Eugênio Telles

Resumo

A primeira vez que vi o Dr. Gilbert foi em um evento em que ele discursou, na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca - ENSP, por volta de 2011, quando eu era recém contratado pela Assessoria de Comunicação de Farmanguinhos. Não me lembro do que ele falou. Também não me marcou nada seu, além do forte sotaque inglês. O que me marcou, naquela ocasião, foi o grande respeito e os olhares que os presentes lhe dirigiram. Não poderia imaginar que, anos mais tarde, teria a oportunidade de conviver com esse grande pesquisador, que dedicou anos de sua vida à ciência brasileira.

Não foi pelo mérito de sua produção científica que conheci Benjamin Gilbert, mas pela sua simplicidade no convívio do dia-a-dia e suas virtudes. Disponível a conversar e ouvir quem lhe dirigisse a palavra, sempre alegre, educado, parecia que a vida era mais leve, mais calma perto dele. Sinto-me privilégiado por ter convivido com alguém como o Dr. Gilbert.

Há um documento cristão do Séc. II que diz que “os cristãos não se distinguem dos outros homens nem por sua terra, nem por sua língua, nem por seus costumes. Eles não moram em cidades separadas, nem falam línguas estranhas, nem têm qualquer modo especial de viver. (...) Pelo contrário: mesmo vivendo em cidades gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos costumes de cada lugar quanto à roupa, ao alimento e a todo o resto, eles testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal. Vivem na sua pátria, mas como se fossem forasteiros; participam de tudo como cristãos, e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria estrangeira é sua pátria, e cada pátria é para eles estrangeira”.

Para mim, foi essa a grande lição e o que mais me marcou em Benjamin Gilbert: Toda pátria estrangeira é sua pátria, e cada pátria é para eles estrangeira. Certamente ele está hoje em sua terra natal. Descanse em paz, Sir!