Rosane de Albuquerque dos Santos Abreu

Resumo

Um sábio, um ser de luz.

Gostaria de deixar registrada a minha admiração pela pessoa do nosso querido Dr Benjamin Gilbert. Acredito que muitos exaltarão sua capacidade científica, sua batalha para a preservação e investigação da biodiversidade brasileira, suas críticas às iniciativas da ANVISA e o valor de suas monografias sobre plantas medicinais.

Eu, porém, que não sou da área das ciências químicas ou biológicas, quero ressaltar sua humanidade. Com seu jeito inglês de ser, me revelou uma fé inabalável, com testemunhos de caridade, mostrou que não há tempo, nem idade para fazer o bem e com sua energia sempre firme, me mostrou o quanto a vida é simples.

Aprendi muito com ele. Seus relatos sobre a 2ª guerra mundial, suas memórias das experiências na Amazônia, suas previsões sobre o estado das políticas de farmácia no Brasil me revelaram uma sabedoria e uma percepção da vida de forma realista, mas amorosa.

Como era bom levá-lo até a estação do BRT e ali observar seu corpo cansado pela idade, mas juvenil no espírito, quando sempre se despedia com um simples obrigado, mas extremamente afetuoso.

Saudades, é o sentimento que hoje sinto em meu coração. Já não nos víamos há tempos, mas sua imagem permanece viva em minha memória nessas coisas simples que fizemos juntos. Tomar café na cantina, almoçar juntos, trocarmos artigos que nos interessavam, tudo isso me proporcionou a possibilidade de aprender, não apenas seu conhecimento científico, mas principalmente seu conhecimento sobre a vida.

Nesse momento de sua partida, trago as palavras de Santo Agostinho sobre a morte:

⁠”A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador.”

Meu querido Dr Gilbert, deixo aqui o meu muito obrigado e um até breve.