Caminhos e desafios da aromaterapia no cenário brasileiro

Michelle Lombardi e Silva
OrcID
Mayara de Azeredo Rezende
OrcID

    Michelle Lombardi e Silva

    FIOCRUZ, Instituto de Tecnologia em Fármacos - Farmanguinhos, Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS). Avenida Comandante Guaranys, 447, Jacarepaguá, CEP 22775-903, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

    OrcID https://orcid.org/0000-0001-5459-149X

    Possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001), especialização em Inovação em Medicamentos da Biodiversidade pela Farmanguinhos/Fiocruz, com foco em aromaterapia, aperfeiçoamento em Plantas Medicinais pela UFV/MG (em andamento), formação em Terapeuta Ayurveda pela Satya Escola de Ayurveda (2022), cursos técnicos em estética e massoterapia pelo SENAC/SP (2014 e 2017) e edificações pelo IFSP Capital (1996). Atualmente atua em espaço próprio na cidade de Araçatuba/SP desde 2014, com atendimentos na área de fitoterapia ayurvedica e aromaterapia, ministrando cursos nas áreas de aromaterapia e plantas medicinais. É membro fundador do Colégio Brasileiro de Ciência do Ayurveda, que visa produzir e divulgar a prática como ciência. Experiência de 15 anos como Engenheira Agrônoma em projetos na área ambiental. Professora voluntária/ educadora em disciplinas eletivas em conjunto com professores da rede estadual. Desenvolve projetos sobre plantas medicinais junto à escolas públicas da região de Araçatuba/SP, além de trabalhar com aulas particulares na área de ciências e matemática para alunos do ensino fundamental I e II.

    Mayara de Azeredo Rezende

    FIOCRUZ, Instituto de Tecnologia em Fármacos - Farmanguinhos, Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS). Avenida Comandante Guaranys, 447, Jacarepaguá, CEP 22775-903, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

    OrcID https://orcid.org/0000-0002-1287-0316

    Farmacêutica, especialista em Gestão da inovação em fitomedicamentos pela Fiocruz e mestre em oncologia pelo Instituto Nacional de Câncer. Possui 4 anos de experiência na área de oncologia, com enfâse em transplante de medula óssea e diagnóstico de leucemias e linfomas. Além disso, possui 2 anos de experiência nas áreas de registro sanitário, registro de medicamentos fitoterápicos, propriedade intelectual com ênfase em patentes para fitoterápicos, dentre outros. Atualmente é colaboradora do Instituto de Tecnologia em Fármacos - Farmanguinhos / NGBS.


Palavras-chave

Aromaterapia
Óleos essenciais
Práticas integrativas
Regulação

Resumo

A aromaterapia é considerada uma prática integrativa que se utiliza das propriedades terapêuticas dos óleos essenciais, que por sua vez, são definidos como produtos voláteis oriundos da diversidade vegetal. No entanto, apesar de ser uma terapia complementar, ainda não é reconhecida no Brasil. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa é apresentar os caminhos e desafios da aromaterapia no cenário brasileiro. Para isso, este trabalho realizou uma revisão narrativa, na qual foram pesquisados artigos científicos e normas específicas sobre o tema. Este estudo revelou que a aromaterapia não é uma prática regulamentada, apesar de estar inserida no SUS como uma prática integrativa e complementar. Além disso, os óleos essenciais com fins terapêuticos utilizados nesta prática, não apresentam regulamentação específica, resultando em uma utilização sem garantia da eficácia, segurança e qualidade necessárias ao fim que se destinam. Para a mudança deste cenário, faz-se necessário o fortalecimento desta prática através de sua difusão e popularização, papel este exercido ainda por poucas instituições e associações oficialmente constituídas. Desta forma, essa pesquisa contribui para difusão do conhecimento e o fortalecimento desta área, a partir dos achados e de sua importante contribuição para área da saúde.

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    https://orcid.org/0000-0001-5459-149X
  • Mayara de Azeredo Rezende
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    https://orcid.org/0000-0002-1287-0316

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1.
Caminhos e desafios da aromaterapia no cenário brasileiro. Rev Fitos [Internet]. 18º de março de 2024 [citado 21º de novembro de 2024];18(Suppl. 3):e1493. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/1493
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