II Seminário Internacional de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável – UNIOESTE /PR

Vinícius Mattia

Resumo

Caros leitores, neste suplemento a Revista Fitos publica uma seleção de trabalhos submetidos e apresentados no II Seminário Internacional de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável, ocorrido entre os dias 07 e 09 de agosto de 2019, em Foz do Iguaçu/PR. O evento teve como tema central “Águas, alimentos, saberes, inclusão social e produtiva nos territórios rurais da América Latina”, e foi realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável - PPGDRS da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE campus de Marechal Cândido Rondon/PR, juntamente com a EMBRAPA PANTANAL e demais parceiros.

O objetivo do evento foi contribuir para o debate sobre os conceitos, as ações e as estratégias de trabalho que envolve a pesquisa em desenvolvimento rural sustentável, através do contato entre pesquisadores nacionais e internacionais. Além disso, oportunizou aproximação e construção de parcerias entre universidades cujos grupos de pesquisa se dedicam ao tema em questão e, aos pós-graduandos, a oportunidade de conhecer e se vincular às pesquisas interdisciplinares sobre o desenvolvimento rural sustentável.

Para cumpri-lo, foram realizadas mesas temáticas que envolveram discussões sobre as perspectivas para o desenvolvimento sustentável, o Estado da arte nos programas de pós-graduação da América Latina, água, alimentos e soberania alimentar e políticas públicas para o desenvolvimento rural sustentável na América Latina. Os debates foram realizados por pesquisadores conceituados do Brasil e de diversos países latino americanos, em especial, Argentina, Paraguai, Bolívia e México. Além disso, o evento contou com a apresentação de trabalhos na modalidade de painéis e, também, apresentações orais que foram divididas em 14 grupos de trabalhos (GTs) de acordo com cada temática.     

Os trabalhos deste suplemento foram submetidos e apresentados nos diversos GTs que abordaram diferentes enfoques de discussão, mas sempre convergentes na área do desenvolvimento rural sustentável e com abordagem interdisciplinar. Em uma avaliação pós-evento, doutorandos e docentes do PPGDRS, responsáveis pela coordenação destes GTs, realizaram uma análise ampla de todos os artigos apresentados, e foram selecionados 13 com maiores: consistência, relevância, qualidade científica e ligação com o escopo da revista para comporem a presente edição. Com isso, os autores foram informados da indicação para a publicação e, em seguida, providenciou-se a adequação dos textos para atendimento às normas de formatação da Revista Fitos e submissão.

Conforme já relatado, os grupos de trabalho instituídos no evento seguiram diferentes temas dos artigos enviados para apresentação e debate, que ocorreu conforme enquadramento das pesquisas em cada temática. Ao todo, foram aceitos 214 trabalhos para a apresentação no evento, os quais estão disponíveis nos Anais do II Seminário Internacional de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável.

À título informativo e de contextualização, cada GT está abaixo apresentado de maneira a explicitar o conteúdo trabalhado durante o evento.

O GT1 com o tema: “Territórios, redes de solidariedade e desenvolvimento contra-hegemônico” debateu processos de desenvolvimento centrados em redes curtas e longas, comparando-se diferentes iniciativas e se destacando a importância dos territórios, da proximidade e da identidade, a partir dos seus valores econômicos, políticos, culturais e ambientais.

No GT2 a temática “Inovações tecnológicas, agroenergia e gestão” tratou das inovações tecnológicas na agricultura familiar, agroecológica e agroindustrial, além de processos de inovação na gestão das propriedades, entidades ligadas à agricultura familiar e gestão de políticas públicas, bem como suas aplicações. Ainda, empreendedorismo e tecnologia social no meio rural, matérias primas com potencial de produção de energia e processos de produção de energia e produtos energéticos no meio rural.

O GT3 com o tema: “Agroecologia” teve o objetivo de receber trabalhos e relatos de experiências que enfocassem processos de transição agroecológica, em seus diversos níveis, desde a racionalização e substituição de insumos até a construção de sistemas de alta complexidade. Poderiam também ser enfocados os diferentes campos do desenvolvimento rural em bases agroecológicas que envolvessem a relação sociedade e natureza, uso e conservação dos recursos naturais, manejo de agroecossistemas sustentáveis, construção do conhecimento agroecológico, utilização da homeopatia na transição agroecológica entre outros relacionados ao tema.

No GT4, onde o tema foi “Movimentos sociais, reforma agrária e resistência no campo” os artigos e debates foram voltados para os conflitos e lutas pela terra e pela água, a reforma agrária e assentamentos rurais: luta pela terra e luta na terra, os conflitos ambientais e relacionados ao uso agrotóxico, a criminalização dos movimentos sociais, o movimento e luta de mulheres camponesas, os conflitos decorrentes da mineração e grandes obras de infraestrutura, os  movimentos sociais antiglobalização, os conflitos agrários nas fronteiras, a teoria dos movimentos sociais no campo, a violência no campo, a soberania alimentar, a luta dos indígenas pela terra e a resistência e modo de vida camponês.   

Os trabalhos do GT5, que teve como tema “Educação ambiental e gestão de bacias”, apresentaram processos educativos fundamentados nos seguintes enfoques: perspectivas e tendências epistemológicas, praxiológicas, axiomáticas, políticas e metodológicas da Educação Ambiental; educação para a agroecologia, economia campesina e economia solidária; educação no campo, para comunidades tradicionais e povos indígenas; educação inclusiva, e para a acessibilidade, direitos humanos, da terra e justiça ambiental; educação ambiental (formal, não formal e informal), meio ambiente, saúde e proteção das águas; cidades sustentáveis, seguras e resilientes; ética, ciência e sustentabilidade; ética, bioética e meio ambiente; promoção da ética para a vida e para uma cultura da paz; redes de educação ambiental; estudos do território, qualidade da água das nascentes, rios e córregos, “mata ciliar” e processos de uso da terra baseados no conceito de Bacias Hidrográficas; água como fonte de vida e saúde; água, escassez, aproveitamento, cuidado e fonte econômica de recursos; cidadania e desenvolvimento de sociedades sustentáveis; mudanças climáticas, resiliência; territórios resilientes urbanos e rurais.

O GT6, com o tema: “Gestão das águas na produção de alimentos” reuniu pesquisas voltadas à gestão das águas e ao uso múltiplo dos recursos hídricos, bem como discutiu ações concretas envolvendo o setor público, empresas, sociedade e seus diferentes usuários. Buscou apresentar soluções e inovações sócias tecnológicas para a promoção do desenvolvimento sustentável e que permitam a produção de alimentos, agregação de valor e melhorias da qualidade com utilização da água de forma sustentável, seja para promover ações que minimizem seu impacto na geração de energia, na produção de alimentos, visados na produção em ambientes aquáticos ou de origem da pesca e da industrialização ou processamento dos alimentos.

Buscando trabalhar sobre a “Segurança e soberania alimentar; cultura alimentar: interfaces nos contextos rurais e urbanos” o GT7 debateu os seguintes temas: políticas públicas de SAN; cadeias curtas de comercialização; processamento de alimentos: potencialidades e impactos para a Soberania e Segurança Alimentar; políticas e estratégias sustentáveis para garantir o abastecimento e a comercialização de alimentos; educação para fomentar a escolha alimentar saudável; impactos/efeitos do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente; valorização cultural alimentar; dos modos de saber-fazer e o patrimônio cultural; transformações nas práticas alimentares na contemporaneidade; publicidade em alimentos para crianças; desperdício de alimentos e suas interfaces; hábitos alimentares; segurança alimentar e gênero; alimentação e diversidade etnosociocultural; aspectos sociais de consumo alimentar por diferentes grupos em grau de vulnerabilidade social.

Na temática “Educação do campo; patrimônio cultural e saberes tradicionais; gênero e ruralidades”, trabalhada no GT8, o objetivo foi reunir pesquisas voltadas ao patrimônio cultural e aos saberes tradicionais relativos ao universo das ruralidades: os modos de fazer; as dinâmicas de repasse dos saberes – inclusive, aquelas que envolvem a oralidade; relações intergeracionais; o patrimônio cultural alimentar e suas relações com o território. Discussões de gênero e ruralidade, bem como abordar pesquisas relativas aos aspectos teóricos e metodológicos da Educação do Campo.

O GT9 teve como tema “Extensão rural, juventude e sucessão rural, turismo rural” e pretendeu contribuir para maior divulgação de pesquisas relacionadas aos temas, bem como fomentar discussões envolvendo ações concretas no tocante à contribuição da temática em estudo para o desenvolvimento rural sustentável. Buscou-se, ainda, trazer para o âmbito do desenvolvimento rural sustentável questões ligadas ao público alvo da nova ATER, de ações realizadas junto a agricultores familiares: comunidades indígenas, pescadores, quilombolas, povos da floresta, ações extensionistas, horta mandala e urbana, bem como as ações de turismo rural na agricultura familiar e, também, metodologias participativas, como, estudo de diagnósticos.

O GT10 contou com a temática do “Cooperativismo de economia solidária” e propôs-se a problematizar e refletir as práticas de cooperação no âmbito do desenvolvimento rural, objetivando a emancipação socioeconômica dos atores, diante dos processos hegemônicos fortalecidos pela dinâmica da globalização.

O GT11 onde o tema foi “Agricultura de montanhas e sistemas agroflorestais” teve como objetivo receber trabalhos e relatos de experiências que enfocassem: (1) o desenvolvimento sustentável com base em novos caminhos para a gestão territorial integrada de ambientes montanos em um contexto de mudanças climáticas, incluindo políticas públicas, uso da terra, segurança alimentar e hídrica de suas comunidades; (2) estratégias para a construção de paisagens sustentáveis com base em sistemas agroflorestais.

A “Agropecuária sustentável” foi o tema do GT12 e apreciou trabalhos que contribuem para o desenvolvimento sustentável da Agricultura e Pecuária, controle biológico de pragas e doenças, manejo sustentável de solos, produção de leite agroecológico, práticas sustentáveis na agropecuária.

No GT13, os trabalhos se voltaram para o tema da “Gestão, legislação e políticas de desenvolvimento rural sustentável” e abrangeu pesquisas sobre a Constituição Federal e proteção ambiental, o Código Florestal Brasileiro, o Sistema Nacional do Meio Ambiente, aspectos jurídicos da poluição, gestão do capital social, empoderamento, custos de produção e comercialização, gestão ambiental e do Agronegócio.

Por fim, o GT14 teve o tema “Agricultura, saberes e línguas indígenas” e trouxe o debate e o aprofundamento das discussões sobre o modo de vida, os saberes e línguas das sociedades indígenas brasileiras, o Bem Viver indígena, o uso de recursos naturais e a territorialidade.

O Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável – PPGDRS aproveita este espaço também para agradecer a todos os patrocinadores e colaboradores do evento, em especial, à Itaipu Binacional e a CAPES pelo apoio financeiro, a Revista Fitos pela parceria na publicação dos presentes artigos, assim como as demais revistas parceiras.

Espera-se, com a publicação deste suplemento, que as pesquisas venham contribuir para o avanço do desenvolvimento rural com sustentabilidade e sirvam de referências para novas pesquisas e aplicação dentro das perspectivas do desenvolvimento propostas pelo PPGDRS e pela Revista Fitos.

Tenha uma boa leitura!


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Autor(es)

  • Vinícius Mattia
    UNIOESTE/PR

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Como Citar

1.
II Seminário Internacional de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável – UNIOESTE /PR. Rev Fitos [Internet]. 31º de outubro de 2020 [citado 25º de abril de 2024];14:8-11. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/1109

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