Abstract
Prezados Leitores da Revista Fitos,
Neste número temático são trazidas questões relevantes envolvendo o aproveitamento e a proteção intelectual associada à biodiversidade nativa do Brasil. Trata-se de questão de indiscutível importância em um país megadiverso que abriga o maior número de espécies do planeta. O Brasil como reflexo das suas dimensões continentais traz, além da própria biodiversidade, uma ampla multiplicidade cultural decorrente da presença de comunidades indígenas e tradicionais que abrigam com seu modo de vida uma forte relação com o território e a biodiversidade que o ocupa.
É urgente que o país perceba que a biodiversidade brasileira não será protegida com muros e polícia, e que somente o investimento em pesquisa pode efetivamente nos proteger como país, tanto da perda da biodiversidade por questões ambientais como, também, dos prejuízos causados pela biopirataria. Em nossos seis biomas - Pampa, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal, Cerrado e Amazônia ainda há muitas espécies que não foram sequer identificadas ou catalogadas, permanecendo desconhecidas. Precisamos fazer um levantamento de nossa flora e do conhecimento de nossas comunidades indígenas e tradicionais. Temos 306 etnias indígenas no Brasil, e além delas comunidades quilombolas, ribeirinhas, caiçaras e diversas outras que ao longo de suas histórias incorporaram a biodiversidade como elemento fundamental para sua sobrevivência, e com isso produziram conhecimentos sobre as formas de vida nativas e seus usos.
Este número da Fitos nos traz alguns exemplos do uso decorrente de pesquisa com a biodiversidade, e nos faz refletir sobre a importância de se proteger intelectualmente as diferentes formas de conhecimentos, técnico científico ou tradicional que guardam relação com os seres vivos nativos do Brasil.
Desejo uma ótima leitura e ampla reflexão sobre o tema.
Celso Luiz Salgueiro Lage
Coordenador do Programa de Pós-graduação
em Propriedade Intelectual e Inovação do INPI