Artigo de Pesquisa

Caracterização dendrológica de Cedrella fissilis Vell. (Meliaceae), na cidade de Uruçuca – BA

Dendrological characterization of Cedrella fissilis Vell. (Meliaceae), in the city of Uruçuca – BA

https://doi.org/10.32712/2446-4775.2022.841

Nascimento, Lucenilton Silva1, 2*.
1Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), Rua Rivadávia Corrêa, 825 – Centro, Santana do Livramento – CEP - 97573-553, RS, Brasil.
2Universidad de la República Uruguay (UDELAR), Iguá 4225, esquina Mataojo, Montevideo, 11400, Uruguay.
*Correspondência:
lucenilton_tiko@yahoo.com.br

Resumo

O cedro é uma espécie que se comporta como secundária inicial ou secundária tardia. Ocorre tanto na floresta primária, principalmente nas bordas da mata ou clareiras, como na floresta secundária. Esse trabalho teve como objetivo fazer a caracterização dendrológica da Cedrella fissilis Vell. (Meliaceae)(Cedro), no município de Uruçuca-BA. A matinha é uma Reserva Ecológica, situada no Instituto Federal, Campus Uruçuca - BA. Esta reserva conta com uma grande diversidade de espécies florestais, contribuindo assim com a preservação dos recursos hídricos, cobertura do solo e serviços ecossistêmicos. Foram feitas as medidas de CAP (Circunferência Altura do Peito), isto é, utilizou-se uma fita diamétrica para medir a circunferência a altura do peito (1,30 m) para, posteriormente, calcular o DAP (Diâmetro Altura do Peito), onde o valor CAP será dividido por Pi (3,14), obtendo assim o Diâmetro Altura do Peito. Árvore com aproximadamente 12 m de altura, apresentando CAP 0,47 m e DAP 0,15 m. ACedrella fissilis apresentou uma quantidade significante de serapilheira, raízes grossas e folhas. A copa é alta e em forma de corimbo, o que a torna muito típica.

Palavras-chave:
Floresta.
Espécie.
Preservação.
Ecossistema.
Diversidade.

Abstract

Cedar is a species that behaves as early secondary or late secondary. It occurs both in the primary forest, especially at the edges of the forest or clearings, as in the secondary forest. This work aimed to characterize the dendrological Cedrella fissilis Vell. (Meliaceae) (Cedro), in the municipality of Uruçuca-BA. Matinha is an Ecological Reserve, located in the Federal Institute, Uruçuca-BA Campus. This reserve has a great diversity of forest species, thus contributing to the preservation of water resources, soil cover and ecosystem services. Measurements of CAP (Chest Height Circumference) were made, that is, a diameter tape was used to measure the circumference of the chest height (1.30 m) to later calculate the DAP (Chest Height Diameter), where the CAP value will be divided by Pi (3.14), thus obtaining the Chest Height Diameter. Tree with approximately 12 m of height, presenting CAP 0.47 m and DAP 0.15 m. Cedrella fissilis showed a significant amount of litter, thick roots and leaves. The crown is high and shaped like a corimbo, which makes it very typical.

Keywords:
Forest.
Species.
Preservation.
Ecosystem.
Diversity.

Introdução

A Mata Atlântica é formada por um conjunto de formações florestais (Florestas: Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional Decidual e Ombrófila Aberta) e ecossistemas associados como as restingas, manguezais e campos de altitude, que se estendiam originalmente por, aproximadamente, 1.300.000 km², em 17 estados do território brasileiro. Hoje, os remanescentes de vegetação nativa estão reduzidos a cerca de 22% de sua cobertura original, e encontram-se em diferentes estágios de regeneração. Apenas cerca de 8,5% estão bem conservados em fragmentos acima de 100 hectares. Mesmo reduzida e muito fragmentada, estima-se que na Mata Atlântica existam cerca de 20.000 espécies vegetais (cerca de 35% das espécies existentes no Brasil), incluindo diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Cabe enfatizar que um importante instrumento para a conservação e recuperação ambiental na Mata Atlântica foi a aprovação da Lei 11.428, de 2006 e o Decreto 6.660/2008, que regulamentou a referida lei.

O cedro é uma espécie que se comporta como secundária inicial ou secundária tardia. Ocorre tanto na floresta primária, principalmente nas bordas da mata ou clareiras, como na floresta secundária, porém nunca em formações puras, possivelmente pelos ataques severos da broca-do-cedro e pela necessidade de luz para desenvolver-se, dependendo, portanto, da formação de clareiras. As principais regiões fitoecológicas de ocorrência são: Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica e Floresta Amazônica), Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Estacional Decidual.

O cedro é uma planta hermafrodita, porém, a fecundação é cruzada e o mecanismo que favorece a alogamia é o amadurecimento das flores femininas e masculinas em períodos distintos. A polinização é feita possivelmente por mariposas[1] e abelhas[2].

Segundo Carvalho[3], o cedro (Cedrela fissilis) é uma espécie rara, que se desenvolve no interior da floresta primária, regenerando-se principalmente em clareiras. É uma espécie considerada madeira de lei, de grande valor econômico, contudo, em crescente risco de extinção, o que causa, além de preocupações, a necessidade de se estabelecerem plantios e explorações racionais.

Os estudos morfológicos de frutos, sementes, plântulas e mudas são essenciais para o reconhecimento das espécies em campo, estudos de recuperação de áreas degradadas e catalogação de espécies, porque possibilita uma identificação imediata e segura no campo. A falta de pesquisas nesta área dificulta estudos relacionados à regeneração natural, atividades silviculturais e preservação de espécies que correm risco de extinção[4].

Uma das maiores dificuldades encontradas pelos estudiosos de plantas silvestres é a carência de informações relacionadas à identificação das espécies, uma vez que nem sempre se encontra material botânico identificado disponível[5]. Assim, este trabalho teve como objetivo fazer a caracterização dendrológica da Cedrella fissilis (Cedro), no município de Uruçuca - BA.

Material e Métodos

Descrição da área de estudo

Sobre o local visitado, O Campus Uruçuca originou-se da antiga Escola Média de Agropecuária Regional da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), a EMARC – Uruçuca, fundada em maio de 1965. Ao longo de sua história, essa unidade de ensino profissional desenvolveu diferentes projetos, desde a Estação Experimental, criada em 1923, sendo o primeiro centro de pesquisa de cacau do mundo, passando a Escola de capatazes e depois, em 1965, a Escola Média de Agropecuária Regional da Ceplac (EMARC), fortalecendo sua vocação para a formação de profissionais da região cacaueira Baiana.

A matinha é uma Reserva Ecológica, situada no Instituto Federal, Campus Uruçuca - BA. Esta reserva conta com uma grande diversidade de espécies florestais, contribuindo assim com a preservação dos recursos hídricos, cobertura do solo e serviços ecossistêmicos.

A descrição dendrológica da espécie arbórea Baseou-se em ida a campo para coleta de dados da espécie. Foram feitos as medidas de CAP (Circunferência Altura do Peito), (FIGURA 1). Isto é, utilizou-se uma fita diamétrica para medir a circunferência a altura do peito (1,30 m) para, posteriormente, calcular o DAP (Diâmetro Altura do Peito), onde o valor CAP foi dividido por Pi (3,14), obtendo assim o Diâmetro Altura do Peito.

Para caracterização da espécie foi identificado um indivíduo adulto (FIGURA 2 A e B), com características morfológicas apresentando bom estado de conservação. A árvore foi georreferenciada com as seguintes coordenadas: 14º 36' 6,515" S e 39º 16' 32,021" W.

FIGURA 1: Medição CAP em Cedrella fissilis.
Figura 1
FIGURA 2: A) Indivíduo adulto, com aproximadamente 12 metros.
Figura 2
FIGURA 2: B) Indivíduo adulto, com aproximadamente 12 metros.
Figura 3

Resultados e Discussão

Características Dendrológicas

Nome vulgar ou popular: acaiacá, cedrinho, cedro-amarelo, cedro-batata, cedro-branco, cedro-rosado, cedro-do-rio, cedro-cetim, cedro-rosa, cedro-roxo, cedro-verdadeiro, cedro-vermelho, cedro-da-bahia, cedro-da-várzea, entre outros.

Nome científico: Cedrella fissilis Vellozo.

Sinonímia botânica: Cedrella brasiliensis Adr. Jussieu; C. brunellioides Rusby; C. huberi Ducke; C. macrocarpa Ducke; C. regnelli C. de Candolle; C. tubiflora Bertoni.

Família: Meliaceae.

Local: Reserva ecológica (matinha) IFBAIANO, Campus Uruçuca.

Descrição dendrológica da espécie

Árvore com aproximadamente 12 m de altura, apresentando CAP 0,47 m e DAP 0,15 m. ACedrella fissilis apresentou uma quantidade significante de serapilheira, raízes grossas e folhas. A copa é alta e em forma de corimbo, o que a torna muito típica.

As folhas são compostas, medindo entre 25 a 45 cm, muito variáveis quanto à forma, com 8 a 30 pares de folíolos oblongo-lanceolados a oval-lanceolados[6].

As flores são brancas, com tons levemente esverdeados e ápice rosado; também são pequenas, agrupadas em tirsos axilares de 30 cm, na média, sendo que as masculinas são mais alongadas que as femininas.

Os frutos são cápsulas em forma de pera, deiscentes, sendo que parte dos carpelos permanece no eixo do fruto após a deiscência. Os frutos apresentam cinco valvas longitudinais (que se abrem por ocasião da deiscência), lenhosas, ásperas, de coloração marrom, com lenticelas claras e alojam de 30 a 100 sementes viáveis.

As sementes são aladas, de coloração bege a castanho-avermelhada e apresentam dimensões de até 35 mm de comprimento por 15 mm de largura. Da madeira do cedro extrai-se óleo essencial com perfume semelhante ao cedro-do-líbano. Verifica-se também a presença de substâncias tanantes na casca e no lenho.

O chá das cascas do cedro é utilizado, na medicina popular, como tônico fortificante, adstringente, febrífugo, no combate às disenterias e artrite.

Conclusão

A caracterização dendrológica do indivíduo serviu para demonstrar uma espécie de bastante utilização medicinal e ecológica, apresentando também uma planta bem nutrida através da ciclagem de nutrientes presentes na reserva ecológica.

Referências

1. Morellato LPC. Estudo da fenologia de árvores, arbustos e lianas de uma floresta semidecídua no sudeste do Brasil. Campinas. 1991. 176 f. Tese de Doutorado [Instituto de Biologia] - Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, SP, 1991. [https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UFSC_239f82bfb31be81573c38739ba8e0d54/Details].

2. Steinbach F, Longo AN.  Lista preliminar das espécies da flora apícola nativa da Fazenda Faxinal. Rev Inst Florestal. 1992; 4(1): 347-349. Anais do 2º Congresso Nacional sobre Essências Nativas, São Paulo. [https://smastr16.blob.core.windows.net/iflorestal/ifref/RIF4-2/RIF4-2_347-349.pdf].

3. Carvalho PER. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Brasília: Serviço de Produção de Informação: CNPF/Embrapa. 1994; 640p.

4. Barretto SSB, Ferreira RA. Aspectos morfológicos de frutos, sementes, plântulas e mudas de leguminosae mimosoideae: Anadenanthera colubrina (vellozo) brenan e Enterolobium contortisiliquum (vellozo) morong. Rev Bras Sem. 2011; 33: 223-232. [https://doi.org/10.1590/S0101-31222011000200004].

5. Amaro MS,Filho SM, Guimarães RM, Teófilo EM. Morfologia de frutos, sementes e de plântulas de Janaguba (Himatanthus drasticus (MART.) Plumel. (Apocynaceae). Rev Bras Sem. 2006; 28(1): 63-71. [https://doi.org/10.1590/S0101-31222006000100009].

6. Lorenzi H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum. 1992; 352p.