Resumo
Todo trabalho que realizei com o Professor, Grande Mestre Benjamin Gilbert, transcorreu de forma organizada, no tempo certo.
Lembro como a Medida Provisória 2.186-16 e a Lei 13.123 de 2015, o incomodavam e cheguei a pensar que ele seria contra os direitos das populações tradicionais. Só muito tempo depois, de lhe compreender melhor e trabalhar ao seu lado, pude perceber que o incomodo sentido era pelo fato, de como profundo estudioso e ledor, ao ler tais documentos sentia medo de o Brasil nunca ser capaz de produzir seus próprios medicamentos. Sempre falava:
- Em casos de guerra, o mercado internacional fecha, privilegiando um pequeno grupo e ficaremos sem medicamentos para o Brasil;
Sua luta vinha de muito tempo, pois entendia o potencial da nossa biodiversidade para tal fim. Trabalhou na Central de Medicamentos (CEME), que foi instituída pelo decreto 6.8806 em 1971, antes dos medicamentos serem patenteados no Brasil, com a finalidade de promover e organizar o fornecimento, a preços acessíveis, de medicamentos à população. Também trabalhou no Centro Tecnológico de Medicamentos (CTM) da FIOCRUZ, em busca de consolidar o seu sonho, de ver o Brasil produzindo medicamentos a partir das plantas medicinais. Apesar de trabalhar arduamente nesse sentido e ser assíduo, sempre tinha tempo para um chá da tarde.
Quando conversávamos, a conversa ia longe, há décadas, centenas e até milhares de anos atrás, onde já haviam plantas medicinais. Ele era completamente apaixonado por elas, seus segredos e mecanismos de atuação na cura das patologias. Ele sempre sorria em algum momento e dizia que gostava, porque eu rezava antes das refeições.
Em todos os encontros ele transmitia algum ensinamento em suas palavras, gestos e atitudes. Realmente era um ‘Gentleman’, com seu suspensório bem inglês, sua Maestria impecável, me ensinou que ler, reler e ler de novo, ler muito é necessário para ser pesquisador. As informações se atualizam e mudam através do tempo e por isso Dr. Gilbert não envelheceu, tinha e usava Whats app, subia escadas, pegava metrô, partiu como um jovem universitário curioso e minucioso, sua grande qualidade.
Fará falta para a ciência e para o Brasil!