Comunicação Breve

Práticas pedagógicas em Geografia: questão agrária com música

Pedagogical practices in Geography: agrarian question with music

http://dx.doi.org/10.17648/2446-4775.2019.777

Lopes, Keila Cássia Santos Araújo1*;
Lopes, Paulo Rogério2.
1Universidade Estadual "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), Campus Rio Claro. Avenida 24 A, 1515, CEP 13506-900, Rio Claro, SP, Brasil.
2Universidade Federal do Paraná, Setor Litoral. Setor Litoral. Rua Jaguariaíva, n. 512, Gabinete 2 (Agroecologia), Caiobá, CEP 83260-000, Matinhos, PR, Brasil.
*Correspondência:
keilacaraujo@hotmail.com

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo apresentar práticas pedagógicas, dinâmicas e métodos dialógicos de construção do saber geográfico e agroecológico, desenvolvidos com estudantes de duas turmas do curso de Edificações ofertado pelo Instituto Federal da Bahia (IFBa), Campus Eunápolis, no contexto do componente de geografia e com a temática 'espaço agrário'. A experiência consistiu na formação de roda de conversa, audição e canto da música "Assim ninguém chora mais", de autoria de José Pinto, diálogos e reflexões acerca da música popular com o auxílio de perguntas geradoras, aprofundamento teórico-prático sobre a questão fundiária brasileira. Tal dinâmica trouxe ao grupo exemplos práticos da luta dos trabalhadores rurais sem-terra, com a interpretação das estrofes da letra da música e a construção de painéis artísticos interpretativos por meio de desenhos, colagens, pinturas e outras manifestações artísticas. Elaborados por educandos, os painéis foram construídos pelo grupo de educandos e, posteriormente, expostos e apresentados durante eventos no Instituto Federal. Os principais resultados, evidenciados, foram: maior participação dos educandos, empolgação, entusiasmo, alegria, aproximação do aporte teórico à realidade local do município e da região, manifestações artísticas, interação e comunicação constante, e uma visão crítica sobre a política agrária brasileira. As dinâmicas, práticas e métodos utilizados foram determinantes para o processo de ensino aprendizagem.

Palavras-chave:
Agroecologia.
Ensino de Geografia.
Metodologias Participativas.

Abstract

The objective of this article is to present pedagogical practices, dynamics and dialogic methods for the construction of geographic and agroecological knowledge, developed with students from two classes of buildings, offered by the Federal Institute of Bahia (IFBa), Campus Eunápolis, in the context of component of geography and with the theme of 'agrarian space'. The experience consisted in the formation of a circle of conversation, listening and singing of the song "No one cries more", written by José Pinto, dialogues and reflections about popular music with the help of generative questions, theoretical-practical deepening on the Brazilian land issue, bringing practical examples of the struggle of the landless rural workers, working in groups to interpret the stanzas of the lyrics of the music and construction of artistic panels through drawings, collages, paintings and other artistic manifestations. The artistic panels were constructed by the groups of students, and later, exhibited and presented during events that took place in the Federal Institute. The main results evidenced were greater participation of the students, enthusiasm, enthusiasm, joy, approximation of the theoretical contribution to the local reality of the municipality and the region, artistic manifestations, interaction and constant communication, critical view on Brazilian agrarian policy. It is believed that the dynamics, practices and methods used were decisive for the teaching-learning process.

Keywords:
Agroecology.
Teaching Geography.
Participatory Methodologies.

Introdução

A importância do desenvolvimento de trabalhos com música no espaço educador através de abordagem com princípio lúdico possibilita a compreensão dos diferentes temas estudados pela Geografia, bem como, a contextualização dos mesmos ao instigar a participação e atuação ativa dos estudantes.

Nesse sentido, este artigo descreve e analisa os resultados de uma prática pedagógica ocorrida durante as aulas de Geografia Agrária, com a música "Assim já ninguém chora mais" de autoria de José Pinto [1].

Enquanto sujeitos construtores da própria realidade torna-se eficaz despertar nos estudantes o olhar crítico e a leitura do seu entorno através do concreto, do espaço vivido. Esse olhar crítico, bem como, a leitura da realidade vivenciada possibilita trazer diversas questões aos estudantes: quem são os primeiros seres humanos que habitaram o Brasil? Como foi feita a divisão das glebas de terras brasileiras? Todos os agricultores camponeses possuem terras para cultivarem? Por que não possuem? Qual é a função social da Terra? O que é uso comum?  O que são terras improdutivas? Como a concentração de terras afeta a vida dos brasileiros? De onde vêm os alimentos que consumimos? Quem produz: o grande latifúndio ou o agricultor familiar? Por que o agricultor familiar vende o seu sítio e migra para as periferias dos centros urbanos? O que é reforma agrária? Como é a reforma agrária realizada no Brasil? Quais são os principais conflitos de terra que ocorreram no Brasil? Qual é a proposta da reforma agrária popular?

Dessa forma, o objetivo deste trabalho é apresentar práticas pedagógicas, dinâmicas e métodos dialógicos de construção do saber geográfico, desenvolvidos com estudantes de duas turmas do 3º ano, do curso Técnico de Edificações ofertado pelo Instituto Federal da Bahia (IFBa), Campus Eunápolis, dentro do contexto da disciplina de geografia e da temática geografia agrária brasileira.

Após a audição, canto e discussão da letra da música, os estudantes confeccionaram painéis artísticos interpretativos demonstrando, por meio de desenhos, imagens, colagens, pinturas, etc., suas percepções sobre a questão agrária no Brasil. Os resultados apontaram que a música pode ser utilizada como um instrumento para trabalhar temas relevantes da formação brasileira, bem como do nosso cotidiano. E, concomitantemente, desperta nos estudantes análise crítica dos processos e estruturas pelas quais a sociedade brasileira vem sendo construída e desenvolvida.

Materiais e Métodos

A música como prática pedagógica no espaço educador

A metodologia utilizada possibilitou acompanhar e avaliar os conhecimentos adquiridos pelos estudantes, sobre a temática: "Questão agrária no Brasil", tanto pelos detalhes revelados nos painéis artísticos interpretativos como pela fala no momento da apresentação de suas percepções e interpretações da música "Assim já ninguém chora mais".

O trabalho com música é considerado como um instrumento que favorece a discussão e reflexão coletiva no espaço educador sobre os conceitos da Geografia e ainda a vivência do estudante[2], bem como, a relação de diálogo entre este e o educador.  A utilização de letras de música como prática pedagógica no espaço educador possibilita a análise e reflexão das dinâmicas da nossa sociedade[3].

Partindo dos pressupostos apresentados, a prática pedagógica com a música "Assim já ninguém chora mais", de José Pinto ocorreu durante quatro aulas de Geografia, com estudantes, de duas turmas do 3º ano, do curso Técnico em Edificações, no Instituto Federal da Bahia (IFBA), Campus Eunápolis/BA, no intuito de possibilitar a compreensão da questão agrária no Brasil por meio da dinâmica de confecção de painéis artísticos interpretativos.

No entanto, antes do trabalho desenvolvido com a referida música, foram introduzidos ao módulo sobre Geografia Agrária outros assuntos interligados, os quais seriam base para a compreensão da questão agrária no campo brasileiro. Destaca-se que os encontros ocorreram de forma dialogada, com a formação de círculos de cultura, levantamento de questões geradoras acerca dos temas, pautados na discussão e interação entre educador e estudantes e entre os próprios estudantes, utilizando-se de recursos audiovisuais, como vídeos e a música como suporte para maior contextualização da realidade e desenvolvimento do senso crítico dos estudantes sobre a temática em questão.

No círculo de cultura as pessoas ficam dispostas em uma "roda", de maneira que ninguém ocupa um lugar de destaque. O educador aparece como um mediador no diálogo entre as pessoas, sendo essa conversa uma experiência didática centrada no suposto de que aprender é aprender a "dizer a sua palavra"[4].

Salienta-se que, juntamente aos assuntos trabalhados, pertinentes à Geografia Agrária, houve um enfoque para a ciência Agroecologia, no intuito de dialogar com os estudantes sobre o conhecimento, as práticas e a sua importância para a conservação e preservação da sociobiodiversidade. A descrição dos assuntos trabalhados em Geografia Agrária encontra-se destacada em cinco encontros, a saber:

Essa prática pedagógica, desenvolvida em geografia com a música "assim já ninguém chora mais", foi apresentada a partir de instalações artísticas pedagógicas, utilizadas pelos Núcleos de Estudos em Agroecologia (NEA). Tais instalações ocorrem através de abordagem lúdica, construída a partir de elementos visuais, aromas, sabores, teatro, música e poesia, os quais possibilitam o diálogo de saberes e percepções sobre experiências vivenciadas. Essa dinâmica ainda estimula ambientes de interação e interatividade, valorizando conteúdos produzidos coletivamente em diferentes momentos e rompem com a lógica exclusiva da oralidade[4].  Destaca-se que, cada turma possui 18 estudantes. Estas turmas foram divididas em quatro grupos, ficando cada grupo responsável pela percepção e interpretação de uma estrofe da música.

A letra da música "Assim já ninguém chora mais", de José Pinto, pode ser visualizada abaixo:

Sabemos que o capitalista
diz não ser preciso
ter Reforma Agrária
Seu projeto traz miséria
Milhões de sem terra
jogados na estrada
com medo de ir pra cidade
enfrentar favela
fome e desemprego
Saída nessa situação
é segurar as mãos
de outros companheiros.

Refrão
E assim já ninguém
chora mais
ninguém tira o pão
de ninguém
chão onde pisava o boi
é feijão e arroz,
capim já não convém.

Compadre junte ao Movimento
Convide a comadre
e a criançada
Porque a terra só pertence
a quem traz nas mãos
os calos da enxada
Se somos contra o latifúndio
da Mãe Natureza
Somos aliados
E viva a vitória no chão
Sem a concentração
dos latifundiários.

Seguimos ocupando terra
derrubando cercas
conquistando o chão
Que chore o latifundiário
pra sorrir os filhos
de quem colhe o pão
E a luta por Reforma Agrária
a gente até para
se tiver, enfim
coragem a burguesia agrária
de ensinar seus filhos a comer capim. (José Pinto)

Apresentação dos painéis artísticos interpretativos

Os painéis artísticos interpretativos, confeccionados pelos educandos, compuseram a instalação artística pedagógica e foram apresentados durante o VI Seminário de Meio Ambiente e a XIV Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Instituto Federal da Bahia (IFBA), no município de Eunápolis, Bahia. Durante as visitas abertas ao público da sala temática (FIGURA 1), os educandos, quando indagados, explicavam sobre a percepção e interpretação da música representada nos painéis artísticos interpretativos, com as imagens contextualizadas na geografia agrária (FIGURA 2).

FIGURA 1: Imagem da instalação artística pedagógica e dos painéis artísticos interpretativos, durante o VI Seminário de Meio Ambiente e XIV Semana de Ciência e Tecnologia no IFBA, 2018.
Figura 1
Fonte: Acervo Pessoal, 2018.
FIGURA 2: Exposição e apresentação dos painéis artísticos interpretativos, durante o VI Seminário de Meio Ambiente e XIV Semana de Ciência e Tecnologia no IFBA, 2018.
Figura 2
Fonte: Acervo Pessoal, 2018.

Na FIGURA 3 encontra-se o painel artístico interpretativo da primeira estrofe. Neste, os estudantes retrataram o agronegócio como a expressão do capitalismo, sendo simbolizado pela monocultura e uma grande porteira, o que demonstra segregação e poder (FIGURA 3).  Na mesma figura são observados os agricultores familiares deixando o campo e migrando para a cidade em busca de melhores condições de vida, deflagrando o êxodo rural pós-revolução verde. No entanto, estes agricultores enfrentam muitas mazelas sociais nos grandes centros urbanos, que podem ser visualizados no painel artístico interpretativo, representado através das moradias precárias (FIGURA 3).

Os estudantes representaram em seus painéis o êxodo rural que ocorreu no Brasil, oriundo da modernização da agricultura na década de 1950. Processo este que além das consequências ambientais e socioeconômicas, ampliou a miséria no campo e na cidade e desencadeou concentração de terras e renda. Essas disparidades propiciaram na década de oitenta, o surgimento de movimentos socioambientais, no que tange a luta pela reforma agrária, pelos direitos humanos, pela educação, pelo trabalho e pelo meio ambiente. Esse é o contexto retratado pela música de José Pinto, quando retrata "saída nessa situação é segurar as mãos de outros companheiros", ou seja, demonstra a união das pessoas em prol da luta por reforma agrária.

FIGURA 3: Painel artístico interpretativo da primeira estrofe da música.
Figura 3
Fonte: Acervo Pessoal, 2018.

Na FIGURA 4, que retrata o refrão da música, observou-se que os estudantes destacaram esperança ao colocarem no centro do painel artístico interpretativo um casal de agricultores familiares e do lado direito a diversidade de alimentos cultivados, representando a agrobiodiversidade como promotora da segurança e soberania alimentar dos povos. Do lado esquerdo do painel artístico interpretativo, verificou-se a presença do gado em pastagens. Ou seja, o refrão da música traz notoriedade à importância da luta pela posse da terra no Brasil (FIGURA 4). Uma reforma agrária amparada por políticas públicas e governamentais de desenvolvimento territorial, possibilitaria maior distribuição de renda e segurança alimentar às famílias, pois, dentre os princípios que regem o movimento dos trabalhadores rurais sem-terra estão a produção diversificada de alimentos saudáveis, isentos de agrotóxicos, e a conservação da sociobiodiversidade.

FIGURA 4: Painel artístico interpretativo representando o refrão da música.
Figura 4
Fonte: Acervo Pessoal, 2018.

A FIGURA 5 demonstra a percepção dos estudantes sobre a terceira estrofe, ao abordar uma imagem feminina, representando o planeta Terra e a mãe natureza retratada na música. Essa, por sua vez, encontra-se, sendo cuidada pelas mãos de um agricultor. No canto esquerdo, superior do painel, observa-se o símbolo do MST, movimento social de luta por uma reforma agrária popular, que consiste numa pauta mais ampla de reivindicações voltadas às condições dignas de vida dos camponeses(as), que, além da terra necessitam de acesso às políticas públicas de saúde, educação, habitação, créditos, lazer, cultura, dentre outras.

FIGURA 5: Painel artístico interpretativo representando a terceira estrofe da música.
Figura 5
Fonte: Acervo Pessoal, 2018.

Na FIGURA 6 observa-se o painel artístico interpretativo que aborda a quarta estrofe da música.  Neste painel, os estudantes demonstraram de maneira simples, que ainda é preciso continuar resistindo ao modelo hegemônico capitalista adotado pelo agronegócio no Brasil, ocupando terras improdutivas e produzindo alimentos saudáveis para a população brasileira.

Ainda há uma crítica ao agronegócio, nesse caso, em específico, possivelmente se trata da criação de gado. A letra da música evidencia que a luta por reforma agrária pode até acabar, caso a desigualdade social deixe de existir e o trabalhador possa adquirir suas terras e meios para produção de alimentos. Infelizmente a produção agrícola do agronegócio é voltada à produção de commodities, tais como eucalipto, cana, soja e milho, que são exportadas. No nosso território ficam: as externalidades, contaminação das águas superficiais e do lençol freático, intoxicações humanas por agrotóxicos, desmatamento, poluição, pobreza e outras mazelas sociais. Isso implica na continuidade da luta e nos anseios por políticas que valorizem os camponeses(as), a produção isenta de agrotóxicos, a sociobiodiversidade, a cultura camponesa, quilombola e indígena.

FIGURA 6: Painel artístico interpretativo referente a quarta estrofe da música.
Figura 6
Fonte: Acervo Pessoal, 2018.

Resultados e Discussão

Os principais resultados evidenciados com o método proposto e desenvolvido nos encontros, durante as aulas de geografia foram: maior participação dos estudantes, empolgação, entusiasmo, alegria, aproximação do aporte teórico à realidade local, especialmente da região do Extremo Sul da Bahia, manifestações artísticas, interação e comunicação constante, visão crítica sobre a política agrária brasileira. Acredita-se que as dinâmicas, práticas e métodos utilizados são determinantes ao processo de ensino aprendizagem. Essa possibilidade de exposição dos painéis possibilitou o diálogo acerca da questão agrária brasileira com a sociedade como um todo, principalmente com os demais estudantes e educadores de outros cursos do IFBa que participaram do referido evento.

Conclusão

Esta prática pedagógica, utilizada para trabalhar o contexto agrário no país, constitui-se em mais uma ferramenta e método pedagógico participativo, visto que, geralmente os livros didáticos abordam superficialmente a questão fundiária e agrária brasileira, outrora, evidencia e enaltece o agronegócio brasileiro. A música possibilitou contextualizar que o agronegócio, embora desponte como uma das frentes pioneiras para o setor econômico, por outro lado, ocasiona a concentração da terra, conflitos e mortes dos povos indígenas, tradicionais e camponeses, depredação maciça dos recursos naturais e florestais, somados ao uso intenso de agrotóxicos e outros intoxicantes que envenenam cotidianamente a população brasileira.

Contudo, ressalta-se que o trabalho com a música "Assim já ninguém chora mais", como: leitura de textos, aulas com vídeos e discussões em sala despertou nos grupos a percepção e a interpretação, tão importantes na Geografia, permitindo ao educando a obtenção de um olhar crítico e contextualizado sobre a realidade local, uma vez que imagens e/ou ações geram valorações frente aos diferentes contextos trabalhados e que trazem a realidade brasileira vivenciada por muitos indivíduos.

Nesse sentido, há inúmeras outras músicas populares que podem ser trabalhadas em diferentes áreas e temáticas da Geografia, tornando-se material pedagógico riquíssimo, e aliado à elaboração dos painéis artísticos interpretativos, uma vez que, o sujeito aguça o seu potencial lúdico, artístico, criativo, interpretativo, comunicativo e crítico, contribuindo diretamente com o processo de ensino aprendizagem dos estudantes.

Referências

  1. Pinto J. Música: Assim já ninguém chora mais. Disponível em: [Link]. Acesso em: 29/04/2018.
  2. Fuini LL, Santos JL, Damião CA, Oliveira P, Rios G. A música como instrumento para o ensino de geografia e seus conceitos fundamentais: pensando em propostas para o trabalho em sala de aula. Para Onde!?. jul./dez 2012; 6(2): 206-216.
  3. Muniz A. A música nas aulas de Geografia. Rev Ens Geog. Uberlândia. jan./jun.2012; 3(4): 80-94.
  4. Biazoti A, Almeida N, Tavares P. Caderno de Metodologias: inspirações e experimentações na construção do conhecimento agroecológico.
  5. Documentário: Armas germes e aço: saindo do Jardim do Éden. Disponível em: [Link]. Acesso em 03/04/2018.
  6. Documentário: Sistema Agrícola Quilombola do Vale do Ribeira. Disponível em: [Link]. Acesso em: 28/04/2018.
  7. Documentário: Movimiento Sin Tierra. Disponível em: [Link]. Acesso em: 04/04/2018.