Estudo Etnobotânico em Comunidades Remanescentes de Quilombo em Rio de Contas - Chapada Diamantina - Bahia

Nina C. B. Silva
Ana C. D. Regis
Mara Zélia Almeida

Palavras-chave

Plantas medicinais
etnobotânica
quilombolas
Bahia

Resumo

A etnobotânica é uma importante ferramenta para a identificação de espécies da Flora utilizada por comunidades tradicionais para fins medicinais, contribuindo também para a preservação da cultura popular. Esse estudo objetivou avaliar a relação entre o uso de plantas medicinais e a busca por saúde nas comunidades quilombolas da Barra e Bananal, Rio de Contas-BA. O levantamento etnobotânico foi realizado através de entrevistas semi-estruturadas, aplicação de formulários e observação participante a fim de identificar o uso de plantas para fins medicinais. Os sinais e sintomas de doenças citadas para as quais eram utilizadas plantas foram organizados em categorias baseadas na Classificação Internacional de Doenças proposta pela OMS. Foram citadas 71 espécies vegetais sendo Mentha spicata, a mais citada (8,5%) e a família Lamiaceae a mais representativa. As comunidades utilizam principalmente as folhas (55,3%), na forma de chá (64%). A maioria das plantas (62,5%) é obtida nos quintais das casas e cerca de 24% são coletadas em diferentes áreas da região. O maior número de espécies foi indicado para aliviar sintomas em geral (31,5%) seguidos pelos problemas relacionados aos sistemas respiratórios (24,3%) e gastrointestinais (15,8%). As comunidades estudadas fazem intenso uso de plantas medicinais, possuindo amplo conhecimento acerca desses recursos.

Referências

  1. Albuquerque, U.P.; Lucena, R.F.P. e Cunha, L.V.F.C.C. (org.) 2008 - Métodos e técnicas na pesquisa etnobotânica. Editora Comunigraf/ NUPEEA, Recife.
  2. Amorozo, M.C.M. 2002 - Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antônio do Leverger, MT, Brasil. Acta Botanica Brasílica, v. 16, n. 2, p. 189-203.
  3. Anjos, R.S.A. 2004 - Cartografia e Cultura: Territórios dos remanescentes de quilombos no Brasil. VIII Congresso Luso - Afro - Brasileiro de Ciências Sociais. Coimbra, 16, 17 e 18 de dezembro de 2004. Disponível em <http://www.ces.uc.pt/lab2004/pdfs/rafaelsanzio.pdf>. Acesso em: 08 fev 2012.
  4. Brasil 2010 - Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Ambiental (ANVISA). Resolução - RDC n° 10 de 09 de março de 2010. Dispõe sobre notificação de drogas vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 mar. 2010.
  5. Brito, A.R.M. e Brito, A.A.S. 1999 - Medicinal plant research in Brazil: data from regional and national meetings. In: Balick, M.J.; Elisabetsky, E.; Laird, S.A. (eds.) Medicinal Resources of the tropical forest - biodiversity and its importance to human health. Columbia University Press, Nova York. p. 386-401.
  6. Capinam, U. 2009 - O quilombo que Renasce: Estudo de caso acerca dos impactos da política pública de certiicação e de titulação do território sobre a identidade étnica dos quilombos remanescentes Barra e Bananal em Rio de Contas - BA. Salvador, 205p. Dis- sertação (Mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia.
  7. Crepaldi, M.O.S. e Peixoto, A.L. 2010 - Use and knowledge of plants by ''Quilombolas'' as subsidies for conservation efforts in an area of Atlantic Forest in Espírito Santo State, Brazil. Biodiversity Conservation, v. 19, p.37-60.
  8. Franco, E.A.P. e Barros, R.F.M. 2006 - Uso e diversidade de plantas medicinais no quilombo olho d'água dos Pires, Esperantina, Piauí. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.8, n.3, p. 78-88.
  9. Fiabani, A. 2008 - OS NOVOS QUlLOMBOS Luta pela terra e airmação étnica no Brasil [1988 a 2008]. Rio Grande do Sul, 275p. Tese (Doutorado) - Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS.
  10. Fundação Cultural Palmares. Comunidades quilombolas. Disponível em: <http://www.palmares.gov.br>. Acesso em: 01 mai 2011.
  11. Garlet, T.M. e Irgang, B.E. 2001 - Plantas medicinais utilizadas na medicina popular por mulheres trabalhadoras rurais de Cruz Alta, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.4, n.1, p 9 -18.
  12. Gomes, E.B. de S; Barbosa, J.; Vilar, F.C.R.; Perez, J.O.; Vilar, R.C.; Freire, J.L. de O.; Lima, A.N.; Dias,
  13. T.J. 2008. Plantas da Caatinga de uso terapêutico: Levantamento etnobotânico. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal. v.5, n.2, p. 74 - 85.
  14. Instituto do Meio Ambiente - IMA. A APA da Serra do Barbado. Disponível em: <http://www.cra.ba.gov.br/>. Acesso em: 1 ago 2007.
  15. Kõppen, W. 1936 - Das geographische system der klimatologie. Editora Borntrager, Berlim.
  16. Lopes, C.V.G. 2010 - O conhecimento etnobotânico da comunidade quilombola do Varzeão, Dr. Ulysses (PR): no contexto do desenvolvimento rural sustentável. Curitiba, 162p. Tese (Doutorado) - Setor de Ciências Agrárias. Universidade Federal do Paraná.
  17. Matos, F.J.A. 2000 - Plantas medicinais: guia de seleção e emprego de plantas usadas na fitoterapia no Nordeste do Brasil. 2ª edição. Ed. Imprensa Universitária, Fortaleza.
  18. Medeiros, M.F.T.; Fonseca, V.S. e Andreata, R.H.P. 2004 - Plantas medicinais e seus usos pelos sitiantes da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v. 18, n. 2, p. 391-399.
  19. Monteles, R.E. e Pinheiro, C.U.B. 2007 - Plantas me- dicinais em um quilombo maranhense: uma perspectiva etnobotânica. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 7, n. 2, p.38-48.
  20. Moura, C.L.E e Andrade, L.H.C. 2007 - Etnobotânica em quintais urbanos nordestinos: um estudo no bairro da Muribeca, Jaboatão dos Guararapes - PE. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, n. 1, p. 219-221.
  21. Pasa, M.C.; Soares, J.J. e Guarim Neto, G. 2005 - Estudo etnobotânico na comunidade de Conceição - Açu (alto da Bacia do rio Ariçá Açu, MT, Brasil). Acta Botanica Brasílica, v. 19, n. 2, p. 195-207.
  22. Pinto, E.P.P.; Amorozo, M.C.M. e Furlan, A. 2006 - Co- nhecimento popular sobre plantas medicinais, em comunidades rurais, em área de Mata Atlântica - Itaca- ré, BA. Acta Botânica Brasílica, v. 20, n. 4, p.751-752.
  23. Reis, J.J. 1996 - Quilombos e revoltas escravas no Brasil. Revista USP, v. 28, p. 14-39.
  24. Rotta, E.; Beltrami, L.C.C. e Zonta, M. 2008 - Manual de prática de coleta e herborização de material botânico. Documentos 173. Embrapa Florestas. 31p.
  25. Sakamoto, L. O quilombo resiste. Repórter Brasil 2000. Disponível em: <http://www.reporterbrasil.com. br>. Acesso em: 17 set. 2010.

Autor(es)

  • Nina C. B. Silva
    Faculdade de Farmácia, Departamento de Produtos Naturais e Alimentos, Universidade Federal do Rio de Janeiro. CCS, Bloco A, 2º andar, sala 16, Ilha do Fundão, CEP 21941-590 Rio de Janeiro - RJ Programa Farmácia da Terra, Faculdade de Farmácia, Departamento do Medicamento, Universidade Federal da Bahia. Rua Barão do Jeremoabo, 147 CEP 40.170-115 Ondina, Salvador - BA
  • Ana C. D. Regis
    Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Vegetal, Universidade Estadual de Feira de Santana. Av. Transnordestina, S/N, Novo Horizonte. CEP: 44.036-900 Feira de Santana - BA
  • Mara Zélia Almeida
    Programa Farmácia da Terra, Faculdade de Farmácia, Departamento do Medicamento, Universidade Federal da Bahia. Rua Barão do Jeremoabo, 147 CEP 40.170-115 Ondina, Salvador - BA

Métricas

  • Artigo visto 1462 vez(es)

Como Citar

1.
Estudo Etnobotânico em Comunidades Remanescentes de Quilombo em Rio de Contas - Chapada Diamantina - Bahia. Rev Fitos [Internet]. 30º de junho de 2012 [citado 22º de novembro de 2024];7(02):99-109. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/143

1. DIREITOS CEDIDOS - A cessão total não exclusiva, permanente e irrevogável dos direitos autorais patrimoniais não comerciais de utilização de que trata este documento inclui, exemplificativamente, os direitos de disponibilização e comunicação pública da OBRA, em qualquer meio ou veículo, inclusive em Repositórios Digitais, bem como os direitos de reprodução, exibição, execução, declamação, recitação, exposição, arquivamento, inclusão em banco de dados, preservação, difusão, distribuição, divulgação, empréstimo, tradução, dublagem, legendagem, inclusão em novas obras ou coletâneas, reutilização, edição, produção de material didático e cursos ou qualquer forma de utilização não comercial.

2. AUTORIZAÇÃO A TERCEIROS - A cessão aqui especificada concede à FIOCRUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ o direito de autorizar qualquer pessoa – física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira – a acessar e utilizar amplamente a OBRA, sem exclusividade, para quaisquer finalidades não comerciais, nos termos deste instrumento.

3. USOS NÃO COMERCIAIS - Usos não comerciais são aqueles em que a OBRA é disponibilizada gratuitamente, sem cobrança ao usuário e sem intuito de lucro direto por parte daquele que a disponibiliza e utiliza.

4. NÃO EXCLUSIVIDADE - A não exclusividade dos direitos cedidos significa que tanto o AUTOR como a FIOCRUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ou seus autorizados poderão exercê-los individualmente de forma independente de autorização ou comunicação, prévia ou futura.

5. DIREITOS RESERVADOS - São reservados exclusivamente ao(s) AUTOR(es) os direitos morais sobre as obras de sua autoria e/ou titularidade, sendo os terceiros usuários responsáveis pela atribuição de autoria e manutenção da integridade da OBRA em qualquer utilização. Ficam reservados exclusivamente ao(s) AUTOR(es) e/ou TITULAR(es) os usos comerciais da OBRA incluída no âmbito deste instrumento.

6. AUTORIA E TITULARIDADE - O AUTOR declara ainda que a obra é criação original própria e inédita, responsabilizando-se integralmente pelo conteúdo e outros elementos que fazem parte da OBRA, inclusive os direitos de voz e imagem vinculados à OBRA, obrigando-se a indenizar terceiros por danos, bem como indenizar e ressarcir a FIOCRUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ de eventuais despesas que vierem a suportar, em razão de qualquer ofensa a direitos autorais ou direitos de voz ou imagem, principalmente no que diz respeito a plágio e violações de direitos.

7. GRATUIDADE - A cessão e autorização dos direitos indicados e estabelecidos neste Instrumento será gratuita, não sendo devida qualquer remuneração, a qualquer título, ao autor e/ou titular, a qualquer tempo.

Informe um erro