Resumo
Angola é um estado rico em diversidade cultural e em recursos florísticos. Todavia, o conhecimento autóctone e a conservação destes recursos carecem de estudos profundos, por esta razão tem sido preocupação da comunidade científica tornar este conhecimento empírico em científico. Assim, partindo dos aspectos botânicos, ecológicos e culturais, desenvolveu-se de setembro de 2019 à março de 2020, um estudo etnobotânico no Jombe I, Conda, Cuanza-Sul, Angola - cujo objetivo foi recolher informação etnobotânica, das plantas medicinais utilizadas nesta localidade. Baseou-se na Etnografia, Antropologia e Botânica, combinando as técnicas de entrevista, observação participativa e herborização. Realizou-se 17 entrevistas que resultaram a percepção de 94 etnoespécies. Os informantes foram as autoridades tradicionais, Ervanários aposentados, parteiras tradicionais e as entidades eclesiásticas. Este trabalho resultou na coleta de 76 espécies de plantas, para identificação científica e herborização no ISPCS. Destas, 69 foram identificadas. Estas pertencem a 33 famílias e 29 taxas. A Fabaceae (42%), Asteraceae e Malvaceae (12,12%) foram as famílias representativas. A Steganotaenia araliacea (92,31%), Chenopodium ambrosioides (84,62%) e Guazuma ulmifolia (61,54%) foram as espécies mais citadas. Quanto ao uso medicinal a Cochlospermum angolense, Chenopodium ambrosioides e a Steganotaenia araliácea são as mais utilizadas.