Resumo
Eminente químico, Ben Gilbert, como era apelidado pelos companheiros brasileiros de trabalho, veio para o Brasil em 1958, para participar, como Pesquisador Associado da Universidade de Stanford, da implantação de técnicas inovadoras na área de química, no Instituto de Química Agrícola, onde segundo nos disse “tinha a melhor turma”. Com a extinção do IQA, em 1962, essa ‘turma’ se inseriu em outras instituições, como o Centro de Pesquisas em Produtos Naturais (CBPN), onde atuou Gilbert, antes de se incorporar à Fundação Oswaldo Cruz, como servidor, onde permaneceu até seu recente e lamentável falecimento. Começava, assim, uma carreira promissora no país que abraçou e atuou de forma intensa.
Considerado grande expoente da pesquisa em Produtos Naturais, o prof. Gilbert simbolizou para mim a abertura de um campo de investigação que me indicou caminhos férteis que possibilitaram a realização de uma pesquisa que deu origem a minha tese de doutoramento na USP sobre a história da organização da comunidade científica que atua no tema plantas medicinais. Foi o primeiro pesquisador que entrevistei, quando o projeto era apenas uma ideia, atendendo à solicitação de Eduardo Martins, então Vice- presidente da Fiocruz.
Sua paixão pela pesquisa e o respeito pela Fiocruz (que eu partilho plenamente) e seu profundo conhecimento em química de produtos naturais e em fitoterapia me abriram caminhos para minha investigação. Foram cerca de nove horas de entrevistas gravadas em três etapas, nos anos de 1995, 1996 e 1999, nas quais o professor Gilbert, com carregado sotaque inglês, descreveu seu processo de profissionalização e de nacionalização no Brasil.
Seu falecimento simboliza uma perda inestimável para a ciência brasileira deixando um legado de destaque para o conhecimento científico em plantas medicinais e produtos naturais e uma grande contribuição para a implantação da fitoterapia no sistema de saúde brasileiro.