I Encontro Territorial de Agroecologia no Extremo Sul da Bahia

Paulo Rogério Lopes

    Paulo Rogério Lopes

    Universidade Federal do Paraná

    Conceito CAPES 7. Doutor em Ciências, USP (ESALQ). Professor de Agronomia, ênfase em Agroecologia e sistemas rurais sustentáveis (PRONERA - INCRA/MST/OMAQUESP/FAFI/FERAESP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar - Campus Sorocaba. Atua no MST nos projetos educativos e agroecoclógicos da Escola de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, em Itamaraju/BA. Coordenador científico do Projeto Assentamentos Agroecológicos no Extremo Sul da Bahia.

Resumo

O I Encontro Territorial de Agroecologia (I ETA) realizado no Instituto Federal Baiano de Educação, Ciência e Tecnologia (IFBaiano), nos dias 13 e 14 de junho de 2018,  em Teixeira de Freitas/Ba, teve como objetivo proporcionar a troca de experiências populares, científicas, saberes, sabores, tecnologias sociais, métodos e estratégias de construção de territórios sustentáveis que atendam às demandas dos povos originários locais, camponeses, quilombolas, assentados e assentadas da reforma agrária, ribeirinhos, movimentos sociais do campo dos municípios da região Extremo Sul da Bahia. O I ETA foi um espaço de vivências, socialização, valorização e construção do conhecimento agroecológico, além de corroborar com uma análise da conjuntura política atual, das principais demandas dos povos das águas, das florestas, dos campos e das cidades, e das políticas públicas existentes e inexistentes, apontadas como essenciais à transição agroecológica para sociedades sustentáveis. O encontro proporcionou a participação de cerca de 600 pessoas, principalmente de agricultores, acampados e assentados da reforma agrária, indígenas, quilombolas, permacultores, raízeiras, educadores, estudantes, pesquisadores, professores e técnicos, oriundos de mais de 15 organizações, movimentos e instituições. Contou, ainda, com a participação de representantes de 4 Núcleos de Estudos em Agroecologia: Nea Extremo Sul (Prado e Teixeira de Freitas/Ba), Nacepteca Esalq/Usp (Piracicaba/SP), Nea Pau Brasil (Porto Seguro) e Nea Apete Capuã (Sorocaba/SP).

O planejamento e construção do I ETA se deu a partir de um coletivo representado pela Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto (EPAAEB), Nea Extremo Sul, Projeto Assentamentos Agroecológicos (MST e Nacepteca-ESALQ/USP), Programa Arboretum, UNEB, UFSB, Terra Viva e IFBaiano. Os encontros quinzenais, as articulações, os grupos de trabalho do I ETA e a interação permanente, além da organização do próprio evento, propiciaram muitas trocas, diálogos, aproximações e parcerias. Ressaltou-se a importância da Escola Popular EPAAEB e do Nea Extremo Sul, que tiveram participações estruturantes no processo de articulação local para construção do I ETA. A EPAAEB, sede das reuniões e preparação do I ETA, apesar de relativamente nova, já está sendo um importante centro irradiador da Agroecologia na região nordestina, oferece cursos formais e informais voltados à educação do campo e Agroecologia, contribuindo de maneira direta no método de construção de assentamentos agroecológicos, agroflorestas e outros arranjos produtivos agroecológicos, elaboração e multiplicação de tecnologias sociais voltadas à agricultura familiar camponesa e na formulação das políticas públicas municipais e estaduais.

O I ETA teve como tema gerador a integração de experiências agroecológicos do Extremo Sul da Bahia, com o intuito de proporcionar vivências, trocas, formação, intercâmbios, articulações e parcerias locais que pudessem colaborar com a promoção da Agroecologia enquanto ciência, prática e movimento. Dentre as principais atividades propostas e realizadas durante o encontro tivemos uma mesa redonda com a participação de diversos movimentos sociais da região, com participação especial de representantes da direção nacional do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); diversos mini cursos e oficinas práticas voltadas ao manejo de sistemas produtivos agroecológicos, comercialização de alimentos agroecológicos e geração de renda, plantas medicinais, mulheres e Agroecologia, gênero e Agroecologia, Educação do Campo, sistematização de experiências agroecológicas, método de construção e planejamento de assentamentos rurais com bases agroecológicas, etc.; apresentação de experiências cientificas e populares utilizando o método inovador e popular das instalações artístico pedagógicas; palestras e diálogo em plenária com a participação da professora Irene Cardoso abordando a importância dos núcleos de Agroecologia na construção de territórios sustentáveis; feira de alimentos agroecológicos e artesanatos locais, música popular camponesa e alimentação agroecológica em abundância.

Os trabalhos científicos e populares aprovados foram apresentados na forma oral, tendo 20 minutos para a apresentação. No entanto, a maioria dos autores preparam uma instalação artístico pedagógica para as apresentações, deixando-as expostas durante dois dias. Foram apresentadas 25 experiências científicas e populares, destacadas abaixo:

  • Geografando com Agroecologia 
  • I Curso de Introdução à Agroecologia e Manejo Produtivo Sustentável: Relato de Experiência no Extremo Sul da Bahia
  • Referenciais pedagógicos para educação em segurança alimentar e nutricional com populações indígenas e rurais do sul da Bahia
  • Agroecologia: relevância da implantação dos núcleos regionais
  • Quebrando paradigmas: realização de intercâmbio na construção do conhecimento Agroecológico
  • Agroecologia e Produção Orgânica na Agricultura Familiar no Território Extremo Sul da Bahia
  • Áreas Sociais coletivas: espaços de organização dos Núcleos de Base dos assentamentos agroecológicos
  • Geração de renda no assentamento agroecológico Jaci Rocha com venda direta - construção de alternativas sustentáveis
  • Ponto de Vista Sobre o Que Tem para Comer
  • Relato de experiência agroecológica: Sítio Beija Flor, Prado/BA
  • Construindo conhecimento com a horta escolar: Implantação da horta em uma escola Municipal em Posto da Mata – Ba
  • Agroflorestas sucessionais para a produção de madeira e outros produtos não madeireiros
  • Universidade e extensão popular: experiência da feira da agricultura familiar na UFSB
  • Luta pela terra e inserção da agroecologia no assentamento Terra Vista-BA
  • Recuperando área e produzindo fartura com Agrofloresta
  • Assentamento Sustentável: Trabalhando a Agroecologia em Assentamentos de Reforma Agrária no Extremo Sul da Bahia
  • Sistema Agroecológico em modelo de permacultura no ambiente escolar do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano – Campus Teixeira de Freitas, BA
  • Saberes indígenas na criação de sistemas agroflorestais
  • Manejo de Agroecossistemas e agricultura orgânica
  • Uma experiência interdisciplinar na construção da Educação Ambiental Agroecológica
  • Saberes indígenas
  • Agrofloresta Boa Vista
  • Construção do aviário móvel como alternativa de produção de galinhas ‘’caipiras’’
  • Curso Técnico Pós Médio em Agroecologia – Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto
  • Ponto de Vista Sobre o Que Tem para Comer
  • Experimentando tecnologias socioambientais sustentáveis na construção na construção do Jardim-Quintal
  • Acesso à terra e a realidade dos acampamentos localizados no município de Uruçuca-Ba
O encontro proporcionou uma integração de diversas experiências científicas e populares, apresentação de tecnologias sociais, métodos, caminhos, estratégias e bases para a transição agroecológica. Além disso, propiciou a interculturalidade promovida pela participação de diversas representações e sujeitos do campo, assentados e assentadas da reforma agrária, ribeirinhas, quilombolas, indígenas, agricultoras/os urbanos, cabruqueiras/as, agrofloresteiras/os; a interexperencialidade, oriunda da sociobiodiversidade, territorialidades étnicas locais e presenças de diferentes movimentos e instituições locais; a intergeracionalidade, com a presença de diferentes gerações, juventude rural, anciães de comunidades tradicionais, raízeiras e benzedeiras experientes, guardiãs e guardiões da agrobiodiversidade; a interdisciplinaridade, com a significativa participação de agricultoras/es, pesquisadoras/es, técnicas/os e professoras/es de diferentes áreas do conhecimento e atuação; a interterritorialidade, expressada pela representação de diversos municípios, territórios e comunidades do extremo sul da Bahia e outras regiões do país; e a interinstitucionalidade, representada por diversas instituições e movimentos sociais do campo.

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Autor(es)

  • Paulo Rogério Lopes
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Como Citar

1.
I Encontro Territorial de Agroecologia no Extremo Sul da Bahia. Rev Fitos [Internet]. 8º de julho de 2019 [citado 22º de novembro de 2024];13:8-10. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/816

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