Apresentação V10N1

Alaíde de Oliveira Braga
Rosane de Albuquerque dos S. Abreu

    Alaíde de Oliveira Braga

    Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

    Rosane de Albuquerque dos S. Abreu

    Fundação Oswaldo Cruz - Farmanguinhos

Resumo

O ano de 2016 começou com um desafio para a saúde pública brasileira. Trata-se da crise epidemiológica provocada pelo Zika vírus, causador de várias doenças, cuja transmissão se dá pela picada do mosquito vetor Aedes Aegypti.

A Fiocruz, atendendo ao seu compromisso com a saúde pública, vem empreendendo esforços em todos os níveis para produzir e divulgar conhecimentos científicos, informando à população brasileira sobre as ocorrências e pesquisas em torno do Zika Virus. Para tanto, as revistas científicas da Fiocruz, estão priorizando a publicação de artigos sobre esta temática.

Neste contexto, a Revista Fitos publica no Volume 10 (2016), número 1, o editorial “A Ciência no uso de produtos naturais para controle do vetor do vírus Zika (ZIKV)”, escrito pela Editora da Área de Política e Gestão da Inovação em co-autoria com as pesquisadoras da Fiocruz Mato Grosso do Sul, Ana Tereza Gomes Guerrero, Fernanda Savicki de Almeida e Zoraida Del Carmen F. Grillo. No editorial, as autoras apresentam e discutem o perfil das publicações sobre produtos naturais usados no controle do Aedes Aegypti, identificando o modo de ação desses produtos em relação ao mosquito: ação repelente ou ação biocida. Chamam atenção sobre a urgência na investigação e o desenvolvimento de ferramentas terapêuticas eficazes, que sejam menos poluentes ou que sejam eficazes e seguras.

Além deste editorial, o Volume 10, número 1 publica uma comunicação breve e seis artigos científicos, nas áreas de Etnobotânica, Química, Farmacologia e Política e Gestão da Inovação. Dos seis artigos científicos, cinco tratam dos potenciais terapêuticos de plantas medicinais, sendo duas revisões de literatura e três artigos de pesquisa.

Maria Cristina Marcucci Ribeiro e Hilton Junior, fizeram uma revisão da literatura sobre “Uso tradicional terapêutico de espécies pertencentes ao gênero vegetal Eucharis Planchon & Linden (Amaryllidaceae)”, cujo uso tradicional indica ação terapêutica anti-inflamatória, emética e antitumoral, devido à presença de alcaloides, Os alcaloides, pertencentes ao gênero Eucharis, são classificados como isoquinolínicos e destacam-se aqueles com a presença de 5 núcleos base: a licorina, narciclasina, hemantamina, tazetina e galantamina. Deve-se salientar, porém, que os alcaloides também possuem elevada toxicidade, e se utilizados indiscriminadamente podem levar a ações adversas no organismo.

Já na revisão intitulada “Atividade anti-inflamatória de produtos naturais em Odontologia: uma revisão sistemática”, Alessandra Cury Machado, Adriana de Freitas e Silvia Helena Sales-Peres, selecionaram 207 artigos na base de dados PubMed, entre os meses de Abril e Agosto de 2015, que estudavam dois produtos naturais: própolis e aroeira (Myracrodruon urundeuva). Tais produtos apresentam ação anti-inflamatória na odontologia, tendo os seguintes resultados: a própolis apresenta efeito benéfico contra cárie dental, tratamento endodôntico e mucosite, e a aroeira do sertão previne a progressão da periodontite.

Nathália Guilarducci, Sthéfane Araújo, Adriana Pereira, Rosy Ribeiro, Luciana Lima e Flávia Pinto estudaram o Efeito da administração oral de extrato etanólico de Rosmarinus officinalis L. (alecrim) no desenvolvimento do tumor sólido de Ehrlich. Observou-se que a administração oral diária de 100 mg/kg do extrato etanólico de Rosmarinus officinalis não alterou o potencial proliferativo do tumor e o padrão histológico das células do Tumor Sólido de Ehrlich. Os resultados mostraram que a concentração utilizada não foi capaz de induzir uma supressão do crescimento tumoral. Outras concentrações do extrato etanólico de Rosmarinus officinalis e a administração por via intraperitoneal serão estudadas em futuros experimentos, considerando os relatos da literatura em relação ao potencial antitumoral (antioxidante) da espécie.

O estudo sobre Óleos essenciais das raízes das espécies de Philodendron maximum, P. solimoesense e P. goeldii (Araceae), realizado por Cecília Nunez, Jéssica Silva, Maria Carolina de Souza, Maria de Lourdes Soares e Reinaldo Costa, partiu do uso tradicional das espécies de Philodendron para o tratamento de mordidas de serpentes, com ação analgésica, entre outras, e de estudos prévios que identificaram extratos com atividade bactericida e antiprotozoária. Investigou-se a produção e rendimento dos óleos essenciais em raízes de P. maximum, P. solimoesense e P. goeldii, avaliando-se os seus potenciais antibacterianos.

A pesquisa realizada por Jociane Sobota, Marcela Pinho e Vinícius de Oliveira, apresentada no artigo Perfil físico-químico e atividade antioxidante do cálice da espécie Hibiscus sabdariffa L. a partir dos extratos aquoso e alcoólico obtidos por infusão e decocto, determinou o perfil físico-químico do chá de H. sabdariffa L., os teores de polifenóis e flavonoides, e a atividade antioxidante da espécie H. sabdariffa L. a partir do extrato aquoso e alcoólico obtidos por infusão ou decocção. Como resultado foi possível verificar que, após avaliação dos teores de polifenóis e flavonoides com a respectiva atividade antioxidante os extratos aquosos obtiveram níveis superiores. Este estudo é inédito por trabalhar com extratos obtidos na forma de chá. Segundo os autores, os resultados apresentados corroboram com estudos recentes que utilizaram extratos vegetais concentrados de H. sabdariffa.

Na área de Política e Gestão da Inovação, estão publicados um artigo de pesquisa e uma comunicação breve.

O artigo intitulado O mercado de matérias primas para indústria de fitoterápicos, de Rafaela A. Castro e Adriana L. M. Albiero apresenta um levantamento sobre os fornecedores de matérias primas de uma indústria de fitoterápicos de porte médio, classificando-os de acordo com a localização geográfica e representatividade comercial. Como resultado, identificou-se que 80% das matérias primas utilizadas pela indústria farmacêutica avaliada são de fato advindas de importação, restando apenas 20% do mercado para produtores brasileiros. Dessa forma, observa-se que o Brasil é um país que apresenta baixo nível de competitividade na produção de drogas vegetais quando comparado ao mercado internacional. As autoras advertem ser necessário um crescimento sustentável na economia brasileira, de maneira que fortaleça as políticas públicas de importação, protegendo e estimulando o consumo do produto nacional em detrimento do produto importado.

Na comunicação breve - Farmácia da natureza: um modelo eficiente de farmácia viva, Randal Vinicius Bianchi, Maria Behrens e Ana Maria Soares discutem os principais aspectos da implantação de uma unidade de Farmácia Viva com base na experiência bem sucedida da Farmácia da Natureza da Terra de Ismael, envolvendo cultivo de espécies vegetais medicinais, a produção e o controle de qualidade de fitoterápicos, o atendimento médico e a distribuição de plantas medicinais e fitoterápicos.

Os textos publicados neste número reafirmam, portanto, a complexidade da cadeia de desenvolvimento de um fitoterápico, justificando o caráter multidisciplinar da nossa publicação.


Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Autor(es)

  • Alaíde de Oliveira Braga
    Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
  • Rosane de Albuquerque dos S. Abreu
    Fundação Oswaldo Cruz - Farmanguinhos

Métricas

  • Artigo visto 710 vez(es)

Como Citar

1.
Apresentação V10N1. Rev Fitos [Internet]. 20º de maio de 2016 [citado 22º de novembro de 2024];10(1):6-7. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/344

1. DIREITOS CEDIDOS - A cessão total não exclusiva, permanente e irrevogável dos direitos autorais patrimoniais não comerciais de utilização de que trata este documento inclui, exemplificativamente, os direitos de disponibilização e comunicação pública da OBRA, em qualquer meio ou veículo, inclusive em Repositórios Digitais, bem como os direitos de reprodução, exibição, execução, declamação, recitação, exposição, arquivamento, inclusão em banco de dados, preservação, difusão, distribuição, divulgação, empréstimo, tradução, dublagem, legendagem, inclusão em novas obras ou coletâneas, reutilização, edição, produção de material didático e cursos ou qualquer forma de utilização não comercial.

2. AUTORIZAÇÃO A TERCEIROS - A cessão aqui especificada concede à FIOCRUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ o direito de autorizar qualquer pessoa – física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira – a acessar e utilizar amplamente a OBRA, sem exclusividade, para quaisquer finalidades não comerciais, nos termos deste instrumento.

3. USOS NÃO COMERCIAIS - Usos não comerciais são aqueles em que a OBRA é disponibilizada gratuitamente, sem cobrança ao usuário e sem intuito de lucro direto por parte daquele que a disponibiliza e utiliza.

4. NÃO EXCLUSIVIDADE - A não exclusividade dos direitos cedidos significa que tanto o AUTOR como a FIOCRUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ ou seus autorizados poderão exercê-los individualmente de forma independente de autorização ou comunicação, prévia ou futura.

5. DIREITOS RESERVADOS - São reservados exclusivamente ao(s) AUTOR(es) os direitos morais sobre as obras de sua autoria e/ou titularidade, sendo os terceiros usuários responsáveis pela atribuição de autoria e manutenção da integridade da OBRA em qualquer utilização. Ficam reservados exclusivamente ao(s) AUTOR(es) e/ou TITULAR(es) os usos comerciais da OBRA incluída no âmbito deste instrumento.

6. AUTORIA E TITULARIDADE - O AUTOR declara ainda que a obra é criação original própria e inédita, responsabilizando-se integralmente pelo conteúdo e outros elementos que fazem parte da OBRA, inclusive os direitos de voz e imagem vinculados à OBRA, obrigando-se a indenizar terceiros por danos, bem como indenizar e ressarcir a FIOCRUZ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ de eventuais despesas que vierem a suportar, em razão de qualquer ofensa a direitos autorais ou direitos de voz ou imagem, principalmente no que diz respeito a plágio e violações de direitos.

7. GRATUIDADE - A cessão e autorização dos direitos indicados e estabelecidos neste Instrumento será gratuita, não sendo devida qualquer remuneração, a qualquer título, ao autor e/ou titular, a qualquer tempo.

Informe um erro