Sat, 30 Sep 2023 in Revista Fitos
O uso de plantas medicinais e fitoterápicos durante a gravidez: umarevisão integrativa
Resumo
É importante desmistificar a convicção de que produtos de origem natural sãoinofensivos e sua utilização não requer o acompanhamento de um profissional dasaúde devidamente qualificado, considerando que independentemente das variáveisgeográficas, socioeconômicas e étnico-culturais que eventualmente possamdistingui-las, mulheres de todo o mundo fazem uso de plantas medicinais oufitoterapia durante a gestação. Este artigo objetiva realizar uma revisãointegrativa da literatura acerca das produções científicas brasileiraspublicadas sobre o uso de plantas medicinais e fitoterápicos durante a gravidez.Foi realizado um levantamento das publicações nos últimos 20 anos, nas bases dedados PubMed, SciELO, Science Direct e Biblioteca Virtual de Saúde com osdescritores “medicinal plants AND pregnancy”,“phytotherapy AND pregnancy” e seuscorrespondentes em português: “plantas medicinais e gravidez”; “fitoterapia egravidez” no período de julho a outubro de 2020. Compuseram a amostra 27 artigospublicados entre 2000 e 2019 que preencheram os critérios de inclusão eexclusão. Em conclusão, foi possível verificar que as discussões que permeiam aspublicações giram em torno de três grandes temáticas: reações adversas, efeitosembriotóxico, teratogênicos e abortivos das plantas medicinais; segurança eeficácia na utilização de plantas medicinais; e os comportamentos e crençasquanto ao uso de plantas medicinais.
Main Text
Introdução
Desde os tempos mais distantes, as sociedades armazenam informações e experiênciasobre o ambiente em que vivem, para então, com ele, interagir e prover suasnecessidades de sobrevivência. Um desses conhecimentos aborda a relação com o mundovegetal com o qual essas sociedades estão em contato[1]. As plantas foram um dos primeiros recursosterapêuticos utilizados pelo homem e tem seu uso descrito por praticamente todos ospovos desde os tempos mais remotos. A partir dos conhecimentos tradicionais do usodas plantas medicinais a fim de solucionar algum mal-estar ou promover a cura dealguma doença, giram interesses comerciais e científicos[2].
Em 2006, no Brasil, foi criada a Política Nacional de Práticas Integrativas eComplementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), com objetivo de ampliar asopções terapêuticas aos usuários, dentre estas, as plantas medicinais, com garantiade acesso aos fitoterápicos e a serviços relacionados à fitoterapia, com segurança,eficácia e qualidade, na perspectiva da integralidade da atenção à saúde[3].
No mesmo ano, foi instituída a Política Nacional de Plantas Medicinais eFitoterápicos, com objetivo de “garantir à população brasileira o acesso seguro e ouso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável dabiodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústrianacional”[4].
Para a implementação da política, foi publicado em 2009 o Programa Nacional dePlantas Medicinais e Fitoterápicos, que possui diversos objetivos, entre eles:inserir plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à Fitoterapia noSUS, com segurança, eficácia e qualidade, promover e reconhecer as práticaspopulares e tradicionais de uso de plantas medicinais e remédios caseiros, promovero uso sustentável da biodiversidade e a repartição dos benefícios decorrentes doacesso aos recursos genéticos de plantas medicinais e ao conhecimento tradicionalassociado[5].
Mesmo com as políticas públicas para disseminar a informação do uso correto deplantas medicinais e fitoterápicos, esse conhecimento não chega a toda população.Diante disso, é importante a consulta em publicações científicas acerca dasindicações e os efeitos adversos do uso de plantas medicinais ou fitoterápicos,principalmente em populações especiais.
Preocupada com a normatização dos medicamentos fitoterápicos, a Agência Nacional deVigilância Sanitária (ANVISA) vem elaborando normas para a regulamentação dessesmedicamentos, exigindo das indústrias farmacêuticas a avaliação de aspectosimportantes, como a eficácia e segurança do uso destes medicamentos. Muitas plantasmedicinais apresentam substâncias que podem desencadear reações adversas, devido aosseus próprios componentes, pela presença de contaminantes ou adulterantes presentesnas preparações fitoterápicas, requerendo um rigoroso controle de qualidade a contardo cultivo, coleta da planta, beneficiamento da matéria-prima vegetal, extração deseus constituintes, até a elaboração do medicamento final[6].
O surgimento do conceito “natural” contribuiu para elevar o uso das plantasmedicinais nas últimas décadas, pois muitas pessoas associam esse conceito com aausência de produtos químicos, que são aqueles que podem causar algum dano, ourepresentam perigo. Com isso, produtos naturais passaram a ser sinônimo de produtossaudáveis, seguros e benéficos. Contudo esse conceito é equivocado[2].
A esse respeito, é importante desmistificar a convicção de que produtos de origemnatural são inofensivos e sua utilização não requer o acompanhamento de umprofissional da saúde devidamente qualificado, considerando que independentementedas variáveis geográficas, socioeconômicas e étnico-culturais que eventualmentepossam distingui-las, mulheres de todo o mundo fazem uso da fitoterapia durante agestação[7].
Perante o exposto, torna-se fundamental verificar através das produções científicasquais são as plantas medicinais e os fitoterápicos que tem segurança na utilizaçãodurante a gestação, antes de fazer o uso delas.
Nesse sentido, destaca que os fitoterápicos podem interagir com os medicamentosconvencionais, mesmo que a maioria dessas interações possa ter um significadoclínico insignificante, algumas podem significar uma ameaça à saúde pública,principalmente, a grupos sensíveis à interação com fito-complexos, como as crianças,os idosos e as gestantes. Desse modo, o uso da fitoterapia durante a gestação deveser acompanhado por profissionais da área de saúde. É responsabilidade dessesprofissionais estarem bem informados sobre a crescente evidência clínica dasinterações entre ervas e medicamentos[8].
Diante do exposto, esta revisão da literatura tem por objetivo identificar e analisarquais são as produções científicas brasileiras existentes acerca da utilização deplantas medicinais e fitoterápicos durante a gravidez.
Material e Método
Este estudo caracteriza-se como uma revisão integrativa acerca das produçõescientíficas brasileiras publicadas sobre plantas medicinais ou fitoterápicos egravidez, buscando reunir diferentes estudos, a fim de sintetizar as publicaçõesespecíficas dessa área.
Para a elaboração desta revisão foi necessário percorrer seis etapas distintas, sendoelas: a identificação do tema e seleção da questão de pesquisa; busca na literatura;categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos; interpretação dosresultados; e apresentação da revisão[9].
A questão que norteou o presente estudo foi: quais são as discussões que permeiam aspublicações acerca do uso de plantas medicinais e fitoterápicos na gestação?
A busca dos estudos ocorreu entre julho e outubro de 2020 e foram utilizadascombinações entre as seguintes palavras-chave, consideradas descritores no DeCS(Descritores em Ciências de Saúde): Plantas Medicinais (MedicinalPlants) OR Fitoterapia (Phytotherapy) AND Gravidez(Pregnancy). As bases de dados pesquisadas foram: PubMed(National Library Medicine), SciELO (ScientificEletronic Library Online), Science Direct(Elsevier) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS-BIREME). Ostermos foram cruzados como descritores e, também, como palavras do título e/ou doresumo.
Foram selecionadas inicialmente 167 publicações (68 no PubMed, 58 na BVS-BIREME, 39no Science Direct, e 02 no Scielo). Após a leitura exploratória dostítulos e resumos (abstracts), foram excluídas as duplicatas, capítulos de livros,trabalhos de conclusão de curso, e as publicações que não estavam relacionadas àtemática proposta nesta revisão.
Os critérios de inclusão estabelecidos nesta revisão integrativa foram: artigosbrasileiros disponíveis online e gratuitos, com texto na íntegra eredigidos nos idiomas inglês, espanhol ou português, publicados entre 2000 e 2019.Aplicando-se os critérios de inclusão, foram selecionados 27 artigos para compor aamostra do presente estudo.
Os artigos selecionados foram analisados a partir de seus objetivos e metodologia,permitindo assim, a construção do estado da arte referente ao tema central desteartigo. Após a leitura de títulos e resumos foi realizada a leitura completa dosartigos selecionados e a elaboração do quadro de síntese.
A análise de conteúdo foi desenvolvida através da categorização[10]. Para a interpretação dosresultados observou-se as percepções dos diferentes autores. Quanto aos aspectoséticos, salienta-se que foram respeitados os preceitos de autoria e as citações dosautores das publicações que constituíram a amostra.
Resultados e Discussão
Foram analisados 27 artigos, destes, 10 foram publicados entre 2000 e 2009 e 17estudos entre 2010 a 2019. Percebe-se que até 2009, era escassa a produção deestudos científicos brasileiros sobre o tema. A partir da publicação do ProgramaNacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, em 2009, a média de publicaçõesaumentou consideravelmente, sugerindo que o programa possa ter impulsionado aspesquisas relacionadas a esse tema (QUADRO1).
Dentre os estudos que compuseram a amostra, o estado do Brasil com mais publicaçõesfoi São Paulo, com oito estudos, em seguida Mato Grosso do Sul, com cincoartigos.
Em relação ao jornal que mais apresentou publicações com estas temáticas destaca-se aRevista Brasileira de Plantas Medicinais e o Journal ofEthnopharmacology com cinco estudos cada periódico, logo depois aRevista Brasileira de Farmacognosia com quatro publicações.
Dos 27 estudos, 14 foram experimentos realizados com ratos ou camundongos, sete setratava de revisão da literatura, e seis tinham como sujeitos da pesquisa gestantes,mulheres ou raizeiras.
O delineamento da pesquisa de 18 artigos foi enquadrado como quantitativo, enquantoapenas dois estudos foram qualitativos. Os sete artigos restantes se referem arevisão de literatura.
Foram diversas as plantas pesquisadas nos estudos analisados, contudo a espécie quefoi especialmente analisada por dois artigos foi a Gochnatiapolymorpha subsp. floccosa (cambará).
Os objetivos dos estudos analisados foram inúmeros, sendo que a maioria se referia aavaliação dos efeitos adversos e principalmente tóxicos durante o períodogestacional, outros analisaram a segurança e eficácia de determinadas plantas; eoutros a prevalência e o perfil de consumo de plantas medicinais por gestantes,considerando suas crenças.
A partir da leitura e análise dos artigos da amostra, emergiram três categoriastemáticas envolvidas nos trabalhos analisados, que estão abaixo abordadas:
- Reações adversas, efeitos embriotóxico, teratogênicos e abortivos das plantasmedicinais (10 artigos);
- Segurança e eficácia na utilização de plantas medicinais (9 artigos); e
- Comportamentos e crenças quanto ao uso de plantas medicinais (8 artigos).
Reações adversas, efeitos embriotóxicos, teratogênicos e abortivos dasplantas medicinais
A primeira temática identificada, contempla 10 artigos científicos que abordam asreações adversas, os efeitos embriotóxicos, teratogênicos e abortivos de váriasplantas medicinais e fitoterápicos, uma vez, que os constituintes da plantapodem atravessar a placenta, chegar ao feto e gerar um desses efeitos.
O estudo de Lanini et al.[18] enfatiza que os riscos relacionados ao uso de plantasmedicinais são uma realidade da qual precisa ser trabalhada, pois a crença deque os medicamentos à base de plantas são isentos de riscos à saúde é cultural.O caráter “natural” das plantas medicinais não é sinônimo de ausência de riscospara a população usuária. O potencial tóxico, as características específicas dousuário, a possibilidade de contaminação e a falta de regulamentação constituemfatores de risco para a ocorrência de reações adversas, intoxicações e outrascomplicações decorrentes de seu uso.
Conforme o estudo com 20 raizeiros, as plantas com maior número de citaçõesrelacionadas à reações adversas e/ou intoxicações foram Luffaoperculata (L.) Cogn., Senna alexandrina. Mill. ePaullinia cupana Kunth, com sete, quatro e três citações,respectivamente. Com relação ao tipo de problema ocorrido, foram classificadosum total de 20 casos de reações adversas (50%), 15 casos de intoxicações (37,5%)e cinco casos (12,5%) onde o problema foi relacionado ao uso incorreto(excluindo-se os casos de superdosagem) do material vegetal. Quatro citaçõesforam relacionadas ao uso de folhas frescas ao invés de folhas secas, onde doiscasos envolveram chá das folhas de amora (Morus nigra L.), umfoi relacionado ao chá das folhas de erva-doce (Pimpinellaanisum L.), e um quarto caso para chá das folhas de abacate(Persea americana Mill.). Em um dos casos foi descrito oconsumo inadequado do chá de pau-tenente (Quassia amara L.),que teria sido consumido muito quente e após uma grande refeição. É necessária aimplantação de políticas de fitofarmacovigilância eficientes, a fim de tornar oconsumo mais racional e, deste modo, minimizar os riscos à populaçãousuária.
Em relação a isso, Rodrigues et al.[20] destacaram que a maioria das plantasmedicinais não possuem pesquisas a respeito da segurança de seu uso durante agravidez, sendo que os dados existentes são escassos e por vezes contraditórios.Desse modo, a principal orientação para as gestantes é que não utilizem qualquermedicamento, seja ele de origem vegetal ou não, sem o conhecimento prévio do seumédico, considerando que, existem estudos demonstrando o fator embriotóxico,abortivo e teratogênico em algumas espécies. Algumas plantas que apresentamefeito abortivo podem também apresentar efeito embriotóxico ou teratogênico, ouseja, se alguma planta for utilizada com objetivo de interrupção da gestação eesse fato não se consumar, a criança pode vir a nascer com má formação tanto demembros quanto de órgão e ou outros problemas. É imprescindível os profissionaisda saúde informar às mulheres o risco do uso de plantas medicinais efitoterápicos durante a gravidez, enfatizando o perigo potencial daautomedicação e de suas consequências. Algumas plantas que podem gerar essesefeitos são: arnica (Arnica montana), artemísia(Artemisia vulgaris), arruda (Ruta chalepensis/Ruta graveolens), barbatimão (Stryphnodendronpolyphyllum), boldo (Vernonia condensata) dentreoutras.
Muitas vezes, a população acredita no dizer de que “se é natural, não faz mal”,para fazer uso irracional de produtos naturais, sem a correta orientação,acreditando que esses produtos sejam incapazes de provocar qualquer dano. Essasconsequências são ainda mais preocupantes quando realizado por idosos, gestantese crianças. São escassas ou contraditórias algumas informações em relação àsegurança do uso desses produtos. O estudo de Costa etal.[21]identificou quatro plantas mais utilizadas como emenagogas/abortivas porpacientes do Serviço de Pré-Natal do SUS: senne, arruda, boldo ebuchinha-do-norte ou cabacinha. Os profissionais de saúde, precisam orientar asgestantes no uso de qualquer produto de origem vegetal, sem o consentimentoprévio do médico, observando os perigos da automedicação, e esclarecer os riscosdo uso de plantas medicinais sem a devida orientação.
Maytenus ilicifolia Mart. é usado na fitoterapia brasileiraprincipalmente para distúrbios estomacais, mas também é usado, como em outraspartes da América do Sul, para o controle da fertilidade. No estudo, o extratocausou uma perda embrionária pré-implantação, porém não teve efeito sobreimplantação ou organogênese. Não foram encontradas alterações morfológicas dosistema reprodutor, portanto não há efeito embriotóxico. A atividade estrogênicado extrato, exibida por efeito uterotrófico, sugere que pode estar interferindona receptividade uterina ao embrião. Por consequente, a perda embrionáriapré-implantação pode ser causada por seu efeito estrogênico no útero. Também foidemonstrado que os estrogênios vegetais têm a capacidade de interromper agravidez precoce em ratos e camundongos através da inibição do pico deestrogênio necessário para implantação. O uso indiscriminado dessa planta,in natura ou em derivados fitoterápicos, como umanti-ulcerogênico deve ser alertado no caso de mulher grávida[13].
Corroborando com os artigos já citados, o estudo de Silva &Santana[35] constatouque o uso de plantas medicinais por grávidas ocorre de forma descontrolada e semo devido conhecimento dos efeitos adversos que podem ser causados pelas plantas,podendo submeter o bebê a efeitos embriotóxicos, teratogênicos e abortivos. É deextrema importância que as mulheres tenham o devido cuidado com a sua saúdequando se trata do uso de plantas medicinais, já que muitas das plantasmedicinais não possuem estudos que indiquem sua eficácia e segurança, assim comoos seus efeitos tóxico. Plantas como boldo, sene, camomila, carqueja, angélica,arruda e outras são comumente utilizadas pela população gestante a fim dealiviar os desconfortos desse período, como enjoo, flatulência, insônia, azia,depressão, insônia, dores articulares, emagrecimento, dentre outros. No entanto,as plantas medicinais possuem metabólitos secundários que são consideradostóxicos e capazes de provocar efeitos embriotóxico, teratogênico e abortivo,quando utilizados durante a gestação.
Almeida & Lemonica[11]avaliaram a interferência dos extratos de Coleus barbatus B. naimplantação do embrião ou no desenvolvimento normal, considerando que têm sidousados na medicina popular para interromper a gravidez. Em conclusão, o uso deextrato de C. barbatus durante o período pré-implantação mostraum efeito anti-implantação, o que justifica o uso popular da planta com finsabortivos. O tratamento neste período também pode interferir no desenvolvimentoembriofetal. Após a implantação do embrião, o tratamento com o extrato nãointerfere com o desenvolvimento embriofetal ou com parâmetros reprodutivosmaternos.
São inúmeras as espécies com uso medicinal tradicional que ainda continuam semcomprovação da eficácia e da segurança de seu uso. Os estudos farmacológicosrealizados com boldo (Peumus boldus) e carqueja(Baccharis genistelloides) comprovam várias das atividadesatribuídas popularmente a esses chás, além de correlacionar esses efeitos acompostos puros, isolados a partir desses extratos. Já os estudos toxicológicossugerem que o chá de boldo deve ser consumido com moderação e cuidado,principalmente no primeiro trimestre da gravidez (indícios de teratogenia) e nouso por tempo prolongado (indícios de hepatotoxicidade), enquanto o consumo dochá de carqueja deve ser proibido para gestantes (risco comprovado de aborto) epara pacientes que utilizam drogas para tratamento de problemas pressóricos(ação hipotensora). Estes relatos reforçam a necessidade de um maiorconhecimento sobre as plantas medicinais utilizadas popularmente, não apenaspara a confirmação das atividades descritas pelo uso tradicional, mas tambémpara que o uso seguro seja estabelecido[17].
Outro estudo sugeriu que a toxicidade aguda oral do extrato aquoso das folhas deVernonia condensata apresenta baixa toxicidade aguda enenhuma evidência foi encontrada que apresente riscos teratogênicos oumutagênicos[12].
Freitas et al.[16] estudaram os efeitos da Ruta graveolensL., usada em muitos países, inclusive no Brasil, como abortivo e constataram queo extrato não apresentou perda embrionária pré-implantação. No entanto, a mortefetal no início da organogênese sugere fetotoxicidade por R.graveolens. Portanto, devido aos seus efeitos, R.graveolens não deve ser usado como erva medicinal ou comoabortivo.
O primeiro estudo que mostra que preparações obtidas de Gochnatiapolymorpha possuem atividade mutagênica, mas não são teratogênicasé de Pessato et al.[32]. Esses resultados não excluem seu uso na bioprospecçãode anti-inflamatórios e podem levar a aplicações terapêuticas na gravidez.
Destaca-se a importância dos estudos dessa categoria, na medida que discutem umatemática extremamente importante: os efeitos adversos, embriotóxicos,teratogênicos e abortivos resultantes do uso de algumas plantas medicinais efitoterapia durante o período gestacional.
Segurança e eficácia na utilização de plantas medicinais
A segunda temática identificada a partir da análise dos artigos contemplou noveestudos que abordam os efeitos e segurança do uso de algumas espécies de plantasmedicinais.
As plantas medicinais possuem substâncias ativas e, muitas vezes, o efeito tóxicosobre o organismo é desconhecido ou até mesmo, ignorado pela população. Acamomila é muito utilizada, contudo é contraindicado para gestantes devido aindícios de atividade emenagoga e relaxante da musculatura lisa. Um estudoavaliou os efeitos do extrato aquoso de camomila na gestação e nos filhotes deratos. A camomila pode influenciar, tanto no ganho de peso materno durante agestação, como no dos filhotes após o nascimento, e pode provocar alterações nosreflexos neurológicos. Não se observou alteração nos demais parâmetrosestudados. Baseados nos resultados obtidos, os autores concluíram que aadministração do extrato aquoso de Chamomilla recutita nãoproduz efeitos tóxicos e nem alterações sobre a maioria dos parâmetros estudadosno modelo animal. Entretanto, a influência na positividade do reflexo postural ede orientação no tratamento com o referido extrato, sugerem possível interaçãoda apigenina com efeito ansiolítico, a qual deve ser investigada maisdetalhadamente em estudos futuros[22].
Outra planta pesquisada, foi a Bauhinia forficata, maisconhecida como “pata-de-vaca”, amplamente utilizada para o tratamento doDiabetes mellitus. Avaliou-se as repercussões do diabetes no sistema de defesacontra o estresse oxidativo em ratas grávidas e o impacto do tratamento comextrato de Bauhinia forficata sobre o sistema antioxidante,controle glicêmico, glicogênio hepático, colesterol, triglicerídios, proteínas etotais de lipídios. Este estudo demonstrou que o diabetes experimental induzidoem ratas causa repercussões no sistema de defesa antioxidante, com aumento doácido úrico. O tratamento de ratas diabéticas grávidas com Bauhiniaforficata não controlou a hiperglicemia, hiperlipidemia,hipercolesterolemia materna, porém aumentou a quantidade de glicogênio hepático.Além disso, o tratamento com B. forficata diminuiu aconcentração de ácido úrico e aumentou a atividade de glutationa reduzida. Dessaforma, sugere-se que a planta pode ter alguma ação no sistema de defesaantioxidante. Contudo, a demonstração do componente ativo presente em B.forficata responsável por sua ação de defesa antioxidante e aumentodo glicogênio hepático merece maiores investigações. Além de os flavonóides comopossíveis constituintes antioxidantes de B. forficata, ospolissacarídeos solúveis em água devem ser investigados, uma vez que váriospolissacarídeos vegetais exibem atividades antidiabéticas notáveis[15].
A planta Annona squamosa Linn. é conhecida por apresentarefeitos inseticida, antiovulatório e abortivo. O objetivo do presente estudo foiinvestigar se o extrato aquoso da semente de A. squamosa, emdoses superiores à popularmente utilizada para provocar o aborto, interfere nodesempenho reprodutivo e correlacionar a ingestão desse extrato com possíveisalterações na implantação embrionária de ratos. O tratamento das mães durante operíodo pré-implantação não mostrou sinais de toxicidade, e nenhuma alteraçãonos corpos lúteos, nas implantações e no embrião em termos de números dedesenvolvimento. Assim, o extrato aquoso de sementes de A.squamosa não interferiu no desempenho reprodutivo de ratas prenhes,não resultaram em alterações morfológicas do endométrio, refletidas naimplantação embrionária viável[14].
Outra pesquisa, estudou a planta Annona nutans usada na medicinapopular, que possui grande número de compostos biologicamente ativos comfarmacológicos e/ou potencial tóxico. Além disso, as gestantes usam essasplantas principalmente na forma de chás, sem saber dos danos que podem causar àsaúde do embrião. Avaliou-se os efeitos das folhas da fração hidrometanólica deA. nutans sobre atividade mutagênica e imunomoduladora,desempenho reprodutivo, e desenvolvimento embriofetal em ratas grávidas.Verificou-se que não há nenhum mutagênico ou atividade imunomoduladora, e nãocausa toxicidade embriofetal. Com base nos protocolos usados pelos autores, épossível concluir que é seguro usar A. nutans durante agravidez[26].
Gonçalves et al.[23] estudaram a espécie Byrsonimaverbascifolia, usada na medicina popular para tratar diarreia,infecções intestinais, feridas crônicas, doença de Chagas, inflamação e comodiurético. Essa pesquisa mostra, pela primeira vez, que o uso de extrato deByrsonima verbascifolia em camundongos prenhes, não alteroua função reprodutiva feminina, mutagenicidade ou imunoestimulação, como tambémnão interferiu no desenvolvimento embriofetal, pelo menos nas condiçõesexperimentais. Estes achados são corroborados pela ausência de imunoestimulaçãono células esplênicas que sugerem, pelo menos sob condição experimental, o usoseguro do extrato de Byrsonima verbascifolia durante o períodopré e/ou durante a gravidez.
A Gochnatia polymorpha ssp. floccosa é utilizada na medicinapopular para tratar inflamação e infecções. O estudo de David etal.[27] indicouque Gochnatia polymorpha não interfere com o desempenhoreprodutivo desenvolvimento embrio-fetal, mas se correlaciona com peso ecomprimento fetal reduzidos. Em conclusão, não é tóxico para mulheres grávidas,não afeta o desempenho reprodutivo feminino, não altera o desenvolvimentoembriofetal, não é mutagênico e não causa imunomodulação. Sendo assim, é umagente antiinflamatório seguro e eficaz para uso durante a gravidez.
A utilização de plantas medicinais sempre foi bem difundida, porém hoje se faznecessária uma abordagem científica para comprovar sua eficácia. Um estudo foirealizado para avaliar a possível toxicidade materna e teratogenicidade do óleode copaíba, um óleo resina exsudado do tronco de Copaiferalangsdorfii, muito utilizado na medicina natural. Em relação aoganho de peso materno, peso dos órgãos, número de fetos vivos e implantes eviabilidade fetal, não houve diferença estatística entre os grupos. Os dadosdemonstram que este fitoterápico não apresenta toxicidade materna. Com relaçãoàs médias de peso e comprimento fetal dos grupos tratados, houve diferençaestatística quando comparados ao controle, mas os fetos ainda se encontravamdentro do peso adequado à idade de prenhez. A prole das fêmeas tratadas nãoapresentou malformações ou alterações externas, viscerais e esqueléticas. Osresultados deste estudo indicam que o óleo de copaíba, nas doses administradas eperíodo estudado, não apresentou toxicidade materna ou causou teratogenicidadena prole das fêmeas tratadas. Portanto, podemos considerar seu uso segurodurante o período de gestação[19].
Existem poucos estudos sobre medicamentos fitoterápicos em mulheres grávidas. Osestudos existentes priorizam os efeitos teratogênicos ou abortivos, considerandoque as plantas medicinais têm potenciais efeitos tóxicos, ainda não descobertose podem ter interações ainda não comprovadas com outros medicamentos. Osresultados obtidos neste estudo de Fulanetti et al.[29] mostraram que o extrato deMikania glomerata não mostrou teratogenicidade, e tambémnão determinou controle sobre o efeito vasoconstritor em ratos hipertensos, comas concentrações estudadas. Embora alguns parâmetros tenham apresentadodiferenças significativas, os autores concluíram que as mudanças priorizarampela literatura, como toxicidade, vasodilatação e hipotensão, não foram causadaspelo guaco. As únicas mudanças fetais observadas foram decorrentes dahipertensão materna.
Cochlospermum regium (Schrank) Pilg. Bixaceae é uma plantabrasileira amplamente utilizado como medicamento popular no sudoeste do Brasilpara tratar inflamação e doenças infecciosas. No entanto, os efeitos do extratohidroetanólico de C. regium em ratas grávidas não foramavaliados. Não foram observados sinais clínicos de toxicidade materna. Aplacenta e o peso dos fetos foram semelhantes nos animais controle e tratados. Otermo “fetos” não apresentou malformações ou anomalias, embora o número de fetosvivos e a taxa de natalidade diminuíram significativamente. Em conclusão, oextrato hidroetanólico de C. regium não é tóxico para a ratagrávida, embora possa interferir no progresso do desenvolvimentoembriofetal[25].
Os estudos demonstraram a importância na realização de pesquisas que objetivamverificar a segurança e a eficácia do uso de plantas medicinais durante operíodo gestacional, a fim de proporcionar maior confiança no momento dautilização pela gestante.
Comportamentos e crenças quanto ao uso de plantas medicinais
A terceira e última temática se refere a oito artigos que interagem entre si porabordarem os comportamentos e crenças quanto ao uso de plantas medicinaisdurante o período gestacional.
Uma das condições específicas da gestação é a pré-eclâmpsia, associada àhipertensão, à retenção generalizada de líquido e à proteinúria. O estudo deSilva et al.[31] objetivou avaliar os aspectos clínicos, nutricionais eterapêuticos nos cuidados pré-natais e puerperais às gestantes de um centro desaúde de Minas Gerais quanto ao risco de pré-eclâmpsia. Os resultadosevidenciaram que houve prevalência de gestantes jovens; com idade entre 18-24anos; primigestas; sem acompanhamento puerperal, antecedentes familiares epessoais de doença hipertensiva. Além disso, houve prevalência de quatrorefeições diárias com restrições hipersódicas. Apenas 10,8% das gestantesutilizavam plantas medicinais, por conta da sintomatologia múltipla da gestação,e manifestavam condutas quanto ao tratamento de modo a gerar falhas ecomprometer a evolução gestacional. Os autores concluíram que existe falhas noacompanhamento profissional à gestante em nível de Atenção Primária à Saúde,especialmente no que diz respeito à terapêutica, comprometendo a qualidade dagravidez.
Outra patologia de grande importância durante a gravidez é a diabetes mellitus,pois é marcada por complicações, tanto fetais quanto maternas, que aumentam osriscos de morbimortalidade para gestantes diabéticas e seus filhos. A noçãoprimária subjacente à indicação de ervas não é substituir medicamentosregistrados que já estão no mercado, mas ampliar as opções terapêuticas parapromoção da saúde, redução de custos e aumento dos benefícios das terapiasconvencionais.
Uma revisão mostrou que os estudos que examinaram os tratamentos com plantas emassociação com diabetes e gravidez ainda são escassos. Em 50% dos artigosidentificados, os estudos usaram folhas de plantas porque o uso mais comum deplantas por mulheres grávidas é em a forma de chá. Além disso, mais de 90% dosensaios foram realizados com animais experimentais (100% em ratos), demonstrandoque estudos que avaliam a segurança materno-fetal de substâncias derivadas deplantas, incluindo plantas medicinais, são difíceis e podem induzir potencialdanos materiais em indivíduos humanos. Assim, uma vez que os níveis de confiançapara substâncias derivadas de plantas são estabelecidos com base em análisestoxicológicas e a segurança é confirmada, é possível que as plantas sejam usadaspara complementar terapias convencionais para diabetes[33].
Souza et al.[24] avaliaram o índice de consumo de plantas medicinais pormulheres de uma Unidade Básica de Saúde, e identificou quais as espécies maisingeridas no período gestacional. As plantas medicinais mais citadas foram“boldo” (Peumus boldus), “carqueja” (Baccharistrimera) e “sene” (Cassia angustifolia), as quaiseram empregadas principalmente em dores estomacais ou como digestivos (53%),para resfriados (23%), cólicas menstruais (4%) ou para menstruar (2%). Sabe-seque mulheres grávidas frequentemente tem enjoos e prisão de ventre, e porconsequência fazem uso de medicamentos ou até mesmo de plantas medicinais como oboldo para minimizar a sensação de náuseas e a carqueja para auxiliar nasdisfunções gástricas.
Já Araújo et al.[30] verificaram o perfil de uso de plantas medicinais porgestantes atendidas em quatro Unidades Básicas de Saúde da Família e em umamaternidade pública da cidade de Campina Grande - PB. Das 178 gestantes comidade entre 18 e 42 anos, foi constatado que 30,9% das gestantes utilizavamplantas medicinais, sendo o boldo a mais citada (35,4%). Entre as plantas usadascom alta frequência, todas, com exceção apenas da erva-cidreira (Melissaofficinalis), apresentavam possíveis efeitos tóxicos para o períodogestacional, segundo a Resolução SES/RJ N° 1757. As espécies de plantas maisconsumidas foram o boldo (P. boldus) (35,4%), funcho(Foeniculum vulgare) (24,2%), erva-doce (M.officinalis) (22,5%), capim-limão (C. citratus)(6,4%), camomila (M. chamomilla) (4,8%), carqueja (B.trimera) (3,2%), e hortelã (Mentha piperita L.)(3,2%). Existe uma evidente necessidade de estabelecer critérios de segurançapara o uso de plantas medicinais durante a gravidez levando em consideraçãoestudos sobre a toxicidade de fitoterápicos durante a gravidez.
Outro estudo se propôs a identificar a utilização de medicamentos e plantasmedicinais junto às gestantes atendidas na Unidade Saúde da Mulher, no municípiode Alegre, ES. Foram entrevistadas 115 gestantes, entre 14 a 43 anos. A maioriadas gestantes estava no terceiro trimestre da gravidez. 80% afirmaram utilizarpelo menos um medicamento na gestação, sendo que somente 64% das gestantesafirmaram saber a finalidade do medicamento prescrito e 21% utilizaram porautomedicação. Foi verificado que 9,5% apresentavam algum tipo de doençacrônica. Os medicamentos mais utilizados foram antianêmicos e analgésicos nãoopióides. Conforme a classificação de risco do FDA, 13,2% das gestantes usandomedicamentos que podem causar efeitos adversos. Em relação ao consumo de chás,17% afirmaram utilizar no mínimo um tipo durante o período gestacional, sendoque o mais utilizado foi o de capim-cidreira. Os autores evidenciaram que asgestantes necessitam de uma orientação especial dos profissionais de saúde, umavez que tanto os medicamentos quanto as plantas medicinais são utilizadas deforma irracional, podendo acarretar graves danos à saúde da gestante e do feto.Além disso, é preciso viabilizar intervenções educativas as gestantes eatividades de orientação continuada para profissionais de saúde, possibilitandoa conscientização da sociedade sobre a importância do uso racional demedicamentos[34].
Uma pesquisa no campo da etnofarmacologia utilizou, como fonte de dados,informações de gestantes usuárias, ou não, de fitoterápicos a fim de analisar asrepresentações formadas sobre o uso de plantas medicinais por gestantes emtratamento ambulatorial. As análises identificaram as categorias da concepção edos motivos do uso, ou não, das plantas, e verificaram, com o grupo de usuárias,que o seu conhecimento vem sendo transmitido de geração a geração, verbalmente.Os autores observaram que esse conhecimento, embora aceito, pode levar ao usoinadequado ou ineficaz. No grupo de gestantes que não usava fitoterápicos,percebeu-se desconhecimento da fitoterapia, ou a compreensão das plantas comoprejudiciais ao feto[1].
As plantas medicinais são fonte de novas substâncias ativas e novos fármacos deinteresse farmacêutico. Uma boa fonte de informações para pesquisasetnobotânicas é o conhecimento popular obtido nas feiras livres. Nesse contexto,Leitão et al.[28] realizaram um levantamento bibliográfico sobre trabalhosem feiras livres no Estado do Rio de Janeiro para identificar as plantascomercializadas nas mesmas. A família Asteraceae teve a maiorrepresentação, seguida por Lamiaceae e Fabaceae.Solanum foi o gênero mais frequente. Duzentos e vinte e quatroespécies podem ser consideradas potencialmente tóxicas ou podem interagir comoutras drogas. Dezoito espécies são contraindicadas na gestação e 3 durante aamamentação. Esses resultados são preocupantes, pois existe a percepção de queas plantas nunca podem ser prejudiciais. Todavia, isso também pode revelarescassez de informações disponíveis sobre a quantidade real de plantas extraídasda natureza e comercializados sem nenhum controle.
A revisão de Cardoso & Amaral[7] identificou a prevalência do uso da fitoterapia durante agestação, em artigos publicados entre 2000 e 2015. Dos 46 estudos clínicos, 11foram realizados na Europa, 10 na Ásia, 5 na África, 3 na Oceania, 16 na Américae, apenas um, foi de caráter multinacional. A prevalência do uso foi muitovariável. Além do que, a camomila, o gengibre, o alho, a menta e a equináceaforam as espécies mais utilizadas pelas grávidas. Os dados revelam queindependentemente de variáveis geográficas, socioeconômicas e étnico-culturaisque eventualmente possam distingui-las, mulheres do mundo inteiro fazem uso dafitoterapia durante a gravidez.
É de suma importância desmistificar a ilusão de que os produtos de origem naturalsão inofensivos e de que seu uso não requer cuidados ou acompanhamento de umprofissional da saúde devidamente qualificado. Como também, é fundamental oincentivo à realização de pesquisas que fomentem a transformação de plantasmedicinais, drogas vegetais e derivados vegetais utilizados pela população emmedicamentos fitoterápicos seguros, eficazes e com a qualidade devidamentecomprovada de acordo com a regulamentação vigente[7].
Os estudos dessa categoria demonstraram o quanto as crenças e os comportamentosquanto ao uso de plantas medicinais durante a gestação são fatores a seremabordados no acompanhamento profissional junto aos serviços de saúde. Apotencialização das divulgações científicas acerca das plantas medicinais efitoterápicos seguro durante o período gestacional também se faz necessário.
Conclusão
Em conclusão, foi possível verificar que as discussões que permeiam as publicaçõesacerca do uso de plantas medicinais e fitoterápicos durante a gravidez publicadasentre 2000 e 2019, giram em torno de três grandes temáticas: reações adversas,efeitos embriotóxico, teratogênicos e abortivos das plantas medicinais; segurança eeficácia na utilização de plantas medicinais; e os comportamentos e crenças quantoao uso de plantas medicinais.
Além disso, foi possível concluir que são escassos os estudos brasileiros sobre autilização de plantas medicinais e fitoterápicos durante o período gestacional,abordando a segurança, eficácia e efeitos adversos de cada espécie, mesmo havendouma política pública em vigor.
Dessa forma, é de extrema importância que as mulheres grávidas tenham o devidocuidado quanto ao uso de plantas medicinais, pois, muitas espécies ainda não possuemestudos que indiquem sua segurança e eficácia, assim como os seus efeitos tóxicos.Nesse sentido, destaca-se a necessidade de mais estudos a fim de explorar ospotenciais terapêuticos, efeitos, segurança e verificar a toxicidade relacionados àsplantas medicinais utilizadas pelas gestantes.
Aos profissionais da saúde cabe orientar as mulheres quanto ao risco da utilização deplantas medicinais e fitoterápicos durante a gravidez, chamando atenção para operigo potencial da automedicação e das consequências associadas a ele. Éindispensável a análise detalhada da situação de cada paciente e uma avaliação darelação risco-benefício para a futura mãe e feto, promovendo a conscientização dasociedade e da equipe de saúde sobre a importância do uso racional demedicamentos.
Em relação a isso, é interessante que haja investimentos em intervenções educativas ecampanhas informativas direcionadas às gestantes e à população em geral, a fim dedesmistificar o saber de que produtos de origem natural são inofensivos e de que seuuso não requer o acompanhamento de um profissional da saúde devidamentequalificado.
Resumo
Main Text
Introdução
Material e Método
Resultados e Discussão
Reações adversas, efeitos embriotóxicos, teratogênicos e abortivos dasplantas medicinais
Segurança e eficácia na utilização de plantas medicinais
Comportamentos e crenças quanto ao uso de plantas medicinais
Conclusão