Uso da anatomia foliar no controle de qualidade do chá verde Camellia sinensis L. Kuntze. (Theaceae)

Juliana de Lanna Passos
OrcID
Carlos Eduardo Valério Raymundo
OrcID

    Juliana de Lanna Passos

    Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias (CCA). Alto Universitário, s/nº, Guararema, CEP 29500-000, Alegre, ES, Brasil.

    OrcID https://orcid.org/0000-0002-5101-4811

    Possui graduação em Ciências Biológicas, modalidade Licenciatura e Bacharelado, pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2001). Concluiu o Mestrado (2004) e o Doutorado (2008) em Botânica pela Universidade Federal de Viçosa. Atuou como bolsista de Pós-Doutoramento CAPES (PNPD/2008-2011) em Solos e Nutrição de Plantas (DPS/UFV). Tem experiência na área de Botânica com ênfase em Anatomia e Histoquímica Vegetal. Atualmente é Professora Adjunta da Universidade Federal do Espírito Santo no Departamento de Biologia (CCENS/UFES) onde ministra a disciplina Histologia e Anatomia Vegetal e desenvolve atividades de pesquisa (controle de qualidade de chás, anatomia como subsídio a taxonomia, plantas medicinais e etnobotânica) e extensão (ensino em botânica e plantas medicinais).

    Carlos Eduardo Valério Raymundo

    Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro de Ciências Agrárias (CCA). Alto Universitário, s/nº, Guararema, CEP 29500-000, Alegre, ES, Brasil

    OrcID https://orcid.org/0000-0001-6675-4567

    Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e Mestre em Ciências Biológicas (Botânica), na Universidade de São Paulo. Tem experiência em Anatomia Vegetal, e atualmente investiga a ontogênese e histoquímica das glândulas foliares em Passiflora.


Palavras-chave

Autenticidade
Droga vegetal
Marcadores anatômicos
Tricomas

Resumo

O chá verde é considerado uma bebida funcional e, como resultado, seu consumo aumentou drasticamente ao longo dos anos. Com a alta demanda comercial, irregularidades têm sido encontradas nos produtos, dentre as quais podemos destacar a falsificação e adulteração da matéria-prima. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a autenticidade de diferentes marcas de chá verde a partir da identificação de características anatômicas diagnósticas da espécie. Foram obtidas 57 amostras de 19 marcas diferentes, 13 delas comercializadas a granel (folhas inteiras) e seis em sachês (pulverizadas), em estabelecimentos comerciais de cidades do Sul do Espírito Santo e da Zona da Mata Mineira. Para verificar a autenticidade, as amostras foram submetidas a processos usuais em anatomia vegetal (microscopia de luz), e comparadas com a descrição da espécie na literatura científica. Seis marcas (31,57% das amostras) não apresentaram as principais características anatômicas do chá verde, como esclereídes irregulares e tricomas tectores, demonstrando a inautenticidade do produto. Os resultados apontam a ocorrência de adulterações que podem expor a saúde dos consumidores.

Referências

  1. Cabrera C, Artacho R, Giménez R. Beneficial effects of green tea: a review. J Amer Colle Nutr. 2006; 25(2): 79-99. [CrossRef].
  2. Mahmood T, Akhtar N, Khan BA. The morphology, characteristics and medicinal properties of Camellia sinensis tea. J Med Pl Res. 2010; 4(19): 2028-2033. [CroosRef].
  3. Pastoriza S, Mesías M, Cabrera C, Rufián-Henares JA. Healthy properties of green and white teas: an update. Food Funct. 2017; 8(8): 2650-2662. [Link].
  4. Zaveri NT. Green tea and its polyphenolic catechins: medicinal uses in cancer and non-cancer applications. Life Sci. 2006; 78(18): 2073-2080. [CrossRef].
  5. Senger AEV, Schwanke CH, Gottlieb MGV. Chá verde (Camellia sinensis) e suas propriedades funcionais nas doenças crônicas não transmissíveis. Sci Med. 2010; 78(18): 2073-2080. [Link].
  6. Thitimuta S, Pithayanukul P, Nithitanakool S, Bavovada R, Leanpolchareanchai J, Saparpakorn P. Camellia sinensis L. Extract and its potential beneficial effects in antioxidant, anti-inflammatory, anti-hepatotoxic, and anti-tyrosinase activities. Molecules. 2017; 22(3): 401. [CrossRef].
  7. Zhao CN, Tang GY, Cao SY, Xu XY, Gan RY, Liu Q et al. Phenolic profiles and antioxidant activities of 30 tea infusion from green, black, oolong, white, yellow and dark teas. Antioxidants. 2019; 8(7): 215. [Link].
  8. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 267, de 22 de setembro de 2005. Regulamento Técnico de Espécies Vegetais para o Preparo de Chás. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 23 ago.2005. Disponível em: [Link]. Acesso em: 14/03/2021.
  9. Nishiyama MF, Costa MAF, Costa AMD, Souza CGMD, Bôer CG, Bracht CK et al. Chá verde brasileiro (Camellia sinensis var assamica): efeitos do tempo de infusão, acondicionamento da erva e forma de preparo sobre a eficiência de extração dos bioativos e sobre a estabilidade da bebida. Food Sci Technol. 2010; 30, 191-196. [CrossRef].
  10. Lorenzi H, Matos FJA 2002. Plantas medicinais do Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Plantarum.
  11. Duarte MR, Menarim DO. Morfodiagnose da anatomia foliar e caulinar de Camellia sinensis (L.) Kuntze, Theaceae. Rev Bras Farmacogn. 2006; 16(4): 545-551. [CrossRef].
  12. Pimentel-Souza JDR, Souza DS, Gualberto NC, Ramalho SA, Moreira JDJDS, Narain N. (2012). Qualidade funcional da infusão do chá verde comercial. Rev Nutr. 2012; 25(6): 753-763. [CrossRef].
  13. Nascimento FSD, Taveira CC. Avaliação da qualidade de amostras de Camellia sinensis (l.) Kuntze (chá-verde) comercializadas no distrito federal-brasil. An Prod Inic Cient Disc. 2011; 13(7): 63-80. [Link].
  14. Silva BC, Silva F, Michelin DC. Avaliação da qualidade de amostras de Camellia sinensis (L.) Kuntze (Theaceae) comercializadas no município de Araras–SP. J Basic Appl Pharmac Sci. 2013; 34(2). [Link].
  15. Melo JD, Nascimento VD, Amorim ED, Andrade Lima CS, Albuquerque UD. Avaliação da qualidade de amostras comerciais de boldo (Peumus boldus Molina), pata-de-vaca (Bauhinia spp.) e ginco (Ginkgo biloba L.). Rev Bras Farmacogn. 2004; 14(2): 111-120. [CrossRef].
  16. Melo JGD, Martins JDGDR, Amorim ELCD, Albuquerque UPD. Qualidade de produtos a base de plantas medicinais comercializados no Brasil: castanha-da-índia (Aesculus hippocastanum L.), capim-limão (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf) e centela (Centella asiatica (L.) Urban). Acta Bot Bras. 2007; 21(1): 27-36. [CrossRef].
  17. Delaporte RH, Milaneze MA, Mello JCPD, Jacomassi E. Estudo farmacognóstico das folhas de Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze (Amaranthaceae). Acta Farm Bonaerense. 2002; 21(3): 169-174. [Link].
  18. McGuffin M (Ed.). 1997. Botanical safety handbook. CRC press.
  19. Martins AR, Soares MK, Redher VL, Bajay MM, Villela PM, Zucchi MI et al. Use of anatomical, chemical, and molecular genetic characteristics in the quality control of medicinal species: A case study of sarsaparilla (Smilax spp.). Economic botany. 2014; 68(4): 410-425. [CrossRef].
  20. Leal-Costa MV, Teodoro FS, Barbieri C, Santos LFUD, Sousa AD. Avaliação da qualidade das plantas medicinais comercializadas no Mercado Municipal de Campos dos Goytacazes-RJ. Rev Fitos. Rio de Janeiro. 2018; 12(2): 127-134. [CrossRef].
  21. Smith FH, Smith EC. Anatomy of the inferior ovary of Darbya. Amer J Bot. 1942; 464-471.
  22. Arnott HJ. Leaf clearings. Turtox News, 1959; 37(8): 192-194.
  23. Johansen DA. Plant microtechnique. Mc Graw Hill, New York, 1940.
  24. Pereira AV, de Almeida TC, Beltrame FL, Costa ME, Garrido LH. Determinação de compostos fenólicos em amostras comerciais de chás verde e preto-Camellia sinensis L. Kuntze. (Theaceae). Acta Scient Health Sci. 2009; 31(2): 119-124. [CrossRef].
  25. Bukatsch F. Bemerkungen zur Doppelfärbung: Astrablau-Safranin. Mikrokosmos. 1972; 61: 255.
  26. Kaiser E. Verfahren zur Herstellung einer tadellosen Glycerin- Gelatine. Botanis chzentralb. 1880; 25-26.
  27. Lu HF, Jiang B, Shen ZG, Shen JB, Peng QF, Cheng CG. Comparative leaf anatomy, FTIR discrimination and biogeographical analysis of Camellia section Tuberculata (Theaceae) with a discussion of its taxonomic treatments. Plant Systemat Evolut. 2008; 274(3-4): 223. [CrossRef].
  28. Zhang W, Wang XQ, Li ZY. The protective shell: sclereids and their mechanical function in corollas of some species of Camellia (Theaceae). Pl Biol. 2011; 13(4): 688-692. [CrossRef].
  29. Zhang W, Hu Y, Li Z, Wang P, Xu M. Foliar sclereids in tea and its wild allies, with reference to their taxonomy. Austr System Bot. 2009, 22(4): 286-295.[CrossRef].
  30. LunaI, Ochoterena H. Phylogenetic relationships of the genera of Theaceae based on morphology. Cladistics. 2004; 20(3) 223-270. [CrossRef].
  31. Menezes JCD, Borges GBV, Gomes FDCO, Vieira MDLA, Marques AR, Machado AMDR. Volatile compounds and quality analysis in commercial medicinal plants of Camellia sinensis. Ciênc Rural. 2019; 49(3). [CrossRef].
  32. Costa RPC, Guimarães ALA, Vieira ACM. Avaliação da qualidade de amostras de plantas medicinais comercializadas no Brasil. J Basic Appl Pharmac Sci. 2014; 35(3). [Link].
  33. Engel IC, Ferreira RA, Cechinel-Filho V, Meyre-Silva C. Controle de qualidade de drogas vegetais a base de Bauhinia forficata Link. (Fabaceae). Rev Bras Farmacogn. 2008; 18(2): 258-264. [CrossRef].
  34. Brandão MGL, Freire N, Vianna-Soares CD. Vigilância de fitoterápicos em Minas Gerais. Verificação da qualidade de diferentes amostras comerciais de camomila. Cad Saúde Públ. 1998; 14: 613-616. [CrossRef].

Autor(es)

  • Juliana de Lanna Passos
    Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias (CCA). Alto Universitário, s/nº, Guararema, CEP 29500-000, Alegre, ES, Brasil.
    https://orcid.org/0000-0002-5101-4811
  • Carlos Eduardo Valério Raymundo
    Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Centro de Ciências Agrárias (CCA). Alto Universitário, s/nº, Guararema, CEP 29500-000, Alegre, ES, Brasil
    https://orcid.org/0000-0001-6675-4567

Métricas

  • Artigo visto 511 vez(es)

Como Citar

1.
Uso da anatomia foliar no controle de qualidade do chá verde Camellia sinensis L. Kuntze. (Theaceae). Rev Fitos [Internet]. 31º de março de 2022 [citado 21º de novembro de 2024];16(1):18-2. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/1124

1. DIREITOS CEDIDOS - A cessão total não exclusiva, permanente e irrevogável dos direitos autorais patrimoniais não comerciais de utilização de que trata este documento inclui, exemplificativamente, os direitos de disponibilização e comunicação pública da OBRA, em qualquer meio ou veículo, inclusive em Repositórios Digitais, bem como os direitos de reprodução, exibição, execução, declamação, recitação, exposição, arquivamento, inclusão em banco de dados, preservação, difusão, distribuição, divulgação, empréstimo, tradução, dublagem, legendagem, inclusão em novas obras ou coletâneas, reutilização, edição, produção de material didático e cursos ou qualquer forma de utilização não comercial.

2. AUTORIZAÇÃO A TERCEIROS - A cessão aqui especificada concede à FIOCRUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ o direito de autorizar qualquer pessoa – física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira – a acessar e utilizar amplamente a OBRA, sem exclusividade, para quaisquer finalidades não comerciais, nos termos deste instrumento.

3. USOS NÃO COMERCIAIS - Usos não comerciais são aqueles em que a OBRA é disponibilizada gratuitamente, sem cobrança ao usuário e sem intuito de lucro direto por parte daquele que a disponibiliza e utiliza.

4. NÃO EXCLUSIVIDADE - A não exclusividade dos direitos cedidos significa que tanto o AUTOR como a FIOCRUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ou seus autorizados poderão exercê-los individualmente de forma independente de autorização ou comunicação, prévia ou futura.

5. DIREITOS RESERVADOS - São reservados exclusivamente ao(s) AUTOR(es) os direitos morais sobre as obras de sua autoria e/ou titularidade, sendo os terceiros usuários responsáveis pela atribuição de autoria e manutenção da integridade da OBRA em qualquer utilização. Ficam reservados exclusivamente ao(s) AUTOR(es) e/ou TITULAR(es) os usos comerciais da OBRA incluída no âmbito deste instrumento.

6. AUTORIA E TITULARIDADE - O AUTOR declara ainda que a obra é criação original própria e inédita, responsabilizando-se integralmente pelo conteúdo e outros elementos que fazem parte da OBRA, inclusive os direitos de voz e imagem vinculados à OBRA, obrigando-se a indenizar terceiros por danos, bem como indenizar e ressarcir a FIOCRUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ de eventuais despesas que vierem a suportar, em razão de qualquer ofensa a direitos autorais ou direitos de voz ou imagem, principalmente no que diz respeito a plágio e violações de direitos.

7. GRATUIDADE - A cessão e autorização dos direitos indicados e estabelecidos neste Instrumento será gratuita, não sendo devida qualquer remuneração, a qualquer título, ao autor e/ou titular, a qualquer tempo.

Informe um erro