- Published date
- 31/03/2021
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É com imensa satisfação que publicamos o número 1, volume 15 da revista Fitos em 2021. Este periódico tem como missão publicar trabalhos científicos originais e inéditos que contribuam para o pensamento crítico em pesquisa, desenvolvimento e inovação em Biodiversidade e Saúde, buscando promover a inter e a interdisciplinaridade necessárias para ampliar a compreensão das complexas interrelações entre biodiversidade e saúde humana, na perspectiva de fortalecer a colaboração entre os setores no cumprimento dos compromissos globais do desenvolvimento sustentável, na conservação dos recursos naturais e na redução das desigualdades sociais.
“Um estudo preliminar da citotoxicidade do extrato proteico de ‘abajerú’ comercializado em mercados”. O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito de extratos proteicos de duas plantas comercializadas como abajerú (Chrysobalanus icaco e Eugenia astringens), sendo C. icaco coletada em habitats naturais, e E. astringens adquirida em mercado no Rio de Janeiro. O estudo sobre a toxicidade dos extratos proteicos foi realizado através do ensaio de viabilidade e migração de fibroblastos. Os resultados demonstraram que são necessárias políticas integrativas para o uso racional de plantas medicinais e sua comercialização, visto a sua grande importância para a Saúde Pública.
“Avaliação de diferentes métodos de extração e atividade antioxidante de compostos bioativos do resíduo madeireiro de maçaranduba (Manilkara huberi)”. O objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes métodos de extração de compostos fenólicos e a capacidade antioxidante do resíduo madeireiro de maçaranduba como forma de transformar um resíduo em matéria-prima. O método de extração por ultrassom assistida extraiu mais compostos fenólicos e flavonoides e, consequentemente, obteve maior capacidade antioxidante, quando comparado com os métodos por percolação, alta pressão e Soxhlet, demonstrando o potencial desse resíduo madeireiro.
“Etnobotânica aplicada à seleção de plantas medicinais para culturas agroecológicas em comunidades rurais do Sul da Bahia, Brasil”. Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento etnobotânico em comunidades rurais e assentamentos de reforma agrária do extremo sul da Bahia, visando a seleção de plantas medicinais para serem inseridas em sistemas de cultivo agroecológico como uma alternativa econômica e terapêutica para as populações locais. Utilizou-se metodologias: observação participante, “bola de neve”, “caminhada na mata”; questionários semiestruturados e cálculo do índice de concordância de usos principais (CUPc). Espera-se que esses resultados contribuam para a seleção de plantas medicinais que sirvam como alternativa econômica e terapêutica para comunidades vulneráveis, bem como no estímulo à preservação da sociobiodiversidade.
“Fitoterapia na prática clínica odontológica: produtos de origem vegetal e fitoterápicos”. A Fitoterapia é uma das práticas que fazem parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), do Ministério da Saúde do Brasil, fazendo parte da Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive para a Odontologia. O objetivo geral do presente trabalho foi sistematizar os principais produtos de origem vegetal com potencial terapêutico para a Odontologia, através da revisão integrativa de documentos oficiais (monografias de farmacopeias) e artigos disponíveis nas bases de dados indexadas. Apesar das dificuldades da incorporação da Fitoterapia na prática clínica, a pesquisa, desenvolvimento e inovação, ampliam as possibilidades terapêuticas para a população. Esse trabalho visa contribuir para a divulgação da possibilidade terapêutica de produtos de origem vegetal para odontologia na prática clínica pública e privada, a partir da organização sistemática dos principais dados disponíveis na literatura especializada, documentos oficiais e artigos.
“Intoxicação por plantas no Estado do Pará, Brasil”. O objetivo deste estudo foi traçar o perfil epidemiológico dos acidentes por plantas tóxicas no estado do Pará, Brasil. Realizou-se estudo descritivo, observacional e transversal de casos de intoxicações por plantas registradas no banco de dados do Centro de Informações Toxicológicas (CIT), do Hospital Universitário João de Barros Barreto de Belém-Pará, no período de janeiro de 2007 a maio de 2018. Os vegetais que mais causaram intoxicações foram: Jatropha gossypiifolia L., J. curcas L, Manihot esculenta Crantz e Dieffenbachia picta Schott, sendo as sementes e as folhas (na forma de chá) as partes do vegetal mais usadas. Verificou-se que a maioria das intoxicações foi de origem doméstica, o que chama a atenção para a necessidade de orientação e prevenção dos pais e responsáveis no manuseio de plantas tóxicas.
“Preparação de pelotas contendo um extrato padronizado de Artemisia annua L. por extrusão-esferonização”. A artemisinina é a principal substância com atividade antimalárica da Artemisia annua (L.). Este trabalho teve como objetivo obter e caracterizar pellets de Artemisia annua utilizando a técnica de extrusão-esferonização. O extrato foi preparado por percolação e o teor de artemisinina foi determinado usando um método de HPLC validado. Os resultados permitem sugerir que a estratégia de pelotização utilizada possibilitou a obtenção da desejada dissolução da artemisinina e gera perspectivas para o futuro uso potencial dos pellets de A. annua como forma farmacêutica sólida para o tratamento da malária.
“Toxicidade oral aguda e avaliação dos efeitos pressóricos e renais causados pela oncocalyxona A”. Neste estudo propõe-se avaliar os efeitos toxicológicos, pressóricos e renais da onco-A em modelos animais in vivo e ex vivo. As fotomicrografias do tecido renal após a perfusão demonstraram alterações histológicas significativas induzidas pela onco-A. Pode-se inferir que, embora a onco-A tenha apresentado baixa letalidade em todos os protocolos experimentais realizados, mostrou evidências de toxicidade pulmonar, renal e cardíaca. A ausência de dados toxicológicos in vivo, a possibilidade de utilização da onco-A na terapêutica anticâncer, bem como o conhecimento sobre a toxicidade de compostos da mesma classe química, foram os fatos principais que motivaram a execução desse trabalho.
“Atividade antimicrobiana das lactonas sesquiterpênicas da folha da yacon (Smallanthus sonchifolius, Asteraceae)”. A yacon (Smallanthus sonchifolius) é uma planta originária dos Andes pertencente à família Asteraceae. Neste presente trabalho avaliou-se a atividade antimicrobiana das LST extraídas das folhas da yacon frente à cepas de Candida albicans, Candida tropicalis, Staphylococcus aureus e Salmonella enterica Typhimurium, pelo método de difusão em disco. Seus tubérculos e folhas são consumidos de forma medicinal, principalmente para o controle da hiperglicemia. Encontrou-se atividade antimicrobiana contra S. aureus. Seguiu-se com o teste de microdiluição, que determinou uma concentração inibitória mínima de 0,09 mg/ml contra S. aureus. Os resultados confirmam o potencial antimicrobiano das lactonas sesquiterpênicas, especialmente contra bactérias gram-positivas.
“As tendências das plantas na prevenção e tratamento da COVID-19”. O objetivo dessa perspectiva é apresentar a importância das espécies de Camellia sinensis, Glycyrrhiza glabra, Glycyrrhiza uralensis, Nicotiana tabacum e Nicotiana benthamiana, que estão sendo amplamente estudadas e trouxeram grandes promessas, para a prevenção e tratamento do coronavírus, principalmente do tipo COVID-19. O uso de plantas ou compostos isolados tem demonstrado capacidade de ação desde a entrada do vírus na célula, até a inibição de sua replicação. Assim, o desenvolvimento de uma vacina vegetal é uma possibilidade real e já está em fase de testes. Os fitoconstituintes fitoterápicos foram eficazes no passado, reduzindo as condições infecciosas por muitos anos, antes que os antibióticos fossem introduzidos. No entanto, mais estudos são necessários para estabelecer o quão eficaz, seguro de usar, dose individual e possíveis efeitos colaterais esperados desses compostos.
“Atividade antifúngica de Cymbopogon citratus (DC) Stapf frente à leveduras do gênero Candida sp.” Este estudo teve como objetivo avaliar a atividade antifúngica do óleo essencial de Cymbopogon citratus, popularmente conhecido no Brasil, frente a leveduras do gênero Candida. O óleo essencial foi obtido por hidrodestilação das folhas pelo método do arraste a vapor. A atividade antifúngica foi verificada pelas técnicas de disco-difusão, concentração inibitória mínima e concentração letal mínima. Foram utilizadas as cepas padrão ATCC de Candida albicans, Candida dubliniensis, Candida tropicalis, Candida glabrata, Candida krusei, Candida parapsilosis e Candida utilis. O óleo essencial apresentou atividade antifúngica frente a todas as espécies. De acordo com os autores, tais achados contribuem para um futuro emprego da planta C. citratus como fitoterápico em tratamento preventivo ou alternativo contra infecções fúngicas.
Finalizamos esta apresentação agradecendo a todos que tornaram possível essa publicação e com um convite à leitura dos artigos dessa edição.
Yolanda de Castro Arruda
Revisão Textual e Normativa