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Wed, 04 Sep 2024 in Revista Fitos
Perfil dos fitoterápicos dispensados em uma farmácia do município de Poços de Caldas – MG
Resumo
Fitoterápicos correspondem a uma prática integrativa e complementar, para prevenção/tratamento de doenças. Objetivando analisar o perfil de vendas dos fitoterápicos comercializados em uma farmácia de determinado município, as características dos fitoterápicos dispensados, realizou-se pesquisa quantitativa, descritiva, documental e transversal, coletando-se informações dos registros eletrônicos da farmácia, entre junho de 2019 a agosto de 2020. Durante o estudo foram comercializadas 2.718 apresentações farmacêuticas, sendo 88 fitoterápicos, 70,5% fitoterápicos simples e 29,5% fitoterápicos compostos. Formas farmacêuticas das apresentações com maior frequência de venda foram: comprimidos (46,6%), xarope (20,5%), cápsulas (10,2%). Fitoterápicos simples frequentemente dispensados durante o período foram: Hepatilon® (17,2%), Seakalm® (12,7%), Valerimed® (6,9%), Ginkgo Vital® (6,7%), Ritmoneuran RTM (6,1%). Com relação às classes terapêuticas dos fitoterápicos simples, houve prevalência de ansiolíticos (29%), colagogos (19%) e antivaricosos (13%). Fitoterápicos compostos mais comercializados foram: Eparema® (62,9%), Melagrião® (13,8%), Figatil® (8,3%), Pasalix® (4,4%) e Calman® (3%). As classes terapêuticas mais frequentemente dispensadas dos fitoterápicos compostos foram: colagogos (71%), expectorantes (14%) e ansiolíticos (12%). Estes dados, aliados à literatura, são importantes para a reflexão no tocante à fitoterapia e à promoção do uso racional de fitoterápicos, como um medicamento simples e acessível, que pode contribuir para a saúde e o bem-estar da população.
Main Text
Introdução
A fitoterapia é uma prática antiga, que remonta a manuscritos datados de 1.500 a.C.[1]. Ao longo do processo evolutivo, o homem foi aprendendo a selecionar plantas para o alívio de seus males e doenças. O resultado desse processo é que muitos povos passaram a dominar o conhecimento do uso de plantas e ervas medicinais[2].
A fitoterapia constitui uma forma de terapia medicinal, complementar e integrativa, que vem crescendo notadamente nos últimos anos[3]. Atualmente, vem sendo muito utilizada, devido aos seus benefícios proporcionados à saúde da população. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da população mundial faz uso das práticas medicinais tradicionais, e 85% dessas práticas são advindas de plantas medicinais e de seus extratos[4]. Fatos estes que vêm despertando um interesse considerável entre usuários, pesquisadores e serviços de saúde[3].
A fitoterapia e o uso de plantas medicinais e respectivos produtos, como uma prática da medicina popular, é uma forma eficaz de atendimento primário à saúde, podendo complementar ao tratamento usualmente empregado[5]. Segundo Schenkel[6], além da utilização dos medicamentos alopáticos, a população que busca atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) também utiliza plantas medicinais com fins terapêuticos. Dessa forma, a fitoterapia apresenta-se como uma possibilidade de atuar como coadjuvante nos tratamentos alopáticos[7].
Observa-se um crescimento na utilização de fitoterápicos pela população brasileira[3]. Alguns fatores poderiam explicar o aumento do uso desses medicamentos. Segundo Bruning, Mosegui e Vianna[7], a população passa a questionar o uso indiscriminado de medicamentos sintéticos e procura, alternativamente, os fitoterápicos.
Para Yunes et al.[3], esse fato pode ser explicado devido aos avanços ocorridos na área científica que permitiram o desenvolvimento de fitoterápicos reconhecidamente seguros e eficazes, e a uma forte tendência de busca, pela população, por terapias menos agressivas destinadas ao atendimento primário à saúde, e complementado por Matsuda[8] e Tomazzoni et al.[1], que essa busca por recursos terapêuticos menos agressivos relaciona-se a busca de uma melhor qualidade de vida, com métodos mais naturais e saudáveis para a manutenção da saúde.
Segundo Guizardi e Pinheiro[9], o crescimento do trabalho desenvolvido com plantas medicinais e fitoterápicos se apresenta como uma alternativa à referência biomédica de saúde, porém, ainda praticamente inexistente nos serviços de saúde tanto públicos como privados. Para Simões et al.[10], o interesse na utilização desse recurso decorre da tendência, nos dias atuais, ao uso de produtos de origem natural. Já para Santos[11] e Alves et al.[12], o intenso crescimento do mercado de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil, além do consumismo de produtos naturais, é motivado pela acessibilidade para os segmentos de baixa renda e eficácia no tratamento de enfermidades.
Assim, os fitoterápicos são considerados como uma alternativa, ou melhor, como uma prática integrativa e complementar aos tratamentos convencionais, para prevenção ou tratamento de doenças, utilizado em destaque por aqueles que estão em tratamento de doenças crônicas e fazendo uso de outros medicamentos, aumentando as opções terapêuticas dos profissionais da saúde[13, 14, 15]. Vale ressaltar que o tratamento realizado através de fitoterápicos é favorável à saúde, desde que conhecidos os riscos, indicação e benefícios[16].
Nas últimas duas décadas ocorreu aumento no interesse por plantas medicinais e respectivos produtos, acarretando a abertura de mercados nacionais e mundiais na área de fitoterápicos e plantas bioativas[17]. Embora a área de fitoterápicos esteja cada vez mais conhecida e desenvolvida, estima-se que no Brasil o comércio de fitoterápicos seja na ordem de 5% do total de medicamentos[8] e a disponibilidade de produtos fitoterápicos no mercado brasileiro ainda é bastante preocupante na visão do controle de qualidade desde a produção até a comercialização e uso pela população[18].
No Brasil, o órgão responsável pela regulamentação de plantas medicinais e fitoterápicos é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), autarquia do Ministério da Saúde que tem como papel proteger e promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços[19, 20].
O fitoterápico, de acordo com a legislação sanitária brasileira, é um produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples ou composto, e relacionado com a eficácia, segurança e qualidade destes produtos[21].
A legislação sanitária brasileira que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos foi atualizada em 2014, sendo publicado na forma de Resolução RDC nº 26/2014, permitindo o acompanhamento do desenvolvimento científico e tecnológico e possibilitando a ampliação do acesso da população aos medicamentos[22].
O acesso da população aos fitoterápicos pode ser alcançado através de programas de fitoterapia no SUS ou à venda em estabelecimentos farmacêuticos. O comércio, atualmente, agrega grande variedade de estabelecimentos, como farmácias e drogarias, apresentando uma diversidade de produtos, industrializados e/ou manipulados, que se enquadram nas categorias de medicamentos fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos.
Diante dessa concepção e da utilização de fitoterápicos pela população, tem-se como princípio traçar o perfil dos fitoterápicos dispensados em uma drogaria do município de Poços de Caldas - MG, com relação aos consumidores desse estabelecimento de saúde, para a obtenção de informações sobre a relação de vendas de medicamentos alopáticos sintéticos e fitoterápicos, da correlação dos fitoterápicos em sua categoria, como simples ou compostos, considerando as formas farmacêuticas e classe farmacológica dos fitoterápicos dispensados, e com isso contribuir para futuros levantamentos do perfil de consumo de fitoterápicos no referido município.
Metodologia
A pesquisa foi realizada em uma farmácia do município de Poços de Caldas - MG, mediante análise documental da gestão de vendas. Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo descritiva, documental e transversal.
Os dados foram coletados por meio do software de gestão: SISTEMA BIG LINX, utilizado pela farmácia como recurso para gerenciamento dos processos administrativos, através do download documental dos registros eletrônicos de vendas de medicamentos no período de 01 de agosto de 2019 a 31 julho de 2020.
Os dados foram transcritos para o software “Microsoft Office Excel”, e organizados mediante classificação dos medicamentos, em medicamentos alopáticos sintéticos e fitoterápicos, e posteriormente, separados por incidência de fitoterápicos simples e compostos, e assim organizados em ordem decrescente, demonstrando-se o quantitativo dos fitoterápicos.
Foram excluídos os correlatos, cosméticos, produtos de higiene, saneantes e outros produtos, inclusive as plantas medicinais.
O presente estudo teve como variáveis de análise a frequência de fitoterápicos simples e compostos dispensados no período discriminado, a forma farmacêutica e a classe farmacológica.
Resultados e Discussão
A pesquisa foi realizada em uma farmácia comercial do município de Poços de Caldas - MG, mediante análise documental da gestão de vendas. A fim de preservar a identidade do estabelecimento envolvido neste estudo, ela foi referida apenas como farmácia.
Mediante análise de dados nos registros eletrônicos de vendas de medicamentos, por meio do software de gestão: SISTEMA BIG LINX, obtidos no período destinado ao estudo, foi observado a movimentação total de 2.718 apresentações farmacêuticas, sendo 2.630 para medicamentos alopáticos sintéticos, correspondendo a 96,8%, e 88 para fitoterápicos, correspondendo a 3,2% das apresentações farmacêuticas comercializadas. Na avaliação de Kornis et al.[23], o Brasil tem baixa exploração de novos nichos de mercado, como os de medicamentos fitoterápicos e biotecnológicos, e relata que os investimentos da indústria farmacêutica brasileira na produção dos medicamentos fitoterápicos são ainda incipientes.
Segundo Michiles e Botsaris[24], os medicamentos fitoterápicos vêm se apropriando do mercado mundial diretamente proporcional as exigências do consumidor, quanto as vantagens preventivas, terapêuticas e sem efeitos colaterais sobre os medicamentos sintéticos, e acrescenta que a exploração das múltiplas possibilidades de parcerias público-privadas em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), inclusive subsídios e/ou incentivos fiscais aos laboratórios nacionais, no sentido da inserção de medicamentos fitoterápicos na RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais), poderá alavancar de forma definitiva a indústria farmacêutica do setor.
Cabe destacar que o termo: fitoterápico(s), utilizado no contexto deste trabalho, se aplica a produtos industrializados que se enquadram nas categorias de medicamentos fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos, não havendo distinção entre eles ao longo desta unidade.
A análise, considerando o total de fitoterápicos comercializados, mostrou que 70,5% dos produtos eram representados por fitoterápico simples, cujo ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, e 29,5% dos produtos eram representados por fitoterápico composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma espécie vegetal, conforme observado na FIGURA 1.
Conforme observado, o perfil predominante dos fitoterápicos comercializados foi para fitoterápico simples. Perfil semelhante foi constatado por Fregnani e Salvi Júnior[25], em um estudo realizado em uma farmácia magistral de Jacutinga - MG, onde foi observado 79% das formulações aviadas de fitoterápico simples e 21% das formulações de fitoterápico composto. Segundo estudo realizado por Martinazzo et al.[26], sobre o perfil de utilização de fitoterápicos em Volta Redonda e Barra Mansa - RJ, constatou-se que dentre os fitoterápicos mais utilizados, apenas um era composto por associação de mais de uma espécie vegetal, sendo os demais compostos por monodrogas. O mesmo foi observado por Amaral et al.[27] que, ao analisarem os medicamentos fitoterápicos comercializados no município de Jequié - BA, constataram que 80% dos medicamentos eram representados por apenas uma droga vegetal. Da mesma forma, Ribeiro et al.[28], em estudo realizado em farmácias comunitárias de Belo Horizonte - MG observaram em sua análise de fitoterápicos adquiridos, que a maioria era representada por monodrogas, o que correspondia a 89% dos produtos. Segundo Ribeiro et al.[28], essa maior comercialização de fitoterápicos simples pode ser explicado pela maior exigência para o registro daqueles fitoterápicos que contemplam duas ou mais drogas vegetais, já que a literatura científica disponibiliza as referências de estudos realizados com as drogas vegetais individuais.
De acordo com os resultados obtidos, foi observado, em relação às apresentações comercializadas, um total de 13 formas farmacêuticas (FIGURA 2), e as formas farmacêuticas com maior frequência de saída foram: comprimidos (46,6%), xarope (20,5%) e cápsulas (10,2%).
Este resultado corrobora com alguns trabalhos envolvendo fitoterápicos. Segundo trabalho de Martinazzo et al.[26], o qual verificou o perfil de utilização de fitoterápicos nos municípios de Volta Redonda e Barra Mansa - RJ, foi observado a venda de 88,2% dos fitoterápicos na forma de comprimidos.
De acordo com o estudo realizado por Fregnani e Salvi Júnior[25], foi observado uma maior frequência de saída de cápsulas, correspondendo a 98% do total das formas farmacêuticas dispensadas em farmácia magistral do município de Jacutinga - MG. Miguel et al.[29], em seus estudos, levantaram as formulações de maior demanda nas farmácias de manipulação de três municípios do estado do Paraná e o resultado demonstrou uma demanda de 48% de cápsulas. Damasceno[30], em seu estudo sobre o perfil dos medicamentos fitoterápicos mais comercializados em farmácia magistral do município de João Pessoa - PB observou que as formas farmacêuticas com maior frequência de consumo são cápsulas, com 59% de saída.
De acordo com a demanda de fitoterápicos simples comercializados no período analisado foi possível traçar o perfil dessa categoria de fitoterápicos (FIGURA 3), e por meio da quantificação, pode ser observado um total de 50 tipos de fitoterápicos, dos quais os 5 que tiveram o maior índice de saída foram: Hepatilon® (17,2%), Seakalm® (12,7%), Valerimed® (6,9%), Ginkgo Vital® (6,7%) e Ritmoneuran RTM® (6,1%) (TABELA 1).
Na sequência, serão apresentadas descrições dos fitoterápicos (categoria, composição e indicação), notadamente, mais frequentes encontrados nesta pesquisa (TABELA 1). A descrição dos fitoterápicos foi retirada diretamente das bases de dados das bulas de medicamentos da ANVISA (Bulário Eletrônico)[31].
Hepatilon®: Produto tradicional fitoterápico, composto por extrato de Peumus boldus (padronizado em 0,1% de alcaloides totais expressos em boldina). Indicado para o tratamento de distúrbios digestivos leves, atuando na redução de espasmos gastrintestinais (cólicas).
Seakalm®: Produto tradicional fitoterápico, composto por extrato seco de Passiflora incarnata L. (padronizado em 3,5% de flavonoides totais calculado como vitexina). Este produto é indicado para o tratamento da ansiedade leve, como estados de irritabilidade, agitação nervosa, tratamento de insônia e desordens da ansiedade.
Valerimed®: Medicamento fitoterápico, composto por extrato seco de Valeriana officinalis L. (padronizado em 0,8% de ácidos sesquiterpênicos expressos em ácido valerênico). Indicado como sedativo moderado, hipnótico e no tratamento de distúrbios do sono associados à ansiedade.
Ginkgo Vital®: Medicamento fitoterápico, composto por extrato seco de Ginkgo biloba L. (padronizado em 24% de ginkgoflavonoides expressos em quercetina, kaempferol e isorhamnetina e 6% de terpenolactonas expressos em ginkgolídeos A, B, C, J e bilobalídeos). Este medicamento é indicado para distúrbios das funções do sistema nervoso central (SNC): vertigens e zumbidos (tinidos) resultantes de distúrbios circulatórios, distúrbios circulatórios periféricos (claudicação intermitente) e insuficiência vascular cerebral.
Ritmoneuran RTM®: Medicamento fitoterápico composto por extrato seco de Passiflora incarnata (padronizado em 3,5% de flavonoides totais expressos emitexina). Este medicamento é indicado para tratamento de insônia e desordens da ansiedade.
De acordo com a demanda de fitoterápicos compostos comercializados no período analisado foi possível elencar os produtos dessa categoria (FIGURA 4), e por meio da quantificação, pode ser observado um total de 13 tipos de fitoterápicos, proveniente de associações de ativos de mais de uma espécie vegetal, dos quais os 5 que tiveram o maior índice de saída foram: Eparema® (62,9%), Melagrião® (13,8%), Figatil® (8,3%), Pasalix® (4,4%) e Calman® (3,0%) (Tabela 2).
Na sequência, serão apresentadas descrições dos fitoterápicos (categoria, composição e indicação), notadamente, mais frequentes encontrados nesta pesquisa (TABELA 2), Eparema®: Produto tradicional fitoterápico, composto por extrato mole composto de Peumus boldus, Rhamnus purshiana e Rheum rhabarbarum (padronizado em 0,08 mg de boldina; 11,3 mg de cascarosídeo; e, 0,03 mg de reina, respectivamente). Indicado como auxiliar no alívio à má digestão e auxiliar nos distúrbios do fígado, das vias biliares e nos casos de prisão de ventre leve.
Melagrião®: Produto tradicional fitoterápico, composto por extrato fluido composto de Mikania glomerata, Polygala senega e Cephaelis ipecacuanha (padronizado em 0,00833 mL, equivalente a 25 g de cumarina; 0,00833 mL, equivalente a 83 g de saponinas em derivados do ácido oleanólico; e, 0,00042 ml, equivalente a 4,2 g de alcaloides em emetina, respectivamente). Indicado no tratamento de doenças do trato respiratório, promovendo o relaxamento da musculatura lisa dos brônquios, auxiliando na eliminação das secreções brônquicas e no alívio da tosse, tosse seca ou tosse produtiva.
Figatil®: Produto tradicional fitoterápico, composto por extrato fluido composto de Cynara scolymus L e Peumus boldus Molina (padronizado em 0,8335 ml, equivalente a 0,21% ou 1,75 mg de derivados cafeoilquínicos em ácido clorogênico; e,0,8335 ml, equivalente a 0,03% ou 0,25 mg de alcaloides totais em boldina, respectivamente). Indicado como colerético e colagogo, e para o tratamento sintomático dos distúrbios gastrointestinais espásticos.
Pasalix®: Produto tradicional fitoterápico, composto por extrato seco de Passiflora incarnata L., Crataegus rhipidophylla Gand. e Salix alba L. (padronizado em 0,18-0,4% de isovitexina e 1,2-2,4% de flavonoides totais expressos como vitexina; 0,5-0,8% de hiperosídeo e mínimo de 2,5% de flavonoides totais expressos como hiperosídeo; e, 1,5% de salicinas totais, respectivamente). Indicado para o tratamento da ansiedade e insônia.
Calman®: Produto tradicional fitoterápico, composto por extrato seco de Passiflora incarnata L., Crataegus rhipidophylla Gand. e Salix alba L. (padronizado em 0,2% de extrato seco, equivalente à 0,2 mg de flavonoides totais expressos em vitexina; 3,0% de extrato seco, equivalente à 0,9 mg de flavonoides totais expresso em hiperosídeo; e, 1,5% de extrato seco, equivalente à 1,5 mg de salicina, respectivamente). Indicado como auxiliar nos sintomas de ansiedade leve, irritabilidade e como auxiliar ao sono e auxiliar nos sintomas de queixas cardíacas nervosas temporárias (como, palpitação relacionada a ansiedade leve), depois que condições mais sérias tenham sido excluídas.
Mediante a análise dos dados de dispensação dos fitoterápicos foi possível traçar um perfil de classes terapêuticas (FIGURA 5). A descrição da classe terapêutica dos fitoterápicos foi retirada diretamente da plataforma de pesquisa de medicamentos com registro na ANVISA (https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/).
As classes terapêuticas mais frequentes dispensadas de fitoterápicos simples foram os ansiolíticos (28,8%), colagogos (19,2%) e antivaricosos (13,1%), e de fitoterápicos compostos foram os colagogos (71,1%), expectorantes (13,8%) e ansiolíticos (12,0%).
Os resultados obtidos evidenciaram semelhanças aos estudos de Valeze e Brenzan[32] quanto à comercialização de medicamentos fitoterápicos, sendo as principais classes terapêuticas os indicados como psicoléticos (sedativos, ansiolíticos e antidepressivos), antivaricosos e auxiliares digestivos e hepáticos. Martinazzo et al.[26], também observaram uma maior procura por ansiolíticos (51,49%). Considerando o estudo realizado por Moreira e Almeida[33], podemos justificar os dados apontados, com relação a categoria terapêutica desses fitoterápicos, considerando o perfil de medicamentos fitoterápicos registrados no Brasil, onde os ansiolíticos foram a classe com maior número de registros, equivalendo a 13,26% das apresentações, seguido de expectorantes, com 11,96% e colagogos e coleréticos, com 8,84%. Outro fator a ser considerado, segundo Schulz et al.[34], é que estudos têm demonstrado que o nervosismo e a insônia afetam aproximadamente um quinto da população, neste contexto, os medicamentos fitoterápicos com ação calmante sedativa representam uma alternativa para o tratamento farmacológico, o que justifica o aumento das indicações e da utilização desta classe de medicamentos.
Conclusão
Os dados coletados para análise e constituição dos resultados basearam-se na veracidade das informações disponibilizadas pela farmácia e, portanto, representa uma limitação metodológica conhecida.
De um total de 2.718 apresentações farmacêuticas comercializadas pela farmácia, no período estudado, o volume de saída de medicamentos alopáticos sintéticos sobressai em relação aos fitoterápicos, que apresentaram uma frequência de 3,2% das apresentações farmacêuticas comercializadas.
Em relação às apresentações farmacêuticas de fitoterápicos comercializadas, houve uma prevalência para fitoterápicos simples, de 70,5% das apresentações comercializadas, contraposto a 29,5% para fitoterápicos compostos, fato este que pode estar relacionado à maior disponibilidade de informações para com os fitoterápicos simples acerca da indicação, eficácia ou eficiência e segurança e pela maior exigência para o registro de fitoterápicos compostos.
Quanto as formas farmacêuticas, foram averiguadas 13 formas diferentes, tendo os comprimidos como a mais comercializada, com uma frequência de 46,6% de saída em relação as demais, fato que pode ser explicado por os comprimidos serem considerados, hoje, a mais popular forma farmacêutica, pelas vantagens que apresentam, não só para a indústria farmacêutica, como maior estabilidade físico-química, simplicidade e economia na preparação e boa apresentação, como também para o paciente, no que diz respeito a precisão na dosagem, fácil administração e manuseio.
Dentre os fitoterápicos simples, mais frequentemente comercializados, estão o Hepatilon®, Seakalm®, Valerimed®, Ginkgo Vital® e Ritmoneuran RTM®. Em relação as classes terapêuticas, dos fitoterápicos simples, sobressaíram os que atuam como ansiolíticos, colagogos e antivaricosos. Dentre os fitoterápicos compostos, estão o Eparema®, Melagrião®, Figatil®, Pasalix® e Calman®. E em relação às classes terapêuticas, dos fitoterápicos compostos, sobressaíram os que atuam como colagogos, expectorantes e ansiolíticos.
Os resultados deste estudo, aliados aos dados obtidos na literatura, são importantes para a reflexão no tocante à fitoterapia, bem como para a promoção do uso racional de fitoterápicos, como um medicamento, simples e acessível, que pode contribuir para a saúde e o bem-estar da população se usado corretamente.
Resumo
Main Text
Introdução
Metodologia
Resultados e Discussão
Conclusão