Dispersões sólidas de extratos de folhas de Eugenia florida DC. (Myrtaceae) para otimização da solubilidade do marcador ácido betulínico

Andréa Bezerra da Nóbrega
Carlos Henrique Brasil Bizarri
Andressa Santana Paz
Rafael Cardoso Seiceira
Edemilson Cardoso da Conceição

Palavras-chave

Dispersões Sólidas
Solubilidade
Ácido Betulínico
Eugenia florida

Resumo

Eugenia florida DC. pertence à família Myrtaceae. Estudos fitoquímicos anteriores com extratos de folhas de E. florida revelaram a ocorrência de triterpenos e, entre seus constituintes, o ácido betulínico (AB), que apresenta uma vasta literatura com diferentes atividades biológicas, como anti-inflamatório, antimalárico, antimicrobiano, antiviral e anticâncer, porém, sua baixa solubilidade aquosa limita a sua biodisponibilidade. Para o aumento da biodisponibilidade tem destaque o uso de disperões sólidas, onde fármacos lipofílicos são dispersos em carreadores hidrofílicos, acarretando um aumento da solubilidade e perfil de dissolução. Neste trabalho, dispersões sólidas contendo extratos de E. florida foram preparados utilizando o carreador Gelucire®50/13 como agente polímerérico e a lactose monohidratada como suporte hidrofílico empregando a técnica de fusão.  O sistema que apresentou melhor solubilidade de AB foi caracterizado através das técnicas de espectroscopia do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR), Análise de Termogravimetria (TGA), Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e Difratometria de Raios-X (DRX). A técnica de dispersão sólida aumentou onze vezes a solubilidade do ácido betulínico presente no extrato de folhas de Eugenia florida DC. (Myrtaceae), sugerindo o aumento da biodisponibilidade do marcador.

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Autor(es)

  • Andréa Bezerra da Nóbrega
    Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto de Tecnologia em Fármacos-Farmanguinhos, Laboratório de Química da Biodiversidade, Plataforma Agroecológica de Fitomedicamentos (PAF), Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS). Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), Fiocruz Campus Jacarepaguá, Estrada de Curicica, 2000, Curicica, CEP 22780-195, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Carlos Henrique Brasil Bizarri
    Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto de Tecnologia em Fármacos-Farmanguinhos, Laboratório de Química da Biodiversidade, Plataforma Agroecológica de Fitomedicamentos (PAF), Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS). Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), Fiocruz Campus Jacarepaguá, Estrada de Curicica, 2000, Curicica, CEP 22780-195, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Andressa Santana Paz
    Universidade Federal de Goiás (UFG), Laboratório de Pesquisa em Produto Natural, Faculdade de Farmácia, Rua 240, esquina com a 5ª Avenida, s/nº, Setor Leste Universitário. CEP 74605-170, Goiânia, Goiás, Brasil.
  • Rafael Cardoso Seiceira
    Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto de Tecnologia em Fármacos-Farmanguinhos, Laboratório de Química da Biodiversidade, Plataforma Agroecológica de Fitomedicamentos (PAF), Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde (CIBS). Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), Fiocruz Campus Jacarepaguá, Estrada de Curicica, 2000, Curicica, CEP 22780-195, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Edemilson Cardoso da Conceição
    Universidade Federal de Goiás – UFG, Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação de Bioprodutos, Faculdade de Farmácia, Rua 240, esquina com a 5ª Avenida, s/nº, Setor Leste Universitário. CEP 74605-170, Goiânia, Goiás, Brasil.

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Como Citar

1.
Dispersões sólidas de extratos de folhas de Eugenia florida DC. (Myrtaceae) para otimização da solubilidade do marcador ácido betulínico. Rev Fitos [Internet]. 17º de dezembro de 2021 [citado 5º de novembro de 2024];15(4):456-73. Disponível em: https://revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/article/view/1070

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