Artigo de Pesquisa
Perfil dos fitoterápicos dispensados em uma farmácia magistral do município de Jacutinga - MG
Profile of phytotherapics dispensed in a magistral pharmacy of the municipality of Jacutinga-MG
Resumo
As farmácias magistrais têm se destacado no segmento de produtos vegetais com os fitoterápicos. Teve-se como objetivo, neste estudo, verificar o perfil dos fitoterápicos aviados, e mais frequentemente dispensados, em uma Farmácia magistral de Jacutinga - MG. Realizou-se pesquisa quantitativa do tipo descritiva, documental, transversal, a partir da coleta de dados dos registros eletrônicos, no período de janeiro a dezembro de 2017. Foram observadas 479 ordens de manipulação, e prevalência de formulações para fitoterápicos simples. Dentre as formas farmacêuticas, a mais aviada foi a de cápsula gelatinosa e, em relação à dispensação, sendo 56% das formulações para fitoterápicos simples, mediante a prescrição, e para fitoterápicos compostos foi de 50%. Dentre os profissionais prescritores se destacaram médicos, nutricionistas, biomédicos e médicos veterinários. O fitoterápico simples que teve maior índice de saída foi o ginkgo, com 43,13% mediante prescrição,e a classe terapêutica mais frequente foi a do sistema vascular. Dos fitoterápicos compostos, a formulação de romã com polypodium, com 21,57% mediante prescrição, e a classe terapêutica mais frequente foi a dos antioxidantes. Esses dados são importantes para a reflexão ao desenvolvimento da fitoterapia, à prescrição e ao uso racional de fitoterápicos.
- Palavras-chave:
- Fitoterapia.
- Prescrições.
- Preparações farmacêuticas.
- Terapia alternativa.
Abstract
The magistral pharmacies have stood out in the segment of vegetal products with the phytotherapics. The objective of this study was to verify the profile of the phytotherapics, and more frequently dispensed, in a magistral pharmacy. It was performed a quantitative research of the descriptive, documentary, transversal type, from the data collection of the electronic records in a magistral pharmacy of Jacutinga - MG, from January to December 2017. It was observed 479 manipulation orders, and prevalence of formulations for simple phytotherapics. Among the pharmaceutical forms, the most aviated was gelatin capsules, and in relation to dispensation, 56% of formulations for simple phytotherapics were made by prescription and for compound phytotherapics it was 50%. Prescribing professionals included physicians, nutritionists, biomedics and veterinarians. The simple phytotherapic that had the highest exit rate was ginkgo, with 43.13% by prescription, and the most frequent therapeutic class was of the vascular system. Of the compound phytotherapics was the formulation of pomegranate with polypodium, with 21.57% by prescription, and the most frequent therapeutic class was of the antioxidants. These data are important for the reflection on the development of phytotherapy, for the prescription and rational use of phytotherapeutic.
- Keywords:
- Phytotherapy.
- Prescriptions.
- Pharmaceutical preparations.
- Alternative Therapy.
Introdução
A utilização de recursos provenientes da natureza, com a finalidade medicinal, é tão antiga quanto à civilização humana e, por muito tempo esses recursos foram fundamentais para a prevenção de doenças, promoção, proteção e recuperação da saúde[1]. A utilização de plantas visando a terapia caracteriza a fitoterapia, que etimologicamente, vem das palavras gregas phyton (plantas) e therapeia (tratamento)[2], e consiste na terapêutica que utiliza medicamentos cujos constituintes ativos são plantas ou derivados vegetais[1].
Atualmente, o uso de fitoterápicos vem sendo muito utilizado pela população, devido a diversos fatores, como os benefícios proporcionados a saúde da população, os avanços ocorridos na área cientifica[3], o alto custo dos medicamentos industrializados[4], a busca por terapias menos agressivas[5,6], o próprio modismo ou a tendência atual de utilização de produtos naturais, além da crença popular de que o natural não faz mal, bem como aos apelos da mídia, que aumentam a cada dia, para o consumo desses produtos[7]; e a grande utilização das tecnologias e dos meios de comunicação, fazendo exposição sobre estilo de vida, comportamentos e opiniões, mediante divulgação cautelosa de conteúdos disponíveis sobre fitoterápicos[8].
Os fitoterápicos são comercializados livremente e sem uma dada fiscalização, em feiras, mercados e lojas de produtos naturais[7], também podem ser manipulados em farmácias magistrais autorizadas pela Vigilância Sanitária[9], as quais têm se destacado neste segmento, devido a grande variedade de insumos farmacêuticos vegetais ativos, e também por preparar formulações de forma individual de acordo com as necessidades de cada cliente, por um preço mais acessível.
A manipulação de um fitoterápico pode ser magistral quando prescrita por um profissional habilitado, ou oficinal, seguida pelo Formulário Nacional de Fitoterápicos[10].
Quanto à prescrição, não existe uma lista que aponte espécies vegetais que sejam de venda sob prescrição médica, a restrição é definida de acordo com a indicação terapêutica dada ao medicamento fitoterápico. Os medicamentos fitoterápicos que possuam indicações terapêuticas descritas na RDC nº 138/2003 devem ser de venda isenta de prescrição médica. Qualquer outra indicação terapêutica tornará o medicamento fitoterápico de venda sob prescrição médica. Já os produtos tradicionais fitoterápicos são todos isentos de prescrição médica, considerando que são indicados para alegações terapêuticas de baixa gravidade[11].
Dessa forma, os fitoterápicos geralmente são de venda livre e não precisam de receita para ser comprados. Eles ficam dispostos nos balcões, ao alcance direto do consumidor, nas farmácias e drogarias, o que os tornam um alvo de fácil acesso, e resulta em automedicação, praticada sem critério, e no uso indiscriminado sem qualquer tipo de acompanhamento por profissional da saúde[12]. Fato este que está ligado à atuação dos profissionais farmacêuticos nas farmácias e com os preceitos básicos da ética e da atenção farmacêutica[13].
Diante desses apontamentos, tem-se como princípio a obtenção do conhecimento sobre o perfil dos fitoterápicos aviados e, mais frequentemente dispensados em Farmácia magistral, em correlação a sua categoria, como simples ou composto, sua forma de venda sob prescrição ou não, e a sua classe terapêutica.
Materiais e Métodos
O estudo foi realizado no município de Jacutinga - MG, por meio de coleta de dados em uma farmácia magistral. Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo descritiva, documental e transversal. Os dados foram coletados mediante registros eletrônicos (ordens de manipulação) da farmácia, envolvendo fitoterápicos simples e compostos dispensados, no período de Janeiro a Dezembro de 2017.
As ordens de manipulação foram separadas mensalmente e, posteriormente, separadas por incidência de fitoterápicos. Foram excluídos os registros que continham formulações que incluíam em sua composição substâncias ativas isoladas ou altamente purificadas e as associações dessas com outros extratos.
O presente estudo teve como variáveis de análise a frequência de fitoterápicos simples e compostos dispensados no período discriminado, a prevalência de fitoterápicos aviados com e sem prescrição profissional, identificação do prescritor e quantificação das formulações atendidas mediante a prescrição de medicamentos por profissionais da área da saúde, a forma farmacêutica e classe farmacológica.
Os dados foram tabulados e organizados com auxílio de tabelas e gráficos, utilizando-se o software Microsoft Office Excel. As tabelas e gráficos foram organizados e separados conforme os fitoterápicos aviados e sua incidência, organizados em ordem decrescente, demonstrando-se o quantitativo dos fitoterápicos.
Resultados e Discussão
No período destinado ao estudo observou-se que foi dispensado um total de 479 formulações contendo apenas fitoterápicos. Dentre essas, 79% das formulações foram elaboradas com o ativo proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, denominado fitoterápicos simples, e 21% das formulações elaboradas com associações de ativos provenientes de duas ou mais espécies vegetais, denominado fitoterápico composto. O mesmo observou-se em estudo realizado no Rio de Janeiro, em que a maioria dos fitoterápicos dispensados também era de formulações com apenas uma espécie vegetal[14], com maior aceitação entre os prescritores e usuários de fitoterápicos simples. Fato este, explicado em artigos científicos de referência encontrados, sobre estudos realizados com drogas vegetais individuais.
Essa prevalência também se deve a uma maior exigência para o registro daqueles fitoterápicos que contemplam duas ou mais drogas vegetais, sendo necessária pesquisa científica que mostre a eficiência e segurança da associação[15], e, ainda, pela baixa adesão dos prescritores a uma terapêutica alternativa e complementar que requer maiores estudos e esclarecimentos, visto que as maiores comprovações de efeitos favoráveis à saúde, até o momento, estejam ligadas a estudos experimentais, principalmente aos estudos com associações de ativos vegetais.
Das formas farmacêuticas manipuladas, foram observadas apenas as formas de cápsulas gelatinosas (98%) e sachês (2%), resultado que corrobora com um trabalho com fitoterápicos, em que houve a prevalência de cápsulas gelatinosas na manipulação de fórmulas magistrais[16].
Foi possível observar a relação existente entre os fitoterápicos dispensados pela farmácia magistral em atendimento a uma prescrição profissional e na automedicação (sem prescrição) (FIGURA 1). Para os fitoterápicos simples a frequência de dispensação, mediante prescrição de um profissional de saúde, foi de 56% e sem prescrição foi de 44% (FIGURA 1A). E para os fitoterápicos compostos a frequência de dispensação, mediante prescrição e sem prescrição, foi de 50% para ambos (FIGURA 1B).
O perfil predominante de dispensação foi de fitoterápicos simples mediante prescrição. Entretanto, uma porcentagem relevante de usuários faz uso deste produto sem a vigilância de um profissional capacitado. Essa observação corrobora com os dados obtidos por autores, em seu estudo sobre o perfil dos fitoterápicos dispensados em farmácias de Boa Esperança-PR, o qual demonstrou que muitas pessoas fazem automedicação, fato este relacionado com a crença de que produtos de origem natural não possuem efeitos colaterais[17]. No entanto, muitos estudos mostram que o uso de medicamentos fitoterápicos sem orientação de profissionais capacitados pode provocar reações inesperadas, demonstrando a importância da prescrição e orientação dos profissionais quanto à indicação terapêutica e interações medicamentosas.
Os profissionais que mais prescreveram fitoterápicos foram os médicos, de diferentes especialidades, seguido dos nutricionistas (FIGURA 2). Para os fitoterápicos simples (FIGURA 2A), pôde-se observar entre as classes de prescritores, a prevalência dos médicos (94%), entre as especialidades de clínico geral (83%), ginecologista (7%) e dermatologista (4%); seguidos dos nutricionistas (5%) e de médico veterinário (1%). Esses dados variam de acordo com a região, fato observado em outras pesquisas realizadas. De acordo com o estudo realizado em uma farmácia magistral de João Pessoa-PB, constatou-se que os profissionais da saúde que mais prescreveram foram os médicos, de especialidades variadas, com a prevalência de pediatra, clínico geral, dermatologista e ginecologista, seguido dos nutricionistas[18]. Em uma pesquisa realizada no Rio Grande do Sul, as cinco classes que mais apresentavam prescritores foram: clínico geral, cardiologista, psiquiatra, ginecologista e neurologista[19].
Para os fitoterápicos compostos (FIGURA 2B) a prevalência de prescritores foi de médicos (61%), entre as especialidades, dermatologista (53%) e ginecologista (4%); os nutricionistas (37%) e os biomédicos (2%). Cabe destacar que mais da metade das dispensações de fitoterápicos compostos foram prescritas por dermatologista, fato que pode estar relacionada à alta procura pela população por métodos alternativos em tratamento de dermatoses e tratamentos estéticos faciais. E, também, houve uma considerável frequência de dispensação mediante a prescrição por nutricionistas, onde os fitoterápicos têm sido amplamente usados, em condições clinicas, em casos de obesidade (emagrecedor) e moderador de apetite[20].
Há poucos anos atrás, apenas os médicos podiam prescrever os fitoterápicos, devido aos cuidados necessários para evitar erros qualitativos e quantitativos em relação aos ativos. Após a criação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) outros profissionais, como nutricionistas, médicos veterinários, biomédicos, farmacêuticos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e cirurgiões dentistas, desde que habilitados, passaram a poder prescrever fitoterápicos e plantas medicinais[21, 22].
No período analisado foi dispensado um total de 31 tipos de fitoterápicos simples e, conforme a demanda, foi possível traçar o perfil dos fitoterápicos dispensados com e sem prescrição (FIGURA 3), e por meio da quantificação, apontar os 5 primeiros fitoterápicos que tiveram o maior índice de saída mediante prescrição e sem prescrição.
Considerando apenas os fitoterápicos simples dispensados mediante prescrição (FIGURA 3), constatou-se que os fitoterápicos que tiveram o maior índice de saída foram: Ginkgo biloba (ginkgo) (43,13%), Glycine max (isoflavona de soja) (27,01%), Cimicifuga racemosa (cimicífuga) (8,06%), Vaccinium macrocarpon (cranberry) (5,69%) e Poliypodium leucotomos (polypodium) (3,79%). Um estudo realizado em Porto Alegre-RS demonstrou, dentre os produtos mais solicitados como fitoterápicos, com presença de receita médica, fitoterápicos a base de ginkgoe isoflavona de soja, corroborando os dados deste trabalho[23].
Considerando os fitoterápicos simples dispensados sem prescrição (FIGURA 3), observou-se que os que tiveram maior índice de saída foram: Morus nigra (amora preta) (13,25%), Bowdichia major (sucupira) (12,05%), Morus alba (amora branca) (10,84%), Rhamnus purshiana (cáscara-sagrada) (8,43%) e Solanum melongena (berinjela) (6,02%). Um estudo verificou que dentre os fitoterápicos mais procurados pela população, em Porto Alegre-RS, estão fitoterápicos a base de cáscara-sagrada e berinjela, corroborando os dados deste trabalho[23].
Analisando os fitoterápicos simples dispensados por classe terapêutica, foi possível observar que os mais procurados pela população foram os que atuam no sistema vascular (27%) e no sistema endócrino (26%) (FIGURA 4).
Fato este, que pode estar relacionado à grande comercialização de ginkgo para melhora da circulação cerebral, e do uso de fitoestrógenos como terapia alternativa na reposição hormonal.
As classes dispensadas com menor frequência foram os antilipêmicos, emagrecedores, depressores e estimulantes do sistema nervoso central. Esses resultados diferem dos resultados encontrados por outros autores, que constataram em seus estudos que a classe farmacêutica de fitoterápicos mais comercializada foram os depressores do sistema nervoso central[17,14].
De acordo com a demanda de fitoterápicos compostos aviados no período analisado foi possível elencar as formulações dispensadas dessa categoria de fitoterápicos (TABELA 1), e por meio da quantificação, pode ser observado um total de 38 formulações diferentes, contendo associações de dois ou mais fitoterápicos.
Formulação | Associação | Formulação | Associação |
F1 | Punica granatum + Polypodium leucotomos | F20 | Erythrina velutina +Passiflora alata +Valeriana officinalis |
F2 | Polypodium leucotomos + Pinus pinaster | F21 | Hibiscus sabdariffa + Camellia sinensis + Citrus aurantium |
F3 | Valeriana officinalis + Passiflora alata | F22 | Melissa officinalis + Passiflora alata + Erythrina velutina |
F4 | Opuntia fícus-indica + Citrus Sinensis | F23 | Melissa officinalis + Passiflora alata + Valeriana officinalis |
F5 | Polypodium leucotomos + Olea europaea fruit extract | F24 | Lepidium meyenii + Eurycoma Longifolia + Ajuga turkestanica |
F6 | Cimicifuga racemosa +Valeriana officinalis | F25 | Rhammus purshiana+Citrus aurantium +Cordia salicifolia + Cordia ecalyculata |
F7 | Tribullus terrestris + Lepidium meyenii | F26 | Phaseolus vulgaris + Citrus aurantium + Camellia sinensis + Solanum melongena |
F8 | Passiflora alata + Garcinia cambogia | F27 | Citrus aurantium + Rhammus purshiana + Baccharis trimera + Cordia ecalyculata |
F9 | Passiflora alata + Erythrina vellutina | F28 | Rhammus purshiana + Citrus aurantium + Phaseolus vulgaris + Hibiscus sabdariffa |
F10 | Garcinia cambogia + Valeriana officinalis | F29 | Valeriana officinalis +Passiflora alata + Erythrina vellutina + Melissa officinalis |
F11 | Melissa officinalis + Passiflora alata | F30 | Citrus aurantium + Camellia sinensis + Rhammus purshiana + Hibiscus sabdariffa |
F12 | Cassia angustifolia + Rhammus purshiana | F31 | Citrus aurantium+Cordia salicifolia+ Garcinia cambogia+Cordia ecalyculata |
F13 | Opuntia fícus-indica + Hibiscus sabdariffa | F32 | Garcinia cambogia + Phaseolus vulgaris + Rhammus purshiana + Citrus aurantium |
F14 | Polypodium leucotomos + Pinus pinaster + Olea europaea fruit extract | F33 | Phaseolus vulgaris + Rhammus purshiana + Cordia ecalyculata + Garcinia cambogia |
F15 | Paullinia cupana + Citrus aurantium + Camellia sinensis | F34 | Phaseolus vulgaris + Citrus aurantium + Cordia ecalyculata |
F16 | Paullinia cupana + Citrus aurantium + Ilex paraguariensis | F35 | Phaseolus vulgaris + Garcinia cambogia + Rhammus purshiana + Camellia sinensis |
F17 | Phaseolus vulgaris + Citrus aurantium + Hibiscus sabdariffa | F36 | Citrus aurantium + Camellia sinensis + Garcinia cambogia + Citrus Sinensis |
F18 | Tribullus terrestris + Phaseolus vulgaris + Citrus Sinensis | F37 | Valeriana officinalis + Passiflora alata + Erythrina velutina + Melissa officinalis + Ginkgo biloba |
F19 | Citrus aurantium + Citrus Sinensis + Garcinia cambogia | F38 | Hibiscus sabdariffa + Phaseolus vulgaris + Citrus aurantium + Rhammus purshiana + Garcinia cambogia |
Conforme a demanda de fitoterápicos compostos aviados foi possível traçar o perfil das formulações fitoterápicas dispensadas com prescrição e sem prescrição (FIGURA 5), e por meio da quantificação, apontar as 5 primeiras formulações que tiveram o maior índice de saída.
Considerando apenas os fitoterápicos compostos dispensados com prescrição (FIGURA 5), constatou-se que as formulações que tiveram o maior índice de saída foram: as formulações F1 (21,57%), F2 (19,61%), F14 (15,69%), F24 e F25 (ambas com 7,84%).
Considerando os fitoterápicos compostos dispensados sem prescrição (FIGURA 5), verificou-se que as formulações que tiveram maior índice de saída foram: F3 (13,73%), F4 (9,80%), F26 (7,84%) e F37 (7,84%).
Conforme a demanda de formulações de fitoterápicos compostos aviados, foi possível traçar um perfil de classes terapêuticas (FIGURA 6), e as classes terapêuticas mais frequentes dispensadas foram os antioxidantes (33%) e as que auxiliam o emagrecimento (36%).
Fato este, que pode estar relacionado com a procura, pela população, por tratamentos para melhora da estética, como a qualidade da pele, pois os antioxidantes podem atuar como um complemento na fotoproteção, potencializando a ação de filtros solares e impedindo a ação dos radicais livres[24], ou no auxilio para o emagrecimento, visto que esses produtos não necessitam de prescrição médica, e pelo fato de a ANVISA ter proibido a comercialização de algumas substâncias anorexígenas.
Conclusão
Dos fitoterápicos dispensados durante o estudo, verificou-se a prevalência para fitoterápicos simples e, em relação à forma farmacêutica, houve a prevalência de cápsulas gelatinosas. A frequência de dispensação mediante prescrição de um profissional capacitado foi apenas de pouco mais da metade para formulações simples e metade para compostos. Entre os profissionais da saúde que prescreveram fitoterápicos simples, houve a prevalência médico clínico geral e para compostos a especialidade que se destacou foi a de dermatologista.
Concluiu-se que os fitoterápicos simples, mais frequentemente dispensados mediante prescrição, estão os a base de Ginkgo, isoflavona de soja, Cimicifuga, Cranberry e Polypodium. Considerando os dispensados sem prescrição médica estão: amora preta, sucupira, amora branca, cáscara-sagrada e berinjela. Analisando os fitoterápicos simples pelas classes terapêuticas, sobressaíram as formulações com ativos que atuam no sistema vascular e no sistema endócrino.
Entre as formulações compostas, as mais dispensadas com prescrição foram as com ação antioxidante e as que auxiliam no emagrecimento; e sem prescrição foram as com ação ansiolítica e também emagrecedora. De forma geral, as classes terapêuticas mais dispensadas, de formulações compostas, foram os antioxidantes e as auxiliares no emagrecimento.
Há a necessidade dos profissionais da saúde em se adequarem e se interessarem mais pela prescrição fitoterápica, já que muitos estão amparados pela legislação quanto à orientação, prescrição e utilização desse tipo de terapia alternativa e complementar, para que haja um aumento no número de prescritores em quantidade e qualidade, a fim de promover o uso racional de fitoterápicos, como um medicamento, simples e acessível, que pode contribuir para a saúde e bem estar da população se usado corretamente.
Referências
1. Rodrigues AG, Amaral ACF. Aspectos sobre o desenvolvimento da fitoterapia. In: Ministério da saúde. Práticas integrativas e complementares, n 31. Plantas medicinais e fitoterapia na atenção básica. Brasília, 2012. p13-17. ISBN:978-85-334-1912-4 [Link].
2. Bettega PVC, Czlusniak GR, Piva R, Namba EL, Ribas CR, Grégio AMT et al. Fitoterapia: dos canteiros ao balcão da farmácia. Fitote Mov. 2011; 7(1): 89-97. ISSN 2236-8035. [Link].
3. Yunes RA, Pedrosa RC, Filho VC. Fármacos e fitoterápicos: A necessidade do desenvolvimento da indústria de fitoterápicos no Brasil. Quim Nova. 2001; 24(1): 147-152. ISSN 0100-4042. [CrossRef].
4. Simões CMO, Mentz LA, Schenkel EP, Irgang BE, Stehmann JR. Plantas da medicina popular do Rio Grande do Sul. 5ª ed. v.1. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998. ISBN 9788570251275.
5. Matsuda AH. Fitoterápicos: complementos nutricionais ou medicamentos? In: Torres EAFS, organizador. Alimentos do milênio: a importância dos transgênicos, funcionais e fitoterápicos para a saúde. São Paulo: Signus. 2002; p31-41. ISBN-10: 8587803123.
6. Tomazzoni MI, Negrelle RRB, Centa ML. Fitoterapia popular: A busca instrumental enquanto prática terapêutica. Rev Texto Cont-Enferm. 2006; 15(1): 115-121. ISSN 1980-265X. [CrossRef].
7. Veiga Jr VF, Pinto AC, Maciel MAM. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova. 2005; 28(3): 519-528. ISSN 1678-7064. [CrossRef].
8. Silva CRM, Tessarolo FM. Influenciadores digitais e as redes sociais enquanto plataformas de mídia. In: Congresso Brasileiro de Ciências da comunicação, 39. 5-9 set 2016; São Paulo. Intercom. 2016. p.1-14. [Link].
9. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais. 2018. [Acesso em: 25 mai. 2018]; Disponível em: [Link].
10. BRASIL. Ministério da Saúde. Práticas integrativas e complementares. Plantas medicinais e fitoterapia na atenção básica. N 31. Brasília, DF, 2012. ISBN978-85-334-1912-4 [Link].
11. Brasil. Agência Nacional de Vigilância sanitária - ANVISA. Consolidado de Normas da COFID. Versão V. Brasília, jan. 2015. [Link].
12. Alexandre RF, Garcia FN, Simões CMO. Fitoterapia baseada em evidências. Parte 1. Medicamentos fitoterápicos elaborados com ginkgo, hipérico, kava e valeriana. Acta Farm Bonaer. 2005; 24(2): 300-309. ISSN 0326-2383. [Link].
13. Silva NCS, Vitor AM, Bessa HH da S, Barros RMS. A utilização de plantas medicinais e fitoterápicos em prol da saúde. Única Cad Acad. 2017; 3(3): 51-55. [Link].
14. Martinazzo AP, Filho LCC, Rosa DA, Teodoro CES, Tomazelli KK. Perfil de utilização de fitoterápicos nos municípios de Volta Redonda e Barra Mansa/RJ. Rev Fitos. 2013; 8(2): 73-160. [CrossRef].
15. Ribeiro AQ, Leite JPV, Dantas-Barros AM. Perfil de utilização de fitoterápicos em farmácias comunitárias de Belo Horizonte sob a influência da legislação nacional. Rev Bras Farmacog. 2005; 15(1): 65-70. ISSN 0102-695X. [CrossRef].
16. Vieira SCH, Sólon S, Vieira M do C, Zárate NAH. Levantamento de fitoterápicos manipulados em farmácias magistrais de Dourados-MS. Rev Bras Farmacog. 2010; 20(1): 28-34. ISSN 0102-695X. [CrossRef].
17. Valeze FH, Brenzan MA. Perfil de utilização de medicamentos fitoterápicos pela população do município de Boa Esperança-PR. Rev Saúde Biol. 2011; 6(1): 17-24. ISSN 1980-0002. [Link].
18. Damasceno LM. Perfil dos medicamentos fitoterápicos mais comercializados em farmácia magistral do município de João Pessoa-PB. 67f. João Pessoa - PB; 2013. Monografia [Graduação em Farmácia] Universidade Federal da Paraíba. [Link].
19. Silva ERB, Bandeira VAC, Oliveira KR. Avaliação das prescrições dispensadas em uma farmácia comunitária no município de São Luiz Gonzaga - RS. Rev Ciên Farm Bás Aplic. 2012; 12(2): 275-281. ISSN: 1808-4532. [Link].
20. Siqueira ABL, Martins RD. Prescrição fitoterápica por nutricionistas: percepção e adequação à prática. Vittalle - Rev Ciên Saúde. 2018; 30(1): 72-83. ISSN: 2177-7853. [Link].
21. Pinto JDM, Nascimento WMC, Oliveira MAS. Perfil das prescrições de fitoterápicos atendidas no Centro de Saúde da Família "Cleide Cavalcante", Sobral - CE, Brasil. Infarma Ciên Farm. 2015; 27(3): 176-182. ISSN: 2318-9312. [CrossRef].
22.Carvalho MR. Prescrição de fitoterápicos. Portal Educação. [acesso em: 15 nov. 2018]. Disponível em: [Link].
23. Heckler APM, Dall'agnol RSA, Heineck I, Rates SMK. Estudo exploratório sobre a dispensação de fitoterápicos e plantas medicinais em Porto Alegre-RS. Acta Farm. Bonaerense. 2005; 24(2): 277-283. ISSN: 0326-2383. [Link].
24. Leite GP. Administração oral de fitoterápicos na fotoproteção e prevenção do fotoenvelhecimento. 26 f. Florianópolis; 2015. Monografia (Especialista em fitoterapia) – AVM Faculdade integrada.