Fitoterapia como alternativa à medicação intracanal convencional

Roberta Passos do Espirito Santo
Carolina de Lélis Rodrigues Pereira
OrcID
Vinicius Medina Detone
Maria das Graças Afonso Miranda Chaves

    Roberta Passos do Espirito Santo

    1Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), campus Universitário, Rua José Lourenço Kelmer, s/n, São Pedro, CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.

    Carolina de Lélis Rodrigues Pereira

    Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).Campus Universitário - Rua José Lourenço Kelmer, s/n - São Pedro, Juiz de Fora - MG, 36036-900

    OrcID http://orcid.org/0000-0001-8988-5914

    Acadêmica de Odontologia (UFJF). Ano de graduação: 2019. Atuou como monitora bolsista da disciplina de Patologia Maxilofacial III durante 4 períodos (UFJF).

    Cirurgiã-Dentista. Mestranda em Clínica Odontológica pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Graduada em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da UFJF (2014 - 2019). Possui Curso de Toxina Botulínica e preenchedores faciais (NEEO-2019) e Curso de capacitação em venopunção e uso de PRF plaqueta rica em fibrina (UFJF-2019). Possui experiência profissional com atuação na área de Radiologia odontológica e Clínica Geral. Durante a graduação atuou como bolsista nos seguintes projetos: projeto de extensão Clínica de adolescentes (2019); monitoria da disciplina de Patologia Maxilofacial III durante 3 períodos (2017 e 2018), na qual participou da organização de eventos científicos e atuou como tutora. Participou como voluntária dos seguintes projetos: projeto de extensão Tratamento odontológico à pacientes oncológicos - TOPO (2019); monitoria das disciplinas de Periodontia I e Periodontia II (2019); projeto de Treinamento profissional em Radiologia Odontológica (2017); e Treinamento Profissional em Submissão e Apresentação de artigos acadêmicos (2016).

    Vinicius Medina Detone

    1Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), campus Universitário, Rua José Lourenço Kelmer, s/n, São Pedro, CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.

    Cirurgião-Dentista graduado pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (2014). Especialista em Saúde da Família (2017). Especialização em Harmonização Orofacial (em andamento).

    Maria das Graças Afonso Miranda Chaves

    Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), campus Universitário, Rua José Lourenço Kelmer, s/n, São Pedro, CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.

    Possui graduação em Odontologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1973), mestrado em Clínica Odontológica - Prótese Dentária pela Universidade Brasil (1988) e doutorado em Biopatologia Bucal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002). Atualmente é diretor da Universidade Federal de Juiz de Fora e professor associado da Universidade Federal de Juiz de Fora. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: paciente especial, odontologia, tratamento odontológico, assistencia odontologica e cancer.


Palavras-chave

Endodontia
Enterococcus faecalis
Fitoterapia
Própole

Resumo

O objetivo desse estudo foi avaliar in vitro a ação antimicrobiana de quatro medicações intracanal convencionais e a substância natural (tintura de própolis a 20%) como uma medicação intracanal alternativa, frente às cepas bacterianas Enterococcus faecalis e Kocuria Rhizophila. Foi realizado, em duplicata, o teste de difusão em ágar para as seguintes substâncias: hidróxido de cálcio, solução de clorexidina a 2%, paramonoclorofenol canforado (PMCC), Otosporin®, e tintura de própolis a 20%. Os halos de inibição foram medidos depois de 24 h, em seguida foi feita a média entre as duas placas, e posteriormente o valor encontrado foi submetido à análise variância (ANOVA) e teste post-hoc (Tukey HSD). Houve diferença estatística significante entre todas as substâncias testadas (p<0,05), exceto para hidróxido de cálcio e Otosporin® frente à cepa E. faecalis. A tintura de própolis apresentou uma boa ação antimicrobiana, com resultados superiores ao hidróxido de cálcio, Otosporin® e PMCC contra E. faecalis e; ao hidróxido de cálcio contra K. rhizophila. Entretanto, a substância mais efetiva para ambas as bactérias foi a solução de clorexidina a 2%. Conclui-se que a própolis é uma alternativa viável como medicação intracanal, por possuir ação antibacteriana satisfatória, ser natural, atóxica, biocompatível e de baixo custo.

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Autor(es)

  • Roberta Passos do Espirito Santo
    1Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), campus Universitário, Rua José Lourenço Kelmer, s/n, São Pedro, CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.
  • Carolina de Lélis Rodrigues Pereira
    Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).Campus Universitário - Rua José Lourenço Kelmer, s/n - São Pedro, Juiz de Fora - MG, 36036-900
    http://orcid.org/0000-0001-8988-5914
  • Vinicius Medina Detone
    1Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), campus Universitário, Rua José Lourenço Kelmer, s/n, São Pedro, CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.
  • Maria das Graças Afonso Miranda Chaves
    Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), campus Universitário, Rua José Lourenço Kelmer, s/n, São Pedro, CEP 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.

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Como Citar

1.
Fitoterapia como alternativa à medicação intracanal convencional. Rev Fitos [Internet]. 30º de setembro de 2020 [citado 19º de fevereiro de 2025];14(3):382-9. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/974
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