Introdução da Fitoterapia no SUS: contribuindo com a Estratégia de Saúde da Família na comunidade rural de Palmares, Paty do Alferes, Rio de Janeiro

Amanda Viegas Valverde
OrcID
Nina Cláudia Barboza da Silva
Mara Zélia de Almeida

    Amanda Viegas Valverde

    Fiocruz, Instituto de Tecnologia em Fármacos-Farmanguinhos, Plataforma Agroecológica de Fitomedicamentos (PAF), Núcleo de Gestão da Biodiversidade e Saúde-NGBS, Estrada Rodrigues Caldas 3.400, CEP: 22.713-375, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

    OrcID http://orcid.org/0000-0002-6387-742X

    Tecnologista em Desenvolvimento na Plataforma Agroecológica de Fitomedicamentos (PAF), do Núcleo de Gestão da Biodiversidade e Saúde (NGBS), pertencente ao Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/ Fiocruz).

    Nina Cláudia Barboza da Silva

    Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, Faculdade de Farmácia, Departamento de Produtos Naturais e Alimentos, Laboratório de Botânica Aplicada, CCS - Bloco A, 2º andar, sala 18, Ilha do Fundão, CEP: 21.941-590, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

    Mara Zélia de Almeida

    Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, Departamento do Medicamento, Rua Barão de Geremoabo, s/n, Campus Ondina, Ondina, CEP 40170-290, Salvador, BA, Brasil.


Palavras-chave

Promoção de saúde. Plantas medicinais. Gestão participativa. Educação em Saúde. Horta comunitária.

Resumo

Este trabalho teve por objetivo valorizar o uso de plantas medicinais na Estratégia Saúde da Família (ESF) como instrumento para a promoção de saúde na comunidade rural de Palmares. Assim, foram realizados estudos exploratórios descritivos de abordagem quali-quantitativa, para o conhecimento do uso difuso de plantas medicinais, bem como do estado da arte sobre plantas medicinais e fitoterápicos entre os profissionais de saúde. Observou-se que 82% da população estudada faz o uso de plantas medicinais na forma de chá (64%), com folhas (52%). E todos os profissionais de saúde desconheciam sobre a fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS), apresentando demanda espontânea por capacitação. A capacitação deu-se nas Unidade Básica de Saúde (UBS), tratando sobre diferentes temas. Como retorno à comunidade, foi implantada uma horta comunitária de plantas medicinais e foram elaborados materiais didáticos para auxiliar na educação continuada do serviço de saúde, como o memento de plantas medicinais. Portanto, para a introdução desta prática como terapêutica no SUS, é essencial planejar e executar atividades voltadas para a educação em saúde, valorizando os aspectos culturais envolvidos no uso das plantas medicinais pelos usuários do SUS local, de forma participativa e dialógica.

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Autor(es)

  • Amanda Viegas Valverde
    Fiocruz, Instituto de Tecnologia em Fármacos-Farmanguinhos, Plataforma Agroecológica de Fitomedicamentos (PAF), Núcleo de Gestão da Biodiversidade e Saúde-NGBS, Estrada Rodrigues Caldas 3.400, CEP: 22.713-375, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
    http://orcid.org/0000-0002-6387-742X
  • Nina Cláudia Barboza da Silva
    Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, Faculdade de Farmácia, Departamento de Produtos Naturais e Alimentos, Laboratório de Botânica Aplicada, CCS - Bloco A, 2º andar, sala 18, Ilha do Fundão, CEP: 21.941-590, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Mara Zélia de Almeida
    Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, Departamento do Medicamento, Rua Barão de Geremoabo, s/n, Campus Ondina, Ondina, CEP 40170-290, Salvador, BA, Brasil.

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Como Citar

1.
Introdução da Fitoterapia no SUS: contribuindo com a Estratégia de Saúde da Família na comunidade rural de Palmares, Paty do Alferes, Rio de Janeiro. Rev Fitos [Internet]. 5º de abril de 2018 [citado 10º de fevereiro de 2025];12(1):27-40. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/573

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