Ontogenia das cavidades secretoras de onze espécies de Myrtaceae

João Paulo Oliveira Ribeiro
Cleber José da Silva

    João Paulo Oliveira Ribeiro

    Cleber José da Silva

    Universidade Federal de São João Del-Rei, campus de Sete Lagoas. Rua Sétimo Moreira Martins, 188, Itapoã, CEP 35701-970, Sete Lagoas, MG, Brasil.

    Professor Associado da UFSJ. Licenciado em Ciências Biológicas e Bacharel em Ecologia pela UFRRJ (2000), Mestre em Botânica pela UFV (2007) e Doutor em Botânica pela UFV (2010). Coordenação de Implantação de Laboratórios de Anatomia Vegetal e Microscopia do CSL/UFSJ. Disciplinas ministradas na Graduação: Anatomia Vegetal, Botânica Aplicada e Sistemática Vegetal. Disciplina ministrada em Pós-Graduação (PPGCA/CSL/UFSJ): Anatomia Vegetal Aplicada à produção Vegetal. Áreas de pesquisa: Estruturas Secretoras em plantas: papel ecológico e funcional; Caracterização Morfoanatômica e Histoquímica de Hortaliças não convencionais; Caracterizção morfofisiológica de mudas de cagaiteira; Criação de protocolos alternativos de coloração para uso em anatomia vegetal; Poluição e seus efeitos em plantas. Anatomia Ecológica de plantas do cerrado. Administração Acadêmica: Coordenador de Curso de Graduação; Chefe e subchefe do DECEB/UFSJ; Membro de conselho superior (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensção da UFSJ).


Palavras-chave

Anatomia
Araçá
Epitélio secretor
Esquizolisigena

Resumo

Cavidades secretoras são constantemente citadas entre espécies da família Myrtaceae. As cavidades secretoras possuem origens diversas, podendo ser oriundas do afastamento de células (esquizógena), de morte celular programada (lisígena) ou da combinação destes dois processos (esquizolisígena). Este trabalho descreve a ontogenia das cavidades presentes nas folhas de onze espécies da família Myrtaceae. Foram utilizados ápices vegetativos de espécimes ocorrentes na região dos municípios de Itutinga e Sete Lagoas, Minas Gerais. As amostras foram fixadas em FAA70, estocadas em etanol 70%, desidratadas em série etílica e incluídas em metacrilato. Cortes transversais e longitudinais de 6 a 8 µm de espessura foram obtidos em micrótomo rotativo de avanço automático. Os cortes foram corados com Azul de Toluidina para caracterização estrutural. Lâminas permanentes foram montadas com resina sintética. As cavidades apontam para uma origem no meristema fundamental, apresentando paredes finas e citoplasma denso, e com intensa atividade de divisão celular, originando de forma precoce o epitélio secretor com células caracteristicamente achatadas. O afastamento das células no interior da cavidade ocorre conseguinte à formação do epitélio secretor. Ao final do processo de formação, as cavidades passam por um evento de apoptose, em que células do seu interior são degradadas, caracterizando a esquizolisigenia.

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Autor(es)

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1.
Ontogenia das cavidades secretoras de onze espécies de Myrtaceae. Rev Fitos [Internet]. 30º de setembro de 2021 [citado 22º de novembro de 2024];15(3):346-53. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/1103

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