Resumo
Uma variedade surpreendente de substâncias naturais inibe o crescimento experimental de parasitos do gênero Leishmania responsáveis pelas três principais formas da doença leishmaniose – a tegumentar, a muco-tegumentar e a visceral. Resultados obtidos com extratos de plantas, às vezes in vivo, mais freqüentemente in vitro, demonstram que a atividade pode ser encontrada numa extensa diversidade de familias, das quais se destacam, entre muitas outras, Crassulaceae (gênero Kalanchoe), Annonaceae (muitos gêneros). Piperaceae (especialmente o gênero Piper), Rutaceae (com destaque para o gênero Galipea) e Apocynaceae (gênero Peschiera entre outros). Classes químicas que se distinguem incluem alcalóides e chalconas que foram em alguns casos demonstradas agir diretamente sobre o parasito, enquanto outras classes que abrangem uma variedade de substâncias fenólicas, terpênicas, inclusive di- e triterpenóides, e polissacarídeos, agem, ou parecem agir, sobre o macrófago, célula hospedeira do parasito, estimulando-o a produzir óxido nítrico, mediadores como TNFa e INFs ou outros fatores da reação imunológica letais à Leishmania sem ser prejudiciais ao próprio macrófago. Os resultados, às vezes, confirmam usos tradicionais das plantas e, em conjunto, formam uma base sólida para o desenvolvimento de novos medicamentos para este grupo de doenças.