conservação de sementes crioulas, plantas medicinais, consórcio, sistemas agroflorestais e hortas em escola. O curso trouxe um maior reconhecimento do território quanto às práticas e discussões acerca das perspectivas agroecológicas, possibilitando uma maior abertura de diálogo acerca de temas que estão diretamente correlacionados com a agroecologia, assim como proporcionou uma maior aproximação dos estudantes aos movimentos sociais de luta pela terra. Além disso, o curso serviu como um espaço de articulação territorial das instituições locais acerca da Agroecologia.

FIGURA 2: Apresentação do tempo comunidade e entrega dos certificados.
Figura 2
Fonte: Acervo Pessoal.

O processo de construção e realização do curso só se deu devido a intensa integração entre as instituições de ensino da região, tais como: Universidade Estadual da Bahia (UNEB), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Instituto Federal (IFB) e Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (NACE-PTECA) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), bem como a integração entre instituições e movimentos sociais, como Movimento dos Trabalhadores rurais Sem Terra (MST).  A partir do reconhecimento de parceiros e promotores da agroecologia na região, intensificou-se a discussão acerca da importância do Núcleo de Agroecologia do Extremo Sul da Bahia. Nesse processo, foram encaminhadas as suas principais diretrizes, concretizando-se o papel do Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA) como articulador regional.

As práticas metodológicas que foram utilizadas mostraram-se determinantes para a formação mais crítica dos participantes, pois proporcionaram reflexões, dentro do território, muito significativas quanto ao contexto histórico e político, além da validação da teoria, por meio do tempo comunidade com as atividades práticas, como o contato direto com os camponeses e seus saberes tradicionais, valorizando-os.

Indiretamente relacionado aos objetivos principais do curso, mas não menos importante, deu-se a seleção de estagiários(as) para o "Projeto Assentamentos Agroecológicos (PAA)". Esse processo de seleção teve um caráter diferenciado, pois a coordenação teve a oportunidade de conviver e conhecer um pouco melhor os estudantes. Além disso, todos os participantes do curso tiveram a oportunidade de interagir, também, no processo, garantindo assim um maior aprofundamento na temática, conforme interesse. Outro importante desdobramento deste curso foi o surgimento do propósito de construção do I Encontro Territorial de Agroecologia (I ETA), que foi realizado em junho de 2018.

Agradecimentos

Agradecemos a todos os agricultores e agricultoras que, de certa forma, contribuíram com a implementação do curso, com alimentação ou com a participação nos trabalhos do tempo comunidade, à Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, que tem desempenhado uma articulação permanente no território, ao Movimento dos trabalhadores Sem Terra, ao Nacepteca (ESALQ/ USP) e ao Núcleo de estudos em Agroecologia do Extremo Sul.

Referências

  1. Cordeiro GNK, Reis NS, Hage SM. Pedagogia da alternância e seus desafios para assegurar a formação humana dos sujeitos e a sustentabilidade do campo. Brasília. Em Aberto. INEP. Abr. 2011; 24(85):115-125. [CrossRef]. [Link].