Wed, 21 Sep 2022 in Revista Fitos
Efeitos do consumo de chá verde ou extrato de chá verde comoemagrecedor: revisão da literatura
Resumo
O uso de espécies vegetais com a finalidade de auxiliar na perda de peso vemsendo amplamente disseminado, por ser considerada uma terapêutica de fácilacesso, menor custo e menor incidência de efeitos colaterais graves. Nestecenário, o chá de Camellia sinensis (L.) Kuntze (Theaceae),popularmente chamado chá verde, tem se destacado no cenário mundial comoemagrecedor. O presente trabalho objetivou realizar uma revisão da literaturaacerca da utilização de chá verde ou extrato de chá verde como emagrecedor, pormeio da busca nos bancos de dados PubMed (NCBI), BibliotecaVirtual em Saúde (BVS), Scientific Eletronic Library Online(SciELO), além dos portais oficiais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária(ANVISA) e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Foram identificados diversosensaios clínicos que apresentaram resultados positivos para a perda de pesoinduzida pelo chá verde, principalmente quando associado a hábitos saudáveis.Porém, a literatura ainda diverge quanto à concentração efetiva de bioativospara promoção do efeito antiobesidade dessa espécie vegetal. Desta forma, emboraa perda de peso tenha sido observada em parte dos estudos analisados, ainda sefaz necessária a realização de mais ensaios clínicos para comprovar a eficiênciado chá verde ou extrato de chá verde como emagrecedor.
Main Text
Introdução
Atualmente, a obesidade é considerada um dos maiores problemas de saúde pública nomundo e a sua incidência tem aumentado a um ritmo alarmante. A mesma consiste em umadoença multifatorial, que atinge pessoas de todas as faixas etárias e classeseconômicas, caracterizada pelo aumento de peso e o acúmulo excessivo ou anormal degordura corporal[1].
A prevenção e o tratamento da obesidade abrangem a adoção de hábitos de vidasaudáveis, atividade física regular e alimentação equilibrada. Além da utilização demedicamentos supressores do apetite e cirurgias bariátricas, os quais estão entre osrecursos terapêuticos cada vez mais usados pela população em todo o mundo.Alternativamente, diferentes plantas medicinais têm sido analisadas e utilizadas como objetivo de promover a diminuição de peso, especialmente àquelas com açãoinibidora de lipases, termogênica, ou que reduzem o apetite[2].
Entre os fatores que tornam os medicamentos fitoterápicos cada vez mais consumidosestão o baixo custo e os poucos efeitos colaterais. Com isso, diversas são as opçõesdisponíveis no mercado para o tratamento da obesidade, porém poucas realmenteapresentam evidências consistentes de segurança e eficácia[3].
Dentre as diversas opções podemos citar o chá verde, que é obtido por meio das folhasfrescas da erva Camellia sinensis L. Essa erva se destaca pela altaquantidade de flavonoides em sua composição molecular, conhecidos como catequinas,em especial a epigallocatequina galato (EGCG), as quais apresentam a capacidade depromover uma redução do peso corporal e da gordura visceral e total, auxiliando naprevenção e tratamento da obesidade. Além disso, nas folhas frescas também éencontrada a cafeína, a qual tem se destacado em demonstrar que a combinação doscomponentes do chá verde com a cafeína aumenta a termogênese e a oxidação lipídica,promovendo gasto energético[4].
Em virtude das consequências que a obesidade pode provocar, estudos que busquemalternativas para o tratamento desta doença fazem-se necessários. Em especial,aqueles que tratam de plantas medicinais e fitoterápicos, uma vez que são soluçõesviáveis e de fácil acesso para toda a população. É necessário, portanto, arealização de pesquisas que avaliem a eficácia e segurança destes recursos. Destaforma, o presente artigo objetivou realizar uma revisão integrativa da literaturaacerca dos efeitos do consumo de chá verde ou extrato de chá verde comoemagrecedor.
Obesidade e sobrepeso
A obesidade é definida como um distúrbio nutricional e metabólico, que tem asmanifestações clínicas de hipertrofia de células de gordura ehiperplasia[5].Diferentes parâmetros podem ser utilizados para mensurar a obesidade, sendo oÍndice de Massa Corporal (IMC) o principal indicador na avaliação do estadonutricional em indivíduos acima de 18 anos. Desta forma, convenciona-se chamarde sobrepeso o IMC de 25 a 29,9 kg/m2 e obesidade o IMC maior ouigual a 30 kg/m2[6]
Esses distúrbios têm sido associados a um maior consumo de alimentos com altadensidade calórica, ricos em gordura saturada e açúcar, somada à diminuição doconsumo de carboidratos complexos, fibras e da não realização de atividadefísica[7].
No Brasil, segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção paraDoenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) de 2019, a frequência deadultos obesos foi de 20,3%, sendo semelhante entre homens e mulheres. Comparadoao ano anterior, houve um aumento na frequência de adultos obesos de0,5%[8].
Essas comorbidades constituem grandes desafios a serem enfrentados pelosprofissionais de saúde, gestores e formuladores de políticas públicas,considerando que, atualmente, uma parcela relevante da população se encontranessa condição. Além de comprometer a qualidade de vida dos indivíduos, essascomorbidades estão associadas às doenças crônicas não transmissíveis, tais comodiabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer, ressaltando aimportância de condutas a serem abordadas para o tratamento destapatologia[9].
Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da SíndromeMetabólica[10], otratamento da obesidade baseia-se nas intervenções para modificação do estilo devida, na orientação dietoterápica, no aumento da atividade física e em mudançascomportamentais. No entanto, sabe-se que o percentual de pacientes que não obtêmresultados satisfatórios com medidas conservadoras é alto.
Intervenções farmacológicas ou cirúrgicas (pacientes com IMC acima de 40kg/m2, ou de 35 kg/m2 com existência de comorbidades)podem então ser consideradas quando as medidas comportamentais não foram osuficiente para promover a perda de peso necessária no indivíduo[11]. Vale ressaltar que para autilização de medicamentos na terapêutica da obesidade, há a necessidade de umaanálise criteriosa da segurança e o seu uso deve se dar sob a orientação médicaconstante. Com isso, em razão dos efeitos adversos que podem vir a ocorrer e daspoucas opções medicamentosas disponíveis, a fitoterapia tem se destacado comomais uma alternativa para o tratamento da obesidade[12].
Plantas medicinais
A ANVISA define plantas medicinais como espécie vegetal, cultivada ou não,utilizada com propósitos terapêuticos[13]. Para o crescimento e desenvolvimento dos vegetais emgeral, é necessário que haja a produção de diversos compostos essenciais para avida dos mesmos. Tais compostos são denominados de metabólitos primários(proteínas, vitaminas, carboidratos, aminoácidos, lipídios e ácidos nucleicos) esão provenientes das vias fotossintéticas e respiratórias[14]. Embora estes metabólitosestejam diretamente vinculados ao desenvolvimento das plantas, não são objeto deinteresse farmacológico[15].Já as substâncias de origem vegetal que apresentam atividade farmacológica deinteresse concentram-se no grupo dos metabólitos secundários ouespeciais[16].
A interação do vegetal com os fatores externos é determinante para sua composiçãoquímica. Neste sentido, ocorre a produção de metabólitos secundários, que dãoorigem a uma variedade de classes de substâncias chamadas de gruposfitoquímicos, os quais são representados principalmente por flavonoides,taninos, cumarinas, antracênicos, cardiotônicos, alcaloides, saponinas e óleosessenciais[17].
Os metabólitos secundários, por representarem uma interface química entre asplantas e o ambiente circundante, têm sua síntese frequentemente afetada porcondições ambientais. Dessa forma os fatores que influenciam o conteúdo demetabólitos secundários incluem sazonalidade, ritmo circadiano, temperatura,idade, desenvolvimento da planta, disponibilidade hídrica, radiaçãoultravioleta, nutrientes disponíveis, altitude, poluição atmosférica, induçãopor estímulos mecânicos ou ataque de patógenos[18].
Chá verde (Camellia sinensis L.)
O chá verde é preparado a partir das folhas da C. sinensis L.,um arbusto originário da China pertencente à família Theaceae[19]. Assim como outros produtosnaturais, as folhas desta planta contêm uma variedade de constituintesfitoquímicos que variam em concentração pela época da colheita, idade da planta,clima, meio ambiente e condições de processamento. A partir deste último fator,é possível obter diferentes tipos de chás, o chá oolong e o chá preto, porexemplo, são produzidos a partir das folhas da C. sinensisparcial ou completamente fermentadas, respectivamente[20]. Enquanto que, o chá verde é um chá nãofermentado, produzido a partir da inativação da enzima polifenol oxidase pelaação de altas temperaturas, o que mantem preservado o teor de polifenóispresente nas folhas secas, tornando este chá o mais rico emcatequinas[21].
Os principais constituintes bioativos do chá verde incluem cafeína e polifenóis.Esses polifenóis representam 20-30% do peso seco da folha fresca, sendo ascatequinas o tipo mais presente[22]. As principais catequinas encontradas sãoepigalocatequina-3-galato (EGCG), epicatequina-3-galato (ECG), epigalocatequina(EGC) e epicatequina (EC). Sendo a epigalocatequina-3-galato a catequina maisabundante no chá verde, responsável por 50-80% do conteúdo de catequina, que setraduz em 200-300 mg/xícara de chá[23].
O chá verde, amplamente utilizado pela população para perda de peso,possivelmente estimula o sistema nervoso simpático, principalmente na modulaçãoda noradrenalina, levando a um aumento do consumo de energia e desencadeamentoda oxidação da gordura. Mecanismos alternativos podem incluir ainda regulaçãonegativa de enzimas lipogênicas, responsáveis pelo metabolismo lipídicohepático, redução na absorção de nutrientes e supressão do apetite, e também, aregulação positiva de enzimas envolvidas na beta-oxidação no tecido adiposo efígado. Além disso, estudos sugerem que as catequinas do chá verde inibem tantoa diferenciação quanto a proliferação de adipócitos, contribuindo para reduçãoda massa adiposa[22-24].
Material e Método
O presente trabalho configura-se como uma revisão integrativa da literatura visandoavaliar os efeitos do consumo de chá verde ou extrato de chá verde como emagrecedor.Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico com foco em avaliar aspropriedades emagrecedoras do chá verde (FIGURA1). Foram utilizados os bancos de dadosPubMed (NCBI), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),Scientific Eletronic Library Online (SciELO), além desites como a ANVISA e OMS, seguindo as seguintes estratégias debusca: Camellia sinensis OR chá verde OR extrato de chá verde ANDperda de peso OR emagrecimento.
Foram utilizados como fontes de pesquisa artigos com relevância sobre o assuntoabordado, dentro do período de publicação de 2005 a 2020 e escritos nos idiomasespanhol, inglês ou português. Para a revisão do efeito do chá verde na perda depeso, foram incluídos ensaios clínicos randomizados, com número de participantes porgrupo superior a cinco indivíduos, maiores de 16 anos e o uso do chá verde ouextrato de chá verde em pelo menos um de seus grupos. Como critério de exclusão,foram considerados: conteúdos não relacionados ao tema, fora do período mencionado,em idiomas diferentes dos citados e estudos que utilizaram modelos animais,combinação de espécies vegetais ou a participação de pessoas com problemas graves desaúde (exceto sobrepeso e obesidade).
Resultados e Discussão
Nas décadas de 80 e 90, inúmeras estratégias, farmacológicas ou não, foramdesenvolvidas a fim de alcançar redução do peso corporal em longo prazo. Dentre asabordagens não farmacológicas, destacam-se a mudança no comportamento alimentar e oaumento no gasto de energia, principalmente através de atividade física[25]. Aliada a estas abordagens, temcrescido a busca por plantas medicinais e fitoterápicos, o que leve ao aumento donúmero de profissionais de saúde interessados no seu estudo e na sua prática.
Embora o chá verde contenha uma série de compostos, os supostos efeitos antiobesidadeforam mais comumente atribuídos à fração polifenólica do chá verde, especificamenteas catequinas[20]. Além disso, oteor de cafeína presente no chá também tem sido relacionado com o gasto de energia,por meio do efeito termogênico apresentado por este alcaloide[26].
A seguir são apresentados os 10 estudos selecionados que descrevem ensaios clínicossobre o uso da C. sinensis no tratamento de sobrepeso e obesidade(TABELA 1).
Como apresentado na TABELA 1,diversos autores associaram o uso da C. sinensis com dietashipocalóricas. O estudo de Di Pierro et al.[27] avaliou 100 indivíduos obesosdurante 90 dias, e foi percebido que 300 mg diárias de um extrato comercial de cháverde (GreenSelect® Phytosome) promoveu uma perda de peso 3 vezes maiordo que a dieta hipocalórica isolada. Em contrapartida, no estudo de Mielgo-Ayusoet al.[28] noqual foram avaliadas 83 mulheres obesas, observou-se que 100 mg de EGCG (extratocomercial Teavigo® descafeinado) três vezes ao dia durante 12 semanas,não influenciaram as mudanças induzidas por dieta restrita em energia na composiçãocorporal. Tal resultado também foi encontrado em outro estudo de Diepvens etal.[29] realizado com48 mulheres com sobrepeso, usuárias moderadas de cafeína (200-400 mg/dia), durante87 dias, com suplementação de 310 mg de chá verde (contendo 26,3 mg de cafeína e66,2 mg de EGCG) 3 vezes ao dia.
A divergência observada entre esses resultados pode ser justificada pelo fato de oextrato GreenSelect® Phytosome ser um produto complexado comfosfolipídios, o que leva à formação de complexos estáveis chamados de fitossomas,resultando em uma maior biodisponibilidade da fração polifenólica após administraçãooral, melhorando, assim, o efeito antiobesidade promovido pelas catequinas do cháverde[27].
Em um estudo de Auvichayapat et al.[30], realizado com 60 tailandeses, obesos esedentários, foi observado que 250 mg de extrato de chá verde 3 vezes ao dia (100mg/dia de EGCG) com dieta regular, proporcionou uma perda de 4,4 kg na 8ª semana doestudo, porém, ao final das 12 semanas houve um aumento no peso equivalente a 2,3kg. Foi constatado aumento significativo no gasto de energia no grupo do chá verdena 8ª semana, com ambos os grupos (tratamento e placebo) mantendo ingestão calóricainferior a 8373,6 kJ por dia, enquanto que na 12ª semana, ambos os grupos tiveramingestão calórica superior à anterior. Portanto, a redução de peso que ocorreu desdea inscrição até a 8ª semana do estudo pode ter sido causada pelo efeito do chá verdee controle da dieta. A evidência que apoia esta conclusão é a tendência de rebote empeso corporal no grupo chá verde durante as 8-12 semanas, quando a ingestãoalimentar aumentou em ambos os grupos.
Outro estudo, de Cardoso et al.[31], por sua vez, investigou os efeitos do chá verde em 36mulheres brasileiras, sedentárias, com sobrepeso ou obesidade, sendo que para isso,foi realizada uma adaptação metabólica de 4 semanas antes do início do estudo, emque as voluntárias ingeriram 1200 kcal/dia com base em hábitos alimentaresindividuais, o que possibilitou minimizar as interferências das diversidadesmetabólicas e assegurar que a perda de peso que ocorreria após esse período seria emdecorrência do consumo do chá verde. Com isso, foi verificado que o grupo queingeriu 10 g de chá verde diluído em 200 mL de água gelada 2 vezes ao dia, ao finalde 8 semanas de estudo com manutenção de dieta básica habitual, apresentou umadiferença de perda de peso de 5,4 kg em relação ao grupo placebo. Enquanto isso, ogrupo que recebeu chá verde associado ao treinamento de resistência demonstrou quejuntas, essas duas medidas promoveram uma diminuição expressiva na circunferência dacintura, na porcentagem de gordura e nos níveis de triglicerídeos, embora tenhaprovocado menor perda de peso corporal quando comparado ao chá verde isolado, devidoao aumento significativo na massa corporal magra e diminuição significativa nagordura corporal.
Estudo realizado na China, por Chen et al.[32], com 77 mulheres obesas por 12semanas, concluiu que o grupo tratamento tratado com extrato de chá verde com altadose de EGCG - 856,8 mg/dia, orientados a manter dieta habitual, apresentou umamédia de redução de peso inferior ao grupo placebo, mas o desvio padrão em ambos osgrupos foi alto, sendo que o percentual de redução no grupo placebo apresentou maiordesvio padrão, mas, em média, a porcentagem de redução é menor no grupo placebo emcomparação ao grupo EGCG. Além disso, os autores também discorreram que, a celulosemicrocristalina pura utilizada como placebo pelo estudo, em doses aumentadas (1500mg/dia) e tempo prolongado, possa apresentar benefícios positivos na redução depeso, sendo uma possível razão para a falta de diferenças estatísticas nas medidasantropométricas entre os grupos. Com isso, tal estudo não apresenta confiabilidadeao comparar os resultados entre os grupos tratamento e placebo, já que, nestesegundo grupo foi utilizada uma substância que pode proporcionar ação emagrecedora,assim como o chá verde, impossibilitando-a de ser utilizada como placebo,necessitando, portanto, uma análise mais rigorosa do trabalho em questão.
Por outro lado, um estudo de Janssens et al.[33], realizado em uma amostra de 60indivíduos caucasianos constatou que extrato de chá verde (540 mg/dia de EGCG) por12 semanas com dieta habitual, não foi capaz de promover perda de peso. Os autoresrelataram que o gasto de energia induzido por catequinas a longo prazo, nãoapresentou alteração, assim como o efeito na oxidação de gordura, enquanto estudosanteriores mostraram um aumento imediato, a curto prazo, no gasto de energia e naoxidação de gordura, implicando que os efeitos do chá verde sob esses parâmetrospossam ser agudos. Equivalentemente, um estudo realizado em Taiwan, China por Hsuet al.[34],com 78 mulheres obesas, durante 12 semanas sem controle de dieta, com dose diária deEGCG superior a 370 mg, também não apresentaram redução de peso comparado ao grupoplacebo, embora tenha havido reduções nos níveis de colesterol LDL e triglicerídeose aumento acentuado no nível de colesterol HDL após 12 semanas de tratamento comextrato de chá verde, concluindo que a dieta possa exercer forte influência na perdade peso corporal.
Seguindo a mesma linha de associação entre o emprego do chá verde e medidas nãofarmacológicas, um estudo multicêntrico de Maki et al.[35] realizado nos estados americanosIndiana e Flórida, avaliou os resultados de 107 indivíduos saudáveis, sedentários,após 12 semanas com dieta regular e exercício de intensidade moderada (≥ 180min/semana), observando que a ingestão de 500 mL de bebida contendo 625 mg decatequinas do chá verde levou a uma maior perda de peso 1,2 kg, quando comparado combebida controle. Além disso, o estudo concluiu que o chá verde promoveu maior perdade gordura abdominal.
Resultado semelhante foi encontrado pelo estudo de Narotzki etal.[36], que aoavaliar 22 indivíduos idosos saudáveis, por 12 semanas com manutenção de dietahabitual e caminhada moderada ou intensa (180 min/semana), concluiu que o grupotratamento, que ingeria 1,5 g de chá verde diluídos em 240 mL de água fervente 3vezes ao dia, mais vitamina E 400 UI 1 vez ao dia, promoveu uma perda de peso de 1,7kg a mais do que o grupo placebo, que ingeria vitamina E 400 UI. Em contraponto,somente no grupo que recebeu extrato de chá verde houve redução da circunferênciacorporal. A indução da redução da gordura abdominal pelo uso de chá verde, conformeobservado nos dois estudos anteriores[35-36], deve ser alvode estudo, uma vez que o excesso de adiposidade abdominal é um importante fator derisco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Como foi observado, os autores citados nesta revisão obtiveram resultados variadospara a perda de peso após o uso da C. sinensis. As doses utilizadaspor estes estudos também variaram bastante, não apresentando resultados uniformes deredução de peso mesmo para doses semelhantes, isto porque muitos dos estudosempregaram medidas não farmacológicas associadas ao uso do chá verde, diferindoentre os métodos aplicados, já que foram utilizados diferentes níveis de restriçõescalóricas, podendo influenciar nas discrepâncias de resultados encontrados entre osestudos.
Outro fator que também possa ter influenciado na discrepância entre os resultados é avariabilidade no processo de produção dos chás ou extratos, uma vez que até mesmo oprocesso de colheita pode influenciar na concentração de componentes bioativospresente na planta.
O tamanho da amostra também pode configurar outro fator interferente, pois algunsestudos foram realizados a partir de um número pequeno de participantes, apontandopara um menor grau de confiança e precisão dos resultados. Além disso, umameta-análise[37] sugeriuque a ingestão habitual de cafeína e a etnia da população estudada (asiáticos xcaucasianos) podem influenciar no efeito antiobesidade do chá verde, pois asdiferenças nas frequências alélicas de polimorfismos entre as etnias podeproporcionar a certos indivíduos maior sensibilidade à cafeína que, combinado aobaixo consumo frequente da substância, pode gerar baixa tolerância a grandesquantidades de cafeína e, portanto, reajam mais facilmente a baixas concentrações decafeína adicionada à mistura de chá verde. Por fim, embora o tempo de intervençãonão tenha variado muito entre os estudos analisados, foram poucos os ensaios em queos parâmetros antropométricos eram medidos no decorrer do estudo, não sendo possívelinferir o tempo de uso mínimo do chá verde para a promoção da perda de peso.
Com isso, faz-se necessário, a realização de novos estudos clínicos em que sejaavaliado o efeito do chá verde sem outras medidas de controle de peso associadas, emdoses variadas e com uma amostra populacional maior, para então ser determinada aconcentração de bioativos efetivada C. sinensis, além do temponecessário para proporcionar redução do peso corporal. A segurança desta plantatambém deve ser objeto de estudo, uma vez que tem sido observada uma preocupaçãocrescente em relação ao potencial dano hepático que pode ser causado pelo uso doextrato de chá verde[38-39].
Conclusão
Nesta revisão foi caracterizado o amplo emprego da C. sinensis com oobjetivo de promover perda de peso corporal, observando alguns estudos clínicos quedemonstram a eficiência do chá verde no tratamento do sobrepeso e obesidade, porém,os mesmos ainda divergem quanto à concentração de bioativos efetiva para promoção doefeito emagrecedor, sendo necessário reunir maiores evidências científicas para acomprovação da atividade no tratamento da obesidade.
Resumo
Main Text
Introdução
Obesidade e sobrepeso
Plantas medicinais
Chá verde (Camellia sinensis L.)
Material e Método
Resultados e Discussão
Conclusão